Nathaniel Grey entrou em Silvermoon junto com Kiara, caminhando pelas ruas em passos lentos, mantendo a postura de um rockstar e atraindo todos os tipos de olhares das pessoas. Alguns admiravam e ficavam eufóricos com a sua presença no país, outros torciam os seus narizes e estreitavam os seus olhos, considerando como uma maldição que se instaurou naquele lugar. Enquanto o fazia, lembrava-se das palavras de Azrael e Erasmus para ele antes dele passar pelos portões.

── Eles podem até nos considerar persona-non-grata em Silvermoon, mas no fim das contas, eles precisam de nós agora. Existe um grupo de jovens extremistas se formando no país, um grupo que no começo parecia ter ligações com a oligarquia suja de Silvermoon, mas eles se tornaram perigosos e cada vez mais radicais. Eles se autodenominam Cavaleiros Prateados. A maioria deles são de Greys da Luz, mas também existem Greys das Trevas que se intitulam assim. Eles tem o objetivo de trazer de volta as antigas tradições, que estão sendo cada vez mais quebradas. ── explicou Azrael.
── Muitos nos culpam por isso, principalmente você. É por isso que deve ficar seguro em meu templo, onde será bem cuidado e bem protegido. Temos muitas pessoas em Silvermoon em nosso lado, e alguns deles querem que você seja o porta-voz deles. Nós chamamos os rapazes que tocaram com você para tocar, isso a semanas atrás. Eles conhecem suas canções de cabeça, e estão prontos para tocarem qualquer música para você. ── Erasmus continuou.
── Está falando de um show? Como vai ser divulgado isso? Eu não vou ter tempo para ensaiar ou coisa do tipo! ── ele tentou argumentar.
── Já divulgamos o show a muito tempo. Nós estamos lidando com esse assunto a tempo demais, camarada! Agora você tem que ir lá e fazer o que você faz de melhor. E já vimos você muito mais em menos tempo. ── Azrael argumentou.
── Mas tem uma coisa importante: enquanto estiver lá, não terá o nosso apoio, nem dos seus amigos e nem dos seus familiares, então terá que lidar com o que vier. Precisará saber quem está do seu lado e quem não está, mas para isso, terá que saber o que eles falam entre si… Basicamente, terá que ler os lábios deles, entender o que eles estão falando. É quase certo de que haverão infiltrados dos Cavaleiros Prateados em seu show. ── Erasmus completou.
── Vocês falando assim, parece que é facinho, não é? Como é que eu vou ler os lábios das pessoas? ── ele tentou argumentar.
── Você tem o Byakugan, não é? Bom, isso já lhe traz uma vantagem. ── o marido de Masako argumentou.

Em poucos minutos de caminhada, Nathaniel voltou a sua mente para o mundo real e viu as portas do templo de Erasmus se abrirem, sendo recebido pelos Greys das Trevas que ali viviam. Logo na entrada, pegou um cigarro do bolso e acendeu-o, fumando enquanto caminhava em direção ao seu quarto, sendo guiado por uma moça mais jovem. No meio do caminho, viu o pessoal da banda saindo de um corredor e pronto para sairem do templo, com quem tocou um tempo atrás, acenando para eles, subindo as escadas que dava para o segundo andar.

── Dessa vez não vai ser só uma música só, não é? ── um deles perguntou, fazendo Nathaniel parar por alguns segundos, tirando o cigarro da sua boca, apontando para ele.
── Você tá certo. De fato, peguem as suas coisas. Vamos ensaiar assim que eu terminar de me instalar, e vamos fazer isso a noite toda. Depois iremos conhecer o local onde faremos o show. Não se preocupem, eu irei protegê-los. ── avisou, voltando a subir as escadas, olhando para trás e ouvindo eles cochichando um com o outro. Por um tempo, tentou entender o que eles falavam, mas não era como se fosse uma qualidade que tinha ou que poderia desenvolver do nada. Se fosse adivinhar, diria que estavam irritados com aquele que puxou assunto com ele.

