INTRODUÇÃO:

ㅤㅤO som do jarro se partindo, despertou a criada de seu cochilo. Foi logo ver o que era. Assim que terminou de subir as escadas, já defronte ao corredor onde ficavam os quartos, pôde ver a porta de um deles aberta. Era a do quarto de Akemi, para sua preocupação. Ela logo acelerou os passos, e assim que conseguiu olhar para dentro do cômodo...


ㅤㅤTampou a boca para não gritar, mas com os olhos dilatados vislumbrava aquela horrível cena. O sangue na cama da menina, não era dela, e sim de uma outra criada, que naquela ocasião estava penteando os cabelos da jovem nobre, para que ela pudesse dormir com as madeixas escovadas. Três figuras mascaradas, portando machados e vestimentas sinistras a encaravam, inexpressivas. Ela estava congelada, mas se não estivesse, provavelmente fugiria.

ㅤㅤ– O que fazemos com a outra empregada? – Ouviu um deles perguntar, dirigindo a pergunta ao comunicado,r que levava próximo a boca.
ㅤㅤ– Podem matar. – A resposta dada a ele - vinda do outro lado da linha -, porém, ficou longe de seu conhecimento.

ㅤㅤAntes que o golpe violento viesse sobre ela, conseguiu ver o corpo desmaiado de Akemi, sobre os ombros de um dos invasores. Pelo menos está viva, pensou. Tinha grande afeição por sua pequena senhora, e morreu desejando sempre o melhor para Akemi, e para a família Murakami.

ㅤㅤ– Pronto, está abatida. – Avisou pelo comunicador, provavelmente a seu superior.
ㅤㅤ– Muito bem. Tragam-na aqui, no primeiro andar, estou esperando por vocês.
ㅤㅤ– OK, estamos indo.


ㅤㅤNo andar inferior da mansão, um homem deparava-se com um quadro, emoldurado na parede de forma centralizada. Ele analisava os detalhes, tecendo pensamentos maliciosos em sua mente.

ㅤㅤ– Como pode ser tão bela...? E, ainda vem de berço nobre. Como pôde ter demonstrado interesse por ele...? Ele é um ninguém, minha flor... – Falava como se o quadro dela pudesse ouvi-lo. – Um ninguém para pessoas como nós, é claro. Para Kala-sama, ele é tudo. A coisa mais importante que existe. – Tinha uma taça de vinho em uma das mãos. – Não te farei mal, prometo. Só preciso que ele venha atrás de você, depois poderá voltar a seu castelo, para junto de sua, também muito bela, mãe... Dou minha palavra. – Tocou com o indicador no lado esquerdo do peito, como se estivesse fazendo uma promessa. Em sua mão, um símbolo ignoto chamava atenção. Eram um Hamsá.

ㅤㅤCom Akemi, desmaiada e sustentada sobre seus ombros, o homenzarrão mascarado, vinha em sua direção. A altura era anormal, com quase dois metros e quarenta centímetros. Na retaguarda dele, seus dois outros iguais vinham a passos silenciosos. O homem segurando a taça, olhou pela periférica, virando o rosto para passar suas últimas ordens.

ㅤㅤ– Podemos ir. Sigur e Tertro, já foram para Kiri?
ㅤㅤ– Sim, foram atrás do garoto.
ㅤㅤ– Ótimo. Se nós tivermos sucesso em trazer Eru, para Kala-sama... ele será ternamente grato, e nós poderemos subir ao priorado.
ㅤㅤ– E, você confia em Sigur? Tertros, é fiel, mas Sigur... é novo iniciado, não sei se os desejos dele andam em congruência com os nossos.
ㅤㅤ– Não, não confio. Porém, não posso negar que ele seja forte, e a nossa melhor chance de captura o garoto Kaguya. E, bom, eu não vou sujar minhas mãos indo até a Névoa, principalmente com a Hydra agindo por ai, com essa nova onda de benfeitorias para o mundo ninja. Sabe que fomos orientados a não confronta-los, pelo menos não por agora. Nos resta torcer para que aqueles dois peguem o garoto, e o levem até a ilha. – Começou a se dirigir até o grande portão da mansão Murakami. O trio o seguiu.
ㅤㅤ– O sacrífico será feito na ilha? – O gigante, perguntou. Tinha pouco conhecimento sobre as cerimônias da seita.
ㅤㅤ– Todos são. A ilha é o palco sagrado para a transfiguração, todos os rituais são feitos lá. E, dessa vez, não será diferente.
ㅤㅤ– Hum... e para onde vamos agora?


ㅤㅤ– Atrás da velha. – Disse com resolução e frieza.
ㅤㅤ– Ela é mesmo uma traidora?
ㅤㅤ– Descobriremos...

NOTAS:

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ㅤㅤ... Continuou a batalhar contra o oceano. Dessa vez sua raiva e fúria eram maiores que o perigo que a imensidão negra representava. As ondas colossais chocavam-se contra o seu corpo, mas sua cabeça tornava a emergir, não importando quantas vezes fosse afogada. Quando a natureza percebeu que não podia com ele, levou-o até a praia, para que fosse tentado por algo mais perigoso.


ㅤㅤE quando se deu conta, à sua frente um ser extraordinário pairava. Os cabelos eram alvos e escorridos, com dois chifres salientes em sua testa. Se a aparência era angelical e quase... divina, sua voz não era. Falava como um demônio, ressoante e atemorizador. É ele... Eru, soube no ato. A aparência de cordeiro não podia esconder sua verdade. É ele... O dragão... Kala... A besta... Era como se todos seus temores, se personificassem num único ser. Àquele.

ㅤㅤ– Tu vens seguindo teu fadário, à risca, Eru. Eru Illuvatar. – Não sabia o que aquela alcunha significava.
ㅤㅤ– Tudo o que fiz, fiz por desejo próprio. Nada tem a ver com você.
ㅤㅤ– Curioso... Então nossos desejos são concordantes, vejo. O que reitera meu ponto, de que você, sou eu. – Ele estava diferente da outra vez.
ㅤㅤ– Não.
ㅤㅤ– Tu, cada vez mais se deixa ser tomado pela marca... sentiu as trevas e não recuou, muito pelo contrário, mergulha cada vez mais profundo nelas...
ㅤㅤ– Eu é que estou tomando-a. Ela agora é minha, para que eu a use, para meus próprios fins.
ㅤㅤ– Até mesmo este teu desejo emancipador, é fruto de nossa semelhança, Eru. Não pode fugir do teu destino.
ㅤㅤ– Posso tentar. Sempre vou.
ㅤㅤ– Um peixe tentando correr do oceano, dando pulos para fora d'água, é o que você é...? – O Kaguya, olhou para o céu, para o mar, e por fim, para a areia sob seus pés.
ㅤㅤ– Não sou um peixe. Sou terrestre, algo vindo da terra... saindo de dentro dela... – Um sorriso se formou na face de seu ouvinte.
ㅤㅤ– Ingênuo... só você não vê... – As imagens começaram a se borrar, tornando-se indecifráveis.

ㅤㅤEle acordou.

ㅤㅤNem cansado, nem assustado, despertou reflexivo, revirando os olhos pelo quarto, à procura de nada. Os terrores noturnos eram ainda muitíssimo preocupantes, mas já era forte para resistir a eles. Em outros momentos, acordaria apavorado, suando e até chorando. Hoje só acordo confuso.

ㅤㅤNão se moveu por quase uma hora, divagando sobre todo o universo místico que o cercava agora. Não é perdido que estou. Indeciso, isso sim. Muito. É como se do nada, todas as coisas que eu não acreditava, se voltassem contra mim, querendo me pregar uma peça, ou sei lá... me matar.

ㅤㅤDesde sua captura pela seita de Kala, Eru, começou a ser rodeado de pessoas, pessoas essas que ele não conhecia. Com elas, uma atmosfera exotérica se formou, e permaneceu com ele desde então. Uma nuvem negra e chuvosa. Não para de chover, aqui... E, acima de tudo, ele não podia ignorar os fatos, havia algo naquilo tudo, um significado, uma verdade ou uma mentira muito bem contada. Existe uma intenção nisso tudo, mas... qual?

ㅤㅤEle tornou a dormir, exausto. Às sete da manhã, Teri, invadiu sua casa. Desesperado, o garoto acordou Eru, com solavancos e uma voz alta e oscilante.


ㅤㅤ– Eru, acorda. Acorda. Acorda, acorda, acorda. – Remexeu o jovem na cama.
ㅤㅤ– Hã...? O-o que...? Perdeu o juízo? Sai daqui...
ㅤㅤ– A Akemi. A Akemi foi sequestrada! Nessa madrugada. Acorda.– Lançou, na intenção de desperta-lo.
ㅤㅤ– O-o que? – Ainda meio grogue, começou a se levantar. – C-como assim? A Akemi...?
ㅤㅤ– A família Murakami, enviou um falcão de madrugada para cá. Disseram que a Akemi foi sequestrada... não sabem onde ela está. – Eru, finalmente caiu na real depois daquilo.
ㅤㅤ– Não... Não. Não. – Finalmente entendeu o que aquelas palavras significavam. Não pode ser... foram eles... tenho certeza que foram eles.

ㅤㅤO simples imaginar, de que Kala, e seus asseclas estavam por trás do rapto da garota, o fazia enlouquecer de preocupação. É minha culpa. É minha culpa. Sequer podia pensar. Ajeitou-se, apressado, indo o mais rápido que podia para o QG de investigação da Névoa. Sendo subtenente agora, as missões de investigação eram passadas e repassadas somente pela área de inteligência, tornando restrito o envolvimento de ninjas regulares nas mesmas. Porém, ele contrariaria isso...

NOTAS:

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ㅤㅤ– Como assim quer levar seu amigo, um não-investigador, para esse tipo de missão? – O, também subtenente, questionou o pedido do Kaguya.
ㅤㅤ– E não só ele. Preciso de pelo menos, mais três investigadores. – Eru, insistiu. O Major, observava os dois discutindo, até aquele momento, sem nada dizer.
ㅤㅤ– Você acabou de chegar na corporação, Eru. Mesmo sendo considerado um investigador promissor, não pode passar por cima das nossas regras. – Continuou a dicussão.
ㅤㅤ– Teri, já visitou a família Murakami, assim como eu. Ambos temos um certo grau de proximidade com Akemi, o que nos faz mais aptos a estarmos no corpo da equipe de Investigação, visto que seguiremos até o fim, sem desistir, até que a encontremos. Eu, inclusive, estive lá a alguns meses. Conheço o lugar. Por favor, Major. – Os olhos do púbere eram sempre direcionados para o superior, ignorando seu subalterno. O Major, finalmente se proununciou.
ㅤㅤ– Muito bem, leve o garoto com você. – Assentiu. – Alexius, você irá com eles. Está missão também é sua, agora. – Pegou o assistente desprevenido.
ㅤㅤ– Major? – Não só ele ficou descontente, como Eru, também desgostou da ordem dada pelo comandante.
ㅤㅤ– A garota, é da família do Senhor Feudal, precisa ser encontrada com urgência. Você e Eru, são dois dos melhores investigadores da patente de vocês, não entendo seu espanto. Algum problema com a minha decisão?
ㅤㅤ– N-não, não, senhor. – Acatou, contrariado.
ㅤㅤ– Ótimo. As coordenadas vocês já tem. Cheguem o mais rápido que puderem na mansão Murakami, interroguem e inspecionem todo o lugar, à procura de pistas e digitais. Se encontrarem amostras de sangue, fios de cabelo, ou qualquer objeto suspeito, tragam para o nosso setor pericial. Estamos entendidos? – Impôs suas diretrizes. – A Propósito, Alexius será o líder da missão, Eru. Espero que não se importe. – E como ele se importava. Só pode ta brincando... Não quis prolongar àquela conversa com mais objeções. A finalidade principal era salvar a amiga, e só. Preciso trazê-la de volta...
ㅤㅤ– Certo. Tudo bem. – Disse, frio.
ㅤㅤ– Ta. – Concordou, Alexius.

ㅤㅤO, agora líder da missão, foi logo a frente, e abriu a porta, dando de cara com Teri, que aguardava o amigo do lado de fora. Alexius, olhou para o jovem genin de Kiri, e não mostrou-se muito impressionado. Menos ainda satisfeito. Mas, sendo uma determinação dada pelo Major, de nada ele poderia fazer para contestar.

ㅤㅤ– Você. – Vociferou para Teri. – Está no corpo da missão de busca e resgate de Akemi Murakami... mesmo não sendo um investigador. – Os olhos dele e de Eru, se encontraram. Energúmeno. O Kaguya, insultou-o em pensamento.
ㅤㅤ– Ta, fechado. – Teri, mostrou-se contente.

ㅤㅤO terceto deixou o edifício às oito e meia da manhã, e se juntaram aos outros dois, às nove e um. Agora, em cinco, rumaram em direção ao pequeno palácio dos Murakamis. Às dez e vinte e três, os cinco aportaram no vilarejo, já às portas da mansão.


ㅤㅤA residência oficial da família, ficava à dezesseis quilômetros de Kirigakure, e abrigava um povoado em ascensão, à sua volta, o que logo levantava suspeitas. O povoado, recebia o mesmo nome da família, Vilarejo Murakami. Como eles passaram pela vila, entraram na mansão, sequestraram a Akemi, e saíram, sem ninguém perceber ou tentar impedir...? As estranhezas não parariam por ai....

ㅤㅤForam recebidos por Kazuha, a senescal do castelo. Ela, logo reconheceu o garoto Kaguya, lembrando-se de sua visita no aniversário de Akemi, a alguns meses. Diferente daquela ocasião, agora ela tinha os olhos vermelhos e chorosos. Estava abatida.

ㅤㅤ– E-entrem, por favor. – Eles, não tardaram em iniciar as perguntas.
ㅤㅤ– Se lembra do horário que aconteceu? – Alexius, tomou a dianteira.
ㅤㅤ– Não, eu-eu, estava descansando quando tudo aconteceu. Fui acordada já com a notícia. – O tom de voz era perceptivelmente lamentoso. – Vou leva-los até a Senhora Kimiko. – Kimiko Murakami, era a mãe de Akemi, e senhora do castelo. Ela, daria mais atenção aos investigadores.
ㅤㅤ– OK.

ㅤㅤPor que a mãe da Akemi, vai nos atender...? Ela está em condição para isso? Eru, se questionou. Quando chegaram ao salão principal, foram surpreendidos por uma concentração anormal de pessoas. A polícia local do vilarejo, estava lá, investigando e interrogando os funcionários do castelo. Alguns membros da família, também foram prestar apoio para lady Kimiko, que se assentava em um confortável sofá, sendo assistida por duas aias, e cercada por parentes. Sua feição, não estava tão deprimida quanto Eru esperava que estivesse. Talvez seja uma mulher forte... como a Akemi.


ㅤㅤAproximaram-se, se curvando perante a nobre e prestando as condolências. Àquela distância, já era seguro destacar a beleza da mulher. É ainda mais bonita do que a própria Akemi... Ele concluiu.

ㅤㅤNo auge de seus trinta e três anos, Kimiko tinha todas as proporções no lugar. Seu rosto era ossudo e enigmático, os cabelos escuros e escorridos. Os lábios eram finos e avermelhados. O vestido, destacava as áreas certas, e o semblante, levemente melancólico, finalizava-a com perfeição... Ela olhou para Eru, e ele, a olhou de volta. Hum.

ㅤㅤ– Senhora Kimiko, dou minha palavra. Faremos de tudo para encontrar sua filha. – Alexius, como líder, fez o primeiro contato. Mas ela lhe deu apenas o mínimo. Era em Eru, que tinha interesse.
ㅤㅤ– Você... Me lembro de você, no aniversário da minha filha. – Sua voz era quente, e triste. Ele fitou-a.
ㅤㅤ– Sim. Meus sentimentos, senhora. Farei de tudo para encontra-la. Dou a minha palavra, também. – Continuaram com o contato visual.
ㅤㅤ– Aposto que sim...minha filha precisa de mim... de nós... – Nós...? As pupilas dela percorriam todo o corpo do Kaguya. Virou-se para Alexius, quando ele a solicitou.
ㅤㅤ– Senhora, se não for muito exaustivo, poderia nos dar algumas informações? – Ela tinha desdém em seu cenho, agora, mas manteve-se melancólica. Fingindo...?
ㅤㅤ– Tudo que sei, é que minha filha foi tirada de mim, por alguém. Só a quero de volta... estava dormindo, como todos os outros. Acordei, já com a notícia. É tão triste... – O leque em sua mão, serviu para que escondesse seu pranto. Ela chorou por trás dele, ou pelo menos tentou.
ㅤㅤ– Compreendo... Me perdoe, senhora. Faremos uma varredura pelo local, em busca de provas. A senhora nos dá essa permissão?
ㅤㅤ– Claro. Claro... A mansão é toda de vocês. Prestarei toda a ajuda que eu puder. – Uma das aias, veio até ela, com um chá de erva-doce numa bandeja.

ㅤㅤO líder do grupo e os outros, incluindo Teri, foram conversar com os policiais locais, para compartilharem informações. O protagonista, contudo, se manteve próximo a Kimiko, e ela sentiu.

ㅤㅤ– Não vai ajudar seus amigos...? – Voz doce, triste, e... carente.
ㅤㅤ– Não. – Fingiu bem, mas ela estava conseguindo desconserta-lo. A Akemi está desaparecida... foco. – Eu, acredito que devam pedir um resgate por ela. Não acho que devam mata-la, se isso serve de conforto.
ㅤㅤ– Ah, certamente não irão. – Ele notou. Ela também, mas já era tarde. Como pode ter tanta certeza...?
ㅤㅤ– É, você deve estar certa. – Olhou as escadas. Lembrou-se, que o quarto de Akemi, ficava no segundo andar. – Se importaria se eu fosse até o quarto dela?
ㅤㅤ– De forma alguma. Eu acompanho você, até lá. – Eru, estranhou a oferta. Ela entregou a bebida quente para a empregada, e se levantou. – Venha... – Foi na frente.

ㅤㅤFoi, suspicaz, curioso e...

NOTAS:

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ㅤㅤ... Observador.

ㅤㅤA silhueta das costas da mulher, era similar a um violão, e ficavam mais detalhas conforme subia os degraus da escadaria. Ela, o levou até os aposentos de Akemi, e a medida que os dois se aproximavam, o local se escurecia, visto que as cortinas estavam todas fechadas naquele andar da casa. O cheiro de sangue logo invadiu as narinas dele, o incomodando. Não a incomodou.

ㅤㅤ– É aqui. – Parou frente a porta, sem entrar.

ㅤㅤÀ primeira vista, uma poça de sangue no carpete exalava um odor quase pútrido. Os dois cadáveres já haviam sido retirados, e tendo lido os relatórios prévios, tinha conhecimento de que eram das duas empregadas pessoais de princesa. Ele, entrou e procurou por alguma pista, mas sem grandes descobertas, aparentemente, porém muitas suspeitas e fatos mal explicados. Como eles entraram na casa..? E, como eles entraram no quarto...? Não tinha nem sinais de arrombamento, nem vidros trincados, e nem estilhaçados pelas janelas, levando-o a acredita que usaram a porta de entrada.

ㅤㅤ– É, sem muitas pistas por aqui. – Mentiu. Àquela cena tinha muito mais do que ele deixou transparecer. Olhou Kimiko, inexpressivo, saindo do quarto e retornando ao corredor para se juntar a seus amigos no térreo da mansão.
ㅤㅤ– Akemi, gostava muito de você... – Ela iniciou, apanhando-o pelo braço. – Disse que poucos garotos da idade dela eram interessantes como você, Eru. – Os olhos da mulher eram hipnotizantes. Ele, sabendo disso, achou por bem não fita-la.
ㅤㅤ– Gentileza à dela. Quero encontra-la logo. Preciso resolver algumas coisas, e falar outras...
ㅤㅤ– Eu sei que vai. Nem gosto de imaginar minha doce menininha, nas mãos de, sei lá... é horrível. – Se aquilo era um choro falso, então Kimiko, era uma ótima atriz. Ela segurou a mão dele com força, fazendo-o senti-la. Mãos quentes...
ㅤㅤ– Onde está o Senhor Murakami? Não o vi. – Nasaro Murakami, era o patriarca daquele ramo da família, um homem de sessenta anos, muito conhecido por sua fortuna, e gosto por mulheres mais novas.
ㅤㅤ– Ele está de viagem, no intuito de fechar uma parceria comercial com Nadeshiko, para expandir nossos tecidos além do território do País da Água. As mulheres de Nadeshiko, são grandes clientes de nossas sedas e vestidos, mas não tínhamos uma parceria formal com a região. Meu marido, foi lá para resolver estes trâmites. O rapto de Akemi, ainda não chegou a seu conhecimento, e eu espero que ela já tenha sido resgada quando ele voltar...
ㅤㅤ– Quando ele volta?
ㅤㅤ– Em dez dias.
ㅤㅤ– Ela já vai estar aqui. – Kimiko, colocou o corpo mais próximo do dele, quando o ouviu dizer tais palavras.
ㅤㅤ– Rezarei para isso.

ㅤㅤQuando retornou a equipe de investigação, eles já haviam feito uma varredura por boa parte do andar inferior do castelo. Conversaram e discutiram possibilidades, ficando sob a hospitalidade da Lady Murakami, que ofereceu comida e a mansão por quanto tempo eles precisassem.

ㅤㅤÀs dezoito e trinta e três, os cinco concordaram em retornar para Kirigakure. Alexius, despediu-se de Kimiko, em nome dos outros quatro, e ela, ainda muito triste, pediu, quase implorando, para que achassem sua filha. Antes de partir, a Senhora Murakami e Alexius, trocaram algumas palavras. Eru, nem os outros conseguiram escutar o conteúdo da conversa, mas logo perceberiam seu intuito, com uma sugestão um tanto estranha vinda por parte do líder, minutos depois.

ㅤㅤ– Decidi aproveitar o caminho de volta, para fazermos uma busca pela garota. Tenho forte pressentimento de que ela está por aqui, nos arredores de Kirigakure. – Eles ouviram com atenção. Isso, do nada...?
ㅤㅤ– Nos dividiremos? – Perguntou Teri. Estava perdido ali, não tinha noção alguma. Não foi certo traze-lo...
ㅤㅤ– Sim. Você e Eru, voltarão para o QG. Nós três faremos a inspeção no perímetro.
ㅤㅤ– Certo, deixe o relatório comigo, então.
ㅤㅤ– Aqui. – Deu-o para ele. – Se encontrarem alguma coisa pelo caminho, averiguem. – O Kaguya, sinalizou positivo com a cabeça.
ㅤㅤ– Vamos, Teri. – Rumaram, primeiro para a cidade, e depois para a floresta que a separava da Névoa.

ㅤㅤA população do Vilarejo Murakami ainda não tinha conhecimento do ocorrido, de modo que sua rotina em nada se alterou. Era um vilarejo pacato, em visível crescimento e que circundava o palácio Muramaki, tendo crescido às suas margens. Não tardaram também em adentrar a floresta, já passando das vinte horas e dezenove minutos.

ㅤㅤEra escura, mas sem animais, o que facilitou a caminhada. Eru, detestava cenários com muitos animais, sempre se sentia vigiado. Já tenho olhos demais me observando, não preciso de mais.

ㅤㅤ– Eru, o que acha de eu me tornar investigador também?
ㅤㅤ– Gostou do serviço?
ㅤㅤ– Bastante. Desvendar mistérios e solucionar casos, com certeza é o que eu faria. Alexius, disse que eu tenho jeito.
ㅤㅤ– Não se mistura com aquele cara. – Tinha aversão.
ㅤㅤ– Por que? Ele é gente boa.
ㅤㅤ– Ele é um cão, só segue ordens. É incapaz de pensar além das ordenanças de seus superiores. Detesto esse tipo de gente.
ㅤㅤ– Você é complicado, Eru... Alexius, foi legal comigo. Desculpa ai, mas vou dar um voto de confiança para ele. – É muito fácil conquistar você também, idiota.
ㅤㅤ– Só não se torne parecido com ele. Questione as coisas, não faça nada só porque mandam.
ㅤㅤ– Nem todo mundo é igual a você, cara. Eu não tenho a necessidade de estar sempre questionando tudo, e nem desconfiando de tudo. As pessoas não são más, só porque discordam ou agem diferente da forma que você julga ser a certa. – As duas visões se chocavam, como as ondas do mar encontrando o foz de um rio.
ㅤㅤ– Passou a ser um conformado, agora? Você antes não era assim.
ㅤㅤ– Não. Mas estou expandindo minha visão das coisas. Nem todas as pessoas são ruins, no final das contas. São só... diferentes, as vezes. – Por alguma razão, Eru, se sentiu ofendido com aquela frase.
ㅤㅤ– Não distorça minhas palavras, seu idiota. Sabe bem do que estou falando, e você esta se fazendo de desentendido. – Ele não quis se estender, assim que vislumbrou os vários argumentos que precisaria usar para provar seu ponto. Era muito trabalho. – Olha, só... só não seja igual aquele cara. Você é melhor do que ele. Pronto, é isso.
ㅤㅤ– Certo, você que manda. – Ironizou. Se eu mandasse, você não seria esse palerma que é.
ㅤㅤ– ERU! – A habilidade sensorial de Teri, o colocou em alerta de repente.
ㅤㅤ– Hã, o que? – Atentou-se.
ㅤㅤ– Ta vindo algo. É grande. MUITO GRANDE. – O aviso veio em cima da hora.

ㅤㅤDe cima, uma sombra robusta colidiu com o solo, feito um meteoro. Uma massa de destroços foi arremessada para o ar, impedindo a visão com clareza. Os dois, conseguiram escapar por pouco do impacto, mas agora tinham um grande problema pela frente. Mas que droga, o que é dessa vez...?

NOTAS:

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ㅤㅤDepois de alguns segundos, a densa nuvem de resíduos se dissipou. O que ela revelou, contudo, assustou, Teri, mas não foi suficiente para assustar, Eru. Vieram, então... Era uma dupla. Ao primeiro vislumbre nos trajes que usavam, o garoto Kaguya, já havia assimilado de quem se tratavam. Só pode ser eles... Lembrou-se das palavras de Sertre. Annunakis...


ㅤㅤA parte esquerda, revelou um gigante, com quase dois metros e meio de altura, corpo largo e duas protuberâncias na testa. Não tinha expressão em seu rosto. Ao seu lado, com estatura inferior, um outro homem mantinha os dois braços para trás, como se escondesse algo. Sua feição, diferente da de seu parceiro, era asquerosa e sedenta, acentuada pelas duas protuberâncias na testa, que ele também possuía. O dueto, não poupou cerimônias.

ㅤㅤ– Estávamos procurando por vocês. – Ele começou, em tom eufórico e sarcástico. – Antes, deixem que eu me apresente, eu sou, Sigur. Meu amigo aqui ao meu lado, se chama, Tertros. – Tertros, nada disse. Sigur, continuou. – Nós acabamos encontrando os amigos de vocês pelo caminho. Nós fomos educados, perguntamos: "Olá, boa noite. Vocês conhecem um tal, Eru? Nós queríamos falar com ele." Mas, eles não foram muito gentis conosco, comigo em particular, menos ainda. Não é verdade, Tertros? – O gigante, manteve-se em silêncio. – É verdade sim, ele é que é quieto, mesmo. Mas eu, diferente dos seus amigos, sou gentil. Até trouxe um deles para vocês. Bom... uma parte pelo menos. A mais importante, eu acho. – E então revelou a atrocidade. NÃO...

ㅤㅤQuando descruzou os braços, Sigur, revelou sua crueldade. Erguido por sua destra, a cabeça de Alexius, pingava sangue, já moribunda e pálida. Estava morto. Teri, não se conteve. Num ato de impulsividade e irracionalidade, avançou contra os dois, na intenção de vingar, Alexius.

ㅤㅤ– MALDITOS! – Não chegou nem perto, infelizmente.


ㅤㅤ– Teri, NÃO! – Sigur, agora com as duas mãos livres, interceptou a iniciativa de Teri, agarrando em seu braço direito. Sua força foi tamanha, que conseguiu quebrar o braço do garoto, só o apertando, e não parou por ai. Com o genin, agora, caído no chão, e guinchando de dor, decidiu por fim ao sofrimento dele. Vendo o perigo que aquilo representava, Eru, tentou ir até o amigo, mas Tertros, se colocou frete a ele em segundos, posicionando-se como uma muralha, impedindo que ele fosse ao resgate do parceiro. Droga.
ㅤㅤ– Vou por fim a isso. Nem vai sentir falta, você mal sabe usa-lo mesmo. – E arrancou o braço de Teri, para fora, tamanha era sua força e sanguinolência. O sangue espirrou, quase que imediatamente.
ㅤㅤ– AAAAAAAAAAA. – O grito ecoou por toda a floresta. Eru, viu aquilo perplexo, sem conseguir ajuda-lo.
ㅤㅤ– Chega! CHEGA, Eu vou com vocês. – Desesperado, fez o que pôde para cessar aquela brutalidade.
ㅤㅤ– É claro que vai. – Sigur, largou o membro decepado e o soltou próximo ao seu dono. Foi até Eru, apertando as bochechas do Kaguya, com a mão, para provoca-lo. – Que outra escolha você teria? – Por que eu não luto com eles, aqui e agora? Foi um questionamento que passou por ele. Lembrou-se, em seguida do porquê. Eles estão com a Akemi, é claro...
ㅤㅤ– Ela está bem? Não fizeram nada com ela, certo?
ㅤㅤ– Se refere a princesinha? É, ela ta bem, eu acho.
ㅤㅤ– Me levem até ela.
ㅤㅤ– Calma, apressadinho, vai poder ver sua namoradinha em breve. Tetros, sela ele. – Atrás de Eru, agora, Tetros realizou alguns selos de mão, e o Kaguya sentiu-se preso, como se estivesse amarrado por correntes de ferro, pesadas e maciças.
ㅤㅤ– Eu aceitei ir, não tem o porquê disso.
ㅤㅤ– Somos desconfiados, acostume-se. Não é atoa que chegamos onde chegamos, não é? Vamos logo, temos que chegar no cais de Kirigakure antes de amanhecer. Cais...? Pra onde irão me levar.

