Como bem sabia, o seu braço quebrado poderia lhe gerar empecilhos muito maiores do que podia imaginar. Eiji tinha uma certa noção disso, apesar de não demandar tanta importância para o assunto. Mesmo que quisesse, o Uchiha não seria capaz de negar o seu estado debilitado por muito mais tempo, onde se encontrava impossibilitado de usar um dos braços. Por um lado, preferia apenas aceitar a punição pelos seus atos imprudentes; mas por outro lado, sabia que não poderia mais ficar fugindo de suas obrigações como um Shinobi.

Em uma das várias manhãs sem nenhuma particularidade memorável, ele resolvia sair de casa para voltar a se exercitar, já que se negou a cuidar de seu corpo por um longo espaço de tempo. Não podia dizer que o simples ato de correr de um lado para o outro fosse uma tarefa fácil, mas mesmo assim insistia naquilo, como se sentisse uma estranha necessidade de “afiar” ainda mais o seu corpo, que era tratado como uma lâmina cega, incapaz de cortar qualquer coisa. Durante os primeiros dias de recuperação, aqueles pequenos esforços que insistia em fazer, como saltos e corridas, eram o suficiente para que pudesse ganhar um pouco mais de ritmo, portanto, não se importou tanto com a simplicidade das mesmas.

Uma coisa que também entendia muito bem, é que as vezes lutas eram inevitáveis. Embora nunca tivesse de fato se envolvido em um combate real, tinha plena consciência desse fato, mas isso não queria dizer que concordava com práticas tão barbaras como essa. No entanto, se contentou, de mal grado, em ficar pensando em maneiras de poder voltar à ativa, mesmo com o braço quebrado. As possibilidades não eram tão numerosas quanto gostaria que fossem, e muito menos envolviam métodos simples e práticos, mas tomado por uma obstinação jamais vista, o Uchiha se contentava em pensar sobre as melhores formas de combater os possíveis inimigos que pudesse vir a ter.

“A academia ninja... Como eu odiava aquele lugar...”, se pegava pensando, enquanto não conseguia deixar de recordar sobre os velhos tempos, que nem eram tão velhos assim. Mas ao contrário do que imaginava, aquele sentimento estranho de nostalgia até que podia ser útil para o propósito no qual estava focado. As memórias dos dois anos que passou no lugar eram numerosas, e até incomodas em um certo nível, porém não podia negar a utilidade que elas tinham. Foi então que se lembrou de uma arte ninja da qual detestava, o Shurikenjutsu, ou melhor, a “arte” de ficar atirando armas sem proposito algum (e sem efetividade também, inclusive). Por se tratar de algo que ele até tinha uma certa proficiência, além de ser acessível para alguém no seu estado, o Uchiha não faria questão de se opor àquela ideia.

Com um ímpeto de dar inveja em qualquer um, Eiji dedicava, sistematicamente, cerca de uma hora do seu dia para se exercitar, treinar e afins. A sua rotina não permitia qualquer tipo de falha; não importava se fazia sol ou chuva, frio ou calor e muito menos a dor que pudesse estar vindo a sentir. O que começou como uma solução provisória para um problema passageiro, agora era visto como mais uma arma em seu vasto arsenal. Não importava aonde, parecia que as kunais e shurikens lançadas sempre acertavam o alvo, mesmo quando envolviam as manobras mais improváveis possíveis. A sua evolução conforme o tempo passava foi uma surpresa até mesmo para o Chunin, que nem era capaz de acreditar nas coisas absurdas que fazia com objetos tão pequenos e complexos, mas também que não deixavam de ser armas "mortais".

Os resultados dos seus treinos podiam ser observados de diversas maneiras e sobre diferentes ângulos e perspectivas, assim como constatado pelo mesmo; mas foi ao ver o estado da arvore que usava para treinar que ele pode ser capaz de mensurar a sua evolução. As condições daquele instrumento de treino não poderiam ser piores; apresentava incontáveis marcas de perfurações, tinha várias lascas de madeira ausentes na sua composição e até contava com algumas manchas de sangue ao longo da sua extensão, sangue esse proveniente das suas mãos calejadas. Nem mesmo Eiji podia entender com exatidão o quão longe ele tinha ido com aquele “tapa-buraco”, mas pelo menos sabia que não seria apenas mais um cordeiro assustado no campo de batalha, e agora poderia usar as suas próprias forças para se defender.

Considerações: