Arquivo – Verão, 14 D.G.
Arredores de Iwagakure, País da Terra.
Locais diversos
Registro oficial: Três contratos de classificação D foram expedidos pelo Quartel General. Dada a urgência e falta de shinobis disponíveis, deveriam ser realizados dentro de um prazo de 24hrs.
Kunoichi responsável: Chinoike Shinzō – Genin.

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A primeira tarefa do dia era também a mais estranha desde que se formou na Academia. O contrato, feito em nome do próprio Quartel General de Iwagakure, solicitava a incapacitação/neutralização de um grupo de ursos que havia se aproximado da vila, assim como a coleta de seus pelos – sendo a última parte a mais importante.

Não era como se ela não fosse aceitar ou se sentisse infeliz com aquilo; para quem estava começando de baixo, qualquer coisa serviria. Mas após duas missões de rank-C em sequência, tarefas de rank-D pareciam totalmente sem graça. Em suma, não havia desafio.

Decidiu que a forma mais rápida era colocando os animais para dormir, e assim ela fez através do Genjutsu: Ketsuryugan. Com seu doujutsu, a Chinoike incapacitou as feras pelo contato visual, ganhando tempo o suficiente para retirar os tufos de pelos, guardar em sacos herméticos, que por fim seriam entregues ao QG.

O leve suspiro que escapava por seus lábios era a única manifestação externa de seu desagrado em estar usando a Kekkei Genkai de seu Clã em animais selvagens. Por outro lado – e esse pensamento a fez sorrir por alguns instantes –, se pensasse bem, qual era mesmo a diferença entre esses animais, e aqueles que ela normalmente encontrava sobre duas pernas?

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Nos arredores de Iwagakure haviam acampamentos médico-hospitalares montados às pressas para atender a diversas demandas, desde a pesquisa de campo à chegada constante de feridos vindos das regiões periféricas da vila oculta. Muita coisa estava acontecendo pelo mundo, e embora ela não soubesse de todos os detalhes, seus sintomas ecoam por ali também dia e noite.

Agora, sua missão era assumir o posto de guarda de um desses acampamentos. O local ficava relativamente afastado das muralhas, mas ainda dentro da zona de influência direta da aldeia, de maneira que as chances de sofrer um ataque eram bastante baixas – porém, como fora instruída, nunca nulas. Em tempos de incerteza, a única constante era que sempre haveria variáveis.

— Obrigado por cuidar de nós — uma das iryo-han lhe disse ao final do dia, quando deixavam o acampamento para a troca de turnos.

— Anata hitori janai — recitou em resposta, um velho provérbio na aldeia ensinado às crianças. Seu significado era como “você não está sozinha”, algo que indicava que aquela pessoa estava passando ou passaria por uma árdua tarefa, mas que não estaria a só. Para Shinzō dizer aquilo era apenasu ma forma de ganhar a simpatia das pessoas sem precisar pensar muito nas palavras, mas a mulher abriu um sorriso ainda maior antes de sair.

Já ela, mais uma vez suspirou, desapontada. No fim, realmente nada aconteceu.

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“Entregar documentos confidenciais para uma vila aliada não é uma missão de rank-D”, a jovem Chinoike se queixava mentalmente enquanto fazia o trajeto de Iwagakure até Jarigakure, uma pequena vila no País da Terra. “Eles só não querem pagar por uma missão rank-C”.

Jarigakure era a aldeia do Clã Jari, que eram amigos de Iwagakure. De acordo com o que lhe informaram, a aldeia em si não era muito maior do que o bairro onde normalmente um clã construía suas residências dentro de uma das Grandes Aldeias, mas os Jari eram aliados importantes para manter o controle sobre uma nação tão extensa e por isso o QG mantinha o contato frequente.

A mensagem era confidencial, então a garota, obviamente, não sabia seu conteúdo. Não podia ser grande coisa, já que só uma genin fora despachada (embora isso tenha se tornado um hábito em uma vila em reconstrução), mas também haveriam aqueles interessados por seu conteúdo, por algum motivo.

“Quando vão inventar uma maneira de se comunicar com outras pessoas sem precisar sair de casa?”

Tal como esperado, o ataque ocorreu na metade do caminho, na famosa “terra de ninguém”, onde, embora fosse um território nacional, as patrulhas eram menos constantes. No grupo havia três sujeitos mascarados, e desses apenas um usava uma bandana riscada. Kusagakure, talvez? O símbolo era parecido.

— Certo, vamos acabar logo com isso — falou, desanimada. Ela própria sabia não ser grande coisa ainda, mas enfrentar não-shinobis era extremamente tedioso.

Talvez encorajados pelo fato dela ser só uma garota sozinha usando um terno ao invés de uma armadura de batalha, os dois capangas decidiram atacar sem demora. Eles portavam machetes visivelmente enferrujados, do tipo usado por ladrões que nem sabiam o que estavam roubando. Com uma rápida sequência de três selos, ela bateu a mão no chão na formação do Doton: Retsudo Tenshō. Sob seu comando, a terra sob os pés dos agressores, quando estavam a 10 metros da genin, se rompeu em várias partes e começou a afundar em espiral, os puxando para seu interior. Seus gritos foram acompanhados pelo som das rochas se reajustando em seus locais, para no fim os dois serem enterrados vivos.

Visivelmente frustrado, o suposto fugitivo/exilado de Kusagakure realizou seu próprio conjunto de selos e cuspiu várias pedras contra a garota. Ela, por sua vez, teve tempo o bastante para criar o várias paredes de terra através do Doton: Renga no Jutsu, que efetivamente bloquearam seu jutsu e fizeram sumir de vista temporariamente..

— Ei — chamou sua atenção, tendo se movido até suas costas com o Shunsin no Jutsu. Seu braço estava apontado para o corpo do homem, carregado com uma carga de Vita roxo. — Pelo menos saiba diferenciar quem deve e quem não deve ser assaltado na rua.

No fim, ela o deixou ir. O primeiro motivo era que não matá-lo não fazia parte de sua missão, então se o homem viveria ou morreria era apenas um capricho de sua parte. O segundo motivo, era que agora haveria ali uma dívida de gratidão – era pouco provável, mas, quem sabe, um dia aquele sujeito poderia voltar a cruzar seu caminho e lhe ser útil.
Ah, tinha um terceiro motivo, aliás: ela não queria gastar Vita atoa.

Até o fim do dia a mensagem fora entregue sem maiores complicações, e, após concluir seu relatório, pôde enfim voltar para casa e ter seu merecido banho.

Considerações: