Em sua primeira missão como ninja recém-graduado da pedra, Koyomi ficou designado por efetuar um trabalho julgado comum. Era somente aquilo que já realizava em todas as vezes das quais era mantido na academia após o horário por má conduta, o que não lhe chamava tanta atenção e também parecia desinteressante. Porém, não faria corpo mole para concluir suas responsabilidades, uma vez que lhe concederiam dinheiro e ele necessitava daquilo mais do que gostava de admitir. — Afinal, preciso comprar equipamentos... eu acho. — murmurou a si próprio, enquanto tomava o esfregão em mãos.

Durante seus dias iniciais como ninja, havia trocado os equipamentos básicos da academia por um bilhete de apostas, o que reverberava naquela sentença. Ele não podia se conter, os ânimos para que apostasse cada vez mais e regozijasse do sentimento da vitória era agradável a si. Em sua vida, nunca se sentira daquela forma antes. Portanto, continuou com a limpeza, da sala de aula, dos equipamentos de treinamento e também dos arredores. Organizou tudo com bastante destreza e cuidado, quase como se estivesse em sua própria moradia. Assoviava durante as ações, expressando seu desejo interno de encerrar a atividade, mas também a realizar com afinco.

Assim, quando se deu por encerrado, simplesmente retirou-se da área, deixando a Academia Ninja em um estado muito melhor do que antes. Se a vida ninja não lhe desse frutos, ainda podia tornar-se uma doméstica.



Por que um novato seria designado para patrulhar a periferia do vilarejo? O que ele poderia oferecer caso um problema ocorresse? Se uma bomba explodisse e os miolos dos civis manchassem o solo, o que ele poderia fazer? Koyomi não tinha uma resposta. Achava tudo aquilo muito imbecil, diferentemente de limpar a academia – o que era condizente com suas habilidades. Ele não era um lutador, não possuía tais características e a inexperiência lhe assolava, mas também não era tolo. Como um batedor de carteiras, era um conhecido daquelas redondezas... Ao menos, pensava que sim. Ele entendia os esquemas, a forma como agiam e... — (...) Droga, por que estou mentindo tanto para amaciar meu ego? — questionou.

Despreocupado e com a missão de patrulhar a área, o rapaz continuou com a atividade. Observou a atividade dos civis, visando acompanhar seus movimentos; o mesmo que fazia quando intentava furtá-los. Entretanto, por uma outra perspectiva: em que precisava defendê-los. De tal modo, seguiu os que cruzavam a área, buscou atividades suspeitas e perdurou naquela repetição durante todo o tempo em que esteve na patrulha. Felizmente, naquele dia nenhum crime ocorreu efetivamente, o que lhe permitiu ir para casa sem quaisquer pensamentos maiores. E, se tudo desse certo, uma pequena quantia em dinheiro.



A missão diária para o qual fora convocado, era ajudar os idosos – e não se sentiu mal por aquilo. Koyomi não tinha nada contra pessoas de idade, até as achava bastante agradáveis. Alguns, sentia mais afeição do que devia. Sempre que estava nas ruas, gostava de ajudá-los com atitudes simples como carregar bolsas, algo de seu cotidiano. Sempre que efetuava uma boa ação, o universo o premiava com os bolsos sendo abertos e dinheiro em espécie sendo-lhe entregue como forma de recompensa. Era assim que ganhava a vida antes de tornar-se um ninja de baixa patente, e naquele dia não seria diferente.

— A senhora está muito bem hoje. — disse à idosa que já conhecia como uma transeunte, embora de forma um pouco engessada. Ainda que tivesse uma idade avançada para não ser considerado mais uma criança, interações sociais podiam ser complexas. Preferia se expressar por outros métodos que não aqueles dos quais efetuava agora.

— Obrigada, Koyomi. Você cresceu bastante. — ela respondeu, entregando-lhe as bolsas de compras recém-efetuadas. O rapaz assentiu, carregando as mesmas e acompanhando ela durante aquele dia. Escutou as lamúrias da mesma e a ajudou em todas as atividades necessárias, ate mesmo na limpeza de sua moradia. No final do dia, a deixou acompanhada pelo filho e a nora, dando a missão por encerrada.



O dia esperado havia chegado: visitar o orfanato da Pedra e ajudar as crianças necessitados de sentimentos fraternos. Tudo o que precisava era prestar apoio e, de alguma forma, acreditava que poderia compreendê-las e ajudá-las com facilidade. No entanto, seus pensamentos também eram consideravelmente vazios e quando se pegou pensando sobre aquilo, Koyomi não obteve uma conclusão clara sobre a forma que poderia auxiliá-los. De certa forma, nem mesmo ele conseguia se ajudar; e relações sociais, como supracitado por diversas vezes, não eram a sua praia. Por outro ponto, também não podia gastar o que não possuía, então compartilhar presentes estava fora de cogitação. Consequentemente, socou o peitoral apenas com aquela sugestão interna.

— Farei com que seja eternizado. — indicou. Assim, o rapaz deu por iniciadas suas atividades, realizando algumas brincadeiras com as crianças mais novas – e obtendo a aprovação das mesmas. Não esperava que elas fossem tão fanáticas por esportes, o que gerou situações bastante simples. Por outro lado, não teve o mesmo êxito com os mais velhos, desinteressados em ter ao menos algum tipo de conversa com o mesmo. Não fez preconcepções, no entanto, não era capaz de criticá-los por aquilo. De toda sorte, a missão foi dada como concluída, ao receber dezenas de elogios das crianças e os pedidos para que retornasse. Ele não prometeu, afinal, não tinha certeza se um dia voltaria. E, de alguma forma, no olhar daqueles pequenos, eles sabiam.



O que exatamente podia ser considerado um ponto turístico em uma vila tomada por rochas e um sol escaldante? Principalmente naquela estação do ano, em que tudo parecia mais quente do que o habitual, e a ação de limpar o suor de sua testa era mais efetuada do que qualquer outro aspecto? Koyomi tinha a resposta, haja vista que turistas eram pessoas tolas. Não precisava de muitas palavras ou realmente um ponto a ser mostrado, pois costumavam se surpreender mesmo com coisas banais, o que era consideravelmente engraçado.

— E aqui... é uma grande rocha da vila. — disse o rapaz, apontando para uma grande rocha entre tantas outras. — Ela foi usada pelas sombras do passado como um local de reuniões à céu aberto. Dizem que um dos líderes gostava de observar o céu estrelado enquanto precisava tomar decisões. — murmurou a mentira. Os turistas ficaram felizes com o conto, e Koyomi fez questão de anotá-lo, enquanto os mesmos se reuniam ao redor do rochedo para eternizar o momento... o que se estendeu pelo restante do dia.

Visitaram diversos pontos da vila oculta, com o mesmo os convencendo sobre histórias que inexistiam. No final da tarde, os levou até um restaurante para que jantassem, encerrando as atividades nos comércios da Pedra Oculta. Todos se mostraram satisfeitos, agradecendo o rapaz e liberando-o de sua atividade no avançar da noite, o que fez sem quaisquer reclamações.

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