── Então não vamos cantar as suas músicas? ── quis saber o guitarrista da banda, enquanto ensaiavam e preparavam o show.
── Algumas, sim. Mas eu queria saber quantas músicas foram censuradas ou proibidas aqui em Silvermoon, e quais delas você sabem tocar. ── avisou com um sorriso no rosto, vendo um livro cheio de canções.
── Você vai fazer a gente ser preso! ── o baixista, visivelmente nervoso, respirava fundo.
── Ninguém dos nossos vai ser preso amanhã. ── olhou para o grupo, inspirando confiança com poucas palavras.


[...] Um dia inteirou se passou, e Nathaniel caminhava em direção a um grupo de Greys das Trevas para o festival que ocorreria em Silvermoon. Quando chegaram lá, tinha um grupo cantando canções élficas, com flautas, batuques e danças. Os oligarcas, alguns dos que estavam presentes nos camarotes, se deliciaram com aquelas canções, enquanto as quatro arquibancadas com duas para Greys das Trevas e duas para os da Luz ficavam lotados de jovens que apenas olhavam para os grupos musicais que passavam ali durante horas com cara de paisagem.

Em seguida, a presença de Nathaniel Grey era apresentado por um homem, e a multidão de jovens elfos aplaudiam com muito fervor a entrada da banda no palco, com os instrumentos sendo colocados na frente do palco. Ainda que fosse um Grey das Trevas, aqueles do lado da luz não conseguiam deixar de admirar os seus feitos. De certa forma, havia ultrapassado as barreiras do preconceito e se tornado alguém em quem pelo menos algumas pessoas poderiam ter algum tipo de admiração. Mas logo notou que, entre alguns dos indivíduos do palco, haviam rostos que não estavam sorridentes.

A maioria eram de jovens do sexo masculino, trocando olhares uns com os outros, e sussurrando algumas palavras. Nesse instante, o Grey tentou descobrir o que eles falavam, através do mover de seus lábios, mas não conseguia captar absolutamente nada. Se o seu tio e o amigo do pai dele achavam que seria fácil, era um completo engano. Por outro lado, conseguiu ver que uma moça de cabelo loiro e que parecia ser uma Grey da Luz comentava algo com a amiga dela, e pelo sorriso em seu rosto, parecia um elogio. Desviou então o seu olhar para o camarote, uns degraus acima, percebendo que Anasterian e Gwindor estavam ali. Ele ficou os encarando por alguns segundos, depois olhou para a platéia silenciosa.

Diversos pensamentos se passaram em sua mente naquele instante, quase como se o tempo tivesse congelando: lembrou-se da última conversa que teve com Chokorabu, o exílio no País do Som, o dia em que viu o seu irmão Abraham e dois amigos mortos na sua frente, perdendo o controle da bijuu, as suas brigas intensas com a Matatabi, a partida de sua família de volta para Konoha, o rosto machucado de Hanabi, o tapa recebido por Ravenna no enterro de Abraham, a enchente que atingiu Oto, da aventura em Ookamifoji, a noite em que reencontrou o seu amigo que achava que tinha morrido, o momento que recebeu a notícia de que Chokorabu tinha morrido em combate. Lembrou de todos os momentos de tristeza, mas logo os momentos felizes vieram em sua mente.

Lembrou dos churrascos que fazia com os amigos e familiares, do dia em que ele e Chokorabu foram proclamados Sannins de Konoha, do momento em que libertou a Matatabi da prisão e se tornou um com ela, dos abraços apertados dos seus amigos e da vez em que encontrou os seus pais biológicos no submundo, do momento em que viu Naomi pela última vez e prometeu ajudá-la, e do último momento feliz que passou com Ryuuzaki, e do casamento de Abraham e Ravenna. Vislumbrando todas aquelas coisas como um filme, o Grey finalmente encontrou a sua chama.

