Estava um dia quente e seco em Iwagakure, como é habitual em dias de Verão. Após uma breve paragem para readaptação ao seu novo corpo, Yagura estava pronto para retomar os afazeres ninja. Dirigiu-se ao quartel general para ver o que poderia fazer.

- Heh! Yagura, estás diferente… – disse um dos superiores, ao ver o crescimento rápido do Chuunin, que não respondeu ao comentário - Tenho algo para ti, vais acompanhar uma obra na zona sul.

- Humpf… acompanhar uma obra? – tentou não mostrar o seu desagrado, mas era inevitável.

Acompanhar uma obra lembravam-lhe as típicas missões de baixo rank que lhe eram dadas enquanto genin. Como um chuunin, ele antecipava derrotar bandidos em terras distantes ou investigar grandes mistérios de roubos ou assassinatos. Nope, acompanhar uma obra seria.

- Okey... – respondeu. Afinal, não era o seu estilo ninja rejeitar um pedido de ajuda, mesmo que a tarefa fosse aborrecida.

- As obras decorrem num pequeno monte junto a uma estrada. Há risco de as obras provocarem instabilidade na zona, então precisamos de um ninja com habilidade em Doton para assegurar que a estrada se mantém desimpedida. Vai lá, eu acredito na tua perícia! Boa sorte.

Dirigiu-se ao local, deparando-se com um cenário empoeirado. O barulho de martelos a bater, pedaços de pedra a rebolar, coisas a cair e pessoas a dar ordens ensurdecia. Adjacente às obras - um pouco abaixo do monte onde elas decorriam - estava uma estrada em que carroças passavam com frequência.

Uma estrada que poderia estar em risco.

HP 650/650
CH 1075/1075
STA 00/05

Informações Gerais:

Carregando o título de Chuunin, Yagura chegou ao local carregando um maior peso de responsabilidade. Sentia que já não havia o mesmo espaço para falhas permitido àqueles que acabam de sair da academia. E ter sido aqui destacado também não era obra do acaso.

Ao chegar e analisar ao local, e sendo que teria que assegurar a segurança daquela estrada, "porque não experimentar ser polícia sinaleiro por um dia?" pensou.

- Doton… Doruku Gaeshi! – num ponto avantajado, um pouco acima da estrada, teria um bom ponto de vista sobre as carroças que passavam. O chuunin criou uma espécie de “poleiro” onde poderia observar de cima e orientar as carroças que vinham de ambos os lados.

As obras, apesar de desorganizadas, evoluíam a um bom ritmo. Na estrada, a falta de visibilidade devido à poeira geravam confusão e abrandamentos que o chuunin tentava guiar e orientar da melhor maneira - tendo em conta a sua inexperiência naquelas atividades. A manhã passou e nada perigoso tinha acontecido, o loiro tentava manter o pensamento de "Eu sou responsável por estas pessoas", mas começava a ficar mais relaxado devido às coisas estarem tranquilas.

Num desses momentos mais relaxados, reparou numa menininha que se deslocava numa das carroças. O seu pai parecia ser o mercador que dirigia, enquanto ela estava na parte de trás a brincar em cima de fardos de palha.

Ela sorria e acenava para o Chuunin, parecendo querer companhia para brincar com o seu urso de peluche. Yagura não sabia como reagir - achou que seria estranho responder à menina a meio do trabalho - mas ficou alguns segundos a reparar na inocência da criança. "Há coisas que realmente valem a pena proteger..." divagou, num momento de desatenção.

Também nesse momento, um grande e incomum estrondo pôde ser ouvido. Os cavalos que carregavam a carroça da menina assustaram-se, avançando pela estrada desenfreadamente e sem controlo. Em simultâneo, uma pedra enorme caía em exato trajeto de colisão na direção da menina e do seu ursinho.

HP 650/650
CH 1045/1075
STA 00/05

Informações Gerais:

Naquele momento, uma enorme pedra rebolava monte abaixo em direção da carroça desenfreada. A menina seguia distraída, no seu mundo imaginativo e inocente, não reparando no perigo da situação. Inclusive, parecia estar a divertir-se com os solavancos.

Do seu poleiro e ponto de vantagem, Yagura via tudo a acontecer diante dos seus olhos. Naqueles instantes, a vida da menininha - com toda a sua inocência, com toda a sua bondade, com tudo aquilo que ela ainda tinha para viver numa vida que seria certamente repleta de alegria – valia mais, mas tão mais, do que a sua própria. Ele não ia permitir que nada lhe acontecesse!

Determinado, analisou a situação. O peso da enorme pedra, a sua velocidade, a inclinação do monte em que rebolava. Ganhava velocidade muito rapidamente ”Não vou conseguir pará-la com uma parede! pensava, frustrado. A primeira solução que tinha pensado não iria resolver este problema. O tempo apertava, cada segundo que passava um injusto fim de uma inocência se aproximava. Fazia cálculos, simulava situações. Ele, tinha que achar uma… solução! ”É isso!” – aproximando-se do último momento que lhe permitia agir, fez-se luz.

- Doton… Doruko Gaeshi!! Doton… Doruko Gaeshi!! AHHH!! – Na sua máxima velocidade de realização de selos com a destra, colocava a sua esquerda sobre a rampa por onde a pedra rebolava, depois, libertava um grito de esforço, de empenho máximo. Duas paredes se ergueriam.

A primeira parede seria horizontal, inclinada ligeiramente para baixo. Enquanto a segunda seria criada pouco abaixo, também horizontal mas inclinada ainda mais ligeiramente, desta vez para cima.

O objetivo da primeira parede era de alterar o trajeto da grande pedra rebolante. Uma parede não iria conseguir travar a pedra que trazia consigo toda a força da gravidade. Mas nada impedia que ela fosse “empurrada” através de uma pequena mudança na sua trajetória.

A segunda parede criada funcionaria da mesma maneira que uma mesa de pinball ou uma tacada de snooker. No momento que a trajetória da pedra fosse alterada, a segunda parede, ao estender-se, daria um ainda mais forte empurrão no pedregulho, fazendo-a voar pelo ar, por cima da estrada, da carroça, da menina.

- A bolia! Menino! Pedra! Wooo Poqui poqui… - dizia a criança fascinada pela pedra voadora que lhe passava por cima, indo parar a uma zona descampada metros abaixo.

Com o susto, a poeira assentou, os cavalos acalmaram e as obras foram retomadas. A menina e o seu pai seguiram o seu caminho. "Vive, menina, vive..." suspirou o chuunin de alívio.

Com um pensamento rápido e habilidades nas suas criações de terra, Yagura tinha evitado o pior.  A sua vontade da Pedra, a sua vontade de defender os inocentes, tinha sido reforçada naquele momento. E não era só a vontade, teria que aprimorar ainda mais essas suas capacidades.

"Não permitirei que isto aconteça novamente... Não na minha estrada!" naquele momento, o ninja decidiu. Era altura de transformar aquela estrada num túnel!

HP 650/650
CH 985/1075
STA 00/05

Informações Gerais:

Perante o perigo presenciado, o chuunin decidiu criar um túnel por onde as carroças pudessem passar de forma segura e despreocupada - sem ser afetados pelas imprevisibilidades da atarefada obra que ali ao cimo decorria.

Para além disso, esta era a oportunidade perfeita para Yagura aperfeiçoar ainda mais as suas técnicas Doton. Desta vez tinha sido uma pedra rebolante que precisou de uma rampa e um empurrão, mas que peripécias surgiriam no futuro? Se quisesse estar pronto para tudo, teria que dominar aquele moldável elemento como a palma da sua mão.

Para a criação do túnel, começou por criar a sua estrutura realizando tantas vezes quanto fosse necessário a técnica já utilizada naquele dia – Doton Doruko Gaeshi – a cada vez sentindo-se mais familiarizado em manipular a terra daquela maneira. As carroças passariam por debaixo de uma estrutura retangular que serviria de passagem refrescante devido à sombra e humidade que o Doton acabado de criar providenciava. As paredes laterais intercalavam para que raios de sol pudessem iluminar o caminho.

Faltava apenas fortalecer a parte de cima para ser capaz de proteger contra outro possível pedregulho. – Doton… Mudshot! – e isso seria feito através de uma grande quantidade de lama que era formada dentro de si. O objetivo do chuunin era espalhar a terra até que fosse criada uma “rampa artificial” para que, da próxima vez que uma grande pedra caísse, seguisse o seu caminho rebolando por cima do túnel diretamente para o fundo.

A meio da tarde a estrutura estava terminada e a lama praticamente seca. Yagura, cansado com todas as criações, continuou no local a dar os últimos retoques à estrutura para assegurar que se manteria. Até ao final do dia, duas pedras de dimensões médias acabariam por rebolar pela rampa criada, justificando o seu propósito.

- O Túnel Yagura… Hehe – e aos 23 anos de idade tinha feito o seu primeiro contributo arquitetónico para Iwagakure.

Ao refletir sobre aquele dia, Yagura apercebeu-se como a sua presença numa tarefa banal acabou por ter tanto impacto, especialmente na vida de uma certa menininha. Naquele dia, o chuunin teve o seu propósito de se tornar o protetor da sua vila e de todo o mundo ninja reforçado.

Naquele dia, ele tornou-se um Perito em Doton.

HP 650/650
CH 715/1075
STA 01/05

Informações Gerais: