Era mais um dia em Iwagakure, numa manhã de Primavera. Os passos apressados de Seyse a levaram novamente ao canteiro de obras, onde novamente seguiria uma das missões contidas no quatro da vila. Vestia os mesmos trajes de outrora, pois considerou propícios para as atividades que realizaria. A jaqueta curta de linho azul possuía algumas manchas de tinta, mas não era nada muito notável. A cota de malha ainda tinha alguns traços de tinta nítidos, mas como era um utensílio defensivo ninja, não precisaria se preocupar com tais implicações. A coloração de sua saia havia mudado para tons salpicados de tinta branca, embora ainda estivesse satisfeita com ele. O short era diferente do anterior, mas ainda contratava com a coloração das demais vestes. Ambos os braços estavam equipados com bandagens, enquanto ambas mãos estavam cobertas por luvas longas, cujo intuito principal era prevenir machucados em suas mãos enquanto trabalhava. Finalizando o seu traje, um par de meias longas eram utilizadas, cuja coloração remetia às suas luvas, dando suporte para a sua sandália, equipada com um salto de cano curto, dando mais alguns centímetros para si, embora não muitos.

Ignorou qualquer indivíduo que estivesse ao seu redor, focalizando suas atenções no Mestre de Obras. Novamente, com estranhamente, ouviu alguns comentários desagradáveis, mas após certa insistência Seyse conseguiu convencer o mesmo a permitir sua participação nas obras de calçamento das ruas. Desta vez não iria sozinha, o acompanhamento de outros operários viria a facilitar a conclusão da atividade.

Auxiliou a carregar sacos de cimento e outros sedimentos, com o auxílio de carrinhos de mão, para que pudesse facilitar a locomoção. Sentia certa dificuldade em lidar com o peso, mas haviam outros trabalhadores no recinto capazes de completar a força que faltava-lhe quando precisava. A quantidade de área lamacenta ao norte de Iwagakure gerava um aspecto desagradável, supondo se tratar de uma parte menos favorecida da vila, considerando um certo descaso. Não julgaria as circunstâncias sem possuir noção dos motivos para tal, mas era no mínimo questionável, na concepção da Uchiha. Desvencilhou os devaneios de suas pautas e permaneceu sólida em seus afazeres, distrações apenas prejudicariam o andamento das obras.

Após levar os sedimentos importantes para a obra, com o auxílio de outros operários, repetiu as suas funções com as rochas que seriam utilizadas no empreendimento. Paralelepípedos, tijolos e em algumas ocasiões cerâmicas foram transportadas até a área. Com muito esforço, conseguiu ser efetiva na sua participação, embora em diversas ocasiões sentisse os músculos rígidos. O suor já era evidente, e o clima de uma manhã de Primavera apenas servia para intensificar o calor que sentia. Removeu a jaqueta e despejou um pouco de água em seus cabelos, para amenizar a sua situação.

A terceira e última etapa foi a obra propriamente dita. Os operários realizaram os procedimentos de calçamento, cimentando a área e pondo o piso. Não teve muita participação nessa parte, ajudando principalmente a contabilizar a quantidade de matérias-primas que haviam sido utilizadas, além de fornecer água ou suporte quando necessário. Evitou diálogos durante todo o transcorrer da missão, apesar das exaustivas tentativas. Na condição de Kunoichi de Iwagakure, não poderia desviar seu foco, independente da situação.

Seyse estava dispensada ao fim da manhã, não haveria mais oportunidade de participação para a mesma. Assumiu que a tarefa foi concluída e retornou ao canteiro de obras em seguida, para informar o relatório e solicitar as suas recompensas. Esqueceu-se da jaqueta no meio do seu cronograma, tamanha a sua imersão. As fortes dores de cabeça e os leves esquecimentos que tinham apenas favoreciam ocasiões do cunho, precisaria lidar com esse empecilho o quanto antes. Momentaneamente, a Uchiha deixou os seus problemas de lado e cumpriu com as suas obrigações.

— Aqui está o relatório — entregou os papéis ao Mestre de Obras — Estou dispensada?

— Parece-me bem feito. No final das contas, você serve de algo, apesar de não parecer. Todas as mulheres deveriam ser assim.

— Obrigada — ignorou o comentário ofensivo e simplesmente seguiu o seu rumo. Algum dia, Seyse seria respeitada pelos seus feitos, independente de seu sexo. Até lá, precisaria tolerar palavras como aquela, por mais ofensivas que fossem.

HP: 1575/1575 | CH: 1075/1075 | ST: 00/07

”Traje”:

Considerações: