Festim dos Corvos
Não houve prenúncio para sua chegada. A viagem fora rápida, e mais uma vez a morena se encontrava frente aos portões de Chori no Sato. A viagem e o clima local não lhe eram desconhecidos. No passado, esteve ali sob a bandeira de Kumogakure. Agora, era outro brasão que ostentava nas flanelas que esvoaçavam dos muros e bandanas dos guardas. A simples visão a fazia recordar dos motivos pelos quais abandonou a Nuvem, a levando a refletir sobre como o mundo parecia dar voltas infinitas e acabar no mesmo local, sempre. De todo modo, foi a perda de Chori que levou a Jinchuuriki abandonar seu juramento. Agora, sob o comando de um novo e verdadeiro líder, retornava àquele país para retomar o que era seu por direito.

— Ogosho Mei, Caçadora de Imortais — seu nome foi proferido por um dos guardas ao se aproximar. Como era de se esperar, sua fama a precedia. — Não houve anúncio da chegada de diplomatas da Névoa. O que faz tão longe de casa? — O questionamento buscava um tom cordial, mas era evidente algumas notas de descontentamento com sua presença. Mei nunca teve uma relação amigável com Sunagakure, última Grande Nação a deter posse da colônia, e imensa parte da fama que acompanhava a jinchuuriki não dizia bem ao seu respeito. Em todo caso, ela parou, encarando-os com altivez na postura, a face mantendo a expressão costumeira. — Pela vontade de Kami-sama, Uchiha Yohma, o Yondaime Mizukage, deste dia em diante Chori no Sato fará parte do País da Água — declarou, para o espanto de todos. Os guardas se amontoavam à sua frente, suas posturas cada vez mais tensas. — Peço que se rendam pacificamente, pois assim é o desejo daquele que a todos comanda — finalizou. Como já era de se esperar, sua fala foi seguida por feições que se encaravam, como se não tivessem compreendido o sentido em suas palavras. — Isso é algum tipo de piada? — O sujeito levou sua mão até o punho da espada, fazendo com que todos os outros imitassem seu gesto. A declaração de Ogosho era um anúncio de invasão, e seria naturalmente escrachado por aqueles que tinham por função proteger o local.

— Sei como estão fervorosos para cumprir seu dever. Me dói o coração desonrar a determinação de guerreiros tão corajosos, mas, antes de começarmos, preciso filtrar um pouco o nível dessa batalha — sibilou. A tensão na face dos guardiões era evidente: todos sabiam quem era aquela mulher, e do que ela era capaz. Ainda assim, para méritos deles, não vacilaram em seu dever — MATEM ELA ANTES QUE SE MOVA! — aquele que deveria ser o capitão clamou, e os dez primeiros guardas avançaram em sua direção. Eram rápidos, ela iria admitir; mas não eram rápidos o bastante.

Mei abriu seus braços, os lábios se curvando em um largo sorriso — Hoje o mundo aprenderá a temer a Névoa Oculta! — Declarou, e em uma fração de instante a areia que a mulher controlava irrompeu ao seu redor, espalhando-se na forma de um nuvem para cobrir 40m de raio. Pegos no contragolpe, o Ekibyō, terrível Juinjutsu criado por Ogosho, espalhou as marcas amaldiçoadas da Besta pelos corpos dos shinobis. Dos vinte que haviam ali, dez se mostraram demasiado fracos e/ou inexperientes para reagir, e menos ainda se proteger, e foram completamente paralisados. Caíram ao chão, derrotados em um instante. Esses eram os Chunin e Tokubtsu Jonin; enquanto tombavam, os cinco Jounins e os cinco Comandantes, cuja força estava próxima da de um Kage, pararam e observaram, sem acreditar no que estavam vendo. — Isso não deveria ser possível... — uma das kunoiche's do outro lado murmurou de olhos arregalados. — Demônio — o outro sibilou, puxando um par de espadas gêmeas. — Não recuem. Precisamos segurar ela até que Yowakyara chegue — disse um dos líderes, embora ele próprio soasse temeroso. Perante aquilo tudo, Mei escondia o riso com a destra. — Curvem-se agora e serão todos poupados. Não há aqui esperança para vocês. Estou apenas cumprindo a vontade de Kami-sama — declarou convicta, o sorriso ainda na face. — Que se dane. Vamos nessa! — o jounin mais à esquerda saltou contra ela, empunhando suas espadas em um golpe vertical de cima para baixo.

Mei se moveu em toda velocidade, sacando Samehada de suas costas e usando a enorme espada-viva para aparar a ofensiva. Não apenas sua velocidade era extrema, mas a força base da Jinchuuriki era muito acima do humano – com facilidade ela o empurrou de volta, obrigando-o a girar o corpo no ar para voltar a cair em pé. — Entenderei isso como um não. Seus amigos voltarão a se mover dentro de algumas horas e então poderão fazer sua escolha. Quanto a vocês — deixou a espada pousar no chão com violência, fazendo a terra tremer. — Que sirvam de exemplo para todos — disse, e então avançou. A morena atacou na horizontal em semicírculo, obrigando a primeira linha de adversários a recuar para trás. Tratava-se, porém, de apenas um engodo: assim que saltaram ela estendeu a empunhadura de Samehada, que com o novo alcance acabou atingindo a kunoichi na franco direto. O golpe lacerante com força brutal arrancou seu braço no ato e abriu um rasgo nas costelas, além de jogar seu corpo contra o sujeito ao seu lado.

O contra-ataque veio por um dos Comandantes, que lançou uma torrente de chamas em sua direção. Seu corpo fora aparentemente engolfado, mas assim que as chamas se extinguiram puderam ver que ela havia se protegido dentro de um casulo de areia através da Suna no Tate: Gear 3. Praguejando os guardas voltaram a se mover, agora procurando cercá-la. Ainda restavam nove. A tática consistia em atacá-la continuamente de todas as direções, sem descanso ou tempo para o contragolpe, até que sua Defesa Absoluta cedesse. Um plano coordenado e que seria muito bem executado, não fosse Ogosho especialmente otimizada para o combate solo contra grupos de adversários. Eles avançaram, e só no último instante se deram conta do erro. Com a área de efeito dobrada por ser uma Especialista na arte do Ninjutsu, a Caçadora de Imortais usou seu chakra magnético para fazer a areia irromper do solo na formação de dezenas de longas estacas que cobriram tudo em 10m de raio. O Chikyū no Teishutsu era uma técnica letal, uma vez que os espinhos partiam do chão a uma velocidade 48m/s, quase impossível de ser combatido sem que houvesse o conhecimento prévio.

Tal como fora anteriormente, em uma fração de instante a maior parte do grupo teve seu fim, dessa vez com seus corpos empalados antes que se dessem conta do que estava acontecendo. A maioria morreu no ato, mas alguns ainda tiveram tempo para sentir a dor, vivenciar seus corpos sendo erguidos pela força da areia enquanto esta os atravessava, e visualizar seu sangue escorrendo e sendo sugado por ela. E enquanto aquilo ocorria, o Demônio dentro da mulher gargalhava de contentamento pela carnificina. "...sim, sim! Como eu sentia falta disso!..." ele gritava, fazendo a expressão da morena mudar para descontentamento. "Está me distraindo. E não grite, vai me deixar com dor de cabeça", reclamou. "...a culpa é sua por ter me deixado de fora na última vez. Agora vamos, me deixe ajudar também..." ele se queixou, referindo-se a batalha no templo. "Em breve", respondeu, desviando sua atenção aos portões por um instante. O verdadeiro oponente logo chegaria.

Agora restavam apenas os comandantes, que haviam se mantido mais recuados até então. Ainda assim, todos haviam se ferido no último ataque da morena, ficando vivos penas pela exímia reação em se defenderem. As estacas enfim se desfizeram, deixando os corpos caírem inertes ao chão. A visão provocava um misto de ódio e temor nos sobreviventes, que mais do que nunca tinham a convicção de que aquela à sua frente não era humana. — Juntos, calculo que a força de vocês possa se igualar a minha. Vou ter problemas se ainda estiverem em pé quando seu líder chegar — murmurou ela, apoiando a espada no ombro. Eles também pareciam saber daquilo, razão pela qual haviam se mantido na retaguarda, deixando os mais fracos como escudo para ganhar tempo. Era uma estratégia extremamente fria e infame, mas que ela entendia e respeitava. — Suas ações não ficarão impunes, demônio. A justiça por esse massacre chegará até você — um deles prometeu, ao que ela sorriu de canto. Tendo absorvido Chakra Natural durante o dialogo, Ogosho canalizou a energia para a ativação de seu Sennin Mōdo, causando a transformação em seus globos, que abandonaram o amarelo-dourado para assumir o negro absoluto. Em simultâneo, a Energia Negativa que passaria a ser externada por seu corpo se misturava com o Sakki emitido pela mulher, engolindo todo o vale na mórbida sensação da morte iminente. — Só há uma justiça verdadeira neste mundo, e ela vem de Kami — declarou, disparando então na direção deles em toda velocidade.

A Yōkai agora movia-se como um verdadeiro relâmpago, dando significado a sua outra alcunha, Kaminari. Samehada era pesada, mas ela a manuseava com apenas uma mão como se não pesasse mais do que um galho; seu primeiro golpe foi uma estocada frontal que resultou nas presas da espada-viva abocanhando o antebraço esquerdo de um dos adversários, arrancando-o no movimento de retrair a arma. Em simultâneo seu punho canhoto amparava o ataque do homem à sua esquerda, segurando seu soco protegida pela Suna no Yoroi: Gear 2, e então o puxando para perto de si. Tirando proveito do desequilíbrio, e não tendo mãos livres, Mei desferiu uma cabeçada contra a testa de seu oponente: a dela, porém, ainda contava com a armadura de areia; a dele, não. Ele caiu de costas, vivo ou morto, não dava para saber. Agora seu principal problema era estar à distância corpo-a-corpo contra três oponentes ainda capacitados, e mais um gravemente ferido. Sendo uma usuária de Ninjutsu de média-longa distância, Mei deveria estar em desvantagem em uma luta corporal. Era isso o suposto a ocorrer, não tivesse ela se preparado com antecedência para tais situações.

Da areia trazida em sua cabaça ela projetou dois longos braços que se acoplaram em seus trapézios, ativando assim o seu estilo Sabaku no Mai, a Dança do Deserto. De imediato, na própria ativação, eles foram projetados para a esquerda e direita, respectivamente de acordo com sua posição, na intenção de atingir os defensores com golpes em suas faces. Eles, porém, foram rápidos o bastante para se esquivar, saltando para fora do alcance. — Só mais um pouco. Priorizem a defesa, precisamos ganhar tempo até...
— Você é lento — movendo-se com sua velocidade máxima, Mei aparentava se teleportar ao ressurgir do lado direito do comandante. Sua canhota cobriu a face do velho homem, e no mesmo instante empurrou sua cabeça contra o chão. — Até quando está morrendo — completou, sua voz sendo seguida pelo ruído estrondoso do impacto que abriu uma pequena cratera no chão. Restava ali apenas um corpo, com meros vestígios do que deveria estar acima do pescoço. Os companheiros haviam erguido os braços para proteger o rosto dos destroços e da poeira, razão pela qual não a viram se mover novamente. Ela, que era capaz de senti-los com o Kanchi de seu Senjutsu, então reapareceu atrás daquele que já estava ferido, e ambas as mãos de areia de sua Dança se fecharam ao redor da cabeça do sujeito, esmagando-a como uma mosca. A poeira finalmente abaixou, revelando a mulher com o sorriso perverso.

Então ela sentiu.
A explosão súbita de chakra. Uma emanação tão forte que poderia se igualar a sua própria. E estava tão próxima que parecia ter surgido do nada. Mei esteve esse tempo todo monitorando a aproximação de reforços com o Kanchi, mas não havia previsto que um deles era capaz de ocultar sua presença. Um erro crasso, visto que ela própria era capaz de tal feito com facilidade. Não fosse sua velocidade ampliada pelo Modo Eremita não teria sido capaz de se defender, mas felizmente logrou êxito em se afastar da zona de impacto da técnica adversária. Ela parou cerca de 60m do ponto original, observando o local queimar em uma mistura do que aparentava ser Katon com Fuuton. Não tinha dúvidas: julgando pela intensidade daquele chakra, teria falhado em bloquear com apenas sua defesa automática. — O que foi? Por que não está mais sorrindo? — Era uma voz feminina. A mulher cruzou os portões caminhando com relativa calma, mas a cada passo fazia o chão afundar e o ar ao seu redor tremular. — Você parecia muito feliz matando meus amigos, Kaminari — ela parou, ficando entre os dois que ainda estavam em pé. — Yowakyara, eu presumo — Mei a saudou, relembrando do nome que fora dito por um dos finados. — Está atrasada — disse, em provocação. A líder do vilarejo olhou ao redor; não esboçava reação na face, mas Ogosho podia sentir a raiva que emanava da mulher com os corpos caídos ao chão. — Temo que sim. Mas agora eu estou aqui. Não me leve a mal, mas já falamos mais do que eu gostaria, e não menos do que você merece. Vamos acabar com isso de uma vez — a última frase foi direcionada aos seus companheiros, que assentiram e se moveram em sincronia.

O ataque conjunto veio na forma de uma barragem de shurikens cobertas por chakra Nagashi de Katon, que foram facilmente bloqueadas pela Suna no Tate; era, porém, apenas uma distração, com o novo ataque vindo de cima. Yowakyara saltou no ar e disparou uma gigantesca bola de fogo, ao mesmo tempo em que seus guardas invocavam paredes de Doton para cercas a jinchuuriki e impedir sua fuga. Mei convocou sua areia para ativar uma terceira proteção, que se traduzia de uma nova camada de sua Suna no Tate: Gear 3, fechando-se novamente no casulo. Aquilo fora o bastante para se proteger, mas tarde demais ela se deu conta que era apenas mais outra distração. Com o Katon enfraquecendo suas duas primeiras linhas de defesa, elas foram desfeitas quando golpeadas por uma longa corrente incandescente, que então se enrolou no corpo de Ogosho, não tocando em sua pele apenas pela presença da armadura de grãos. — O seu Modo Eremita está quase no fim, e não pode usá-lo para reforçar suas técnicas. Gastou muito chakra até aqui. Admita, você está fraca. — Yowakyara falou, segurando a outra ponta da corrente. Os dois guardas estavam posicionados nos flancos de Ogosho, prontos para intentar o golpe final. — Não confunda as coisas, verme — Mei sibilou. Pela primeira vez, havia ódio legítimo em sua voz. Conectou-se então com o demônio em seu interior, e tragando para si o chakra da Besta uma explosão de pressão anunciou a chegada de seu Shukaku Mōdo. Com o corpo coberto pelo manto arenoso, e combinado com o Modo Eremita, apenas sua força física fora o bastante para romper as correntes que a prendiam. — Eu posso estar fraca, mas não estou mais fraca do que você — declarou, externando toda a Intenção Assassina do Ichibi combinada com a sua própria, tal como a voz de ambos, que se mesclavam no rosnado.

Não obstante, Mei invocou o poder do Opus no Chikara, ganhando também o revestimento da armadura de luz. Os guardas imediatamente recuaram, se afastando mais dez metros da morena em um salto.

— Vamos juntos. Terminaremos isso no próximo ataque! — Gritou a outra, convocando seus aliados para a investida final. Para seu mérito, eles assentiram em concordância, usando o dever para superar o temor. Os dois das laterais avançaram em sua direção com espadas banhadas em chakra elemental, enquanto a líder vinha a seu encontro formando em sua destra o que a morena reconheceu como sendo o Futon: Rasengan. Mei aguardou: aos olhos de terceiros, aquilo tudo não levaria mais do que uma simples fração de um instante, mas que para ela, cuja velocidade e percepção haviam alcançado o ápice, parecia ocorrer em câmera lenta. Quando estavam dentro da margem de 10m, ela usou de uma manipulação Rank-A para ordenar que a areia formasse cinco longas estacas endurecidas, que então seriam disparadas, sendo uma em cada um dos Comandantes e três na direção da Líder. O shinobi à sua esquerda conseguiu defletir o ataque com sua espada e Yowakyara, com sua velocidade excepcional, se esquivou das três lanças que iam em sua direção, mas o guarda à sua direita não teve a mesma sorte, sendo atingido diretamente sobre o coração e desabando durante a corrida.

Usando um dos braços da Sabaku no Mai ela segurou o golpe de espada, então o puxou para si, deixando-o entre ela e o jutsu de Yowakyara. Dessa vez não houve janela de oportunidade para a mudança de direção, e o corpo do guarda foi atingido em cheio pela técnica da Líder, que abriu um buraco em seu tórax. A incredulidade da líder estava estampada em sua face, mas ela foi rápida em recuar, evitando o contragolpe de Ogosho.

Yowakyara, agora tomada pela fúria, não hesitou em avançar contra a morena. Mei a respondeu na mesma intensidade: uma de encontro com a outra, dois rastros de energia cortando a distância que as separava. Um soco foi tentado por ambas e seus punhos se colidiram no ar, resultando em uma imensa onda de impacto que rachou o chão ao redor das garotas. Mei raramente fazia uso de Taijutsu em seus combates – ainda assim, seu treinamento na arte era de nível especialista, abaixo apenas dos grandes mestres assíduos. O mesmo, aparentemente, poderia ser dito de Yowakyara. Na velocidade de 46m/s ambas as mulheres começaram uma intensa troca de ataques físicos, desferindo socos e chutes, bloqueios e esquivas. Cada colisão das forças antagônicas causaram explosões atmosféricas que desfiguraram o cenário à sua volta. Até mesmo seus movimentos de reposicionamento e avanço, executados com o máximo de suas forças e velocidades, faziam o chão se rasgar sob seus pés. Um chute de Yowakyara jogou Mei dezenas de metros para trás; um soco bem encaixado de Ogosho arremessou a Líder contra as muralhas de Chori, que se partiram com o impacto. Em dado momento elas se encontraram frente-a-frente e, como se uma quisesse empurrar a outra, suas mãos se uniram e começaram a fazer força oposta. Os pés fincados no solo já castigado faziam com que a terra começasse a se abrir em uma fenda, o chão desmoronando sob as duas.

O mesmo pensamento passou em suas mentes em simultâneo: se aquilo continuasse, o vilarejo poderia ser destruído. Mas no fim elas já estavam por demasiado envolvidas pelo calor do combate. O instinto de batalha de ambas queimava, longe de se arrefecer. Um gancho desferido por Mei pôs fim à disputa de força, jogando Yowakyara para o alto. A morena saltou ao encontro da outra, que a recebeu em uma troca de socos em plena queda livre. Se desvencilharam próximo do fim, caindo sem que ninguém tivesse levado a vantagem. E tão logo tocaram o chão já estavam novamente em pé, encarando uma a outra a uma distância de 30m.

— Isso só vai acabar de uma forma, Ogosho — a Líder declarou, puxando o fôlego. Mei estava sorrindo, satisfeita por lutar contra uma adversária à altura. — Sim — respondeu. — Você morre no final — e na sequência a luta recomeçou, a distância não existindo para a velocidade de ambas. Yowakyara era absurdamente forte, mas naquele combate estava em desvantagem. Por mais que Mei tivesse enfrentado todo um esquadrão antes da chegada da oponente, ela era uma Jinchuuriki – sua resistência ao cansaço era duas vezes a de qualquer humano. E quando dois titãs se colidem, perde o que primeiro ficar sem forças. Até a menor das oscilações poderia decidir o desfecho do combate, e foi o que ocorreu. O corpo de Yowakyara vacilou e ela atrasou um instante em sua reação, um ínterim imperceptível, mas que foi o bastante para que a Caçadora de Imortais jogasse a outra ao chão com três acertos seguidos. Sem trégua, a morena montou sobre a outra, mantendo seu tronco preso entre suas coxas, e deu início a uma sequência interminável de socos contra a face da oponente. Yowakyara  reagiu tentando a repelir com os braços, mas sua força já vacilava e Mei a afastou, levando agora a canhota para pressionar o pescoço da Líder contra o solo enquanto a destra a golpeava. O fim veio junto a um rugido bestial por parte da morena, ou quem sabe do Demônio dentro de si, e com um último golpe o crânio de Yowakyara se rachou, provocando sua morte.
A luta havia se encerrado.

Mei ergue-se, vitoriosa. Ao seu redor duas dezenas de corpos espalhados. Ela então pôs-se a caminhar, cruzando os portões e adentrando o vilarejo. Das vielas e becos, de todas as janelas e telhados, olhos a observavam enquanto caminhava em direção ao prédio principal, o qual ocuparia até a chegada da nova guarnição e o preenchimento dos documentos que formalizavam a anexação. Não haviam mais defensores. Ninguém mais para se opor a sua chegada.
Chori no Sato agora pertencia ao País da Água.

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