Nathaniel Grey adentrou em Kirigakure e rapidamente procurou um quarto de hotel para ficar, reservando o melhor que aquele vilarejo tinha para oferecer. Sabia bem que tinha duas missões ali: encontrar Ravenna e depois visitar a moça mencionada por Ryuuzaki. A primeira era mais fácil, pois foi só esperar a garota nos Portões de Kiri, assim como tinha combinado com ela. Depois disso, os dois voltaram para o local que Nathaniel tinha reservado para ele, com dois quartos para eles. Logo que ambos se acomodaram, Nathaniel tratou de pedir algo para eles comerem, e então foi para a sala com ela, onde pediram um pedaço de pizza de pepperoni.

── Agora que estamos acomodados, me conte tudo o que eu preciso saber sobre essa missão que o Erasmus me arrumou. ── pediu Nathaniel, sentando na poltrona.
── Bom, vamos por partes. Primeiro, você precisa saber mais sobre a pessoa para quem você vai entregar a carta. O nome dela é Anastasia Grey, mas todos a chamam de a Anciã. Ela é uma pessoa muito influente em Silvermoon, por já ter feito parte do governo de lá, e um dos rostos dos Greys da Luz. Mas a uns dez anos atrás, ela resolveu se isolar em um templo em Kirigakure no Sato, e carregou os seus discípulos para o seu Sanctum. ── contou a garota, comendo um pedaço de pizza. ── Erasmus e ela tinham uma certa relação no passado, mas o ódio entre os dois lados do clã sempre atrapalhou isso. O fato é que sempre houveram alguns Greys que buscaram dissipar o ódio entre os da Luz e os das Trevas, mas seus projetos foram sabotados e essas pessoas acabaram sofrendo as consequências de tentarem acabar com essa herança de ódio que carregamos. ── sussurrou.
── O Erasmus possui o poder do caos, que é muito mais poderoso do que qualquer técnica que eu já tenha visto. Por que ele não tentou criar uma revolução? ── perguntou o jovem, enrolando um pedaço de pizza e comendo se fosse um rolinho.
── Por que não era a revolução que o meu padrinho queria, com violência e morte. Eles acreditavam que poderiam os Greys poderiam viver em união como nos tempos antigos, mas esses pensamentos quase sempre terminam em conflito. ── respondeu Ravenna. ── Essa carta é um manifesto do Erasmus e de mais alguns sábios de Silvermoon, onde eles se comprometem a extirpar os discursos de ódio envolvendo os dois lados do clã. ── revelou.
── Parece o tipo de coisa que gerará outros conflitos, não é? ── falou olhando para cima. ── Onde fica esse templo? ── questionou.
── Nos arredores de Kirigakure. Haverá um pequeno evento com alguns anciões do clã aberto ao público da vila, onde os dois lados enviarão emissários, pequenos grupos musicais e oradores para discursarem. Uma parada bem conservadora, que é um saco. ── revelou Ravenna. ── Erasmus não poderá ir, por isso pediu isso a você. Como você despertou o Caos, é comum que alguns membros fiquem de olho em você. ── avisou.
── Você disse que haverão bandas lá? ── questionou-a. ── Conhece alguma do nosso lado? ── ele parecia ter uma ideia.
── O que você está tramando, Nate? ── a garota ficou intrigada com a expressão facial do rapaz de Konoha.

[...] No dia seguinte, Nathaniel e Ravenna caminharam em direção ao templo, pois somente a moça tinha o mapa para chegar ao local. Nate aproveitava para conhecer melhor aquela parte do vilarejo, que era muito diferente do centro. Ele trilharam um bom caminho até chegarem na área externa do templo, de tamanho mediano, que estava todo enfeitado para receber pessoas de todos os tipos ali. Eles podiam ver outros Greys ali, sendo que alguns olhavam torto para eles, sendo claramente os Greys da Luz. O carteiro não se intimidou, pois sentia que poderia destruir todos eles com poucos movimentos. Pela primeira vez em toda a sua vida, Nathaniel sentia-se confiante de que era capaz de fazer qualquer coisa.

── Meus jovens, parecem perdidos aqui. ── uma mulher élfica se apresentou para os dois, que olharam para trás e viram a mulher de manto dourado e careca, mas com uma “tatuagem” na cabeça, logo indo cumprimenta-los, segurando as mãos de Ravenna. Ela estava acompanhado de mais quatro elfos, dois homens altos e de aparência bruta, e duas mulheres que pareciam feiticeiras. ── Você deve ser a jovem Ravenna, afilhada de Erasmus. É você quem eu não conheço. ── chamou-a pelo nome, olhando para a mesma com serenidade e graciosidade.
── Ele é o Nate, Anastasia-sama. Nathaniel Grey. É um aprendiz do Erasmus. Nate, essa é a Anciã. ── Ravenna os apresentou.
── É um prazer conhecê-la, Anciã. Eu tenho algo para entregar para a senhora. ── a cumprimentou, sentindo ela segurar a sua mão e reagir surpresa.
── Você não é só o discípulo dele, mas o herdeiro da sua vontade. Eu posso sentir... ── sussurrou, olhando para os olhos do Grey das Trevas. ── Pessoal, antes de eu cumprir com o meu voto de silêncio, eu gostaria de falar a sós com este rapaz. ── avisou a Anciã.

A Anciã segurou na mão do jovem carteiro de Konoha e então o guiou com serenidade para uma sala segura do templo. A sua postura era tão calma que nem mesmo Nathaniel conseguia dizer não para ela, mesmo ela sendo uma Grey da Luz, podendo observar algumas pessoas olharem para ele, enquanto entrava em uma sala pequena, fazendo com que a porta fosse fechada atrás deles. O jovem Grey foi convidado a se sentar em um tapete, enquanto a Anciã se sentou com as pernas flexionadas na frente dele, então os dois ficaram se olhando por alguns segundos. Nate tomou a liberdade de puxar o pergaminho do seu bolso de cartas, entregando para Anastasia, que prontamente segurou-o e o desenrolou, lendo o conteúdo dela por alguns segundos, analisando-o com uma expressão facial difícil de compreender para Nate.

── Hmmm... Interessante. ── ela enrolou o pergaminho e entregou para Nathaniel sem assinar. ── Mas eu não posso assinar isso. Parecem as mesmas palavras ditas pelos meus ancestrais, alguns deles, com os mesmos significados. Mas sem nenhum propósito, a não ser formular ideias que serão queimadas na fogueira, junta aos seus idealizadores. ── terminou o seu comentário, deixando Nathaniel confuso.
── N-não entendi. Eu achei que você fosse a favor disso. ── o Jounin de Konoha disse, olhando fixamente para a mulher, que parecia ter os seus quarenta e poucos anos.
── E eu sou, com certeza sou. Mas houve um tempo em que eu acreditava mais nessa ideia de paz entre os Greys da Luz e os Greys das Trevas. Mas hoje eu percebo que isso não passa de uma utopia dos antigos. ── sussurrou.
── Isso pode ser mudado. Isso precisa ser mudado. ── Nathaniel respondeu.
── O poder do Caos foi um segredo passado de geração em geração entre os membros do nosso clã, mas conforme a divisão entre nós se tornou cada vez mais clara, o número daqueles que conseguiam dominar essa técnica se tornou cada vez menor. Houve um tempo que dezenas de nós conseguiam usar essa técnica. Da minha geração, somente eu e mais quatro shinobis alcançaram esse patamar. Após isso, somente Erasmus atingiu esse poder, e até mesmo ele se perdeu no uso desta habilidade. E agora, ele passou esse conhecimento a você. ─── ela apontou para o garoto, que ficou confuso sobre como ela sabia daquilo. ── Os semelhantes se reconhecem. ── ela manipulou um feixe de energia avermelhado. Ela tinha mais habilidades do que ele conseguia mensurar.
── O ódio do nosso clã me cegou durante um bom tempo, e eu sei que isso é um pensamento mesquinho. Eu quase arrumei uma briga com a Tsuchikage só por ela ser uma Grey da Luz, dentro da própria vila dela. Não é como se esse ódio mudasse dentro de mim do dia para a noite, porque mesmo você parecendo ser uma mulher amável, eu ainda desconfio de suas verdadeiras motivações para se recusar a aceitar essa carta, assim como desconfio das intenções do próprio Erasmus em me passar esse conhecimento, ainda que ele seja um Grey das Trevas como eu. ── ele respirou fundo, abaixando levemente a cabeça, depois tornou a olhar para a Anciã. ── Não deveríamos ser unidos por um poder ancestral, mas pelo sentimento que existe dentro de nós. Todos nós, inclusive eu, devemos destruir essas barreiras que nos separam. ── avisou.
── Por que quer tanto acabar com essa rixa entre os dois lados do clã? ── perguntou a Anciã. ── Tem algum motivo especial para isso? ── ela o fitou.
── Minha família adotiva... Eles são Greys da Luz. Por muito tempo eles tentaram conviver comigo, sendo do lado diferente do clã, mas conforme eu crescia, essa convivência se tornou impossível. Antes, eu conseguia passar dias próximos deles, mas agora, já basta algumas horas para a presença dessas pessoas se tornarem repugnantes para mim. Com o meu irmão adotivo e o meu pai, demoram segundos para isso, mas para a minha mãe e minha irmã... Eu estou convencido que esse legado de ódio que temos uns contra os outros é puramente uma crença que foi instalada na nossa mente e corrói o nosso corpo e o nosso espírito, e que nos leva a acreditar que devemos nos odiar e lutar uns contra os outros pelo resto da vida. Mas por mais que nós nos odiemos, nós somos da mesma raça, temos a mesma Kekkei Genkai e viemos do mesmo lugar. Isso não deveria bastar? ── sussurrou.
── Hmmmm... Você possui uma postura bastante idealista. Quem sabe não seja você a destruir esse legado de ódio? ── ela se levantou. ── Agora preciso fazer o meu voto de silêncio. Se quer uma sugestão: as quatro horas, haverá um círculo de meditação. Deveria participar. De repente, você consegue as respostas para os seus dilemas dentro de suas memórias. ── avisou, saindo do local.

Nathaniel acompanhou a Anciã a alguns metros de distância, quando Ravenna se aproximou do rapaz. Os dois ficaram observando Anastasia se afastar do grupo, enquanto alguns outros elfos e outros trabalhadores contratados de Kiri continuavam a montar as barraquinhas e os enfeites no templo.

── Ela leu a carta? ── perguntou Ravenna, fazendo Nate responder que sim, fazendo a garota sorrir. ── Ótimo, missão cumprida. Podemos ir embora daqui. ── disse a ruiva, aliviada.
── Ela não assinou a carta, e nem ficou com ela. ── avisou com a expressão neutra.
── O que? Como assim? E o que tem a ver? ── Ravenna ficou confusa.
── O código dos carteiros diz que a pessoa que recebeu a carta deve assiná-la como prova de que leu a carta, principalmente em missões como essa. Ela não assinou, e pelas coisas que ela me disse lá dentro, ela não vai assinar tão cedo, e muito menos ficar com ela. Não é a primeira vez que alguém se recusa a receber uma carta, muitas vezes por motivos mais fúteis. Só que nesse caso, não vou poder usar de violência... ── disse. ── Se você quiser ir embora, pode ir, mas eu devo ficar. ── ele colocou os dois braços para trás.
── Droga!! ── Ravenna cruzou os braços, ficando emburrada.

[...] Alguns minutos se passaram, quando um senhor convidou Nathaniel e Ravenna, através de um único aceno e um sorriso singelo, para segui-los até uma sala. O homem parecia ser um Grey das Trevas pelos trajes escuros, e também pelo cordão de pentagrama que usava em seu pescoço. Os dois jovens seguiram o monge para uma sala especial, onde pessoas estavam meditando com as pernas cruzadas e inspirando e expirando o ar pelo nariz. Antes de poderem entrar no local, eles foram instruídos a tirarem as suas sandálias e deixarem as suas bolsas com todos os equipamentos do lado de fora, e assim os dois adentraram ao novo cômodo, cada um tomando um tapete para si e sentando um do lado do outro, flexionando as pernas e fechando os olhos.

Ele começou a inspirar o ar lentamente, expirando com vontade com o nariz, colocando as palmas das duas mãos uma na outra, até que ele fechou os seus olhos e sua mente vagou longe, lembrando-se da primeira vez que entrou em estado de gnose, algo que nem sabia o que era. Podia ouvir palmas vindas de longe, enquanto corria atrás de Abraham e os seus amigos, quando ele tinha oito anos. O grupo de pré-adolescentes passou a espiar uma taverna nos arredores de Konoha, no meio do nada, pelos buracos na parede, enquanto Nate, que era uma criança, era empurrada para ficar longe do grupo. Abraham era incisivo em dizer que ele não deveria estar ali, enquanto Nathaniel só queria passar mais tempo com o seu irmão adotivo. Mas mesmo não vendo nada, Nate podia ouvir o som de blues, uma melodia sombria e ao mesmo tempo envolvente, colocando o ouvido na parede, até que tomou um empurrão do amigo de Abraham, que riu ao ver o garoto no chão.

Nate lembrou que, ao se levantar, pode ver um imenso terreno vazio, com uma grande tenda no meio dela. Podia ouvir as palmas vindas de lá, limpando a sujeira em suas pernas e então correndo em direção a ela. Demorou para chegar lá, e então abriu levemente a tenda, podendo ver algumas pessoas de pele negra, vestindo paletós e vestidos longos, pulando e dançando como se estivessem embriagadas, ou nas palavras de Solomon, endiabradas. Mas aquilo não era blues, mas era algo mais religioso, o famoso gospel. Aquelas pessoas estavam reverenciando o deus em que elas professavam a sua fé através do cantos, gritos e danças. Nathaniel se atreveu a entrar naquele local, caminhando em passos lentos, observando aquelas pessoas alegres e totalmente energizadas. Suas pernas pequeninas e sujas de areia começaram se balançar sozinhas, enquanto os seus braços e ombros tremiam a cada passo que ele dava.

── I’ll fly away… I’ll fly away! ── sussurrou bem baixinho Nathaniel no tempo presente, batendo as pernas lentamente, fazendo Ravenna abrir o olho direito, olhando para o amigo.

Em suas memórias, podia lembrar de como os seus olhos se reviravam em meio a tudo aquilo, enquanto ele batia o pé direito no solo. Quando seus pequenos olhos se abrirram, pode ver que o líder da congregação notou a sua presença ali, um garoto de pele clara e de orelhas pontudas no meio de seu povo. Imediatamente o mesmo amigo de Abraham que o empurrou no chão segurou o seu braço, olhando para ele com ira.

── Seu idiota! Vambora! ── chamou-o, o puxando pelo pulso para ir embora, mas o pastor era mais rápido e logo segurou no pulso do pré-adolescente, olhando seriamente para ele.
── Não! Deixe ele! Ele consegue sentir a Presença. ── e assim, o garoto soltou a mão de Nathaniel, correndo para fora da tenda.

A cantora da tenda logo puxou o garoto para o centro da roda, gritando em plenos pulmões. O garoto continuava a balançar o corpo, batendo palmas, sentindo o corpo inteiro estremecendo, os olhos se revirando, a respiração ofegante. Naquele instante, ele sentia-se como parte de um grande coletivo, algo muito maior do que ele, muito maior do que aquela tenda. Enquanto seu irmão corria atrás daquilo que era profano, Nathaniel era atingido pelo sagrado. O Grey se lembrou de como balançava os pequenos braços com tanta força que poderia voar e atingir o céu. Naquele momento, Nate pode sentir como se uma presença divina estivesse ali, acariciando o seu corpo que entrava em êxtase, precisando ser amparado pelos adultos do local.

Nesse instante, os olhos de Nathaniel se abriram. Ele percebeu que estava na sala de meditação, mas que todos, exceto Ravenna, tinham ido embora. O rapaz olhou para a moça e percebeu que ela estava curiosa e até mesmo um pouco assustada.

── Quanto tempo acabou a sessão de meditação? ── perguntou.
── Uns dez minutos. ── sussurrou. ── Mas você estava tão concentrado que eu pedi que não deixassem te tirar desse estado. Parecia estar vendo algo muito importante…. ── a garota disse.

[...] Estava quase anoitecendo, e os dois voltavam para o hotel. Nathaniel contou tudo o que viu na sua meditação para Ravenna, fazendo ela ficar admirada com a história que ele tinha vivido. Era claro que Nate não tinha contado toda a história, pois muito mais tinha acontecido depois. No fundo, sabia que a Anciã parecia querer lhe mostrar algo que ele não tinha enxergado ainda, e que aquilo estava atrelado a condição dela de reconhecer a entrega da carta. Mas quando estavam chegando na porta do hotel, puderam ver dois caras, com cabelos loiros e roupas brancas, além das orelhas pontudas características dos Greys. Nathaniel e Ravenna trocaram olhares. Nate caminhou na frente e ficou a uns cinco metros dos dois rapazes.

── Podemos ajudar em alguma coisa? ── perguntou.
── Pode sim, pegando a sua namoradinha e caindo fora daqui. ── avisou o rapaz de cabelo loiro, de corte militar, cruzando os braços.

Nathaniel e Ravenna se olharam novamente, entendendo bem o que estava acontecendo ali. Ali eles entenderam que nem mesmo um evento que deveria celebrar a união entre os dois clãs faria com que algumas mentes mudassem. Aquilo gerava uma reação sombria na mente do Grey das Trevas, que logo passou a mão pelo cabelo e olhou para o cara loiro que o provocava.

── Olhem, nós viemos aqui com um objetivo: enviar uma carta para a Anciã e celebrar a festa dos Greys.  Não queremos nenhum tipo de confusão, ok? Então vamos voltar para o nosso quarto de hotel e amanhã nos veremos no evento amanhã, eu acho. ── avisou sem pestanejar, mantendo uma calmaria que não era comum dele. A meditação feita horas atrás tinha dado resultado.
── Na verdade, vocês não vão a lugar nenhum! ── ele fez um sinal e logo outros três caras apareceram, todos com orelhas pontudas e com uma cara zangada, um deles até segurava uma barra de ferro. ── Nós respeitamos demais a nossa Anciã, mas claramente ela não está usando de sua razão. Não existe e nunca existirá paz entre nossos clãs. É por isso que você deve levar essa carta para bem longe daqui, de preferência queimá-la! ── ordenou o homem loiro, acreditando estar na vantagem contra os Greys das Trevas.

── E o que importa o que vocês pensam? A Anciã já leu a mensagem! ── argumentou com os caras, olhando para Ravenna e para os caras.
── Ela leu, mas não ficou com a carta, não é? Então ela não a assinou, pelo que ficamos sabendo. Não queremos que ela faça isso, de qualquer forma, pois seria uma grande quebra em nossas tradições. ── avisou.
── Desculpem, mas não vamos sair daqui. ── disse em resposta, olhando para os cinco que estavam ali. ── Ravenna, vai lá para dentro.── pediu, mas a garota ficou do lado dele, arregaçando as mangas longas, fazendo duas esferas de energia roxa aparecerem em sua mão.
── Desculpa, Nate, mas eu não vou a lugar nenhum. ── a ruiva disse, gerando raiva no Grey da Luz.
── Sua vagab- ── o rapaz careca do lado do loiro a xingou, mas ela logo lançou a esfera de plasma roxo contra o seu peito, o jogando contra longe.  

Nathaniel não perdeu tempo e foi correndo em direção ao homem loiro, dando um soco em seu rosto, caindo em cima dele no chão. O Grey da Luz com a barra de ferro correu em sua direção, buscando acertá-lo diversas vezes, obrigando Nathaniel a desviar com movimentos para os lados, dando pequenos saltos, puxando sua Chakura Tô e começando a lutar contra ele. Queria evitar cometer qualquer tipo de assassinato que pudesse colocar a sua missão em Kirigakure em risco. Olhou rapidamente para o lado e viu Ravenna lutando contra dois Greys da Luz, usando de Nintaijutsu para golpear os seus inimigos. De repente, ele sentiu alguém agarrá-lo por trás, segurando os seus braços e o impedindo de se mover.

── Agora você vai ver! ── o loiro disse no seu ouvido, enquanto o Grey com barra de ferro logo veio para bater em sua cabeça, mas Nathaniel foi mais rápido e carregou a energia do Plasma roxo em seus olhos, mirando no peito do rapaz, fazendo ele ser arremessado contra o próprio aliado, fazendo os dois trombarem no chão, pegando-os desprevenidos. Imediatamente Nate deu uma cabeçada contra o nariz do loiro, que deu um gritinho de dor, e pisou no seu pé, fazendo ele soltar os seus braços, segurando o seu braço e o entortando, colocando a sua Tanto contra o seu pescoço.
── A luta acabou aqui. Manda a sua patota de filho da puta ir embora. ── ordenou, apertando a arma branca em seu pescoço. O rapaz, rendido, não teve outra opção a não ser obedecer, dando um grito e ordenando a partida dos rapazes. Usando o seu Kanchi no Jutsu, Nathaniel capturou a assinatura dos quatro caras, podendo sentir eles se distanciando dali. ── Agora escuta aqui, seu merdinha. Eu vou cumprir com a minha missão, você querendo ou não.  Então você pode cooperar ficando na sua, ou eu posso passar por cima de você. A escolha é sua. ── avisou, tirando a Tanto do seu pescoço e empurrando as suas costas, o fazendo cair de joelhos no chão.
── Você está desrespeitando as nossas com essa sua missão! A Luz e as Trevas não podem caminhar juntas, nunca puderam! E agora vocês acham que podem mudar isso? ── gritou o Grey da Luz, fazendo Nate fitá-lo.
── Não fale merda, cara! Nossas tradições não nos trouxeram nada de bom, a não ser rixas desnecessárias! Está na hora de criarmos uma nova era. Você pode fazer parte dela, ou pode ficar para trás, assistindo a revolução passar por cima de você. ── ele disse, olhando para Ravenna e assim entrando no hotel onde estavam hospedados.

Aquela luta tinha gastado um pouco da energia de Nathaniel, que acabou por usar o seu jutsu de Plasma e também o Kanchi para sentir a presença dos seus inimigos se afastando do local. Podia dormir aliviado sabendo que nem ele e nem Ravenna seriam atacados durante a madrugada, afinal poderiam arrumar problemas dentro de Kirigakure, onde todos eles eram turistas. Nathaniel acordou no dia seguinte depois de uma longa noite de sono. Apesar de ter empunhado sua Chakura To contra seus inimigos mortais, Nathaniel sentia-se em paz. A meditação, de certa forma, tinha feito grande efeito sobre o seu corpo e a sua mente, permitindo que ele dormisse como um lindo anjo. Assim que acordou, ele foi tomar café com Ravenna no restaurante do hotel, e depois voltou para os arredores da vila, onde adentraram ao templo da Anciã, vendo que o local estava muito mais bem arrumado e decorado do que o dia anterior.

O dia estava nublado, um pouco frio demais para o gosto dele, mas o lado bom é que não tinha chuva igual a Amegakure. Parecia que não choveria pelos próximos dias, e se fosse, não seria uma chuva tão forte. Eles então viram um grupo de homens entre vinte e trinta anos com roupas de lã preta, tocando os seus instrumentos num ritmo animado e badalado, parando para prestarem atenção. Pareciam ensaiar uma bela melodia, quando foram interrompidos por uma mulher loira, de cinquenta e poucos anos.

── Ei, bardos idiotas! Não deveriam tocar esse tipo de melodia barulhenta aqui! Não é esse tipo de mensagem que queremos passar aqui, ouviram? ── ela disse, saindo logo em seguida, deixando o grupo desanimado.
── Ela pode ter achado a melodia uma merda, mas na verdade, eu achei bem legal. Adoraria ouvir vocês tocando mais, e espero que possamos cantar juntos alguma outra hora. ── sussurrou o rapaz, aproximando-se do grupo.
── Você é o turista de Konoha. ── disse, reparando na bandana no seu braço. ── Olá. Que bom que gostaram, mas não é o tipo de coisa que tocaremos aqui. Os velhos que organizaram o evento querem passar uma impressão que não é totalmente nossa. O público que virá para cá é bem conservador, mas nós não somos. Somos elfos, não somos como aqueles grupos que usam roupas longas e vivem isolados do mundo, pelo amor da Fênix! ── reclamou o homem ruivo. ── Aliás, me chamo Emmett. ── se apresentou.
── Nathaniel Grey. Eu adoraria ficar mais, mas agora preciso encontrar com a Anciã, e cumprir com a minha missão. ── avisou.
── Ela não está. ── disse o rapaz careca. ── Se você tivesse chegado trinta minutos antes, teria encontrado com ela. Pelo que vimos, ela foi para uma cabana não muito perto daqui para fazer algo que não nos foi dito. Ela foi acompanhada. ── comentou o homem.
── Sabem exatamente onde é esse local? ── perguntou.

[...] 20 minutos depois, ele e os quatro bardos estavam numa estrada que levava até o templo, que dava num grande litoral. Por pressão de Nathaniel, Ravenna tinha ficado no templo dos Grey. O líder dos bardos apontou o templo a 5km, acenando para os mesmos, assim Nathaniel fez a sua caminhada em direção ao local. A caminhada era lenta, enquanto ele observava o grande mar a Leste da estrada e as árvores a Oeste, encarando o mar e vendo alguns barcos flutuando na água. Pareciam ser pescadores buscando o seu ganha pão. Era uma vista diferente com a qual ele estava acostumado, vivendo em meio a várias florestas fechadas, com no máximo algumas cachoeira em volta.

── Será que dá pra eu comprar uma casa aqui? ── Nathaniel pensou consigo mesmo, quando percebeu que o seu caminho estava bloqueado por um grupo de Greys da Luz, com o mesmo cara do dia anterior, junto a quatro outros caras, todos Greys da Luz. Isso o fez bufar de raiva, mas continuando com a sua caminhada.
── Você é um carinha bem inconveniente, não é? ── questionou, parando a 20 metros do grupo. ── Não aceitaram a porrada ontem, agora querem mais? ── disse.
── Bom, eu não me apresentei formalmente ontem. Meu nome é Ulrich Grey, da Luz. Sou filho de um grande sábio, e vivi em Silvermoon a minha vida inteira, onde ouvi muitas histórias sobre as rixas entre nós. E sabe de uma coisa, rapaz? Esse é o nosso legado! Nós fomos amaldiçoados por alguém que foi gananciosa demais para obter poder. Não podemos escapar dessa maldição que nos coloca uns contra os outros. É nosso dever nos odiarmos até o fim das nossas vidas, e isso é a única coisa que os Greys da Luz e os das Trevas concordam. E é por isso que a sua viagem termina aqui, ou por bem ou por mal. ── avisou o jovem loiro chamado Ulrich.
── Você quer saber de uma coisa? Eu quero que as tradições se fodam. Eu disse e repito agora: quem não ficar do lado da revolução, sentirá ela passando por cima de si. E é exatamente o que vai acontecer agora: se você não sair da minha frente, Ulrich, eu vou passar por cima de você. ── ameaçou.
── Não existe conversa mesmo com você, né? Dark Grey desgraçado... ── falou rindo. ── Matem ele e joguem o seu corpo no mar. ── ordenou Ulrich.

Rapidamente, Nathaniel observou dois dos Greys das Trevas correndo em sua direção, pronto para golpeá-lo sem nenhuma misericórdia, e ceifar a sua vida por causa de uma mensagem que ainda não tinha sido entregue. O carteiro de Konoha levou a sua perna esquerda para trás, ficando com o corpo inclinado, somente esperando o momento certo de realizar o seu ataque. Enquanto os ninjas não se aproximavam, Nate concentrava a sua natureza elemental em seus punhos. Quando os mesmos se aproximaram o suficiente dele, o Grey das Trevas socou a barriga do primeiro com o braço direito, liberando chakra elemental de seus punhos, fazendo o inimigo urrar de dor, o lançando para longe. O segundo oponente, um cara alto e careca, tentou socar o rosto de Nate várias vezes, mas o mesmo flexionou as pernas e desviou dos golpes com movimentos rápidos, observando uma brecha deixada pelo seu inimigo e socando o seu rosto com intensidade, também liberando a natureza do plasma de seu punho esquerdo, o nocauteando sem dificuldades. Aquilo assustou Ulrich, que não imaginava que o ninja tinha tamanha habilidade, talvez o julgando como um simples carteiro, o que se provou um grande erro. Nathaniel percebeu isso e semicerrou os olhos.

── Está dando para ver o seu desespero nos olhos de vocês, Ulrich. Você sabe que subestimou a pessoa errada, e mesmo chamando uma patota para tentar me dar uma coça, agora você percebeu que não será tão fácil assim. Eu ainda não usei todas as minhas habilidades, e pelo bem da minha relação com a Anciã, eu pretendo não usá-la, mas vocês estão acabando com a minha escolha lentamente. Então ou vocês me deixam passar nessa porra ou escolhem a opção menos sábia, e lutam até morrer, como uns idiotas que são. Essa é a minha última oferta. ── avisou, cruzando os braços, pronto para mais ação. Ele observou que o loiro fez um sinal para os companheiros, e então dois deles realizaram selos manuais  rapidamente, fazendo Nathaniel bufar. ── Então é isso…Vocês escolheram a opção mais difícil. ── sussurrou.

Bolas de fogo sairam das bocas de dois Greys da Luz, rumando contra Nathaniel uma de cada vez, que precisou dar saltos para dez metros a sua esquerda, depois dez metros a sua direita, e indo para trás, para que não fosse atingido pelas técnicas dos inimigos. De repente, sentiu alguém sair da terra, planando no ar por alguns segundos, pronto para chutar o seu rosto, mas Nathaniel usou o braço direito para bloquear o golpe, sendo jogado para longe, rolando no chão. O mesmo, que era um rapaz de cabelo longo, branco e amarrado em um rabo de cavalo, tecendo selos manuais e criando espinhos de terra que saiam do chão, obrigando Nathaniel a pular para bem longe deles, até que a técnica não o alcançasse. Só que isso o deixou vulnerável ao ataque de Ulrich, que lançou uma bola de plasma dourada contra as suas costas, o fazendo cair no chão.

── Atacando por trás… Tipico de um covardezinho de merda.. ── disse no chão, levantando-se devagar, quando sentiu a aproximação de Ulrich, que o chutou contra a praia, o fazendo rolar na areia.
── Seu revolucionariozinho de merda. Você acha mesmo que vai chegar aqui com esse discursinho barato e vai nos unir? E você acha mesmo que queremos nos unir com pessoas da sua laia, é? Vocês são a escória da nossa raça, e carregam o fardo da maldição que foi lançada contra a gente. Por que nos igualarmos a seres asquerosos como vocês, quando podemos continuar em nossa posição de superioridade? ── perguntou, segurando em seu cabelo, enquanto os outros Greys da Luz ficavam atrás, observando.

Foi quando Nathaniel deu um tapa em sua mão direita com a sua esquerda, socando Ulrich na barriga e dando uma cotovelada no seu queixo com o braço esquerdo, o fazendo cair tonto para trás. Um dos Greys da Luz, um homem corpulento e com braços fortes, logo apareceu na frente de Nathaniel, buscando atingi-lo com diversos socos em seu rosto, mas Nate dava passos para trás, gingando o corpo na tentativa de ficar o mais longe possível dos seus golpes, apesar da curta distância. Em um determinado momento, o mancebo de madeixa negra conseguiu segurar o braço esquerdo do inimigo, impedindo mais um golpe, mas o mesmo tirou uma kunai oculta da sua manga longa na mão direita, pronta para cravar em Nate. Aproveitando que o mesmo estava de perna aberta, Nate arriscou um chute na coxa do inimigo com a perna direita, bem perto dos testículos, o fazendo cair de joelhos no chão sofrendo de dor. Em seguida, deu um soco de leve em seu pescoço, assistindo ele ficar sem ar aos poucos.

Assistiu dois Greys da Luz se aproximando, criando duas esferas banhada de Plasma, lançando-as contra os seus inimigos, ainda que fossem esferas curtas, derrubando um de cada vez. Depois virou Ulrich se levantando, estalando o seu pescoço, se colocando em posição de combate.

── Você é um cara difícil de entender as coisas. Vou ter que te ensinar do meu jeito. ── sussurrou.

Nathaniel e Ulrich correram um na direção do outro e então começaram a trocar socos e chutes um contra o outro, buscando acertar os pontos vitais onde pudessem derrubar-se. Os seus níveis de força e velocidade eram semelhantes, porém seus objetivos eram opostos: enquanto Nate só queria derrubar o inimigo, o Grey da Luz estava disposto, segundo as suas próprias palavras, matá-lo para impedir que o Jounin de Konoha entregasse o pergaminho já lido pela Anciã. Em um momento da luta, Ulrich criou uma esfera dourada em sua mão, tentando lançar contra Nathaniel, mas este jogou o ombro para trás, observando a esfera elemental passar de raspão nele, dando um chute nas pernas do inimigo e o fazendo cair no chão. Logo que o loiro foi derrubado, Nate pulou em cima dele, começando a socar o seu rosto copiosamente, buscando desmaiá-lo.

Só que o mancebo de madeixa preta esquecera que haviam outros inimigos em meio ao combate, e um deles rapidamente se levantou, correndo até ele e dando um chute em sua costela, o jogando quase perto do mar. Nate se levantou devagar, observando Ulrich, com o rosto todo ensanguentado, sendo acudido pelo capanga, enquanto outros se levantavam e se reagrupavam. O carteiro pode ver naquele momento que haviam pelo menos oito inimigos para derrotar, todos com o mesmo pensamento de ódio aos Greys das Trevas. Foi nesse instante, diante da morte certa, que Nathaniel começou a se questionar se valia a pena unir os dois lados do clã, ou se tudo aquilo era apenas um devaneio psicótico de um homem atormentado pelo próprio poder. Ele respirava fundo, buscando oxigenar o cérebro para poder pensar numa alternativa para escapar dali, pensando que talvez tivesse maior vantagem se trouxesse Ravenna consigo.

”Um carteiro não deve envolver diretamente outras pessoas em riscos durante a sua missão.” Lembrou-se de um dos mandamentos do carteiro. O fato é que a luta anterior tinha sido uma exceção, afinal eles foram emboscados pela gangue do Ulrich. Olhou para todos ali, mantendo os punhos fechados, até que Ulrich, depois de recuperar o fôlego, fez um sinal para que todos ali parassem com os seus movimentos.

── Você é forte, muito forte. É por isso que a Anciã insiste tanto em querer escutar você. Mas não importa o quanto tente, não importa se ela assinar esse maldito documento ou não, O QUE NÃO VAI ACONTECER… O que vai acontecer será o mesmo que aconteceu todas as vezes que esse pensamento de união veio a tona, ela será esmagada junto com aqueles que proferirem essas ideias. Você não viveu em Silvermoon como nós vivemos. Você vem de Konoha, onde sonhos se tornam realidade, onde revoluções são travadas. É por isso que organizações se levantam contra vocês, é por isso que metade do planeta morreu por conta das suas convicções escrotas. Sabe quantas pessoas morreram em Silvermoon durante o Arrebatamento? Pouquíssimas, somente idiotas com pensamentos iguais aos seus. Sabe por que? PORQUE NÓS NOS APEGAMOS AS NOSSAS TRADIÇÕES! Se não permitimos que estrangeiros venham entrar em nossas terras e infiltrar as suas ideias em nossas crianças, nas nossas famílias, o que acha que o nosso povo fará contra os Greys rebeldes que tentarem acabar com as nossas tradições? Pois nem mesmo gente da sua laia vai aceitar isso. ── ele disse. ── Então eu vou dar uma última chance para você, somente uma chance, em nome da verdade que contei a você agora. Jogue o pergaminho para cá ou o queime na nossa frente, e eu prometo que deixarei você ir embora. Estou dando minha palavras como Grey da Luz. ── deu um ultimato.

Cercado por todas aquelas pessoas, Nathaniel respirou fundo, passando a mão no rosto, olhando para Ulrich e os seus soldados. Atrás dele, uma bela vista para o mar. Uma leve brisa bateu no local, enquanto as nuvens cobriam de vez o Sol. Naquele momento, Nathaniel descobriu porque ele tinha sido o único a despertar o poder do Caos em sua geração: porque só ele tinha a mente aberta para desenvolver tanto o lado da luz quanto o da escuridão.

── Sua palavra de Grey da Luz não vale nada para mim. Eu sei o motivo pelo qual existe o ódio entre os dois lados do clã: vocês são limitados. Principalmente os Greys da Luz. Vocês são burros o bastante para acreditarem que são diferentes de nós, e nos tratam como escória na tentativa de serem aceito pelas pessoas comuns. O que vocês não perceberam ainda é que essas pessoas nos veem da mesma forma, como elfos! Enquanto ficam aí com essa necessidade escrota de nos dividir, nós sempre passaremos por preconceitos. Não sabe como é viver num mundo onde todas as pessoas te vêem como alguém que não é um ser humano de verdade, o que é ser rejeitado pela sua aparência, e por isso te tratam de forma indigna, porque VOCÊS FICARAM ISOLADOS EM SILVERMOON, E NUNCA ENXERGARAM COMO É O MUNDO FORA DAQUELA PORRA DE FLORESTA! VOCÊS NÃO SABEM DISSO, MAS EU SEI, E É POR ISSO QUE EU EVOLUÍ NESSA PORRA! ── gritou com toda a sua ira, fazendo com que os seus olhos ficassem avermelhados, coisa que assustou os Greys da Luz. ── NENHUM GREY DA LUZ FILHO DA PUTA VAI FICAR NO MEU CAMINHO! ── avisou a todos ali.

Os olhos avermelhados de Nathaniel demonstraram que o poder do Caos estava se manifestando, algo que era desconhecido para algumas daquelas pessoas na sua frente. Eles recuavam com alguns passos para trás, olhando uns para os outros, como se algum deles ali tivesse a resposta para o que estava acontecendo ali. Nate realizou selos rapidamente concentrou a energia do Caos por todo o seu corpo, dando passos lentos em direção aos seus inimigos, percebendo que tinha ganhado uma certa vantagem contra eles por causa do elemento surpresa. Só que Ulrich ordenou que os seus capangas fossem na sua direção, e então dois deles, os mais altos e corpulentos, corressem contra Nathaniel e o segurasse. Porém, o Grey das Trevas foi mais rápido e então ele abriu os seus braços, liberando uma energia avermelhada do seu corpo que se alastrou ao seu redor, atingindo os dois que estavam mais próximos primeiro, e depois foi contra os outros, manifestando as suas habilidades ocultas. Foi nesse instante, ao ver que dois dos seus melhores homens tinham sido nocauteados e tinham o corpo severamente queimado, que Ulrich percebeu que estava lidando com alguém com muito poder e determinação para cumprir com a sua missão. Sua pele ardia, e haviam queimaduras até mesmo no seu rosto, o fazendo gritar de dor.

── Agora você entendeu o que eu falei? Você é só um obstáculo em meu caminho, Ulrich, e nem mesmo é o maior deles. Agora fique no chão, e me deixe cumprir com a minha missão. ── ele continuou a sua caminhada, olhando para os seus inimigos agonizando no chão, entregues a própria sorte.
── Esse poder… É igual ao da Anciã. Eu já vi ele… Você vai me contar como o conseguiu. ── disse Ulrich em voz alta, ainda gemendo com as dores intensas que sentia, enquanto ele se recuperava da paralisia que tomava conta do seu corpo, ficando de joelhos e se levantando aos poucos. ── LIBERTEM AS BESTAS! ── gritou Ulrich, tentando ficar de pé. De repente, o seu cabelo começava a mudar de tonalidade, enquanto a sua pele ia escurecendo.
── Isso não é bom… ── sussurrou, olhando para os outros caras tentando se levantar e se transformando em bestas maléficas, se adiantando e começando a correr com toda a velocidade que tinha.

No meio do caminho, o corpo de Nathaniel ia ganhando listras negras em forma de linha, também mudando um pouco a sua aparência, mesmo que de forma não tão severa. Enquanto os Greys da Luz liberavam a Satal Soul, estilo de luta dos Greys, o carteiro liberava o primeiro nível do Selo Amaldiçoado, um poder que tinha adquirido sem ao menos ter pedido. Ao olhar para trás, Nathaniel pode ver seis figuras bestiais (semelhante a ele quando ativou esse poder no bar de Konoha), todas elas com asas e voando o mais alto que conseguiam, descendo algumas vezes, tentando capturar Nathaniel, que utilizava-se do Kanchi para sentir a aproximação deles e saltar para o lado. Sem muitas opções, Nate entrou na floresta ao lado, se embaralhando entre as árvores. Continuava a sua corida de forma alucinava, buscando também localizar sinais de chakra que indicassem a presença de vida humana naquele templo mencionado pelos bardos, um local que já tinha perdido de vista fazia algum tempo.

Porém, quando os seus inimigos se aproximaram dele, Nathaniel percebeu que precisaria ser mais incisivo se quisesse vencer. Tinham seis deles, incluindo o que parecia ser Ulrich, pois este gritava o tempo inteiro que iria pegá-lo. Usou então do poder do Caos para pegá-los, aliado ao Kanchi, concentrando chakra em suas mãos, realizando selos manuais e então gerando pequenas esferas de energia, uma por uma, e então começou a lançá-las contra as bestas voadoras, esperando estar com eles na mira para conseguir acertá-los. Com os seus movimentos, Nathaniel conseguiu derrubar cinco dos seis inimigos com suas esferas caóticas, mas Ulrich conseguiu desviar do seu golpe. Pelo menos tinha conseguido derrotar a maior parte daqueles demônios. Enquanto continuava correndo, Nathaniel pode ver um templo próximo, e podia sentir a presença de pessoas lá dentro através do seu chakra, imaginando que era a Anciã lá dentro. Ele apressou os seus passos, quando olhou para trás e viu Ulrich se aproximando mais rápido, e então o empurrando para longe, o fazendo cair de costas no chão. Nathaniel tentou se levantar o mais rápido possível, mas logo Ulrich apareceu no ar, tentando chutar a cabeça do Grey das Trevas, que teve que rolar para o lado para não ter o crânio esmagado. Nate engatinhou alguns metros na esperança de conseguir ganhar uma certa distância do inimigo e ter ângulo para realizar algum ataque, mas o outro era mais rápido e logo o puxou pelo cabelo, o segurando.

── Sua viagem terminou aqui, Grey das Trevas, assim como a sua revolução. ── ele segurou o pescoço de Nathaniel, o levantando alguns centímetros do chão.

Nathaniel sentia que estava perdendo o ar a cada segundo que passava, e dali ele poderia terminar desmaiado ou até mesmo morto. Ulrich, na sua forma bestial, olhava para Nate como um predador olha para a sua presa, pronto para ceifar a sua vida lentamente.

── Diga-me como se sente com a sua vida terminando aos poucos. Eu irei desvendar todos os segredos sobre o poder da Anciã quando mandar escavar cada célula do seu corpo. ── falou com um sorriso maléfico.
── Pare com isso, Ulrich! Solte-o agora! ── ordenou a Anciã, a alguns metros de distância, assustando o garoto loiro, que não sabia o que fazer. ── Ulrich, não me faça… ── ela ergueu a mão direita, materializando uma esfera de luz rubro-negra. Com muita resistência, o Grey da Luz soltou Nathaniel, o fazendo cair no chão, tossindo bastante. ── Você não deveria estar aqui. Por que veio? ── perguntou ao loiro, enquanto Nate se arrastava para longe.
── Por que? Para impedir esse lixo de chegar até você. Foi necessário que fizessemos isso, porque você decidiu trazer Greys das Trevas para esse lugar, e ainda se reunir com um deles. ── bradou.
── Nós? Quem mais participou disso? ── questionou. Nathaniel, mesmo de longe, ouvia tudo, esperando o momento certo para agir.
── Todos nós! ── respondeu Ulrich, fazendo a Anciã se entristecer. ── Foi necessário. Olha para ele! Ele despertou o poder secreto dos Greys, UM PODER QUE VOCÊ NUNCA PASSOU PARA NINGUÉM, NEM PARA O SEU PRÓPRIO FILHO! ── gritou em plenos pulmões. ── VOCÊ ME ADOTOU E DISSE QUE EU SERIA O MENSAGEIRO DOS GREYS, ALGUÉM QUE MOSTRARIA O PODER DO NOSSO CLÃ PARA O MUNDO, MAS NUNCA ME ENSINOU OS MISTÉRIOS DOS NOSSOS PODERES! MAS VEJA ELE! ESSE VERME DE KONOHA TEM O PODER QUE NINGUÉM DE SILVERMOON POSSUI, A NÃO SER O OUTRO GREY DAS TREVAS! ── a raiva tomava conta do seu coração, enquanto ele caminhava em direção a sua mestra. Nathaniel ficou surpreso com a conexão entre os dois, ainda que não fosse sanguínea.
── Você aprendeu tudo o que eu te ensinei sobre Ninjutsu, sobre a natureza do Plasma, a Satan Soul… Mas nunca entendeu os meus verdadeiros ensinamentos. De todos aqueles que eu treinei e assessorei, você foi o mais especial, o meu grande prodígio. Mas isso o tornou arrogante, prepotente e orgulhoso. ── disse com grande tristeza, abaixando a cabeça. ── Esse garoto que tanto insulta e tenta se desfazer compreendeu os mistérios que você nunca conseguiu, mesmo com os meus ensinamentos. A culpa… A culpa foi minha. Eu não deveria ter te protegido tanto. Você acabou se tornando mimado e achando que era o centro do mundo. É por isso que nunca conseguiu enxergar a sua própria escuridão. ── sussurrou. ── Eu sinto muito, meu filho. Por favor, me perdoa. ── ela esticou a mão na direção do jovem que adotou quando ainda era um menino. Enquanto isso, Nathaniel fazia um esforço tremendo para recuperar as suas forças, respirando profundamente e oxigenando o cérebro, bolando um plano.
── Perdoar? PERDOAR!? VOCÊ ME FEZ ACREDITAR EM UMA MENTIRA, E AGORA OLHA COMO EU ESTOU! EU IREI DESCOBRIR O PODER OCULTO DOS GREYS, VOCÊ QUERENDO OU NÃO, NEM QUE PARA ISSO EU TENHA QUE MATAR VOCÊEEEEE! ── gritou, batendo as suas asas e elevando a sua cauda, enquanto Nathaniel fazia selos manuais.
── Ulrich… Você era o meu orgulho. ── Anastasia disse, se colocando em posição de combate. ── Mas eu preciso levá-lo a Silvermoon, para ser julgado. ── avisou.
── AH, É? E QUEM VAI ME JULGAR! ── questionou, quando sentiu um braço trespassando o seu peitoral segurando um raio roxo. Ele então olhou para trás e viu Nathaniel olhando para ele.
── Eu vou. ── sussurrou. Eram as últimas palavras que Ulrich ouvia, antes de Nathaniel puxar o braço dele. Seu coração havia sido destruído num piscar de olhos, e assim Ulrich caiu de joelhos no chão, voltando a sua forma elfica, caindo no chão com os olhos arregalados.

A Anciã olhava para a cena com os olhos arregalados. Toda a serenidade que ela carregava a segurava naquele momento, obrigando-a a ver o mundo de forma racional e objetiva. Ulrich era um inimigo que precisava ser contido, enquanto Nathaniel era o seu carrasco, alguém que estava sendo impedido de cumprir a sua missão. O carteiro caminhou até a mulher careca, que continuava olhando para o corpo do filho adotivo. Com um jeito raivoso, e até mesmo frio, Nate parou ao seu lado.

── Eu sinto muito, mas nada disso teria acontecido se você tivesse recebido o pergaminho e assinado ela. Eu não queria ter matado o seu filho, mas se eu não o tivesse feito, ele teria vindo até mim para me matar. Com todo o respeito, mas se você não quer que outros Greys percam a vida por causa disso, assine a porra do pergaminho e me deixe ir embora. ── avisou, dando um ultimato para ela.

[...] Uma hora depois de ter conseguido a assinatura do pergaminho e um comprovante da Anciã dela ter recebido a carta, Nathaniel retornou ao templo dos Greys, onde recebeu um abraço apertado de Ravenna, que pulou em seus braços. Viu que o mesmo estava sangrando e ficou bastante preocupada, mas logo ele a disse que estava bem. Durante a volta para o hotel, ele relatou em detalhes tudo o que tinha acontecido, desde a luta contra os Greys da Luz como também o fato de ter matado o filho adotivo da Anciã, alegando que não teve nenhuma escolha, fato que Ravenna concordou. Outra coisa que ambos concordaram era que ter o apoio de Anastasia Grey para unir os membros do clã seria impossível por um bom tempo.

── Você fez o seu melhor, Nate. Erasmus vai entender. ── ela sussurrou. ── Pelo menos você cumpriu com a sua missão. Isso ninguém poderá dizer que não. ── disse com sinceridade.
── Ulrich disse para mim, de todas as formas, que a paz entre os Greys da Luz e os das Trevas é algo impossível, e eu acabei de ajudar uma pessoa a manter essa opinião. Ela pode ter assinado o pergaminho, mas não quer dizer que ela vá colaborar com a revolução que Erasmus tanto queria. No fim, vamos ter que fazer do nosso jeito. ── avisou, entrando no hotel.

[...] No dia seguinte, depois de descansarem e se alimentarem muito bem, Nathaniel levou Ravenna até o portão de Kirigakure, onde um barco estava prestes a sair. O carteiro contou, mais uma vez, todos os detalhes da sua operação, para que a garota fosse capaz de memorizar fato por fato, e assim repassar para Erasmus. Precisava garantir que nenhuma informação ficaria para trás. Quando chegaram lá, percebeu que tinham alguns outros Greys das Trevas que estavam indo para Silvermoon, fato que deixou Nate mais confiante de que Ravenna estaria em boas mãos.

── É assim que você deve contar para o Erasmus, tópico por tópico. ── sussurrou.
── Não se preocupe com isso. Eu irei cuidar para que o Erasmus saiba como tudo aconteceu. ── avisou. ── Você não vai embora agora? ── perguntou a garota ruiva.
── Ainda não. Tenho algumas coisas para resolver nessa vila. ── respondeu.
── Será que não terá nenhum problema por ter matado uma pessoa aqui em Kirigakure? As autoridades podem vir a reclamar. ── ela ficou preocupada com a possibilidade.
── Bom, eu não imagino que a Anciã vá prestar queixas do que houve com o Ulrich, afinal foi ele que veio atrás de mim, e ele tentou impedir um ninja de outra vila a cumprir com a sua missão. E também existe o fato de que eu agi em legítima defesa, e Ulrich não é um morador da vila. No fim das contas, se vasculharem a minha mente, só encontrarão a verdade que me inocentará. Não se preocupe. ── avisou colocando a mão no ombro da garota, que corou. O barco anunciou a partida, e a garota logo deu um beijo no rosto de Nate, que ficou sem reação.
── Se cuida, tá? Volte para Konoha o quanto antes. ── pediu Ravenna, entrando no barco e olhando algumas vezes para trás, sorrindo para Nate.

O Grey das Trevas ficou observando o barco partir para bem longe, visualizando o horizonte. Era incrível como tinha uma conexão forte com a garota, por quem tinha muitas identificações. Sentia-se confortável com a sua presença. Ela era muito diferente de Hikari Reina, por exemplo, que sempre estava tentando instigá-lo a ser algo diferente do que ele era, alegando que queria despertar o seu melhor lado e assim superar os seus limites, o que não era de todo ruim.

“Mas um homem não pode viver com o coração dividido entre duas mulheres, porque mais cedo ou mais tarde, esses amores mal resolvidos irão te destruir, e no final das contas, você será aquele que partiu o coração de alguém, não aquele que teve o coração quebrado.” essas eram as palavras de B.A para Nathaniel em Konoha.

Nathaniel entrou em Kirigakure no Sato novamente, tendo que perguntar para algumas pessoas como chegava em uma floricultura dos Yamanaka no centro de Kiri, onde finalmente achou a garota loira que Ryuuzaki mencionou na foto. Até a pegou, para ter certeza que era a mesma pessoa. Entrou na floricultura dos Yamanaka, lembrando o quanto o clã foi perseguido em Konoha nos últimos anos, tanto na vila quanto no resto do mundo, principalmente na época dos Jashinistas. A loira logo o atendeu com o seu melhor sorriso.

── Olá, posso ajudá-lo? ── perguntou.
── Ahn.. Não é nada demais, eu só… Só queria saber se… Eu não entendo muito de plantas, e… ── antes dele terminar, ela o encarou séria.
── Espera, eu conheço você. Você é amigo do Ryuuzaki, né? Pela sua voz e pelas orelhas pontudas… Você é o Nathaniel Grey, o cara que arrastou o meu ex-marido pro abismo de novo. ── a mulher disse de forma séria.
── Espera, ex-marido? E como assim? Eu não arrastei ninguém para nada. ── ele entrou no modo defensivo.
── Eu ouvi a sua voz quando falou com ele pela janela do nosso quarto, vindo com aquelas informações para ele sobre os chuunins montando um esquema com os ladrões de Konoha. Depois daquele dia, ele voltou a ser o que era, um obcecado por alguém que já está morto. ── disse com raiva. ── Foi ele quem mandou você vir aqui, não é? Pois diga a ele que eu estou muito bem, e que encontrei alguém e segui minha vida, diferente dele, que vive preso no passado. Agora vá embora daqui! ── ordenou.
── Espera, eu não estou entendendo nada. ── ele tentou argumentar, mas a mulher começou a gritar para ele ir embora, e ele assim o fez. Não precisava de mais confusão em Kirigakure. Nunca soube do fato de que Ryuuzaki já fora casado com uma mulher, mas entendia o porquê da preocupação.