── Faz muito tempo que eu estive aqui em Silvermoon. Quando eu vim, houveram muitos protestos e algumas pessoas tentaram me impedir de chegar aqui. Pessoas que acham que estão acima das outras. ── apontou diretamente para Anasterian, que foi vaiado junto com os oligarcas. ── Depois que eu saí daqui, eu fui enviado para Otogakure no Sato por conta dos meus discursos. Eu fui exilado, eu fiz e disse coisas que eu não queria por causa do meu rancor. Eu perdi pessoas, e eu acabei deixando meu ódio e o meu medo tomarem conta de mim, e fiz a mesma coisa que eu prometi que não faria 10 anos atrás: eu afastei todo mundo que eu amava de mim, para que eles não sofressem o mesmo destino. Meus inimigos me fizeram odiá-los, e esse ódio guiou meus passos… Mas não mais. Por muito tempo, meus discursos foram direcionados contra os oligarcas e as famílias ultra ricas desse mundo, mas agora eu entendo que não devemos focar as nossas vidas em odiar aqueles que nos oprimem, e sim no amor que temos uns pelos outros. É por isso que devemos lutar, pelas pessoas que amamos, por todos nós! ── ele falou mais alto, sendo aplaudido por todos os que estavam ali embaixo. ── E é por isso que eu digo que esses oligarcas de Silvermoon e os burgueses de Konoha não vão me controlar mais! ── apontou o dedo para o camarote, sendo aplaudido mais uma vez com mais força, se dirigindo aos músicos e dizendo o nome da música que tocariam. ── Eu não canto essa música faz mais de dez anos, porque ela me causava muitos traumas… Mas ela não me traumatiza mais.

Todo mundo aplaudia com empolgação, e em seguida, o silêncio tomou conta. Ele não podia ler os seus lábios naquele instante, mas viam os seus sorrisos, a euforia que vinha dos seus olhos. O conserto da vida de Nathaniel Grey estava prestes a iniciar.

Sincronizadamente, a banda começou a tocar os seus instrumentos, atraindo a atenção e os ouvidos de todos aqueles que estavam presentes no local. Nathaniel, com o microfone na mão, respirou calmamente, sentindo uma energia tomar conta do seu corpo, a mesma energia que sentia quando estava prestes a cantar. Fazia muito tempo que havia reprimido esse lado em favor da vida shinobi. Naquela noite, poderia cantar uma canção de protesto ou uma que exalasse toda a sua ira, mas decidiu por uma canção de amor.

── If you take a step towards me you will take my breath away, so I'll keep you close and keep my secret safe! ── ele começou a cantar timidamente, olhando para os jovens ali, vendo que eles se animavam com a música. Enquanto cantava, ele balançava a cabeça e o corpo no ritmo da música, que começava devagar. ── No one else has ever loved me, no one else has ever tried. I never understood how much I could take. ── ele tirou o microfone do tripé e ergueu o braço para cima rapidamente, balançando a mão no mesmo ritmo da bateria, deixando as pessoas na platéia, principalmente as moças, eufóricas, a ponto delas soltarem gritos empolgados. ── Then I saw the worst was over, when I laid my eyes on you, it was all that I could do to know my place! ── mesmo numa situação onde poderia ser atacado a qualquer momento, Nate abaixou a mão, tirou o colete shinobi que usava, deixando de ser um ninja por um momento, ato que causou ainda mais gritos. ── Out of all the vast illusions, out of all the dreams come true! I was gone until I finally saw your face! ── quando o refrão estava para começar, Nate levantou a mão mais uma vez, baixando-a intensamente.

Um segundo parecia se tornar uma eternidade. Olhou para os oligarcas, principalmente para Anasterian, no meio do camarote, os olhos arregalados, parecendo que suas veias estavam saltando. Então pode ver os lábios deles se moverem, em duas palavras. “Não ouse.” Havia feito uma promessa naquele palco e não estava mais disposto a voltar atrás dela. Por isso, iniciou o refrão daquela belíssima letra, observando as pessoas começarem a pular de forma conjunta, como se fossem uma, enquanto cantava.

── If you cried out for more, if you reached out for me, I would run into the storm just to keep you here with me! I have gone beyond my years, I've wasted half my life! But I found it all in you. Did I save you? 'Cause I know you saved me too! ── enquanto cantava, ele movia-se pelo palco, observando as pessoas pulando eufóricas, enquanto uns e outros ficavam estáticos, alguns com braços cruzados, observando tudo. Ele percebia que pareciam combinar algo, até que um levou a mão ao ouvido, parecendo falar com outra pessoa, mas no meio da canção, não conseguiu entendê-lo.

Naquele instante, acontecia o que os tradicionalistas de Silvermoon sempre temeram: Greys da Luz e Greys das Trevas estavam conectados em uma única sintonia, uma vibração compartilhada. De repente, as grades que os separavam eram quebradas, permitindo que os jovens dos dois caminhos se misturassem e se tornassem uma única multidão, pulando juntos, curtindo juntos. Eles poderiam tentar impedi-los, mas quem faria algo contra eles, com o Arauto da Fênix os liderando?

── Let me take a step towards you, let me feel you in my hands, let me cross this line and show you where it leads. There's a darkness down inside me that I know we'll both enjoy and its screaming from within to set it free! ── ativou então o Byakugan imediatamente, tendo uma visão de todo o palco, ficando com os olhos roxos, animando a todos com a sua demonstração de poder. ── I have left this bloody nightmare in my wake bored out of time and I won this deviation by design! I don't follow past confusion out of all the common spite! Just tell me I am yours, 'cause you are mine! ── no último trecho, o Sannin de Konoha ficou ajoelhado no chão na frente de várias moças, da Luz e das Trevas, esticando a mão para elas, depois sacudindo o rosto e o corpo freneticamente, podendo ouvir os seus gritos histéricos, mesmo com a cabeça virada para cima, levantando-se rapidamente para cantar o refrão mais uma vez. ── If you cried out for more, if you reached out for me, I would run into the storm just to keep you here with me! I have gone beyond my years, I've wasted half my life! But I found it all in you. Did I save you? 'Cause I know you saved me too!

Enquanto o guitarrista fazia um solo alucinante, Nathaniel balançava a cabeça na sua frente, girando-a e também o seu cabelo. Depois ele rodeava o palco, até ver uma moça de cabelo branco e vestido vermelho que parecia ser uma jovem adulta passando entre as pessoas e chegar e chegar até um rapaz um pouco maior do que ela de cabelo bagunçado com mechas de cor violeta e que vestia jaqueta preta, abraçando-o com força e segurando em seu rosto. “Eu te amo, Seph.”, foi o que conseguiu ler dos seus lábios, até que eles se beijaram apaixonadamente, diante dos aplausos de todos ali. Nathaniel sorriu imediatamente, vendo que alguns caras ali se retiravam do show, ignorando eles momentaneamente e voltando a sua canção.

── It doesn't really matter what you do or say, I'm never going anywhere anyway! Cause when I'm dying for you, I've never felt so alive! ── de repente, o elfo uniu as suas duas mãos em um único selo, liberando uma parte do seu chakra e fazendo com que o Hoo Doo Modo fosse ativado, e uma grande fênix de cor bordô se materializasse acima da sua cabeça com cinco metros de altura e sete de envergadura, para espanto de todos os que estavam ali, se misturando ao Sannin de Konoha e materializando uma energia da mesma cor ao redor do seu corpo, enquanto ele cantava. ── If you cried out for more, if you reached out for me, I would run into the storm just to keep you here with me! I have gone beyond my years, I've wasted half my life! But I found it all in you. Did I save you? 'Cause I know you saved me too! ── ele abriu os braços, balançando a cabeça, até que a canção terminava, recebendo os aplausos fervorosos da platéia.

[...] Passava-se uma hora, e o elfo estava extasiado, suado, olhando para as pessoas ali. Era difícil manter a energia que circulava ao seu redor, mas fazia um esforço para isso. Porém, olhando para as pessoas ali, percebia que todo o seu esforço havia valido a pena, recebendo um aplauso bem animado da platéia ao fim do show. Havia percebido algumas coisas durante a sua apresentação, nos momentos em que alguns caras se comunicavam entre si.

De repente, algumas pessoas começavam a chegar no palco, vestindo armaduras prateadas, ostentando um símbolo da fênix em seus peitorais. Olhou imediatamente para o camarote, vendo que os oligarcas presentes ali saiam imediatamente, sendo escoltados pelos seus guardas, fazendo com que o Grey olhasse ao redor com o seu Byakugan, percebendo que estava cercado. Sabia que aqueles homens e mulheres de orelhas pontudas não fariam mal para aqueles jovens, pois isso seria perder a legitimidade do seu movimento. O problema deles era com Nate.

── Vocês devem ir imediatamente, com calma. Eles não atacarão vocês, eu prometo. Vão para as suas casas, contem aos seus pais, aos seus vizinhos, o que aconteceu aqui, e deixem que eles sabem que eles não podem evitar a união e o progresso. ── ele pediu, olhando para os membros da banda e vendo eles carregarem as coisas para longe, inclusive desmontando a bateria com toda a velocidade. Em poucos minutos, só havia Nathaniel e um punhado de 50 Cavaleiros Prateados. Kiara ficava escondida no camarote, pronta para levantar vôo e atacar, caso fosse preciso. ── Eu acredito que vocês não são representam todos os membros. Onde está o seu líder?
── Sou eu. ── uma figura de cabelo longo e ruivo se apresentou, caminhando para o palco, ficando a dez metros de Nathaniel, enquanto outros ficavam até 20 metros de distância. ── Galadriel Grey. Nós escutamos as suas palavras, e consideramos elas inadequadas as tradições do nosso clã. Você respeita o nosso país e nossa linhagem. É por conta disso que você deve morrer. ── avisou, sacando uma espada longa.
── A morte seria o melhor caminho para a propagação da minha ideologia. Você realmente deseja isso? Quantos de vocês estão com medo do futuro agora, irmãos e irmãs? Vocês são incapazes de compreender o que aconteceu hoje, não é verdade? ── perguntou em voz alta, olhando nos rostos de cada um, procurando ler os seus lábios, podendo perceber que a maioria deles lhe xingava de algo. Porém, havia um rapaz em especial, uma rapaz de cabelo loiro curto ao lado de uma mulher de cabelo branco e longo, que parecia mais hipnotizado por suas palavras. ── Vocês não vão me matar, primeiro porque não são fortes o suficiente para isso, e depois que se me matarem agora, Konoha virá em peso contra Silvermoon. A ideologia de vocês não terá um futuro, a não ser que imponham o medo e o terror sobre as pessoas, e é isso que querem comigo agora. Me arrastarem para algum lugar, me torturar e me fazer desistir. Vocês realmente querem viver apegados a esse ódio? Acreditam que Katsura iria querer esse futuro para nós! ── questionou-os, percebendo que alguns estavam mais suscetíveis ao que ele dizia.
── Não escutem o que ele diz! Ele é um infiltrado das grandes nações em nosso país, um anti-patriota! O próprio Anasterian disse que ele mancha o nosso nome! Quem é ele para dizer o que Katsura diria? ── Galadriel tentou convencê-los, mas o Sannin tinha maior influência ali.
── Vocês se uniram em nome do ódio aos subversivos e ao apego as tradições conservadoras que somente nos aprisionam! Por que não podem viver unidos pelo amor uns pelos outros!?

De repente, o elfo percebeu que o rapaz loiro que tinha visto anteriormente conversava com a moça de cabelo branco que estava próximo a ele. Enquanto o jovem ruivo tentava discursar contra Nate, o mesmo observava o mover dos lábios do rapaz, enquanto ela conversava com algumas pessoas ali. “Ele está certo. Qual o sentido de odiarmos uns aos outros? Olha como estamos unidos agora.” Galadriel percebia que o rapaz estava vacilante em seus propósitos, fazendo um sinal para um homem mais alto e cabelo curto que estava atrás deste. O mesmo, com a sua espada, atravessou o peito do “traidor”, diante dos olhos de todos ali, inclusive de Nate.

── Isso é o que acontece com todos os traidores da pátria! Eles merecem a morte! ── bradou o ruivo, no momento em que o Grey de repente, fez com que o cenário fosse coberto por um grande circulo de fogo de cor azulada num raio de 10 metros, usando o seu controle de chakra e a sua perícia elemental para isso. No meio do circulo, Nathaniel e Galadriel se viam cercados, enquanto o Yonin olhou em seus olhos.
── Você tem razão… Os traidores merecem morrer!

As chamas então se espalharam, mas os Cavaleiros Prateados pareciam não ter medo do Grey, por isso pulavam o circulo de fogo e partiam em direção ao elfo, sacando as suas espadas e lanças, prontos para enfrentá-lo, mas o Sannin de Konoha não queria lutar contra eles, por isso fazia selos manuais rápidos com a mão direita, então expeliu cinzas flamejantes que se espalhavam pelo local e incendiava os corpos dos seus inimigos, sendo Galadriel o único a escapar. No centro dela, Nathaniel olhava para os corpos dos extremistas queimando até a morte, lendo os seus lábios entreabrindo e soltando gritos agonizantes que vinham do fundo de suas almas, enquanto eram carregados pela morte, movendo os seus braços e o seu corpo numa dança lenta e mística, fazendo duas manipulações de chakra de fogo, criando duas linhas de chamas azuladas que se espalhavam e incineravam aqueles que tentavam fugir de lá.

De repente, uma garota de cabelo ruivo caminhou em direção as chamas aos gritos, envolvida por uma camada de chakra avermelhada que lhe protegia das chamas do Sannin. Seu grito não parecia ser de dor, mas sim de libertação, tornando-se livre das correntes que aprisionavam o seu verdadeiro eu. Reconheceu aquela garota imediatamente como Sylvie, a moça que lhe ajudou a descobrir as armações entre Anasterian e Raiden. Ela acabou se aproximando em passos lentos de Nathaniel carregando uma adaga em sua mão, mas não parecia pronta para atacá-lo. O ninja de Konoha olhou para Galadriel, que olhou para a ruiva e disse em voz baixa “Mate-o agora mesmo.”. Porém, a moça negou com a cabeça e jogou a adaga em meio as chamas. Nathaniel então estendeu a mão para ela, e assim ela caminhou em sua direção, segurando e apertando a mão do Arauto da Fênix. Após isso, ela utilizou-se de uma técnica do Caminho da Luz para voar para longe dali. Nate olhou uma última vez para o líder do grupo antes de escapar.


[...] Nathaniel retornou para a casa de Erasmus e lá repousou durante toda a noite. Quando acordou no dia seguinte, no começo da manhã, uma multidão lhe esperava na frente do templo. Ele rapidamente fez tudo o que tinha que fazer dentro de casa, arrumando as suas coisas para partir, mas não sem antes sem ver aquelas pessoas. Quando chegou, viu muitos Greys das Trevas ao redor, onde era quase que unanimidade, mas também viu alguns Greys da Luz ao redor. Poderia fazer todos os tipos de discursos inspiradores naquele momento, mas palavras curtas bastariam.

── Que as pessoas saibam que os dois caminhos dos Greys levam ao mesmo lugar! Que a Fênix seja o único destino! ── bradou, sendo ovacionado por todos ali. Dois rapazes levantaram Nathaniel rapidamente, enquanto ele erguia o braço esquerda, com o punho fechado, ouvindo os seus gritos. Podia ver os seus lábios se movendo, chamando o seu nome, enquanto alguns demonstraram as suas admirações com palavras mais intensas. A mudança em Silvermoon ainda continuaria, mesmo que gradativamente, cativando os corações daqueles que tivessem a mente aberta para escutar.

A Era das Trevas caminhava para um fim inevitável.