Com a sua recente promoção, sendo recompensado com o título de Tokubtsu Jonin, Ethan temia o que poderia acontecer agora. Acima de tudo, ficava receoso quanto aos perigos que viria a enfrentar nas missões futuras, onde, de acordo com sistema da vila, era capacitado para tal. No entanto, suas reais capacidades não condiziam com as expectativas, já que há pouco tempo era um mero genin. Sentindo na pele toda a urgência em se fortalecer, não tinha outra escolha: precisava treinar. Então indo até o campo de treinamento deu inícios às atividades.

Para maximizar os resultados que obteria com a atividade, o Uzumaki resolveu usar alguns clones da sombra para lhe ajudarem. Com um único selo de mão deu vida a 7 clones da sombra. As cópias apareceriam na frente dele a, mais ou menos, 1 metro de distância, de modo que formassem um semicírculo a sua volta. Assim que Ethan encarou as cópias, apenas movimentou a cabeça discretamente, esperando que as replicas entendessem o sinal. Com isso, todos os preparativos para as atividades daquela tarde estavam finalizados, e agora se separariam, onde cada um deles se concentrariam em atividades distintas.

A estratégia do Tokujo para a seção de treino era simples, ao passo que era essencial, vital. Ele pretendia explorar conceitos básicos inerentes a todos os shinobis, buscando reforçar sua base e melhora-la. Para isso, em um primeiro momento, os clones se separaram, cada um ficaria a, no mínimo, 50 metros de distância dos outros. Depois, de acordo com o planejamento, treinariam uma das seguintes competências: Controle de Chakra, Taijutsu, Selos de mão, Resistencia física, Shurikenjutsu.

Quando todos os clones estivessem nas suas marcas, começariam. Enquanto isso, Ethan se concentraria nos estudos sobre a energia natural. Não fazia muito tempo desde que começara a tentar absorver a energia abundante que o cercava, e por isso ainda tinha muito que melhorar. Sentando na posição de lotus, fechando os olhos e limpando a mente deu início ao único método que conhecia para captar aquela força da natureza.

Com toda a concentração do mundo, e uma calma invejável, ele se deixava guiar pelos sons que os clones faziam. Os sons dos chutes cortando o ar traziam a mente a imagem da grama que se modificava devido aos movimentos. As lamurias de alguns que não se saiam bem, por sua vez, fazia sua atenção se voltar para o controle preciso do chakra que deveria ter durante a vida como Shinobi. A chiado presente na respiração do clone que corria de um lado para o outro fazia com que ele mantivesse a respiração calma e profunda. Quanto ao clone que subia e saltava por entre as árvores, este fazia o Uzumaki se lembrar da natureza e sua importância para o meio, servindo de abrigo para uma infinidade de espécies e contribuindo para a sobrevivência do planeta. Cada aspecto presente naquele espaço era igualmente importante para uma compreensão profunda sobre a sua própria realidade, com isso fazendo o garoto evoluir também como pessoa.

Informações:

Enquanto Ethan se concentrava na própria atividade, os seus clones seguiam dando o seu máximo. Em cada uma das tarefas propostas, eles tinham que lidar com uma infinidade de pequenos problemas. Apesar do caráter simples das técnicas empregadas, sendo um treino acessíveis até mesmo para genins, ele não podia negar todas as dificuldades que enfrentavam. Os clones, como esperado, empregavam os conceitos, mas estavam anos luz da perfeição. Arremessar Shurikens em uma árvore era algo simples, fácil demais, no entanto, realizar o lançamento como um mestre estava aquém das habilidades do Tokubetsu. Não importava o quanto tentasse, todos os seus esforços eram medíocres. Assim, os clones observavam as diversas tentativas de aperfeiçoamento falhando, uma a uma.

As dificuldades não eram exclusivas de um único clone ou um grupo específico, todos, nas suas respectivas áreas, lutavam uma batalha mortal por resultados. No entanto, todo o sacrifício era recompensado com frustação. Nenhum deles estava à salvo, a sensação de que poderiam ter feito algo de melhor havia se espalhado como um vírus contagioso, impregnando as suas mentes.

O primeiro clone, carinhosamente apelidado de clone número 1, estava responsável pelo Shurikenjutsu. Sortudo como era, ficou com a tarefa mais fácil de todas, até uma criança dava conta daquilo. Era o que pensava. A realidade, por outro lado, se mostrava mais cruel, visceral. Plop! Plop! Plop! O som das Shurikens e Kunais se chocando com a madeira ecoavam por todo o lugar, apenas cessavam quando chegava a hora de recolher os objetos metálicos do tronco, recomeçando os lançamentos. A replica ficaria ali, lançando as armas, por mais tempo do eu gostaria. Portanto, não demorou muito a sentir os efeitos no seu corpo, via a mão se encher de pequenos cortes, que sangravam, e percebia uma dormência no braço, devido aos movimentos repetitivos com o membro.

Da mesma forma que todos os fundamentos abordados no treinamento, os selos de mão também tinham uma importância vital para os shinobis. Entendendo aquilo, Ethan faria um dos clones se dedicar exclusivamente ao estudo da arte ninja. Então foi o que o clone de número 2 fez. Ele realizava os dozes selos de mão básicos sem parar, vez ou outra alternando a sequência. Com isso, ele esperava aumentar a proficiência com as mãos, ao passo que melhorava a transição de um sinal de mão para outro. O clone das sombras não enfrentou muitos problemas no início. Mas não demorou muitas horas para ele se entregar à fadiga. Depois de horas e horas dando o máximo de si, não deu outra, ele já não aguentava mais continuar com aquilo. Sentia como se a mão fosse cair. Como consequência, quase não conseguia articular os dedos – estavam rígidos como pedra.

Não importava se o clone aperfeiçoava o seu Taijustsu, corria de um lado pro outro, ou até mesmo se subia e descia a mesma árvore sem parar, independente da atividade, todos estavam dando o seu máximo. E foi seguindo esse mesmo ritmo que Ethan e suas cópias passaram o dia. Começando os trabalhos às 7:00 da mnhã, só terminariam as 10:00 da noite. Quando o fim chegou, tanto Ethan quando os clones estavam no chão, exaustos.

Informações:

No dia seguinte, depois de algumas horas de sono, Ethan e os clones estavam de volta no campo de treinamento. O sol havia acabado de dar o ar da graça e um frio característico fazia o Uzumaki sentir arrepios pelo corpo. Antes de mais nada, com a destra protegendo seus olhos, olhou para cima, admirando a esfera alaranjada que brilhava nos céus. Após isso, com um único selo de mão voltou a convocar seus clones da sombra. As réplicas, por sua vez, continuariam com o mesmo treino do dia anterior.

Vários dias se passaram desde que Ethan começara com sua empreitada, e ainda nada de notar alguma melhora nas suas habilidades. Depois de tanto se esforçar, haja vista que passava o dia e a noite ali, parecia que tudo continuaria igual. Ele apenas se esgotava a troco de nada. No fim, ele apenas demonstrava sua ingenuidade.

Diante de todo aquele esforço monumental, Ethan não seria o único a ser afetado. Seus clones, à medida que o tempo passava, também demonstravam sinais de cansaço. Tudo começou com uma sensação de sonolência, nada com que ele precisasse se preocupar. Conforme o tempo passava, mais e mais sinais de alerta se acendiam, no entanto, Ethan não foi capaz de ver o quão estava acabado. O Tokujo estava focado demais para se preocupar com aquele tipo de futilidade, que, segundo ele, apenas o afastaria de seus objetivos. Por isso, tratou de ignorar todos os sinais, esperando pegar um atalho até a linha de chegada.

A displicência de Ethan tinha um preço, e era caro demais. Em uma manhã como qualquer outra, ele deu tudo de si, mas não importava o que fizesse, não conseguia sair da cama. O corpo todo doía e apenas a simples ideia de se mover já lhe causava algumas dores. No entanto, em resposta, riu. Se doía, significava que seu treino havia dado resultados. O Uzumaki não poderia estar mais feliz naquela manhã, apesar das dores. Como não podia se dar ao luxo de ficar na cama sentindo dores, ele se esforçou, quase sentindo os músculos rasgarem, até ter força o suficiente para ir até o hospital.

Chegando no prédio, tratou de preencher uma ficha. No papel, havia uma dúzia de perguntas de rotina, como por exemplo, “onde doía”. Mesmo sem muita paciência para a burocracia do lugar, respondeu cada pergunta, no fim sendo atendido por um médico. Ethan não queria saber sobre as causas e nem sobre os cuidados que deveria tomar, apenas queria que o Dr. lhe receitasse algumas drogas para prosseguir com o treino. Por isso, tentando não revelar suas reais intenções, assentiu a cada constatação do médico, transparecendo feições de agonia. No fim, seu plano tinha funcionado, e agora tinha conseguido alguns comprimidos para dor, ou seja, poderia voltar a treinar imediatamente. Então, dobrando a dose recomendada, virou de uma vez as pílulas na boca ao passo que bebericava um pouco d’água.

Informações:

Alguns dias depois de se acostumar com as dores pelo corpo, mais uma vez Ethan estava dando início a mais um dia de treinamento. Ele nem sequer tinha comido algo antes de sair de casa, mas, mesmo assim, se sentia preparado. No entanto, algo anormal aconteceu assim que convocou seus clones. Assim que as cópias apareceram na sua frente, ao invés de assumirem seus postos, elas se sentaram em círculo. Sem dizer nada, desviaram o olhar e fizeram uma careta.

— Ei, o que vocês pensam que estão fazendo? — Confuso com a situação inusitada, perguntou.

— Já chega! Não vamos mais ficar nos matando por você. — A voz de um dos clones ecoou pelo lugar.

— Isso aí!!! Não pretendemos fazer todo o trabalho pesado enquanto você fica aí sentado. — Outro clone complementava.

— Por acaso vocês se esqueceram de quem os mantem aqui? Como líder, o meu trabalho é o mais pesado. — Ethan interrompeu os clones antes que continuassem a reclamar.

— Espera aí, parceiro. Quem te fez nosso líder?

— Quer saber, vou acabar com isso. — Sem paciência para aquela maluquice, com o mesmo selo de mão que deu vida a eles, Ethan planejava expurga-los. — Kai.

— De fato, esse cara não pode ser o nosso líder, ele é idiota demais. — Os clones zombavam da tentativa falha do Tokubetsu.

Em uma última tentativa, Ethan levou as mãos até o rosto, fechando os olhos. Desse modo, esperava se livrar das visões. No entanto, os insurgentes ainda continuavam ali, conversando entre eles. Nesse momento, discutiam sobre qual deles era o mais apito para assumir a liderança, ignorando por completo a presença de Ethan.

A princípio, o Uzumaki pensou ter sido pego em algum jutsu de ilusão, mas não havia sido capaz de notar nada que confirmasse suas suspeitas. Percorria os arredores em busca de respostas, esperando entender o que motivou aquela revolta. Mesmo estando atendo a cada detalhe à sua volta, não tinha nada para ver. Ele era o único naquele campo de treinamento. Portanto, não demorou muito até desistir, afinal estaria desperdiçando o seu tempo. Não queria se dar por vencido, mas não tinha outra escolha.

— O que vocês querem? — Se virando para os clones, perguntou.

— Vejamos... Um banho quente, algo para comer, um dia de folga, roupas limpas também cairiam bem. Resumindo, estamos de greve até você resolver para de se matar nesse lugar detestável. — Enquanto um deles dizia as exigências do grupo, os outros gritavam e balançavam os braços em sinal de confirmação.

Informações:

Enquanto Ethan negociava com os outros, encontrou mais obstáculos do que gostaria. Os clones não estavam dispostos a aceitar meios termos, queriam o que queriam e não abririam mão disso. Mesmo que expusessem de forma clara e coerente os problemas daquela incursão suicida em busca de resultados, o original não queria prestar atenção no que diziam. Sendo ele o criador, considerava as suas ações como corretas, absolutas, sem espaço para críticas ou reclamações. Desse modo, quem discordava era considerado um rebelde, alguém indigno de continuar vivo, afinal de contas, discordavam de seus ideais.

O clima hostil entre as partes continuou por toda a conversa. Enquanto os clones ainda entendiam os motivos de Ethan, o Uzumaki era incapaz de ouvir queixas sobre suas atitudes. Tudo que as réplicas conseguiram foram respostas indiferentes de alguém que não ligava para o quanto estavam cansados. Então, conforme aumentavam o tom de voz, o clima hostil aumentava ainda mais a insatisfação de todos, até que resolveram chegar as vias de fato.

— Já chega!! — gritou, anunciando sua ofensiva. — Não quero mais saber de vocês. Tá na hora de voltarem para o nada, de onde vocês vieram. — Ethan correu até o clone mais próximo, que seguia sentado, e deu um chute no lado esquerdo da sua cabeça, o lançando para longe. Depois de ver que o clone não havia desaparecido, percebeu que não seria tão fácil se livrar deles, e agora estava em desvantagem.

Assim que os outros presenciaram tamanha brutalidade, de imediato, concluíram que o garoto havia enlouquecido. Ele devia ter treinado tanto o corpo que a mente acabou atrofiando, pensavam. Mas naquele momento, os motivos não importavam mais. Portanto, agiram. Dois clones, com movimentos sincronizados, vieram de ambos os lodos, visando aplicar uma rasteira no Tokubetsu. Enquanto isso acontecia, uma outra replica viria pela frente, pretendendo agarrar o seu tronco e restringir seus movimentos. O contra-ataque era veloz e certeiro, afinal tinham as mesmas capacidades do original.

Ao ver a tentativa dos clones, Ethan não ficou parado, assistindo. Antes deles o alcançarem, o garoto saltou, atingindo 10 metros de altura. No entanto, não previu o que viria a seguir. Assim que começou a ganhar altitude, viu uma outra versão sua o esperando, vindo de cima. Com um chute que imitava o movimento de uma guilhotina, ele mirava no topo da cabeça do Uzumaki. Apesar disso, Ethan conseguiu responder à altura. Projetando os antebraços em forma de X interceptou o ataque. Não obstante, usou a defesa para conseguir agarrar a sua perna, fazendo com que o mesmo fosse de encontro ao chão.

Os clones não desaminaram, pois Ethan ainda teria que pousar no chão, e não tinha mais clones da sombra para se reposicionar. Então todos se reuniram abaixo dele, esperando o inevitável. No fim, Ethan não pôde fazer nada a respeito. Quando se deu por si, tinha ambos os braços imobilizados e era encarado pelos bunshins. Diferente de antes, o grupo mostrava um sorriso macabro no rosto e tinham uma postura despojada. Os sons do deboche ecoaram por todo o campo de treinamento. No fim, as cópias apenam estavam esperando uma oportunidade para revelarem a sua natureza.


Mais uma manhã tinha início na vila da folha. O clima era ameno e uma brisa invadia o quarto de Ethan. No estado em que se encontrava, o Uzumaki só conseguia pensar no quanto a cabeça doía. Depois do pesadelo da noite anterior, sentiu que havia algo de errado consigo, como se seu corpo estivesse tentando lhe passar uma mensagem. Por isso, naquele e nos próximos dias, Ethan não se mataria de tanto treinar.

Informações: