—  Sempre soube que as mais altas fileiras divinas me aguardavam, mas enquanto perdurasse por estas terras imundas, deveria me fortalecer cada vez mais. Para me aproximar cada vez mais da perfeição, decidi que iria manchar o solo herético com meu suor - Sagrado, que purificaria a terra dos passos de seres inferiores. Marchei de maneira impotente em direção ao campo de treinamento de Iwagakure, enquanto chamava olhares curiosos de humanos petulantes que ousavam se manter em meu caminho. Em nenhum momento dirigi meu olhar a qualquer um deles, o que lhes causou um sentimento de estranheza. Lhes desprezava com todo o meu ódio, não passavam de meros vermes. Quando enfim alcançara a solidão em meio ao campo de pedregulhos, afastei-me em direção a um pequeno ponto onde se encontravam algumas dezenas de árvores, com o único objetivo de aprimorar não só a minha capacidade física e a força de meu corpo, como também a velocidade. Eu nasci perfeito - Destinado a ser grandioso, então, deveria me aproximar cada vez mais da perfeição. Com punhos duros como o aço e tão veloz quanto o som, rumaria até o meu objetivo destinado.

— "Este solo...Estas árvores...Não merecem o meu toque." — Me enojava somente ao pensar que teria de sujar minhas mãos para conquistar tais objetivos. — "Não importa. Destruirei qualquer lixo que se encontrar em meu caminho." — Finalizei, ainda com a expressão calma e de desprezo.

Suspirando, saltei rapidamente para o topo de uma das árvores - Com um único impulso a partir do solo, capaz de me erguer para mais de dez metros de altura com extrema facilidade. Ao pousar sobre o topo e me equilibrar com somente um único pé, disparei em direção a um galho próximo, buscando saltar de uma árvore para a outra com os impulsos de meu corpo da maneira mais veloz que pudesse. Cruzei não apenas o alto, como também a copa das árvores e a própria terra, deixando rastros por onde meus pés tocavam, movendo-me de maneira veloz, mais do que qualquer animal poderia alcançar. Busquei manter a respiração completamente harmônica, padronizando o tempo entre inspiração e expiração, também cerrando os punhos para dar sequência na próxima etapa do treinamento. Contraindo os músculos dos braços enquanto flexionava as pernas para deixar o corpo mais leve, passei a desferir golpes únicos no tronco de cada uma das árvores. Os golpes deixavam marcas em minha pele, mas não eram pesados o suficiente para ferirem a mim mesmo.

Com o tempo que se passava, o treino se tornava cada vez mais intenso: A Velocidade de meu corpo estava grandemente aumentada, de maneira tão anormal que até eu próprio tinha dificuldades para acompanhar a minha própria movimentação, sendo obrigado a forçar meu corpo ao limite. Flexionava e contraía diversos músculos de uma só vez apenas para ser capaz de distinguir meus movimentos e alternar entre os mesmos, ainda padronizando a respiração enquanto socava e chutava os firmes troncos de madeira, que pouco a pouco eram destruídos com o impacto de meus golpes físicos diretos. Porém, ainda faltava algo para complementar o treino: Uma experiência direta, para derrubar uma das firmes árvores apenas com minha força bruta. Sem utilizar nenhuma técnica, parei a frente de uma que se erguia para mais de seis metros de altura, com um tronco duas vezes mais espesso e largo do que qualquer humano. Pousando a mão destra sobre a madeira, rapidamente iniciei a sequência de golpes com o punho esquerdo.

Somente o primeiro golpe já fora capaz de atravessar a espessa camada de madeira, esmagando uma pequena porção circular da árvore. Então, segui com uma torrente interminável de golpes desferidos tão rápidos do que eu mesmo conseguia suportar, já não mais sendo capaz de controlar a minha respiração. Chutes e socos - Aplicados das mais variadas formas e estilos, eram mais do que capazes de destroçar por completo o tronco de madeira, derrubando a árvore no processo. Porém, acabara por cair sobre mim. Oculto sob sua sombra, apliquei um chute alto contra um ponto já danificado da árvore contendo toda a minha força, suficiente para rachá-lo até o outro lado e dividir o tronco arruinado em duas metades irregulares, pondo fim à existência de tal.

Ao terminar o exercício, estava ligeiramente ofegante, e o suor escorria pelo meu corpo e através do traje azulado. Mesmo assim, mantive a postura inexpressiva, simplesmente dando as costas para retornar até os portões do campo de treino. Me dirigi de maneira lenta, sem apressar o meu passo. Não estava disposto a drenar mais de minha energia com uma caminhada simplória até minha residência temporária. Meu corpo definido e esbelto realçava as qualidades de um ser divino; E a evolução rápida de meu corpo provava mais uma vez que eu possuía um dom natural: Não apenas isso, havia sido enganado como mortal nesta terra maldita. Eu nasci como um deus, e portanto, não aceitaria nada além dos céus. Ao retornar para a residência, tranquei sua porta e rumei até o quarto, onde buscaria descansar por algum tempo. Mesmo eu deveria recobrar as minhas energias. Era tudo o que me restava a fazer, afinal.

— "São audaciosos o suficiente para me colocarem em uma posição de relés genin. Eu tenho o semblante de um verme como aquelas crianças imundas? Tenho o corpo infante e magricelo? Tenho um rosto marcado pela desgraça? Sou uma escória da sociedade? Não. Sou superior a todos eles. Eu nasci com sangue divino. Eles pagarão caro por isso." — Ditava, enquanto me olhava no espelho, sentado à beira da cama.

Não me sentia pertencente à raça humana. Aos meus olhos, todos eles eram iguais, todos eles eram igualmente patéticos. Porém, minha voz não seria facilmente ouvida enquanto não alcançasse grandes feitos. Então, que fosse feito. Eu, aquele que provou da Ambrósia mesmo antes do nascimento, ascenderia até o topo dos céus deste país.

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