Maeda

Encerrando a série de obrigações daquele dia, me vi destinado a realizar uma tarefa ligeiramente mais desafiadora que as anteriores: inspecionar as ilhas situadas nas proximidades dos cais do vilarejo. Dentre as missões designadas a mim, esta carregava um potencial de complexidade significativamente maior, dada a facilidade com que inimigos e criminosos poderiam se aproveitar do isolamento dessas ilhotas em relação à costa principal. Assim, dirigi-me ao cais, onde um modesto barco juntamente com um barqueiro já me aguardavam, preparados para me conduzir através das águas que separavam a terra firme das ilhas. Acompanhado por um civil na travessia, um desconforto palpável tomou conta de mim. A falta de familiaridade com as nuances da navegação e o desconhecimento das correntes e marés locais me impediam de assumir o controle do barco por conta própria, tornando a presença do ribeirinho indispensável. Com uma mistura de cautela e apreensão, embarcamos na jornada pelas águas, ondas que nos levavam adiante e que carregavam a possibilidade de encontrarmos algo ou alguém que não deveria estar ali. Assim que tocamos a margem da ilhota, desembarquei sem hesitação — Fique no barco, de preferência escondido — instruí o barqueiro, adornando meu rosto com um sorriso tranquilizador, na tentativa de amenizar qualquer ansiedade que ele pudesse estar sentindo. Ele, por sua vez, respondeu com um aceno compreensivo, observando enquanto eu me afastava em direção ao coração da pequena ilha. A cada passo que dava, os rumores de folhas e o som abafado de meus próprios movimentos eram acompanhados por um turbilhão de reflexões. A ideia de que o dia poderia descambar para um cenário de caos silenciosamente se agarrava a mim, uma inquietude exacerbada por minha aversão a surpresas. Iniciei a inspeção com o método e a atenção costumeiros, embora a rotina não conseguisse mascarar a monotonia que tal tarefa impunha. Esse exercício de vigilância, apesar de sua natureza tediosa, era essencial, uma peça do complexo quebra-cabeça que compõe a segurança do vilarejo. Concluída a inspeção da ilha sem incidentes, uma sensação de alívio se fez presente ao retomar a jornada de volta ao vilarejo, acompanhado pelo barqueiro. A tranquilidade da missão concluída com êxito refletia em minha postura ao me reportar aos superiores, compartilhando os resultados da vistoria. Com os deveres do dia cumpridos, direcionei-me para casa, movido pelo contentamento de um trabalho bem realizado e pela perspectiva de descanso no conforto do lar.