Eiji estava deitado sobre a sua cama, calmo e pensativo. Mesmo que tivesse concluído a sua última missão com êxito, ainda não tinha conseguido juntar todas as peças do quebra cabeça. Ele não conseguia entender o motivo de ter que colocar a sua vida constantemente em risco, e também começava a achar que tinha algo de errado com esse sistema; que via os ninjas apenas como armas, armas essas que não podiam demonstrar abertamente os seus sentimentos. Coberto por uma manta fina, quase transparente, o garoto olhava para o teto do seu quarto, perdido nos próprios pensamentos, mas sem conseguir se desvincular por completo da realidade.

Quando não achou que a sua fé no sistema ninja poderia ser mais testada do que já havia sido, ele percebe uma batida rítmica na sua janela. Se tratava de um mensageiro que estava incumbido de lhe repassar mais uma tarefa. Incrédulo, não conseguiu acreditar no que acontecia. Como se tudo que teve que passar nas últimas horas não bastasse, agora tinha mais esse problema em mãos. Embora relutante, aceitou tomar o papiro em mãos, abrindo-o logo em seguida. A mensagem contida ali era bastante simples e direta, sem qualquer tipo de contextualização previa: “Escolte uma mulher e o seu filho até a cidade de Tanzaku, e depois de volta para os domínios da folha. Eles já estão te aguardando no portão.”

O que preocupava Eiji não era nem o fato de ser designado para uma missão em tão pouco tempo, mas sim o estado do seu braço. Desde de o seu último embate, ainda não tinha tido tempo o suficiente para procurar a ajuda de um médico para tratar o seu ombro; ele apenas tinha coberto o ferimento com algumas gazes das quais dispunha em sua casa. Apesar de toda a preocupação e relutância, o Uchiha não demorou muito tempo até por os pés para fora de casa, agora indo em direção ao ponto de encontro, assim como tinha feito horas atrás.

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Sempre se atentando ao estado do seu ombro, seguia com uma velocidade moderada pelas ruas do vilarejo. Durante esse pequeno trajeto que fez, não conseguia de deixar de pensar no que o aguardava. Afinal de contas, uma escolta não parecia ser uma tarefa difícil assim de se realizar, apesar de que as missões tendiam a ser imprevisíveis na sua maioria. Enquanto mantinha tais questionamentos em mente, percebia que já estava diante dos portões da vila.

Chegando lá não demorou muito até encontrar os seus contratantes, que seguiam esperando a sua chegada. – Oi – começava –, por acaso foram vocês que solicitaram uma escolta? – Mantendo a mesma expressão neutra e serena no rosto, se apresentava. – Me chamo Eiji, prazer – Se curvava.

– Sim! Fomos nós – Com um olhar cabisbaixo no rosto e um pouco afoita, a contratante assentia. – O seu... O seu braço!? – Notava as machas de sangue nas faixas que cobriam o braço do garoto.

– Não precisa se preocupar. Isto aqui não foi nada.

– Tudo bem. Mas antes de partimos, gostaria de te alertar dos riscos que essa missão pode te trazer. E se quiser desistir, sinta-se à vontade – Ela pressionava as dobras da saia. – Recentemente, não mais do que dois meses, infelizmente o meu casamento veio a acabar, e até então vivíamos em Tanzaku. O problema é que o meu marido não aceitou muito bem esse termino, e como ele não é uma pessoa normal, resolvi pedir auxílio à vila.

– “Normal”? – Questionava.

– Isso mesmo, ele não é uma pessoa comum. Assim como você, ele também é um ninja, só que ele foi dispensado das suas funções a alguns anos, mas ainda assim ele é uma pessoa muito perigosa e instável – Ela voltava o seu olhar para o pequenino que seguia recostado sobre a sua perna, com pesar. – Acho que já te falei tudo o que você precisa saber. E então?

– Sinceramente, eu não me importo muito com isso... – Tentava não parecer tão ríspido com as palavras. – Assim como os outros ninjas da vila, eu apenas recebo as missões e as executo. Não costumo fazer muitos questionamentos ou juízo de valor sobre nada. Se você precisa ir até Tanzaku, então te levarei até lá.

– Muito obrigada... – O seu rosto corava.

Depois de todos os termos terem sidos discutidos e acordados entre ambas as partes, eles finalmente partiram rumo a cidade de Tanzaku; com o Chunin deixando a mulher e a criança irem na frente, de modo que ele sempre poderia ficar de olho nos dois.

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Mesmo estando acompanhada de um ninja, a mulher ainda não parecia estar tão confiante assim nas capacidades do Uchiha para protegê-la, ou então só não conseguia deixar de sentir medo. Independente do motivo, durante todo o percurso, ela não fazia questão de esconder todo o seu nervosismo. Já o seu filho, que devia ter por volta dos 8 anos de idade, ficava apenas grudado na mãe, também em um completo silêncio. Percebendo isto, Eiji começava a imaginar os horrores que os dois deviam ter passado para ficarem desse jeito, com medo da própria sombra. “O seu ex-marido, sem sombra dúvidas, deve ser uma pessoa desprezível”, pensava, não deixando de perceber o medo nos trejeitos dos dois contratantes.

Tal como esperado, a viagem, pelo menos nos primeiros minutos, parecia tranquila, apesar do ânimo dos dois. Os três não eram capazes de ver uma única alma sequer vagando pela estrada na qual seguiam, o que de certa forma os confortava. No entanto, Eiji continuava alerta, olhando constantemente para sua retaguarda, e também tentando notar qualquer aproximação que viesse da dianteira; sempre apostos para protegê-los. E embora tudo parecesse tranquilo, não fazia questão de baixar a sua guarda diante do acaso.

Sob essa mesma vigilância, eles continuaram com a sua jornada. A mulher, como não aparentava ter tantas aptidões física, mantinha os mesmos passos lentos de sempre. Quanto a criança, era a mesma coisa, mantinha também os passos vagarosos, não desgrudando da mãe nem por um instante sequer. Sem pressa alguma, Eiji apenas tentava se manter a 5 passos de distância dos dois, alerta.

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Com o passar das horas, a ideia de uma viagem calma e tranquila começava a parecer mais crível, pois, mesmo que tentasse, ainda não era capaz de ver nenhuma  ameaça em potencial. E até podia dizer que a sua contratante compartilhava dos mesmos sentimentos, tendo em vista que deixava a tensão nos ombros abrandarem. Eiji não podia ter desejado uma missão mais tranquila e pacata como aquela que havia recebido. Quem sabe, pela primeira vez na vida, ele estivesse com sorte. Acreditando ser esse o caso, tirava um tempo para admirar a paisagem. Nunca se cansava de ficar boquiaberto com a beleza das florestas pomposas do país do fogo, que eram que tirar o fôlego.

Enquanto percorria o entorno com os olhos, olhando principalmente para as copas das árvores, pôde perceber um detalhe que veio a chamar bastante a sua atenção. Sobre um dos galhos de uma árvore próxima, notou, mesmo que de relance, um brilho. Esse brilho o lembrava de quando o sol colidia com uma das suas ferramentas ninja, gerando um clarão único e momentâneo. Pressentindo o pior (Percepção de armadilhas 1/1), sem pensar direito, correu em direção aos seus contrates e se jogou sobre eles – não para machucar, mas para fazê-los ficarem contra o chão. Então como resposta dos seus atos, ouvia o barulho de um objeto pontiagudo perfurando o solo próximo a sua perna. Era uma flecha.

Assim que o primeiro ataque veio a acontecer, vários homens começaram a sair por de trás das árvores, de modo que cercassem os três. O Uchiha não tardou os seus movimentos. Ainda perto da mulher e da criança, visando deixá-los em segurança, tentaria tirar os dois de perto dos seus agressores. Pegando o garoto com os dentes – mordendo a gola da sua camisa – e a mulher com o seu braço bom (o esquerdo), começaria a correr para trás. Então, quando julgasse ter atingido uma distância segura entre eles e àqueles que os seguiam, deixaria os dois escondidos atrás de uma árvore, de modo que não ficassem no meio do campo de batalha que estava prestes a se formar.

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Graças aos seus movimentos ágeis, Eiji havia conseguido uma abrir uma certa vantagem de distância daqueles homens, que insistiam em persegui-los. Após deixar o objetivo da sua missão à salvo, com um olhar feroz no rosto, iria ao encontro daqueles bandidos. Àquela altura, eles não estavam tão longe da onde o Chunin estava, então o encontro não demorou para acontecer.

Cercado por uns 6 ou 7 homens com várias armas brancas em mãos, essa era a situação na qual o Uchiha se encontrava. Estava sem saída, mas pelo menos estava só. Assim que percebeu que aqueles bandidos estavam muito próximos um do outro, deu início a sua investida. Dando um pontapé giratório para cima, faria surgir um dragão de aparência genuína (Konoha Ryūjin), que por sua vez, foi de encontro ao aglomerado de bandidos. Um estrondo se propagou pela floresta. O golpe foi tão forte que tinha sido capaz subjugar a maioria dos inimigos, restando apenas 3 homens de pé. Mas o que Eiji não sabia, era que um deles podia usar Ninjutsu. Com um sorriso estampado no rosto, um daqueles homens soprava na sua direção uma bola de fogo (Katon: Gōkakyū no Jutsu).

Vendo o projétil que vinha vindo na sua direção, saltou para esquerda e para direita ao mesmo tempo, parando de modo que ficasse a 15 metros de distância daquele que o atacou. Sem dar brechas para que o sujeito preparasse um novo ataque, ele correu, com toda a velocidade que tinha, na sua direção, e o desmaiou com um golpe no estômago. No momento que os 2 remanescentes viram o estado dos seus companheiros, apenas largaram as suas armas e resolveram fugir dali aos gritos.

Depois de lidar com aquele ataque estranho e sem nenhum motivo aparente, voltaram a seguir viagem; só que agora Eiji carregava o garoto com o seu braço esquerdo, afim de agilizar a viagem e de proteger o mais frágil dos 3, se precisasse. Não demorou muito mais do que 8 horas para que eles pudessem finalmente ver que estavam diante da cidade de Tanzaku.

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Ao atravessarem os portões da cidade, era nítido o quão abalada aquela mulher estava, no entanto, se mantinha firme, resiliente. Então a partir do momento em que pisaram naquele lugar, pela familiaridade que a mesma possuía com aquelas ruas, Eiji deixava que ela os guiasse.

Estava quase anoitecendo, tanto que já era possível ver algumas luzes acessas em diversos estabelecimentos. E à medida em que ia ficando mais tarde, parecia que a cidade ganhava ainda mais vida. Realmente a cidade fazia jus a sua fama. Sem se distrair com toda a enxurrada de informações que tinha a sua volta, Eiji se esforçava ao máximo para não perder a mãe do garoto de vista, pois sem motivo algum ela começara a apertar o passo, de modo que ficava difícil acompanhá-la em meio à multidão.

Quando ela cessou os seus passos ansiosos, os três estavam diante de uma pousada. O lugar não parecia ser muito luxuoso, apenas era uma pousada como todas as outras: Era um prédio de dois andares, a recepção do lugar era convidativa e desprendiam de vários quartos vagos. Foi então que ela revelou que até pouco tempo atrás ela que gerenciava o lugar, mas devido ao divórcio, o lugar agora estava sobre a gestão do seu Ex.

– É aqui – A sua voz estava carregada de sentimentos. – Esta que é a pousada que herdei do meu pai. Enfim... Agora só preciso pegar uma coisa lá dentro, e depois podemos ir embora.

– Você não prefere que eu faça isso? Aí você pode ficar aqui fora.

– Não!! – esbravejou – Eu... Eu não posso mais fugir – cerrava o punho.

Os três então entraram no lugar.

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Após percorrerem a recepção da pousada com os olhos, acabaram chegando à conclusão de que não devia ter ninguém ali, pelo menos era o que aparentava. A mulher então tomou o filho dos braços do Uchiha e entrou no corredor que tinha à sua direita.

Não muito tempo depois, de repente, um homem entrou pela porta do lugar. O sujeito carregava uma garrafa de saque em uma das mãos e uma espada na outra. – Cadê ela?! – a sua voz arrastada ecoava por todo o estabelecimento – Eu sei que ela tá aqui. Eu vi quando vocês chegaram! Então foi por você que ela me trocou, garoto? – Ele começava a dar pequenos sinais de agressividade. – Porra, cadê você Naomi!! Vamos conversar! – Levantou a sua espada. – Vocês não saem daqui até que ela converse comigo. Tá me escutando?!!

– É melhor você dar o fora daqui. Se ainda não ficou sabendo, ela não quer falar com você.

– Como é que é?! Você tá achando que é quem, hein?! – Ele então tentava passar pelo Chunin, que até então seguia bloqueando o corredor aonde Naomi tinha entrado com o seu filho. – Eu só vou falar uma vez: Sai... da minha frente! – Sem qualquer tipo de aviso, ele se aproximou velozmente de Eiji e o recebeu com um chute giratório (Konoha Gōriki Senpū) que o atingiu na costela. O Uchiha mal teve tempo para reagir ao ataque, sendo arremessado para o lado, deixando um rombo enorme na parede. – Naomi, aonde você tá?! Precisamos conversar... – Seguia cambaleando pelo corredor.

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Sem nem mesmo conseguir digerir todos os acontecimentos dos últimos minutos, o Uchiha se via soterrado pelos escombros. Estava derrotado. Junto da dor que seguia afligindo todo o seu corpo, também notava que o seu sangue tinha começado a jorrar aos montes das suas feridas, manchando ainda mais a faixa branca que seguia envolta no seu braço direito. Depois de toda a sequência de embates que travou, Eiji finalmente parecia não aguentar mais se levantar e continuar. E enquanto isso, ainda era possível ouvir os gritos do seu agressor, que agora começava a chutar todas as portas do lugar esperando encontrar a sua esposa.

“Então é isso? Esse que é o meu limite?”, continuava tentando se levantar, mas ainda sem sucesso. Mesmo que uma parte sua quisesse apenas ficar ali e desistir, ainda continuava tentando lutar, apesar de já nem ter condições para tal. Não sabia ao certo da onde vinha toda essa sua vontade de continuar tentando, e também não era como se conseguisse fazer alguma coisa de útil naquele estado, mas, mesmo assim, seguiu forçando o seu corpo a obedecê-lo. Foi então que, por um milagre, ele conseguiu se pôr de pé.

– “Assim como os outros ninjas da vila... Eu apenas recebo as missões e as executo” – Se lembrava das palavras que havia dito mais cedo para a Naomi. Com isso em mente, corria em direção ao seu agressor. – EI!! – Assim que ele voltou a ver a figura do homem, gritou – Ainda não acabamos de conversar! – Gotas de sangue escorriam pelos seus braços, que estavam caídos; a sua coluna estava mais curvada que o normal, as suas pernas tremiam e a sua visão estava embaçada.

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Naquele corredor estreito, apenas 15 metros separam os dois. Eles se encararam por instante, e depois partiram ao encontro um do outro. Agora, usando a sua espada, aquele cara atentava contra a vida do chunin, que por sua vez, apenas desviava graças aos seus reflexos. Mesmo que Eiji tentasse finalizar aquele confronto com algum soco ou chute certeiro, parecia que todos os seus golpes diretos eram facilmente lidos pelo seu inimigo, que posicionava sua espada para defendê-lo. E nem mesmo o lugar aonde estavam se safava de alguns golpes de ambas as partes, muitos socos, chutes e cortes acabavam atingindo as paredes daquele corredor que era muito menor do que aparentava ser. Bastou apenas poucos minutos para que várias pequenas crateras se formassem no campo de batalha.

Ainda que o sujeito tivesse boa parte da vantagem naquela luta, Eiji não estava disposto a ceder o controle do embate tão facilmente, assim como tinha feito na noite anterior. Então sempre que desviava de um dos cortes do bêbado, dava um passo para o lado, inclinava o tronco para o lado e, logo em seguida, emendava um algum tipo de ataque. No entanto, não importava o quanto tentasse, o seu inimigo não cedia, era como se as motivações dele superassem às do Uchiha.

Depois de um tempo trocando golpes sem sucesso contra aquele homem, Eiji tinha sido capaz de notar que todos os seus cortes com a espada almejavam sempre atingir o seu lado direito do corpo, já que a sua destra estava inutilizável, e, provavelmente, aquele cara tinha percebido isso. Por outro lado, a única coisa que o Chunin conseguia perceber era que os seus golpes sempre eram antecipados, mesmo quando os fazia apenas por instinto ou reflexo. Este e outros detalhes revelavam que o seu oponente devia ser alguém acostumado com batalhas, e nem o fato de estar bêbedo o colocava em um patamar inferior.

Percebendo também que já não conseguiria continuar com aquilo por muito mais tempo, Eiji decidiu fazer o seu último e derradeiro movimento: Quando percebesse uma brecha, tentaria se afastar uma distância de 5 metros e então voltaria a correr para frente com a intenção de dar o seu último soco. O seu soco, no entanto, não tinha a intenção de atingi-lo, mas sim o chão, fazendo com que ele perdesse o equilíbrio, tendo em vista que o chão se deformaria com o impacto de toda a sua força. Após isso, o garoto iria flexionar ambos os braços, ignorando a dor que viria a sentir, e projetaria o seu corpo contra a cintura do mesmo, caindo por cima dele.

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Estava acabado. Depois de todos esses segundos que não pareciam ter fim, finalmente o desfecho dessa troca desenfreada de golpes acontecia, tendo o jovem Uchiha como vencedor. Agora, ele estava sobre o corpo caído do homem, apontando uma das suas Kunais para o seu inimigo. Através daquele objeto pontiagudo, a vida de um dos dois teria um fim inevitável, horrível e sangrento, todo o desenrolar da história de ambos culminou para esse momento fatídico.

Quando finalmente o Chunin ia manchar o chão de madeira do lugar com um tom de vermelho tão único, uma voz invadiu os seus ouvidos. – Não... Por favor... – Naomi suplicava pela vida do pai do seu filho. Ela já não era mais capaz de reprimir todos os sentimentos que a machucavam tanto. Se debulhando em lagrimas, mas ainda agarrada ao filho, caia de joelhos, parecia que aquele golpe doeria mais nela mesma do que no seu ex-marido, que por sua vez, tinha um olhar morto no rosto, quase como se ansiasse pelo que iria acontecer.

“Droga! Por que? Por que você quer salvá-lo?”, questionava-se, hesitando em dar um fim a tudo aquilo. Ele não era incapaz de compreender um sentimento como esse, afinal nunca tinha presenciado algo parecido com isso. Voltando a arma para a sua bolsa de armas, decidia atender às suplicas da sua contratante, pois, querendo ou não, ele estava ali unicamente para servir aos seus interesses. – Você tem certeza disso? – Buscava uma última confirmação, antes que pudesse se levantar.

– Deus... Sim. Por favor, apenas vamos embora desse lugar – soluçava – Eu já não aguento mais.

Deixando boa parte daquela pousada aos pedaços, os três iam embora dali. Ao que parecia, tudo o que Naomi tinha ido buscar estava na mochila que ela carregava nas costas. Eiji até que tinha curiosidade em saber o que ela carregava, mas não queria ser indiscreto, então deixava as suas hipóteses guardadas na sua imaginação. Negando todo o cansaço e dores que sentiam, o trio, sem qualquer tipo de descanso prévio, passava novamente pelos portões de Tanzaku, só que agora almejando voltar para a Vila da Folha.


A viagem se estendeu por toda a madrugada, e ainda se tomou por boa parte de manhã, mas, pelo menos, não enfrentaram maiores problemas na sua jornada de regresso.

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