Ethan caminhava pelo centro do vilarejo a procura de novidades. Com a certeira cheia, não pôde desperdiçar a oportunidade de torrar toda a quantia. Afinal, não sabia quando seus cobradores viriam. Ele tinha muitas dividas, mais do que gostaria, mas também não podia simplesmente negar seus impulsos consumistas. Sem nem pensar duas vezes, tomou a sua decisão: compraria todo tipo de besteira que visse pelo caminho.

A recente decisão de Ethan abria um mundo de oportunidades, poderia comprar o que escolhesse e não tinha nada que o impedisse. Ele andava um pouco, entrava na primeira loja que visse, vasculhavas prateleiras como uma animal caçando e, assim que acabasse, seguia sua jornada em busca do próximo comercio. Apesar da urgência em se livrar daquele dinheiro, também havia um certo cuidado. O Chunin queria evitar ao máximo arrependimentos futuros. Por isso, era meticuloso; fazia uma análise fria envolvendo o custo x benefício dos itens que avaliava.

Enquanto seguia na busca do produto perfeito, Ethan permitia que toda e qualquer distração desviasse sua atenção. Dentre todos os atrativos do lugar, a comida era a principal causa do seu atraso. Ele simplesmente não conseguia se controlar ao sentir o cheiro de alguns quitutes. Os aromas colocavam o ninja em uma forte hipnose, tomando uma parte do seu dinheiro no processo.

Dentre todas as distrações pelo caminho, apenas uma foi capaz de prender por completo a atenção do Chunin. Se tratava de uma barraca simples e pra lá de misteriosa. Não tinha qualquer identificação e muito menos fazia questão de ser notada. No centro, um vendedor usando um sobretudo. Além das vestes volumosas, cobria o rosto até a altura do nariz com um pano cinza encardido. Aqueles que se aproximavam, notariam um único pergaminho exposto sobre a bancada de madeira improvisada. Assim como tudo ali, ele apresentava uma composição simples e deteriorada, com vários rasgos e manchas marrons.

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A curiosidade de Ethan era fomentada justamente pelo ar misterioso daquela barraca. Em um primeiro momento, encarou o lugar de longe. Observava da esquina, encostando o ombro em um poste de luz. De algum jeito, mesmo não sabendo como, esperava descobrir o que estava sendo ofertado. Ao invés de perguntar, preferiu contemplar aquela anomalia comercial que buscava afastar a todos. Reparava também em seu vendedor, notando como ficava perfeitamente imóvel. Com o passar do tempo, Ethan percebeu o quão assustador aquela figura e o seu ponto de venda eram. Encantado com a estética simplistas e macabra do lugar, não controlou mais os impulsos, foi até lá. Não sabia se compraria o item ou não, mas esperava aproveitar ao máximo a experiência.

- Ufa... Com tá quente hoje. – comentou. Em uma abordagem sutil, Ethan cercou aquele pergaminho, indo de um lado para o outro na frente da barraca. Seus olhos, da mesma forma, se atentavam aos mínimos detalhes.

- Procurando algo, forasteiro? – em resposta ao interesse repentino do jovem, respondeu.

- Talvez. Na verdade, não sei ao certo o que eu quero.

- Perfeito! Este pergaminho, então, é o que você procura – apontava para o papiro. – Não se sabe ao certo como acontece, mas este objeto é mágico. Ele tem a capacidade de se transformar naquilo que você mais deseja. Não importa o que, se você o tiver, garanto que todas as respostas que procura viram à tona.

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As palavras sedutoras do vendedor acertaram Ethan em cheio. Os olhos do garoto começaram a brilhar, fitando aquele pedaço de papel, depositando todas as suas expectativas nele. Por um momento, não se importou em como as promessas eram oportunas para o propósito do sujeito, que era vender o seu produto. Muito menos fez questão de fazer qualquer pergunta. Apenas queria dizer “sim”. Tomado por uma ansiedade sem precedentes, chegava a dar pulos de alegrias.

Nada mais precisava ser dito, a escolha de Ethan havia sido feita. Ele estava decidido, compraria aquele pergaminho nem que fosse a última coisa que fizesse. No entanto, ainda desconhecia o valor do objeto em questão. Desse modo, toda a ansiedade e animo se transformou em agonia. Meio segundo, este foi o tempo que precisou para ver o seu sonho ruir como um castelo caindo aos pedaços. Não era muito tempo, mas, incrivelmente, o suficiente para o garoto se encher de sentimentos diversos, na sua maioria negativos.

Todos os pesadelos criados por Ethan, tão rápido quanto foram gerados, voltavam ao pó. O vendedor, com um riso, anunciava quanto o Chunin deveria paga-lo. Ao contrário do que pensava, o papiro não era tão caro. Antes de selar o acordo com o homem, colocou as mãos no bolso de trás da calça, puxando a carteira. Assim, uma contagem minuciosa começaria a ser feita. Naquele momento, sons inaudíveis saiam da sua boca enquanto os lábios iam de um lado para o outro. Por fim, um suspiro. Com o dinheiro que carregava, poderia se dar a esse luxo.

— Vou ficar com ele! — Ainda um pouco eufórico, exclamou. Mesmo não sabendo explicar, Ethan nunca sentiu tanto medo na vida. Temia que, antes de fechar o acordo, outra pessoa se interessasse pela estranheza vendedor. Por isso, depois do mascarado conferir o dinheiro, ele se apressou e tomou o pergaminho nos braços.

Assim que sentiu o papel tocar sua pele, um arrepio percorreu todo seu corpo. Ele não soube explicar o que era aquela energia, apenas deixou o corpo retraído, como se estivesse tentando absorver aquela manifestação sobrenatural. A tarefa era árdua, sabia. No ápice de toda a ignorância que o cercava, uma certa compreensão se formou. Sentia que daquele modo tudo seria mais fácil; assim poderia controlar o causador de todo aquele mau agouro, a sua ansiedade.

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Quando Ethan se aproximou do seu objetivo, um beco mais afastado, sem ninguém para incomoda-lo, tratou de repousar o objeto sobre o chão. O coração descompassado não chamava tanto a atenção quanto as mãos tremulas do garoto. Como esperava, o nervosismo o impedia de concluir uma tarefa tão simples: colocar o papiro sobre aquele chão concretado cheio de rachaduras. Receoso, não queria que seus sonhos se transformassem no pior dos pesadelos, como aqueles que nos fazem acordar durante a noite suando frio. Muito tempo se passou até conseguir colocá-lo no chão, mas quando finalmente conseguiu, um alivio como nenhum outro tomou conta.

Ethan respirou fundo, olhou para os lados e, vendo que estava de fato sozinho, deu início a preparação. Primeiro olhou para cima, liberando todo o ar dos pulmões de uma só vez só. Após isso, começou a balançar os braços e a cabeça sem parar. Continuaria assim por mais alguns minutos, até de fato tomar coragem para descobrir o que é que ele deseja.

Se o questionassem, diria que toda a preparação era inútil. E era mesmo, o garoto apenas queria ganhar algum tempo e coragem, já que o medo de não gostar do que veria crescia a uma a taxa sem precedentes. Em toda a vida, nunca imaginou passar por uma situação como aquela. Ele não era assim. Ethan não era o tipo de pessoa insegura que, institivamente, demonstrava medo e nervosismo. Embora não entendesse na época, o responsável por aquilo era o vendedor. Com suas palavras doces e sedutoras, ele lançou no Chunin a pior maldição existente, a expectativa de que algo fantástico aconteceria.

— Certo! Vamos lá! — Ofegante e com as mãos tremulas, repousou os dedos sobre o laço vermelho que mantinha o pergaminho fechado. O medo e insegurança o acompanhavam, mas ele não deixaria mais sentimentos como aqueles ficarem no seu caminho. Assim, desenrolou lentamente o pergaminho.

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“Sem chance”, pensou. Depois de toda a enrolação — de todo o medo, de toda expectativa —, ele não acreditou no que viu. A princípio, pensou ser algum tipo de pegadinha, mas o pessoal da TV não apareceu para explicar como tinham o enganado. Portanto, restava apenas uma explicação: ele tinha sido enganado. A ficha custou a cair, mas ao se deparar com um manual de instruções fajuto, não faria mais questão de continuar preso naquela ilusão.

Com um olhar mais atento, notou a presença de alguns nomes gravados em vermelho. “Será que é o nome de todos que caíram no golpe?”, pensou. Para ele, não existia outra explicação, outro motivo. As suas observações não pararam por aí, também notou outros elementos que chamaram sua atenção. O primeiro deles era o estado do papel; se pudesse deduzir, diria que o artefato tinha mais de um século de idade. Da mesma forma, observou que alguns selos de mãos estavam dispostos em uma ordem especifica, fato que fez com que Ethan encarasse o pergaminho com um manual de instruções. Não passou pela cabeça do garoto seguir as instruções, mas considerando que havia pago um preço alto por elas, não restava qualquer chance de escolha.

Antes de começar a decifrar o conteúdo do pergaminho, suspirou. Então dedicou toda a sua atenção para os elementos dispostos ali. Naquele momento, cada detalhe importava, pois seriam eles que determinariam seu sucesso na empreitada. Os olhos percorreram cada milímetro do manuscrito, no entanto, nada mudou. Ethan continuava afogado na própria ignorância, em busca de respostas que talvez nunca encontrasse. Talvez fosse o caso, mas nem por isso ele desistiu. Era verdade que, de início, não foi capaz de entender as instruções, mas mesmo assim persistiu, levando o pergaminho para onde ia, desprendendo horas do seu dia para o estudo do mesmo.

Algumas semanas haviam passado desde que Ethan comprou o pergaminho, e com isso ele começou a desvendar os seus segredos. A primeira descoberta estava relacionada com os nomes em vermelho, gravados no objeto. Não entendia bem o conceito por trás daquilo, mas ainda assim resolveu tentar fazer o mesmo. Com uma mordida no polegar direito, ele deixou um filete de sangue escorrer, e com o indicador colocou o seu nome ao lado dos demais.

A segunda descoberta veio um tempo depois. Ethan finalmente conseguiu desvendar os “sinais” que estavam representados de forma grosseira no papel. Havia descoberto uma sequência de selos de mão. Não só isso, também percebeu que as instruções se referiam ao controle de chakra para a execução da técnica.

Com todas as peças do quebra-cabeça à disposição, bastava junta-las. Ethan se dedicaria durante dias para se adaptar a técnica, até que finalmente havia descoberto para o que ela servia. Antes mesmo de perceber o que estava acontecendo, o Uzumaki estava diante de uma criatura única que havia invocado. A partir daquele momento, Ethan se esforçaria diariamente para conseguir a confiança e cooperação daquela espécie de invocação.

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