— Eu prometi a mim mesmo que não voltaria a investigar aquele assunto, mas eu sou péssimo em manter esse tipo de promessa. Angustiado e visivelmente perturbado nos momentos em que estava a pensar no assunto, comecei a novamente me tornar paranoico pelos eventos passados. Estaria eu sendo observado? Talvez eu estivesse jurado de morte por alguém, sem ao menos saber. Por conta disso, decidi investigar o assunto por conta própria, sem envolver o vilarejo. Coletei minhas coisas e parti da minha residência decrépita, caminho sob o véu da lua enquanto me tornava distante, um assobio perdido em um mar de dúvidas desoladoras.

Os passos, carregados de incerteza estavam mirados em uma direção específica: O sudoeste dos subúrbios de Iwagakure, uma zona na linha da miséria há muito tempo abandonada que passou a servir de morada para grupos criminosos. Eu gostaria de descobrir a identidade do mandante por trás de todas essas ocorrências recentes, e tudo me levava a crer que o velho fujão de minha última missão tenha relação importante para isso. Se eu conseguisse encontrá-lo, teria as respostas para este enigma que vêm me perturbando há tanto tempo. Sabia que não deveria estar agindo sob o radar dos ninjas da vila, mas agora era um assunto pessoal. Só eu poderia resolvê-lo, e mais ninguém.

- "Ele costumava passar por estas vielas, se bem me recordo." - Pensei, enquanto observava os arredores. - "Ele tomaria a mesma rota duas vezes, ainda mais sabendo que alguns de seus aliados foram para o inferno. Preciso deduzir e ser mais esperto do que ele. Um velho ainda é só um velho, afinal de contas. Ele não pode ter ido longe." - Concluí.

Estava confiante de meu objetivo, de que poderia encontrar a resposta. Será que a mulher desconhecida também tinha algum tipo de relação com isso? Talvez ela fosse somente um bode expiatório ou pior: Um mero chamariz para condenar os tolos que forem seduzidos pelo seu charme. Eu não era idiota a esse ponto, mas por mais que quisesse acreditar em sua inocência, deveria manter a dúvida de pé até o último instante.

Suspirei, pensando no próximo passo.

Informações:

— Por onde deveria seguir? As vielas não podiam ser contadas nos dedos, tampouco a quantidade de atalhos e artimanhas que existem no lado sombrio da sociedade. Eu estava dentro de um território desconhecido, jogando uma partida de gato e rato. Se eu fosse descoberto, não conseguiria fugir. Minha única opção era permanecer em silêncio e tentar manter a cabeça fria e no lugar. Deixei o ponto estacionário em que permaneci durante alguns segundos, decidindo que seguiria pelos esgotos abaixo da vila. Parecia absurdo, mas lembrei-me que a rede de esgotos se conectava a grande maioria das residências, e que também era possível escutar algumas coisas vindas de cima por conta da cobertura fina dos materiais que faziam as paredes desta rede subterrânea putrefata. Mesmo empestada por pragas e um cheiro necrótico, continuei, tapando o meu nariz com a mão esquerda após descer por um bueiro suspeito.

Era escuro, cheirava a cadáveres e o senso de direção era quase totalmente nulo. Meus passos não eram mais meticulosamente espaçados e confiantes. Ao invés disso, eram passos curtos, dados nas pontas dos pés, recuados, como se eu estivesse temendo pelo absoluto pior. Me localizava através do toque nas paredes da rede subterrânea, enquanto ouvia as águas calmas e infectadas passando logo ao meu lado. Senti vontade de vomitar, mas me segurei o máximo que pude, tentando ignorar a situação miserável em que me encontrava. O esgoto não era tão largo, e nem alto. Eu conseguia andar por debaixo da terra sem ter que me agachar, mas não deveria ter mais do que dois metros e trinta centímetros de altura. Era estranhamente morno, e a umidade causava goteiras nojentas que respingavam das frestas e rachaduras no teto, devido à falta de manutenção geral.

- "Ainda estou nos subúrbios. Não faço ideia de para onde este caminho me levará, mas sei que ainda estou na mesma área. Talvez eu consiga achar algo, se eu tiver sorte. Ou melhor... Se um milagre acontecer." - Ditei em voz baixa, percebendo que mesmo dessa forma, quase no absoluto silêncio, a voz ecoava através dos corredores perpétuos dos esgotos. Um eco macabro e distorcido, que parecia ter sido proferido pela boca de um ser inumano. - "Amplificação do som... Espere! Tive uma ideia." - Pensei.

Afiando os olhares e dando um leve sorriso por debaixo da mão que tapava o nariz, cheguei a uma conclusão.
Serei eu quem fará o papel de chamariz. Se eu gritasse, a minha voz poderia ecoar por centenas de metros por debaixo destas instalações. Eles não hesitariam em investigar.

Bingo!

Informações:

— Eu não sabia quando fazê-lo, e nem como atrair os ditos vagabundos. Se eu errasse, poderia acabar entregando até mesmo a minha posição. Por conta disso, pensei bastante a respeito. Poderia me passar por um shinobi ferido, ou um bandido como eles, em busca de auxílio. As ondas putrefatas começavam a empestar meus pulmões. Nesse momento, expulsei todo o ar tóxico ao criar uma massa de vácuo na entrada de minha traqueia e sugar as impurezas, ao mesmo tempo que me privava de respirar. Era muito melhor não respirar do que ser submetido a mais um segundo daquele inferno. Meus passos pareciam mais curtos ainda, com as pernas bambeando e os dedos que continuavam a incansavelmente tatear as paredes quebradiças. Porém, ainda havia esperança em meio àquele inferno. Enquanto minha sanidade parecia se esvair, passos ecoaram de cima, além das paredes de concreto fino que formavam as estruturas fundamentais do complexo de fossas. Não conseguia discernir a quantidade de homens, e nem entender o que diziam. Falavam baixo demais para ser audível de onde eu me encontrava. Por conta disso, eu decidi os seguir até encontrar um outro bueiro abandonado, que, por sorte, estava sem uma tampa de proteção. Liberei o vácuo de meus pulmões e me escondi atrás de um pilar de pedra desgastado pelo tempo e entorpecido por vinhas que enrolavam-se ao seu redor e se esticavam até tocar as águas profanas.

- "UAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHH!" - Exclamei do fundo dos pulmões, afinando a voz para se parecer com a de uma garota.

O som ecoado foi comparável a de trovões ribombando nas paredes de pedra dos esgotos. Tão estrondoso, o som explosivo forçou-me a tapar os ouvidos e me agachar, enquanto os homens gritavam de susto do lado de fora. Pouco tempo depois, o primeiro curioso baixou uma lanterna antiga no bueiro, colocando o seu rosto para averiguar os arredores até onde a distância o permitia.

- "S-socorro..." - Ditei, de forma baixa.

Ele parecia confuso, mas ouviu o pedido desesperado de ajuda de uma garota naquele lugar.
O maldito era um palerma inocente. Ele avisou aos seus demais companheiros e saltou no bueiro, caindo com a ponta dos pés.

Estranho. Desde quando esses bandidinhos de vielas têm habilidades acrobáticas deste nível?

Informações:

— Um por um desceu. Eles vieram exatamente da mesma forma, e uma coordenação notável. Além disso, a expressão facial do primeiro parecia mais desconfiança do que preocupação. Observei de canto, ainda oculto pelas sombras projetadas pelo pilar. Estavam a cerca de vinte metros de minha posição, e a partir daquele ponto, não mais poderia me dar ao luxo de soltar sequer um único pio. Cobri os meus pulmões de vácuo por mais uma vez, e os observei com olhos afiados, preparado para qualquer ocorrência adjacente. O homem que carregava a lanterna suspirou, iluminando a pequena área ao seu redor enquanto lidava com o cheiro putrefato do esgoto, erguendo sua voz.

- "Não acho que vá ser perigoso, Enal." - Ditou, baixando a mão com a lanterna e jogando olhares para trás. - "Não há para onde fugir. Vou queimar todo o esgoto e matar a desgraçada." - Finalizou.

- "Quê?" - Pensei, arregalando os olhos e me levantando de onde estava. - "Eles me enganaram? Impossível... Preciso sair daqui!" - Continuei, surpreso.

Não acreditei ao vê-los tomar uma postura ofensiva e realizar selos de mão. Eles não eram bandidos, e sim shinobis renegados. Essa realização me fez esconder atrás do pilar novamente o mais rápido que pude, enquanto uma esfera flamejante cruzou todo o espaço ao meu lado, colocando em chamas toda a estrutura e vaporizando a água ao longo do trajeto. A neblina putrefata misturou-se às cinzas, criando um cheiro nauseante que quase me derrubou, mesmo com os pulmões cheios de vácuos. Revirei os olhos por um instante, mas mantive o equilíbrio, segurando-me em uma rachadura no pilar. A luminosidade criada pelas chamas era poderosa o suficiente para revelar todas as áreas ao longo do esgoto. Eu não conseguiria enfrentar aqueles três de uma vez. Precisava dar um jeito de sair de lá e encontrar outro caminho para cumprir meu objetivo. Com isso, abri um buraco na parede ao meu lado com o vácuo, desfazendo as moléculas da parede em silêncio na tentativa de deixar a cena em segredo.

- "Eu vou por aqui. Você, Charles, e Enal, devem vasculhar o lado de fora. A peste deve estar próxima. Vamos capturá-la e levá-la ao Enki. Entenderam?" - Questionou aos seguidores.

Droga. Era um beco sem saída. Hora ou outra, eu teria que enfrentá-los.
Aargh! Por quê tudo dá errado comigo?!

Informações:

— O caminho era longo demais, e eu havia sido obrigado a me mover de forma tão demasiadamente lenta que, sinceramente, era pouco provável que eu fosse capaz de escapar daquela situação sem ao menos alguns arranhões. Esperei por mais alguns instantes, ouvindo, de forma temerosa, a marcha fúnebre, carregada pelas chamas inquisitórias dos carrascos renegados. Eles estavam carregados com ódio, não dúvida, e fariam o que estivesse em alcance para me capturar. Ao invés de me esconder como um covarde, eu decidi encarar a situação de frente. Suspirei e afiei os olhares, dando um passo a frente enquanto cerrava os punhos, fechando-os dedo por dedo, determinado a lutar até o último suspiro.

- "Apareça!" - Um dos homens exclamou, disparando uma bola de fogo ainda maior que explodiu vários metros de uma parede a cerca de quinze metros de minha posição, causando um desabamento local e vaporizando parte do afluente tóxico que corria pelo esgoto. A explosão foi tão poderosa que eu quase perdi o equilíbrio das pernas. - "Vou destruir todo o esgoto. O rato está entocado em algum lugar por aqui. Consigo sentir." - Finalizou, cheirando o ar.

Imediatamente retirei o que havia pensado e voltei a escavar o túnel como minha rota de fuga primária. Aqueles caras tinham total vantagem sobre mim naquela situação desafortunada. Após algum tempo, fui capaz de alcançar a superfície, por onde logo procurei pelo abrigo mais próximo. Saltei através da janela de uma das casas decadentes próximas, escalando pelo lado de fora até seus telhados, a cerca de seis metros de altura. De lá, observei o bueiro, como a posição dos homens próximas. Estavam em direções opostas, patrulhando áreas imediatas ao bueiro. Eu poderia fugir, mas desta forma, jamais conseguiria o que estava procurando. Por conta disso, saltei, de telhado em telhado, até alcançar a posição do primeiro. Permaneci em silêncio sobre um poste de ferro antigo, cobrindo os pulmões com vácuo para silenciar a respiração e me aproximando através de um disparo veloz com meus pés. Alcançando a posição do homem, rapidamente coloquei a mão direita sobre seu nariz, e a esquerda apontada na forma de uma pistola, levemente encostada nas costas. A palma destra criava um vácuo com uma concentração de 10% de oxigênio, meramente o suficiente para mantê-lo consciente.

- "Se mova e morrerá. Vou arrancar todos os seus órgãos pela sua maldita boca." - O ameacei, aproximando o rosto de seu ouvido.

E no instante seguinte, ele não estava mais lá.
Um clone?

Parece que, novamente, eu fui prepotente em meu julgamento.

Informações:

— O corpo do shinobi desfez-se e um pequeno tronco de madeira assumiu o seu lugar. Me senti envergonhado por ter caído em truque básico como aquele, mas não havia tempo para lamentar ou refletir. De forma instintiva, saltei em direção ao ar, girando para fixar meu olhar no lado oposto em que anteriormente me encontrava, imaginando que o alvo viria pelas costas. Percebi sua movimentação veloz, carregando uma energia elétrica no seu palmo direito. As faíscas azuladas se transformaram em relâmpagos raivosos. O homem assumiu uma postura de corrida, segurando o braço direito com a mão esquerda para fixá-lo, e disparando em linha reta em uma velocidade que meus olhos tiveram dificuldades para acompanhar. De forma quase instantânea, busquei me afastar para ganhar um pouco de tempo, criando uma sequência de lâminas de vácuo que cortaram o ar até alcançarem a posição do inimigo. Porém, ao tocar o seu corpo, relâmpagos surgiam de sua pele para defendê-lo. Minha liberação não possuía fraquezas, mas aquele homem também não.

- "Chidori!" - Ele exclamou, levando o palmo a frente.

Cinco, quatro, três metros. Ele se aproximava mais rápido do que eu conseguia acompanhar e reagir. Se eu fosse um pouco mais lento, sequer conseguiria vê-lo se movimentando. Afiei os olhares, rangendo os dentes enquanto meus pulmões, cheios de ar, expeliram uma esfera de vácuo mirada contra o solo abaixo de mim, criando uma pequena cratera que, ao mesmo tempo servia como distração por conta dos detritos lançados ao ar, também como uma forma indireta de incapacitá-lo. Naquele estado, com visão de túnel, sequer pôde perceber o que eu havia feito, e, de surpresa, caíra no buraco, atingindo apenas as rochas abaixo do solo como resultado final da técnica. Depois disso, com o vácuo ainda presente na pequena cratera, liberei a técnica, soterrando-o naquele lugar sem que houvesse chance de escapatória. Eu gostaria de interrogá-lo, mas seria arriscado demais. Além disso...

- "Hm?" - Senti um frio da espinha, imediatamente me virando. - "O que diabos é isso?" - Exclamei.

O outro shinobi havia chegado no local quase em sincronia com a morte de seu companheiro, invocando uma espécie de pequeno mar ao seu redor em conjunto com peixes de chakra que se debatiam como feras irracionais em busca de uma presa fácil. Aquilo se expandiu por quinze metros, chegando a me afundar até a altura dos tornozelos. Além disso, uma névoa estranha começou a ser emanada daquele homem, a partir do instante em que levantara a sua mão direita em direção ao ar. Tive sorte em conseguir neutralizar o primeiro, mas não poderia dizer o mesmo deste. Senti uma gota de suor escorrendo através da testa, e minha respiração ficando mais pesada. Aquele realmente não era o meu dia de sorte.

- "Não posso matá-lo! Preciso interrogar este homem antes que a situação fique fora de controle." - Pensei, reafirmando o objetivo.

Informações:

— Ele não queria conversa. Até tentei levantar o meu tom de voz para fazê-lo escutar o que eu tinha a dizer, mas foi em vão. Como poeira ao vento, a lâmina do invidíduo cortou através da minha concentração, criando ondas suaves enquanto um rastro d'água era deixado para trás durante seu ímpeto. Sua espada, reluzente como a luz do sol, cortou através do vácuo para colidir de imediato contra o meu ombro direito. Por um triz pude evitar o ataque, jogando o meu corpo para o lado e utilizando o vento para me propulsionar levemente para mais longe do que o normal. Mantive o olhar concentrado no inimigo, criando uma pequena tormenta entre os dedos da mão direita. A água criada pelo homem me acompanha, e os peixes pareciam crescer a cada segundo que se passava. Alguns instantes depois, saltei, vendo-o realizar um selo manual que pareceu alterar a forma da água gerada pelo seu chakra. Não bastou aguardar sequer um piscar de olhos, verificando que na minha antiga posição, dezenas sobre dezenas de criaturas marinhas dentadas e anormalmente grandes se juntavam para devorar o vento.

- "Se eu houvesse hesitado por um segundo..." - Pensei, suando frio.

Contra-ataquei, lançando dezenas de lâminas de vento diminutas em uma área cônica, destruindo não apenas o chão, mas também as construções próximas e gerando nuvens de poeira que cobriram o espaço entre mim e o oponente. Mesmo assim, as ondas continuavam de pé, e pilares de água se erguiam até mim. Pousei sobre o oceano sangrento, me esquivando das incontáveis lâminas d'água e pilares que vinham até mim por todas as direções. No final, deixei que um dos pilares me atingisse de raspão, utilizando o impacto como impulso para me direcionar ao lado oposto de onde me encontrava, sabendo que o alvo já não mais estava na cortina de fumaça.

- "Kazanami!" - Exclamei.

Então, um corte transversal de vento cortou através das águas, do ar, e silenciou o oceano profundo. Os pilares d'água, antes tão imponentes, cederam e evaporaram. Os peixes se desfizeram, e o sangue escorreu pelo chão. Kazanami era uma técnica perigosa, gerando um corte inescapável de vácuo em um local qualquer, sem aviso, sem defesa. Era uma técnica de morte instantânea que me fora passada pelo meu antigo mentor, Kawajiri. O inimigo caiu de joelhos, com as mãos sobre o seu abdômen. Ele estava ferido o bastante para ser incapacitado, mas não morto. Me aproximei do moribundo, agarrando-o pelo colarinho e, sem dizer uma única palavra, o levando até um local mais seguro, uma vez que um dos homens ainda estava por perto. O joguei em um beco escuro, entre os sacos de lixo, a cento e vinte metros do local de conflito original.

- "Você tem sorte das suas tripas não estarem saltando nesse momento. Se você cooperar, serei piedoso." - Ditei, me agachando até alcançar a altura de seus olhos. - "Quem é Enki? O que vocês estão fazendo nesse lugar? Sei que estão tramando alguma coisa, e eu estou no meio da conversa. Como diabos sabem quem sou?!" - Finalizei.

Então, o homem sorriu.

Informações:

— Continuei a observar o moribundo, esperando que ele fosse ceder a qualquer momento. Porém, ao contrário do que eu imaginava, ele permaneceu resiliente, em completo silêncio. Seu sorriso esboçava um tom zombador, como se aquela fosse a sua última cartada. Preferiu morrer em silêncio do que entregar-se nas mãos do inimigo, como um fraco e derrotado. Seus olhos, semicerrados e acinzentados perdiam a luminosidade, enquanto o ferimento grave continuava a sangrar, indicando uma perda de sangue massiva que o levaria às mãos gélidas do ceifador dentro de poucos minutos. Sem forças para revidar, ele permaneceu imóvel, disposto a jogar sua vida fora para proteger os seus camaradas. Eu jurei que mataria todos que entrassem no meu caminho em nome da linhagem dos Shimura, mas aquela situação me fez tremular.

- "Você ainda pode se salvar. Me diga o que quero saber, e deixarei que vá. Não tenho a intenção de matar pessoas sem motivo. Por favor, faça o que eu digo." - Ditei, em um tom suave.

- "Heh... Essa é uma atitude que só um covarde teria. Vou morrer pela glória dele..." - Respondeu, dificuldades.

Ele estava mesmo disposto a morrer por esse tal Enki? Aquela resposta me chocou mais do que deveria, e talvez eu já devesse esperar por algo desse tipo. Completamente impotente, eu apenas permaneci no mesmo lugar, lentamente observando a vida escorrer do corpo daquele homem. Seus membros se tornia formar palavrua língua jánte, ão mais conseguia formar palavras e, de repente, o silêncio reinou. alguém cabado de presenciar o último suspiro de alguém que recusou a salvação. Era absurdo para mim. Levei uma das mãos até a boca, levemente perturbado pela cena. Ao invés de tentar reanimá-lo, respeitei o seu descanso final, e tateei o seu uniforme em busca de pistas. Aquela missão ha a sevo. O ciclo vic Mortes em vão, ódio sem motivo. O ciclo vicioso que me tornou esta... coisa... se repetia, infinitamente. Eu queria me livrar, quebrar este ciclo para sempre.

Informações:

— Minhas mãos vasculharam os bolsos do uniforme que o homem vestia, e eu percebi de forma imediata que ele carregava vários aparatos consigo, incluindo alguns papéis-bomba presos a sua jaqueta. Ele não havia se detonado, mas poderia. Creio que talvez, ele também considerasse isso como uma tática dos 'covardes'. No fim, eu acabei por encontrar um pequeno bilhete manchado pelo sangue do falecido, rasgado nas pontas e possuindo uma textura grossa, como a de um papiro. Ao desenrolar o papel, havia uma única frase inscrita no objeto. Ela dizia algo incompreensível, que mais se assemelhava a um punhado de palavras e letras embaralhadas de forma aparentemente ilegível, mas que possuía algum significdo quando lida pelas pessoas corretas. Guardei o bilhete em um dos meus bolsos, aguardando por uma ocasião oportuna. A única coisa que entendi naquele bilhete foi o símbolo de uma estrela cadente. Talvez aquilo representasse uma facção, de certa forma? Eu não tinha certeza, mas, por via das dúvidas, o mantive para futuramente o investigar.

Depois de finalizar aquele curto conflito, deixei a cena o mais rápido que pude, lançando-me através das ruas abandonadas da periferia para me encontrar novamente no centro de Iwagakure. Eu havia entrado demais naquela trama, e talvez já fosse muito tarde para voltar atrás. Eu estava pronto, no entanto, para encarar estas consequências. Ainda estava suando frio como se morte houvesse piscado para mim, mesmo sabendo que vitória estava em minhas mãos. Eu não considerava aquilo como uma vitória, mas uma derradeira necessidade sangrenta que faz parte do ciclo de qualquer shinobi. Aquela trama estava longe de acabar, eu bem sabia. Era apenas o começo, e eu não conseguia esconder o meu temor. Os demônios voltaram do inferno para me atormentar. Dia após dia, eu fui condenado a esta penitência eterna.

- "Não tenho nada a perder" - Pensei, repetidas vezes. - "Não tenho nada a perder." - Continuei.

Mas eu tinha, no fundo.
Eu tinha algo pelo qual ainda valia a pena lutar: Justiça.

Informações:

— No final de tudo, não havia conseguido me libertar daqueles pesadelos antigos. O único sobrevivente do trio permaneceu abaixo da terra, nos esgotos, e com alguma sorte eu poderia me livrar de ser seguido e encontrado pelo marginal. Um dia se passou desde então, onde fiquei em minha residência, paranoico de que alguém viria para me matar a qualquer momento. Sei que parece absurdo, e de fato é, mas não havia opção se não me precave rda forma mais seguro possível. Dia e noite, com horários marcados para fazer qualquer coisa, sob um olhar afiado e sempre atento de olhos incansáveis e já abatidos pela privação de sono. Neste dia, quando o sol acançou o ponto mais alto do céu límpido de Iwagakure, um vulto se projetou nas sombras da entrada da casa. De forma imediata, me levantei de onde estava e comecei a fluir o chakra no interior do meu corpo, ligando o evento aos assassinos de antes. Eles já haviam me encontrado?

Quando pensei em atacar, cabelos longos e hipnotizantes fluiram no ar quente. Mesmo sem uma brisa, aquela figura de beleza incomparável se materializou como um milagre frente aos meus olhos. Era a mesma mulher de alguns dias trás, reaparecendo, novamente, como um espectro vindo do além. Ela encontrou a minha casa... Mas como? Eu estava embasbacado, silenciado pelo evento. Baixando a guarda, a vi abrir um leve sorriso convidativo enquanto permaneceu distante, colocando o dedo indicador direto entre os lábios.

- "Enki virá." - Ela disse, em um tom sinistro, quase ameaçador. - "Você deve se preparar para a visita dele. Ele não é bom e nem mau, e talvez até possa se tornar um aliado valoroso para você. Eu espero que nos encontremos em breve novamente, Masamune. Você ressoa comigo." -

Após dizer estas palavras, desapareceu.

- "Espere!" - Exclamei, correndo até a entrada.

Mais uma vez, ela deixou a cena sem traços. Aquilo era tão bizarro que realmente estava considerando a possibilidade dela ser um fantasma ou coisa do tipo. Eram aparições aleatórias, quase ilógicas, em momentos específicos. Porém, eu havia entendido o seu recado. Ela parecia ser uma aliada distante, e eu confiava em suas palavras enigmáticas. Se Enki viria, eu deveria estar pronto para recebê-lo, fosse com flores ou fogo. As coisas realmente começaram a sair do controle. Eu ainda não fazia ideia de quem este homem era, ou o motivo de sua vinda até aqui, mas isso pouco importava.

Cabeças rolaram, e continuarão rolando. Esta é a única regra deste mundo...
Ódio!

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