Perambulava preguiçosa pelos meus cômodos. Acordei naquela manhã pensando que seria mais um dia comum, como tantos outros. Descansava após tantas missões em seguida, tendo completado mais de duas dezenas de missões durante a semana. Era para ser apenas mais um dia comum... Pelo menos eu pensava.

Durante a manhã ainda, enquanto eu calmamente bebia chá lendo um livro, fui alarmada por um rápido e forte bater em minha porta – quase despejei os conteúdos de minha xicara de chá sobre meu livro – e vendo a urgência, me levantei, ainda vestida em pijamas, e atendi a porta.

Lá, um Chunin qualquer me aguardava, ofegante, me entregando ordens imediatas para seguir até o Gabinete do Raikage. Vendo que se tratava de algo urgente, apenas juntei a minha bolsa de armas deixada próxima e parti em direção ao gabinete, empurrando o Chunin para fora de meu caminho.

Seguindo as rotas mais rápidas por cima dos telhados, cheguei lá em alguns minutos, um pouco ofegante, mas preparada para o pior. Não fui recebida por Kazuha-sensei, como era de costume. Ao invés, fui abordada e recebida por um outro homem, este com feição pálida e óculos, assim como eu, que me orientou a segui-lo até as partes mais fundas da torre.

Lá embaixo, me deparei com algumas salas e escritórios pouco familiares a mim. Paramos em uma sala escura e fechada onde apenas existiam duas cadeiras e uma mesa – muito parecido com uma sala de interrogação. Não tive muito tempo para questionar a razão do cenário ou minha presença ali, pois assim que me sentei, o homem começou a despejar fotos pela mesa e me orientar sobre o motivo de eu estar ali.

Uma pequena vila com sua própria academia Ninja, ao noroeste, estava sendo vítima de vários desaparecimentos e assassinatos. Observei as fotos de perto, já sendo incapaz de associar tudo aquilo com minha recente excursão a Chori – ‘Pelo menos ele teve a decência de dar um final belo aos corpos’, pensei, lembrando as pilhas de corpos mutilados em decomposição que encontramos em Chori. Felizmente para mim, a recente experiência assim como as mais antigas tinha me deixado um pouco dessensibilizada a toda a carnagem.

Assim como em Chori, imediatamente minha mente pulou para Kiri – Será que a vila da névoa também está envolvida em tudo isso? É uma consideração preocupante para se ter... Se realmente estiverem matando estudantes dentro do território do país, a guerra será inevitável.

- “Compreendo, minha missão é somente descobrir a causa dos assassinatos, ou devo também eliminar o assassino? Devo trazê-lo com vida, ou posso eliminá-lo?” – Indaguei, não tendo ficado claro no breve discurso do homem. – “Além disso, terei algum contato interno no vilarejo, ou estarei a sós?”

Aguardava atentamente as respostas do homem, e assim que fossem dadas, iria brevemente me curvar, saindo da sala e voltando para superfície. – “Compreendo. Não irei decepcionar. Avise á Raikage-sama que eu não estarei presente para a visita que marcamos.”

Assim que saísse dali, iria diretamente para meu apartamento, dessa vez me preparando de forma mais adequada para a missão que viria a seguir. Retirei os pijamas, dessa vez vestindo um dos vários uniformes formais que eu possuía, tentando passar a imagem de professora o melhor possível. Com essa fachada em mente, também modifiquei o estilo de meu cabelo um pouco, desamarrando-o e o deixando solto, além de usar um pouco de maquiagem, algo que eu não fazia com frequência, para me deixar menos parecida com Nora, tentando evitar detecção no outro vilarejo.

Não iria partir sem minhas armas e ferramentas, porém, mas precisava manter elas escondidas. Coloquei os dois mecanismos de Kunai Oculta em cada braço, afixando cada uma das minhas Chakura To a uma delas, para ficarem em acesso fácil. Afim de modificar minha aparência o menos possível, Vesti minha bolsa de armas virada para a frente da coxa, afim de não bater contra outros objetos, e coloquei o colete por cima das roupas, e com uma breve utilização do Henge no Jutsu, fiz com que ambos desaparecessem.

Antes de partir, também fiz uma revisão dos documentos a que me forem entregues, para melhor me preparar psicologicamente para me passar por ‘Halno, a professora substituta’. Assim que estivesse familiarizada com os documentos e tendo preparado uma rotina interna, iria partir.

O Objetivo era chegar até o vilarejo antes do fim da tarde, para ainda chegar lá com tempo de sobra para interagir com os diretores e coordenadores do local, talvez até fazer alguns questionários sobre os assassinatos, mas caso tal viagem fosse muito cansativa ou demorada, iria tentar chegar até o local na manhã seguinte, brevemente acampando em um lugar favorável do relevo extremo do país dos trovões antes de partir em seguida. Mas, antes de decidir o que iria fazer, primeiro precisava chegar até lá.

Sem mais delongas, suspirei profundamente, e saí pelo portão do norte.

Minhas sobrancelhas franziram profundamente com as respostas do homem. Tentei não mostrar uma feição hostil, mas fui incapaz. ‘Quem esse filho da mãe acha que é...?’

Mas, sem mais delongas, fiz como pretendido – passando brevemente no apartamento e me deixando preparada para a missão que viria a seguir.

Para meu deleite, a viagem fora calma e pacífica, e com um breve descanso na marca de três horas por alguns minutos para beber água e respirar, cheguei lá em pouco mais de cinco horas – Ainda a pleno tempo para pegar o movimento do almoço e a troca de turnos.

Esperava ser abordada nos portões, e meus documentos exigidos pelos guardas, mas parecia que aqui o sistema era um pouco mais aberto e menos seguro do que em Kumo, e ninguém tentou me parar ou abordar para questionar minha entrada. Talvez a proximidade com uma das cinco grandes vilas houvesse deixado a guarda deles menos baixa, e confiantes na segurança... Claramente, com os assassinatos que vem ocorrendo, estão completamente errados. Apenas um louco para deixar uma cidade inteira completamente aberta em tempos tão turvos como os atuais.

Passando pelos portões desimpedida, tive que admitir que me deparei com um cenário bem diferente do que eu imaginava – apesar dos horríficos assassinatos que aconteciam no vilarejo, o lugar inteiro demonstrava uma aura de calmaria e animação, com crianças e adultos se divertindo pelas ruas, que estavam bem decoradas e animadas com flores e faixas. Imediatamente, uma suspeita começava a permear meu núcleo, mas tentaria deixar passar por enquanto – ainda havia muito para se descobrir e explorar aqui.

Enfim, deixaria passar minhas suspeitas e paranoias pelo momento, e deixaria para descobrir sobre o que se tratava esse festival de flores e o motivo de toda a animação em um momento futuro. Me dirigi diretamente até a Academia Ninja, onde iria criar meu álibi e deixar marcada minha presença. Iria procurar por um dos administradores vigentes, apresentar-me como Halno, a professora substituta, entregando a papelada que fosse pedida, e já tentar descobrir onde e como eu deveria me encaixar dentro da academia, já dando aulas ou até mesmo apenas agindo como ajudante – nenhuma dessas funções eram estrangeiras para mim, já sendo missões que eu havia realizado no passado. Com isso em mente, estava confiante que iria passar uma imagem plenamente convincente para qualquer observador de que eu era, de fato, apenas mais uma professora da academia.

A diversão iria apenas começar quando a noite virasse. Então, o jogo de gato e rato iria começar. Não sabia por onde começar – De fato, uma investigação dos lugares onde os assassinatos ocorreram seria a primeira ação mais prudente. Mas, depois disso, para encontrar esse monstro? Uma isca, talvez? Sacrificar mais um dos alunos para encontrar o malfeitor, ou usar a mim mesma como um chamariz para atrair o assassino? Quantas noites iriam demorar para eu encontrar o assassino? Será que seria um oponente que eu poderia derrotar?

Eram todas coisas a quais eu me questionava, incapaz de responder agora. Voltando para a realidade, finalmente adentrei a academia.

Arrumei o cabelo, me preparei, e tossi uma vez para limpar a garganta. Preparei uma fachada... Algo que me separasse de Nora, pelo menos por enquanto. Então, adentrei a academia.

Fui recebida por uma mulher um tanto animada – mas também parecendo estar um pouco sobrecarregada. – “O-Olá! Me chamo N-Halno...” – Droga. – “Fui encarregada como a professora substituta!” – Informei, respondendo os questionamentos da mulher, e logo fui direcionada até a sala dos professores.

Assim como na recepção, pensei que iria ser abordada pelos presentes na sala assim que entrasse, mas não foi. Ao invés disso, o que eu escutei foram conversas sobre o assunto que me trazia até aqui – os assassinatos. Peculiar, apenas garotas, e garotas atraentes? Isso pode vir me ajudar.

A informação de que um novo corpo foi encontrado também me alertou, e eu fiz uma nota mental de investigar o local assim que possível. Acima de tudo, a falta de preocupação dos professores com a situação me deixava um pouco chocada. Eram suspeitos, ou já estavam acostumados com os ocorridos até o presente momento?

- “Obras de arte antigas?” – Falei, finalmente me aproximando do grupo, tentando me enturmar como se não houvesse escutado o restante do que estavam conversando. – “Eu sempre quis me formar em artes! Tenho várias obras que ficaram na casa dos meus parentes – ah! Que modos os meus. Meus perdões!” – Exclamei, me desculpando e estendendo uma mão para ser apertada. – “M-Me chamo Halno! Prazer! Sou a nova professora substituta... Me mandaram falar com o Diretor Hawks? É algum de vocês?”

É claro, eu havia escutado o inicio da conversa, e sabia que Hawks provavelmente não estava presente na sala, mas eu gostaria de acreditar que estes derrapes e deslizes fossem suficientes para enganar a todos. Ao final, esperando a resposta, me virei para a maquina de café... Mmmm, Café. – “S-Se importam se eu servir um pouco de café para mim mesma, por favor?”

Em qualquer situação, ainda não era hora de agir. Iria aguardar ser recepcionada pelo diretor Hawks, e iria dirigir as questões maiores para ele – talvez, se surgisse um momento oportuno, onde todas as vantagens fossem minhas, não seria uma conversa de igual para igual, mas sim de investigadora para colega ou até mesmo possível suspeito.

Caso houvesse tempo e não despertasse suspeitas, eu também iria aproveitar para brevemente perambular pela sala – tomando nota do que exatamente era escrito na papelada, se havia qualquer aviso ou alerta sobre os assassinatos, e também observando todos os destaques e panfletos do quadro mais de perto – quem sabe, talvez, se houvesse um papel com as alunas destaque, as preferidas fossem as próximas a ser mortas...

As hostilidades não passaram despercebidas ou ignoradas por mim – e eu, lá no fundo, estava fervendo de ira. Qual era o problema de todos hoje, agindo como se fossem mais do que realmente são? Mas, afinal, eu era apenas uma Genin passando por Novata em uma missão de alta importância. Eu iria aguardar o meu momento para brilhar.

Já imediatamente lançando um olhar ferido, como se as palavras da mulher mas velha realmente me ferissem emocionalmente, recuei alguns passos e abaixei a cabeça. Quando a mulher grosseira e o doutor haviam se retirado, eu finalmente me aproximei da máquina e me servi um copo quase transbordando de café... Aguentei a vontade de virar a garrafa diretamente na minha boca – Afinal, não é como se a água fervente fosse me machucar.

Após aproveitar todo o conteúdo do copo, com um pequeno sorriso agradado no rosto, me virei calmamente para o professor de Genjutsu. – “Senhor Rikaro, certo? O senhor ensina Genjutsu? Eu sempre encontrei a arte extremamente interessante, mas creio que meu controle de Chakra nunca foi o melhor para poder melhor aproveitar meus estudos...” – Menti, como se eu mesma não fosse apta a fazer uma ilusão ou outra.

Finalmente, escutei ele mencionar a ‘sujeira’ mais uma vez, mas, como essa seria a primeira vez que “Halno” iria escutar falar sobre isso, era hora de o questionar. – “Sujeira? Não me diga, alunos baderneiros fizeram traquinagens?” – Falei, com um pequeno sorriso, fingindo ignorância sobre tudo que acontecia. – “Alias, eu escutei alguns rumores antes de vir para cá, sobre alguns sequestros ou algo do tipo? Já pegaram o sequestrador?” – Adicionei, para firmar que sim, estava ciente que algo estava acontecendo, mas que não, não fazia a mínima ideia do que exatamente estava acontecendo.

Perfeita fachada. Enfim, iria aguardar as respostas do homem antes de partir em encontro com senhor Hawks, parando para considerar as palavras de Rikaro antes de partir, caso me repassasse alguma informação interessante.

Após sair da sala dos professores, iria de encontro com Hawks dentro da quadra fechada. Um lugar... Estranho para se deixar um corpo. Só esse fato já fazia vários alarmes e apitos soarem dentro de minha mente. Precisaria examinar a cena antes de mais nada, mas, enquanto não houvesse suspeitas firmes, iria me manter oculta atrás de minha álter ego.

Sem bater, iria adentrar na quadra fechada, já me anunciando – “Diretor Hawks, o senhor está ai?” – E seria nesse momento que iria observar os conteúdos do local, e, dependendo do que houvesse ali, iria fingir emoções. Caso não houvesse nada em clara vista, iria apenas passar a visagem animada e desacordada que havia criado. Mas, caso houvessem pedaços de corpo a clara vista, iria fingir choque, pânico e enjoo – tudo dependeria do cenário que ali houvesse.

Enquanto conversava com o instrutor de Genjutsu, notei uma leve e sutil alteração no meu fluxo de Chakra... Esperto, mas inefetivo. Com um balançar da cabeça, juntei as mãos no selo do Tigre e pulsei meu Chakra para desfazer a ilusão. - “Quando eu disse que nunca aproveitei muito da arte... Não disse que não sei reconhece-la, Senhor Rikaro. Enfim, Até mais! Bom trabalho.” – Falei, com um sorriso no rosto, após escutar o que ele tinha para falar.

Sujeito estranho... Suspeito. Assim que houvesse uma deixa, seja ela qual for, um momento sozinha ou um canto que pudesse estar escondida e passar despercebida, iria tentar invocar duas Kage Bunshin, e elas saberiam o que teriam que fazer – Assim que fossem criadas, elas iriam usar o Henge no Jutsu.

A primeira iria se transformar em uma velha gordinha vestida de faxineira. Essa mesma iria seguir o professor da forma mais sorrateira possível, para descobrir, principalmente, se a sala de aula era de fato o destino do homem. Caso fosse descoberta, ela iria tentar fingir senilidade ou esquecimento, buscando um espanador para terminar seu trabalho.

A segunda, por sua vez, iria tomar a aparência de um homem de meia idade, grisalho e barbudo, vestido de empreiteiro, sujo e com uma caixa de ferramentas em uma das mãos, e um balde de tinta na outra. Caso qualquer um perguntasse, o homem estava apenas “Arrumando a bagunça na quadra,” e esse mesmo iria partir em busca dos outros dois que haviam já saído – A gorda rude, e o garanhão, apenas para observar o que estavam fazendo.

Mas tudo isso, é claro, se eu encontrasse um momento oportuno e seguro para fazer isto sem ser percebida. Caso contrário, iria simplesmente me dirigir até a quadra.

Chegando até o devido lugar, não pude ver muito antes de ser abordada – encontrei a feição de quem eu acreditava que era Hawks, e via vários sacos contendo objetos, e é claro, o objeto mais importante, o que acreditava que era o corpo da nossa vítima. Então, uma guarda feminina se aproximava, com outros dois logo em seguida. Ótimo.

Nenhum deles me parecia extremamente hábil. Considerei minha fortuna... suspirei, e vesti um sorriso. – “Acalmem-se, todos. Estou aqui apenas para ajudar, preciso conversar com senhor Hawks.” – Calmamente deslizei a mão sobre a lateral do meu corpo, onde a ilusão que fazia desaparecer minhas armas e colete estava sobre efeito. Coloquei a mão sobre a empunhadura do meu cajado, e com um gentil pulso de Chakra, lancei a ilusão pretendida sobre os três, excluindo Hawks da ilusão. – “Então eu Sugiro que vocês não me causem muitos problemas, e me deixem conversar a sós com o senhor Hawks, por favor?” – Caso houvesse sucesso, minha ilusão iria fazer com que os três concordassem plenamente comigo, vendo nada de errado em meu argumento, e iriam sair da proximidade, deixando eu a sós com Hawks.

Caso obtivesse sucesso em minha arriscada empreitada, adquirindo um momento a sós com o Diretor, poderia finalmente começar de vez essa missão. Caso contrário, bom, fingir que não sei o que foi aquela estranha flutuação de Chakra e tentar sair de fininho. Meu carisma iria me ajudar aqui.

No caso de ter tido sucesso, e pudesse me aproximar de Hawks sem nenhum problema, iria brevemente me curvar, me apresentando. – “Saudações, sou a nova professora substituta. Me orientaram a falar com o senhor.” – Falei, com um sorriso. É claro, Hawks não estaria sem suspeitas caso meu último plano houvesse obtido sucesso, e eu iria deixar bem claro na minha entonação de que eu, de fato, sabia bem mais do que deixava passar. – “Creio que temos que discutir alguns assuntos, mas é importante fazê-lo fora de onde ouvidos alheios possam escutar. Por acaso o escritório do senhor é um bom lugar para ter tal conversa?”

O que? Eu preciso de um aliado nessa investigação. Não dou conta de tudo sozinha, ora bolas...

A primeira clone, vestida de faxineira, ainda tinha suas grandes suspeitas de que o professor de Genjutsu estava fazendo algo suspeito... Mas, não tendo certeza do que de fato poderia ser, e não podendo se aproximar sem atrair mais olhares, decidiu por apenas ficar observando de perto... E assim que possível, fora de vista, iria fazer uma rápida utilização do Genjutsu: Kai para desfazer quaisquer possíveis alterações. Estava lidando com um adepto em Genjutsu, afinal.

O outro, o empreiteiro, também ainda não havia encontrado nada de interessante – seguiu a Gorda Rude por um corredor estreito com portas adjacentes... Lembrava-me de um banheiro, mas não aparentava ser realmente um banheiro. Sem muitas indicações óbvias do que poderia ser aquele lugar, e sem a utilidade das ferramentas ninjas em sua posse, estava em desvantagem. Iria tentar encontrar alguma coisa próxima – uma caixa de energia, uma lâmpada, uma tomada – e começar a mexer com o objeto, como se estivesse tentando desvendar um defeito, fazendo utilidade completa de seu disfarce para ficar por perto e observar o movimento. Como ainda não havia visto o médico por perto, também, iria ficar de olhos abertos.

Já eu mesma, ainda em meu disfarce como Halno, havia sido completamente mal interpretada pelo Diretor, que acreditava ser uma cantada... Fantástico... – “Creio que o senhor não tenha compreendido bem as minhas intenções, perdoe o desentendimento.” – Forcei, com uma breve risada, já me colocando em frente ao homem, tentando impedir sua saída e fazê-lo focar em mim. – “Sou atraída ao mesmo gênero, mas tenho pouco interesse em algo tão frívolo, prefiro focar em minha carreira. Mas isso pouco importa agora, o que importa é que as alunas dessa escola estão sobre grande perigo... E há suspeitas de que o assassino seja um dos docentes.”

Hora do show... Espero que funcione. Que a fortuna esteja comigo.

- “Palavras dos assassinatos chegaram aos ouvidos do nosso ilustríssimo Sandaime Raikage, Kazuha-Sama. Ele, como o senhor deve saber, é um homem de família, e apesar de ter um coração bondoso, não é uma pessoa que pegue tão leve com criminosos perigosos.” – Introduzi, visando relembrar o homem da visagem do mais novo Raikage. – “O senhor também deve saber que ele possui uma técnica muito poderosa, o Hiraishin. Eu já vi aquela técnica em uso, é bem interessante... O que quero dizer é que, em um estralar de dedos, o próprio Raikage estará aqui, e ele não vai descansar até ter o crânio do assassino como troféu em sua mesa.” – Respirei, deixando com que a imagem mental do próprio Raikage vindo e fazendo um bom estrago fosse criada na mente do homem, e parti para a parte final do meu discurso – “Se o senhor valoriza seu cargo, sua vida e sua família, e eu acredito que o senhor os valorize muito, irá me ajudar a encontrar e eliminar esse assassino... Caso contrário, bom, as sanções vindas diretamente dos escritórios centrais de Kumo não serão nada, mais nada divertidas.”

O sorriso no meu rosto naquele momento era um que prometia muita dor. Não fiz questão de suprimir o meu Sakki, focando-o todo na direção do homem, e também, por boa medida, pulsei meu Chakra no cajado, visando lançar sugestões psíquicas na mente dele. A mensagem subliminar que iria ser implantada na mente do diretor seria bem clara e audível – ‘O senhor VAI me ajudar, o assassino VAI morrer, e tudo vai dar certo no final.’ – Eu não tinha a mínima dúvida de que o homem seria capaz de completamente suprimir os efeitos do meu Sakki, assim como teria capacidades para desfazer o Genjutsu com a mensagem subliminar...

...Mas seriam essas mesmas capacidades que iriam dizer a ele que teria finalmente encontrado uma boa candidata para ajudar nas investigações e concluir esse caso. Na mente do diretor, pensava que ele iria considerar as circunstâncias, passadas e atuais, e vendo que eu já havia jogado todas as minhas cartas na mesa, tudo iria indicar a ele que a melhor opção nesse momento era me ajudar. E é claro, se caísse no blefe, que era mais verdade do que blefe, ele iria também ter certeza na mente de que se negasse meus pedidos, estaria se candidatando a ser o principal suspeito... E eu sei que ele sabe que eu sei disso. Não existe boa razão para me negar, agora. – “Então, Senhor Hawks, sabe se o seu escritório é um bom lugar para se ter uma conversa sigilosa?”

Eu realmente teria que admitir que o que acabava de acontecer me deixou completamente perplexa e chocada... Realmente, não esperava por isso. Será que os dados da fortuna haviam finalmente rodado em meu favor? Mas, antes de poder pensar mais afundo sobre o que havia acabado de acontecer, e sobre a profunda hilaridade da situação, escutei os guardas voltando. Pensei que havia mandado eles cairem fora? Lá vamos nós...

Acreditando estar finalizando essa investigação de uma vez por todas, lembrei dos meus clones, mas decidi não os desfazer ainda para poder focar no momento atual. Ainda tinha que certificar-me de que Hawks realmente estava morto (E também de que ele realmente era o assassino), mas também não queria me arriscar com esses monitores de corredor que estavam vindo atrás de mim... Não tinha nenhum medo do que eles poderiam fazer comigo, mas também não queria mostrar todas as minhas cartas agora. Eu era Nora, a usuária de Genjutsu, não Nora a Imortal... E eu realmente queria mostrar toda minha capacidade com Genjutsu, então decidi jogar o jogo deles e mandar tudo de volta. Dei um breve peteleco nos brincos presos aos meus ouvidos, os ativando, e me preparei para o embate que viria a seguir.

- “Parados aí mesmo!” – Ordenei, ao mesmo tempo que desfiz minha transformação em uma pluma de fumaça, agora mostrando a bolsa de armas, o colete nas cores de Kumo e o meu protetor de testa, também marcado pelo símbolo de Kumo. Alguém com pelo menos dois neurônios já iria saber que não era uma boa ideia me atacar. – “Shinobi em missão oficial, advinda de ordens diretas e oficiais do Raikage! Abaixem as armas e parem as ofensivas, ou se preparem para lidar com as sanções!”

Enquanto eu adoraria acreditar que aquilo seria mais do que suficiente para fazê-los parar, repensar, e me deixar passar, também sabia que Ninjas, policiais e guardas todos tinham uma enorme característica em comum... Tendiam todos a ser completos cabeças-duras. Sendo assim, ao mesmo tempo que falava, também preparava defensivas e tecia ilusões com a ajuda do Cajado.

Em primeira ordem, realmente não queria ser atingida por seja qual fosse o golpe que eles iriam desferir em minha direção, então pulsei meu Chakra pelo cajado e a primeira ilusão tecida foi uma que iria fazer com que eu aparentasse estar desviando para os lados, pelo menos cinco metros, para fazer com que eles não me acertassem. Enquanto isso, eu permanecia imóvel e tecia uma segunda ilusão, também com a ajuda do cajado, para distraí-los e fazê-los perder o foco, através de vários sons, ruídos e gritos psíquicos, que enquanto não iriam causar dor, iriam confundi-los e tirar todo o seu foco.

Sabia que mesmo as duas ilusões poderiam não ser suficientes para impedir que algum golpe aleatório me atingisse... E então, por boa medida. usando uma técnica que ainda não me era muito familiar, teci três selos rapidamente, fazendo com que uma barreira de água surgisse ao meu redor, completamente me separando dos meus oponentes.

Acreditando finalmente estar completamente sã e salva de tudo que poderia vir em minha direção, era hora de finalmente fazê-los cooperar comigo – isso é claro, se já não houvessem decidido abaixar as mãos e as armas, e estivessem escutando. Ergui o cajado sobre minha cabeça, e com um forte pulso de Chakra, teci uma ilusão que iria afetar a mente e as emoções deles, tornando-os calmos e mais sensatos, fazendo-os mais propícios a me escutar e obedecer minhas ordens. – “Nora Kumori, Número de registro 602413. Fui enviada de Kumo para dar um fim a essa matança. Agora que já fomos introduzidos, senhoras e senhores, podem por favor abaixar as armas e me ajudar a dar um jeito no corpo? Ele vem comigo para Kumo, aliás.”

Enquanto não houvessem decidido abaixar as armas e parar a ofensiva, eu não iria dar um fim as três ilusões... Imaginava a dor de cabeça que eles teriam mais tarde, mas enfim, acreditava que logo meu trabalho estaria terminado aqui, então assim que estivessem propícios a seguir minhas orientações, iria suspirar... E então finalmente deixar tudo que acabava de acontecer ser processado em minha mente.

Primeiro eram algumas gargalhadas, mas em menos de dez segundos eu estaria de joelhos no chão, incapacitada por risadas, com lágrimas presas aos cantos dos meus olhos. – “Hawks era o assassino!? Não creio!” – Exclamei entra risadas – “Hawks. Hawks! O diretor! O que ele pensou que iria acontecer quando uma investigação fosse lançada!?” – Mais risadas, mais suspiros rápidos. Fiquei ali por alguns instantes a mais, até me recompor, e então fiquei de pé novamente. Realmente, era impossível negar quão cômico aqueles breves momentos foram. – “Eu já estava com suspeitas de cada um dos professores, da bibliotecária, dos floristas, de lojistas, até mesmo dos alunos, mas eu sinceramente não pensava que o diretor seria o assassino! E eu já estava tentando convencer o homem a me ajudar a investigar todos os professores...”

Balançando a cabeça, iria me aproximar do corpo, ficando em guarda para me defender caso ele não houvesse realmente se matado, e iria sacar uma das minhas Lâminas de Chakra. Sem mais hostilidades vindas em minha direção, tive tempo para desfazer os clones – descobrindo a localização atual de Hina e de Rikaro. Me agachando do lado do corpo, iria metodicamente examinar os sinais vitais que eu sabia reconhecer para ter certeza de que, de fato, o homem havia morrido. – “Antes de mais nada, vão atrás de Tenkari, o Iryonin. Seu nome está anotado no papel que Hawks me entregou. Vão, agora! Ele pode ser um cúmplice!” – Ordenei para os que ainda estivessem ali. Caso fossem atrás do homem ou não, meu alvo era claro: Hina Akimichi, a gorda rude. Um sorriso cruel e macabro apareceu em meu rosto... Hora de vingança, filha da puta. Ninguém trata Nora Kumori como lixo e sai ileso!

Ainda sobre os efeitos dos Brincos, ativei o Shunshin no Jutsu para cruzar todo o espaço entre mim em Hina no menor tempo possível, adentrando na sala que meu clone a havia avistado pela última vez – é claro, a todo momento em busca de armadilhas, mas devido ao local, sabia que era extremamente improvável. Assim que estivesse ao alcance da mulher, iria utilizar meu cajado uma última vez para lançar uma ilusão contra a mulher, visando paralisá-la completamente assim que a visse, e se houvesse sucesso nessa investida, iria agarrar o rosto da mulher e virá-lo para focar em meus olhos, inundando o cômodo com todo meu Sakki – “Olá, Hina, sou eu, a Halno, ou devo dizer, Nora. Gostaria de me explicar por que o Assassino tinha seu nome anotado junto com o do professor Tenkari?”

Mesmo assim, nessa situação tensa, ainda era difícil de tirar o sorriso do meu rosto... Essa história seria uma que eu iria contar por anos afim. Mal posso esperar para voltar para Kumo e contar para Hisoka!

Como pequenos e leais súditos, os policiais obedeciam a minhas ordens à risca. Sem defeito ou pausa em suas ações, começaram a embrulhar o corpo para presente, enquanto os restantes começavam a busca por Tenkari. Realmente não pude ocultar o enorme sorriso presunçoso que brotou em meu rosto devido a enorme satisfação que sentia naquele momento. Eu adorava estar no comando.

A partir dali, fui em direção á professora de Taijutsu, Hina. Realmente não tinha qualquer gosto pela gorda rude, então já estava preparada para dar uma enorme lição de bons modos para ela. Adentrei a sala a qual havia visto ela pela última vez, que era mais um corredor, sendo mal iluminada por algumas luzes verdes em ambos os lados... Estranho. Caminhei um pouco mais adentro, mas já preparada para qualquer ofensiva, imediatamente notei o vulto rolando em minha direção. Ótimo...

Não havia tempo suficiente para invocar uma substituição, então iria me contentar com métodos menos simples para parar a mulher antes que pudesse me atingir. Primeiramente, enquanto não a via direito na escuridão, eu definitivamente sabia onde ela estava agora, então não demorei para colocar a mão sobre a cabeça do Cajado, e, pulsando meu Chakra, lançar uma forte ilusão contra a mulher – simples e improvisada, centenas de correntes finas, mas resistentes a afiadas, prendendo a mulher e ferindo sua carne, visando imobilizá-la e deixa-la incapacitada devido a dor – ou devido a vontade de não sentir mais dor. Nada agradável.

Sabia também que possivelmente não seria suficiente para impedir a mulher completamente, então ao mesmo momento que lancei a ilusão, também comecei a correr para trás, tentando rapidamente tecer os três selos necessários para invocar a barreira de água de Suijinheki. Combinados, acreditava que me afastar, invocar a barreira e lançar a ilusão seriam suficientes para retardar o golpe.

Havendo obtido sucesso nessa empreitada, tendo a mulher imobilizada aos meus pés, agora definitivamente sabendo que estava diretamente envolvida nos assassinatos, sabia que não tinha mais nenhuma utilidade a não ser serventia como prisioneira para ser interrogada e torturada. Assim, iria me agachar ao lado da mulher, e metodicamente romper os ligamentos dos joelhos, calcanhares, cotovelos, ombros e pulsos. Tudo isso, enquanto ainda deixando ela completamente consciente, é claro. – “Devia ter se rendido quando teve a chance, vadia gorda.” – Por boa medida, também iria cuspir no rosto da mulher, só como um último grande “Foda-se”.

Caso houvesse algum guarda por perto, ainda sobre as instruções da minha ilusão, iria abordá-lo. – “Já encontraram Tenkari? Agora temos certeza de que ele está envolvido, avise a todos que estão lidando com um criminoso perigoso. Depois de fazer isso, peça ajuda de alguém para amarrar essa mulher, mas não tirem os olhos dela. Deixem-na em algum lugar que eu possa encontrar, ela também vai para Kumo comigo.” – Ordenaria, aguardando a resposta sobre o paradeiro de Tenkari.

Caso não obtivesse uma resposta decente, ou não houvesse eu mesma avistado o professor foragido, iria aguardar em alguma parte mais aberta do corredor, vigilante para qualquer movimento, preparada para contra-atacar e reagir. Porém, caso minha pergunta fosse respondida no afirmativo, e fosse direcionada para a porta número três, eu iria me preparar para deter o Iryonin também. – ‘Por que nunca pode ser do jeito fácil?’ – Iria questionar a mim mesma, balançando a cabeça.

Calmamente iria adentrar a sala. Sabia que Iryoninjutsu requeria uma enorme habilidade com o controle de Chakra, então minhas ilusões provavelmente seriam inefetivas, mas não fazia mal tentar. Iria ser intrigante ver o professor tentar me ferir com quaisquer técnicas que ele inventasse, mas também, como mencionado previamente, não tinha o menor desejo de deixar as minhas ‘peculiaridades’ a mostra, então iria tentar não enfrentar um combate direto.

Logo antes de entrar, também iria preparar uma substituição com algum objeto próximo, jogando um de meus pergaminhos ao chão se fosse necessário. Também, com um único selo de mão, iria invocar uma clone, e deixa-la logo a frente de mim, tentando permanecer parcialmente obscurecida pela clone.

- “Vamos lá, Tenkari. Hawks está morto, Hina provavelmente deseja estar morta, e a polícia do vilarejo já sabe o que você fez. Se você se render agora, será amarrado e escoltado até Cochlea. Se não se render, irá perder as suas ‘joias de família’, se é que me entende, e então ser escoltado até Cochlea de qualquer jeito. Pessoalmente acho que a escolha está meio óbvia” – Iria enunciar, cuidadosamente entrando no ambiente, observando as paredes, teto e chão por quaisquer armadilhas, enquanto a clone permanecia com os olhos a frente buscando o professor. Ao mesmo tempo, também pulsava o Chakra pelo cajado mais uma vez, expandindo uma onda de Chakra com efeito em área, visando deixar o professor mais maleável em suas decisões, e propício a se render pacificamente.

Balancei a cabeça negativamente, desfazendo minha clone, escutando enquanto o homem se acovardava e tentava se esconder de forma medíocre. – “É sempre a mesma desculpa- Espere, Velho?” – Parei, pensei um pouco, relembrando de que Hawks era um sujeito de meia idade, mas não tinha cara de velho... Já por outro lado... – “Está falando do Rikaro? Rikaro, o professor de Genjutsu!?” – Parei novamente para pensar na maneira suspeita do homem agir. Isso... Isso era um problema.

Rapidamente, corri até o médico, e com um golpe forte ao lado do pescoço, sobre o nervo vago, tentando o nocautear. – “Você ai!” – Gritei, apontando para qualquer um dos guardas – “Amarre esse aqui e leve-o para o mesmo lugar que estão levando Hawks e Hina! Seja rápido!” – Me virei e apontei para todos os outros – “Vocês todos, ME AJUDEM A CAPTURAR O RIKARO!”

E, assim então, iria partir na direção do último lugar em que havia visto Rikaro, sua sala de aula. Não encontrando o professor lá, iria ordenar para que alguns dos guardas se espalhassem – “Metade de vocês, criem um perímetro, iniciem uma busca! Rikaro é o nosso último suspeito, a escola está em lockdown até segunda ordem! O restante de vocês, continuem me seguindo!”

Iria começar a vascular pela escola nos lugares mais óbvios, vulgo, os escritórios, outras salas de aula, a sala do diretor, a sala dos professores, em uma ordem organizada para evitar perder tempo.

Porém, como uma usuária de Genjutsu propriamente dita, eu sabia os pontos fortes e fracos da arte, um deles sendo que focar na área certamente iria deixar todos os seus outros campos técnicos inferiores. Eu sabia que podia escapar das ilusões do homem, então o maior perigo já poderia ser cerrado ali mesmo. Precisava de força bruta para derrotar ele, e toda a força bruta necessária já estava presente na forma dos guardas, que, sobre a influência dos meus próprios Genjutsus, seriam dificilmente afetados pelos próprios do professor.

- “Assim que encontrarmos Rikaro... Acabem com ele.” – Ordenei, ao mesmo tempo que balancei o cajado e pulsei meu Chakra sobre o mesmo, visando temporariamente eliminar todos os processos superiores das mentes dos guardas que estavam me seguindo, deixando apenas a imagem de Rikaro, e um enorme e profundo desejo de ferir o homem com punhos e pernas.

No caso de esbarrarmos em Rikaro tentando fazer sua fuga, seja onde for, iria tomar um passo de distância, deixando com que os guardas avançassem em direção do Homem. Caso fosse necessário, iria utilizar Suiton: Suiten Hōfutsu para criar amarras de água ao redor do homem com a umidade do ambiente, tentando prender ele pelos membros e pelo pescoço, deixando-o incapaz de se defender das várias levas de ataques dos guardas. Assim que notasse que o homem estivesse rendido, inconsciente ou incapaz de se defender, iria desfazer a ilusão que deixava os guardas agressivos. – “Pronto, agora amarrem-no!” – Iria ordenar, enquanto eu mesma me aproximava, e, usando o que estivesse disponível ao redor, até mesmo as mangas das camisas dos guardas, iria tentar amordaçar e cobrir os olhos do homem. Ilusões são perigosas, afinal.

Havendo sucesso em capturar o homem, iria ordenar os guardas e policiais a levantarem ele, e arrastarem ele junto para o local onde Hina, Tenkari e o corpo de Hawks estavam sendo levados.

Com Tenkari inconsciente aos meus pés, ordenei para que um dos guardas viessem e amarrassem o homem – mas para meu desdém, não se moveram do lugar. Confusa, acreditando que meu Genjutsu havia falhado em algum momento, fiz questão de amarrar o homem eu mesma, deixando-o preso no lugar.

Com o médico preso aos meus pés, comecei a sair da sala, já pensando no que poderia ter feito os guardas não obedecerem a minhas ordens. – “Mas que p-“ – Enfim, não tive tempo de terminar minha fala ou reagir, pois fui imediatamente golpeada no queixo, jogada para o lado no corredor, e como uma reação em cadeia, fui golpeada nos braços, rosto e pernas pelo corredor, até eventualmente sair, cambaleando para o chão.

A dor que surgia sobre meu corpo era irritante e distrativa, mas me levantei de qualquer maneira, pronta para contra atacar, mas assim que olhei as feições dos guardas ali parados, notei o olhar bobo e a saliva escorrendo pelos cantos da boca. Não estavam em um bom estado, agora.

- “Merda...” – O meu plano não ocorria como planejado, o que era sempre irritante. Cambaleando, comecei a percorrer a escola por mim mesma, procurando Rikaro, agora já ofegante, sentindo todo o cansaço devido á ação. De fato, somente nos últimos minutos, havia usado mais de uma dezena de técnicas, enfrentado uma luta e percorrido grande parte da academia. A última vez que enfrentei algo assim, for durante o Chunin Shiken.

Eventualmente, deparei com Rikaro, por puro acidente enquanto andava pelos corredores. Ele estava lá, parado, olhando para mim. Eu, já preparada neste momento, lancei minha técnica de Suiton – mas assisti enquanto a mesma foi evaporada por uma técnica de Katon de mesmo nível. O homem começou a proferir como eu era inexperiente – ‘Realmente, ninguém tem nada melhor de insulto?’ – e que fazia aquilo por sua própria satisfação... E que eu seria sua próxima obra de arte.

Cansada como estava, e incapaz de agir para me defender, tinha que bolar um plano para sair dali... E as palavras do homem me davam ideias. A partir do vapor deixado pela colisão entre as duas técnicas, lançou dezenas de senbons em minha direção. Apenas levantei os braços para me proteger meu rosto e cabeça, deixando com que meus braços, pernas e corpo fossem perfurados.

Logo em seguida, as duas rajadas de ar vieram ao meu encontro, e eu sabia que seria aquilo que eu usaria como disfarce. Deixei ser atingida e derrubada pela técnica, sendo arremessada uma distância considerável para trás, já vendo as gotas de sangue se espalharem pelo ar, e logo em seguida sentindo a profunda dor da técnica que me acertava em cheio.

Agora, eu me finjo de morta. Caindo para trás, deixei o corpo solto e mole, mantendo os olhos entreabertos e uma expressão de surpresa no rosto, focando em algo no além. Cerrei minha respiração, e não me movi. Ali eu iria ficar... Esperando que isso desse certo.

E eu estava contando com isso. – ‘Venha, chegue mais perto, velho otário. Deixe-me rasgar sua garganta...’ – Repetia dentro de minha mente, enquanto ainda segurava a respiração. Foquei na sensação do aço frio em cada um dos meus pulsos, escondendo minhas lâminas. Sabia o que fazer. Sabia como fazer. Ele só precisava se aproximar, e assim que estivesse próximo o suficiente...

Iria saltar. Com uma lâmina advinda de cada pulso, iria fazer o máximo do momento de surpresa. Iria mirar direto em pontos vitais – garganta, olhos, peito, pescoço. E não iria parar de golpear o homem até ter certeza de que estava morto.

Então, Rikaro seria um com o vazio.