Bako Sensei

I

Algumas coisas são difíceis de desapegar, principalmente as rotinas que enfrentamos todos os dias. Eu não estava mais na academia ninja e não tinha mais um sensei para me guiar, mas isso não significa que eu deveria deixar de visitar Bako, que para mim sempre será um bom e velho sensei. Percebi o quanto as missões ninjas poderiam ficar mais difíceis a partir daqui, conhecimentos, dicas e treinamentos serão muito importantes para eu conseguir obter sucesso e me tornar o próximo Kazekage. Por isso, decidi visitá-lo e pedir para que me desse mais um treinamento, qualquer coisa que me deixasse mais forte seria de grande importância. Deixei o orfanato bem cedo, saltei pela janela como de costume para evitar acordar as outras crianças ou a própria irmã Lily que me prenderia na cozinha para tomar um café da manhã, seria uma boa ideia se eu já não tivesse roubado e escondido uma grande peça de queijo que tem sido meu café da manhã nesta semana.

O sol ainda não estava quente, esse era sem dúvidas o melhor horário para caminhar nas ruas de Suna, pouco vento e um sol fraquinho que serve apenas para iluminar o ambiente. A casa de Bako sensei fica no centro depois da rua da feira, será que é uma boa ideia comprar alguma coisa para ele? Aposto que ficará feliz se receber um presente — Por favor, pode encher essa sacola de cherovias e um pouco daquelas folhas verdes. — pedi ao vendedor. É claro que aquele era o tipo de compra que eu jamais faria para mim mesmo, mas sei que adultos gostam dessas coisas e Bako é um adulto, não tinha como errar nessa. Com o presente em mãos, eu tinha tudo o que precisava para convencer Bako a me deixar mais forte, e assim avancei confiante em direção a sua casa.

Apesar de saber exatamente onde ficava a casa de Bako, nunca tinha feito uma visita e ainda não sabia muito bem como fazer isso. As coisas ficaram mais fáceis ao perceber que ele estava lendo um jornal na varanda da sua casa, bastou eu ser notado deixar que ele fizesse todos os processos sociais de apresentação, jogar papo fora, me convidar para entrar e servir um chá. Parece ter gostado do presente, ao menos não os jogou no lixo enquanto eu estava por lá, então finalmente chegamos ao assunto que eu tanto almejava iniciar, o meu treinamento — Você tem um potencial imenso, mas seu corpo e sua mente ainda estão “verdes” demais para eu te ensinar um jutsu avançado. — explicou. Minhas esperanças foram despedaçadas naquele momento, eu jamais iria adivinhar que era tão fraco assim.

— O que posso fazer para amadurecer minha mente Bako Sensei? Preciso que isso aconteça antes de eu ficar velho e com dores nas costas.
— Isso é possível com tempo e dedicação, você sempre foi um bom aluno e acho que posso te mostrar como avançar em seu ninjutsu. Espere um momento, tenho os pergaminhos ideais para isso.

Bako voltou para varanda segurando dois grandes pergaminhos didáticos, materiais que eram utilizados em sala de aula nas academias. Eram grandes e pesados, não cheguei a ver esses enquanto estava nos meus anos como estudante.

— São pergaminhos antigos sobre ninjutsu e selos de mãos, os dois se completam e tem anotações extremamente importantes para desenvolver suas habilidades. Mas o artista que escreveu esse documento tinha muitos problemas de gramática, fazendo com que esse material excelente nunca chegasse à sala de aula.
— Ninjas se importando com gramática? Isso é mesmo importante para alguma coisa?
— Dentro de uma sala de aula, sim. Essas coisas são importantes, como etiqueta, respeito a hierarquia e outras coisas. Vou deixar você à vontade para estudar, as últimas páginas possuem exercícios práticos de desenvolvimento. Pegue o que precisar naquela estante.

Comecei com o pergaminho de selos de mãos, levei horas estudando os símbolos e reproduzindo os selos em um pergaminho emprestado por Bako. Rabiscar papeis em branco era uma ferramenta útil para memorizar todos os traços dos selos mais comuns para os mais variados tipos de jutsu. Havia todo o tipo de selo de mão, àqueles usados para jutsus secretos de seus clãs, selos para ativar o chakra e outro para bloquear, selos para sair de genjutsus e outro para colocar em genjutsus. Depois dos desenhos, comecei a trabalhar com minha velocidade nos selos, precisava aumentar minha mobilidade se eu quisesse aprender um ninjutsu avançado e deixar de usar apenas as técnicas básicas ensinadas na academia ninja.

A segunda etapa do treinamento e estudos iniciou após a extensa leitura do pergaminho sobre ninjutsus, esperava aprender algum jutsu fazendo a leitura, mas só consegui absorver dicas e maneiras de aprimorar minhas habilidades, unindo minha capacidade intelectual, velocidade com que faço os selos de mãos e visualização da técnica que tinha em mente. Tudo estava na cabeça, bastava pensar naquilo e executar com determinação. No pergaminho tinha dicas sobre como as técnicas de ninjutsu poderiam ser aperfeiçoadas sempre, onde qualquer ninjutsu, seja avançado ou simples, pode ser melhorado ou adaptado nas mãos de um excelente ninja. Isso me deu margem para muitas ideias, poderia talvez melhorar os jutsus da academia? Quem sabe ficar mais forte com o básico pudesse me tornar alguém especial.

Escureceu, acho que passei mais horas estudando do que eu tinha esperado. Ouvi a chegada de Bako após o trabalho, eu realmente gastei muito tempo com aquilo. Era hora de partir e eu não tinha mais o interesse de ficar alugando o bom sensei, me despedi e voltei para casa um pouco mais forte.

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