[Cena] Porto Seguro

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Raves

Chūnin

Porto Seguro
Legenda

Deitada sobre a cama em seu quarto, Kuroko encarava fixamente o teto acima, distraída com seus próprios pensamentos. A kunoichi havia sido dispensada de suas atividades durante esse dia, permitindo-lhe a oportunidade de relaxar durante o restante da tarde. Diferente de como tinha sido dias atrás, no presente, estava relativamente tranquilo, sem tarefas ou pendências com quais devesse se preocupar, o que tornaria seu descanso o mais proveitoso possível.

Contudo, isso estava longe de se passar com a Shiin, que ficava horas refletindo sobre os incidentes que vivenciou em Otogakure. Para muitos, Kuroko era uma kunoichi composta, talentosa e disciplinada, um exemplo de ninja para muitos dentro de sua vila e para outros mais ao redor do mundo; por mais humilde que fosse, ela reconhecia suas qualidades, assim, gostava de receber elogios como uma forma de manter sua própria confiança em suas escolhas e habilidades, tanto como ninja quanto como pessoa.

A verdade, porém, oculta sob uma máscara social impassível, era contrária a ilusão que a jovem Shiin disfarçava na presença dos outros. Durante muito tempo, Kuroko fez um esforço consciente para não demonstrar sua insegurança aos olhos das pessoas, apoiando-se sempre nas sugestões e decisões dos mais graduados, até quando percebia que era uma decisão equivocada no momento, para não carregar o fardo que é ser totalmente responsável por suas ações. Todavia, agora, por manter-se presa a sua zona de conforto, sua insegurança não apenas custou o sucesso completo da última missão como também levou à morte de um companheiro de equipe.

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Raves

Chūnin

Sáb 18 maio - 15:50

Porto Seguro
Legenda

Passado mais algum tempo, um leve destrinchar se fez ouvir da porta, Kuroko via pelo canto dos olhos a figura de seu pai entrando no quarto, antes de uma segunda figura que presumia ser sua mãe também adentrar em seguida. — Minha filha, queremos ter uma conversa com você. — disse uma voz feminina, confirmando ser a mãe da jovem, esta que por sua vez manteve o silêncio — Eu e seu pai estamos preocupados, você tem agido estranho nesses últimos dias, alguma coisa grave ocorreu? — a mulher de cabelos escuros indagou, com óbvia preocupação em sua voz, mas novamente ganhava o silêncio da mais nova como resposta.

Sem aviso prévio, o patriarca caminhou em direção a cama, sentando-se próximo da cabeceira onde sua filha repousava, a qual desviou seu olhar do teto para encará-lo com seu típico olhar indiferente. Um breve momento de silêncio instalou-se entre eles, um que a matriarca não quis interromper, mas que logo se quebrou com a pergunta do homem. — O que está lhe atormentando? — os olhos de Kuroko arregalaram sutilmente, sua boca se entreabriu na tentativa de negar, mas foi rapidamente cortada no que seguiu — Eu conheço essa expressão, Kuroko, você está pensando demais em alguma coisa. Sabe que pode confiar em nós, então, conte o que está se passando nessa sua cabecinha. — o homem se forçava a descontrair um pouco a situação, provavelmente não querendo fazer daquilo um interrogatório, algo que a mais nova apreciava muito.

Percebendo que não teria como adiar mais essa reunião, Kuroko cedeu a um leve suspiro e acenou em concordância, um pouco hesitante. Sua mãe caminhou na direção da cama e também se sentou na cabeceira, porém do outro lado em que o pai estava, deixando que a filha permanecesse no meio deles. Kuroko ajeitou-se na cama, ficando sentada em cima da cama enquanto abraçava o travesseiro em conforto, dividindo sua atenção para o casal que estava lado a lado. Ela respirou fundo, antes de começar a contextualizar sua situação.

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Chūnin

Dom 19 maio - 9:48

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Kuroko desabafou tudo que havia passado na missão de investigação em Otogakure. Primeiro, ela apontava os fatos ocorridos e depois comentava o que sentia a respeito. Desde a primeira reunião com Tousen e Gaoh, onde escolheu consentir ao invés de apontar o equívoco que a formação proposta pelo jōnin trazia; o silêncio em manter as bandanas expostas num local onde ninjas não eram bem vistos; a ordem de se juntar ao protesto e assumir um lado naquela luta que não pertencia a eles; não escolher interrogar o homem por intimidação do gênero; até em não impedir Gaoh de continuar após esse se mostrar insuficiente na missão, o que resultou em sua morte.

Todos esses momentos cruzavam a mente de Kuroko, assim como um rolo de filme, levando-a a reviver as lembranças e sentir as emoções de cada respectiva decisão, especialmente a insegurança que predominou em todas elas. Sua mente não parava de elaborar possíveis caminhos alternativos daquela missão, como quais resultados e consequências teriam ocorrido se tivesse feito algo diferente do presente. “E se eu tivesse interrogado o homem, poderíamos ter descoberto algo a mais?”, “E se eu tivesse protegido Gaoh, ele teria retornado com vida para Konoha?”, esses e outros mais questionamentos iniciados com “e se” assombravam a mente da garota e prendiam sua atenção ao passado, até que essa foi interrompida com as palavras do patriarca.

N° de Palavras: 228 | N° de Post's: 03 | Clima: 18°C

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Chūnin

Dom 19 maio - 12:31

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— Você está se cobrando demais. — o homem dizia com simplicidade — Essa foi sua primeira missão investigativa, e todos cometem erros mesmo depois da primeira vez. Ficar se martirizando sobre o que poderia ter feito não irá mudar o passado, mas aprender com esses erros para melhorar no futuro será a decisão mais correta que poderia fazer. — Mitsuru Shiin dizia colocando sua mão sobre um dos ombros de sua filha, esboçando um sorriso gentil para a mesma.

— Além disso, independente de quantas vezes possa errar, nós sempre estaremos apoiando suas escolhas. — a matriarca juntava-se ao diálogo, encarando a filha nos olhos — Conheço minha menina mais do que ninguém. Eu confio no seu julgamento e, mesmo se o mundo inteiro ou você mesma duvide, sempre irei acreditar em sua capacidade de solucionar os problemas, da melhor forma que estiver ao seu alcance. — Ayami Shiin dizia colocando uma mão sobre o outro ombro de sua filha, inclinando-se para abraçá-la naquela posição.

Kuroko não precisava realizar uma psicanálise para saber a veracidade daquelas palavras. Ainda que a insegurança não fosse desaparecer de imediato, sabia que era um defeito do qual iria superar, gradualmente. Por menor que fosse esse breve momento de conforto, eram sempre pequenas ações que causavam grandes reações em cadeia; e assim faria Kuroko, que usando dessa cena como base de sua segurança, ela não teria dúvidas que mesmo longe ou ausente de seus pais, sempre teria um porto seguro no qual se apoiar e seguir plena com as decisões em seu futuro.

N° de Palavras: 259 | N° de Post's: 04 | Clima: 18°C

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