ㅤㅤOs três, desapareceram rapidamente, com Eru, observando Teri, caído, já desmaiado. Que alguém chegue aqui a tempo. O último grito do genin, tinha ecoado por toda a floresta, e àquela hora da noite, sem nenhum ruído, talvez alguém pudesse ter escutado. Não morre, Teri... eu vou tentar salvar a Akemi, e você, por favor, tente se salvar...

Mais uma vez, tinha colocado as pessoas próximas a ele em perigo. A culpa o corroeu durante todo o trajeto. Mais uma vez, coloquei as pessoas próximas a mim em perigo. O que a Akemi, tinha a ver com Kala? Alexius? Teri... Todos, envolvidos nessa espiral de desespero por estarem a minha volta. Por que eu só não fui embora quando tive a chance...? O outro, emergiu, para reforçar seu sentimento negativo.

ㅤㅤ– Alexius, morreu por sua culpa. Akemi, foi sequestrada porque você não consegue proteger quem você ama... Ah, e Teri, morrerá por sua culpa. – Àquela era a hora derradeira, e a personalidade vil, veio joga-lo para o mais fundo dos poços.
ㅤㅤ– Você não diz nada do que eu já não saiba. Você é patético... uma sombra minha, que fica menor, a cada tentativa.
ㅤㅤ– Devia ter ido embora, lá atrás. Ter terminado com este sofrimento. Pessoas demais, só atrapalham.
ㅤㅤ– ... – Não continuou jogando. Estava farto de tudo aquilo.

ㅤㅤPensou no irmão, e em como ele reagiria aquilo. O que você faria se estivesse no meu lugar agora, irmão...? Mas seu irmão não estava mais lá. Ninguém estava, e ninguém deveria estar. Isso é algo que eu tenho que fazer e resolver sozinho.

ㅤㅤOs dois Annunakis, cortaram sua divagação pessoal no meio do caminho, perguntado-o sobre algo peculiar.

ㅤㅤ– A propósito, qual a tua relação com a sacerdotisa, Pitonisas? Ouvi uns boatos...
ㅤㅤ– Não conheço ninguém com este nome.
ㅤㅤ– Ahhh Eru, claro que conhece, é o nome da velha que vê o futuro, não se faça. – Esse é o nome dela então... – Eu soube de tudo o que aconteceu lá no esconderijo do Kala-sama, a quatro meses atrás. Eu não estava presente, mas ouvi os detalhes. Sei que a velha estava lá e você também.
ㅤㅤ– Não tenho relação alguma, com aquela mulher. Nunca quis conhece-la, e mantenho distância dela sempre que posso.
ㅤㅤ– Sempre que pode, é? Hum, estávamos procurando por ela também, e pelos três seguranças que ela leva por ai. – Aqueles três então...
ㅤㅤ– Não tenho a menor ideia, a que, ou a quem você está se referindo. – Disse, sobre os tais segurança, mas ele sabia a quem aquele bastardo se referia. Não revelou absolutamente nada apesar disso, mesmo com as tentativas incessante de, Sigur.
ㅤㅤ– Ta tudo bem, quando encontrarmos eles, vamos reunir todo mundo e jogar um verdade ou consequência. Quem mentir perde um dedo, o que acha? – A repulsa e o ódio que Eru, estava sentindo por Sigur, não tinham mais limites. Se eu tiver a chance, eu vou matar este verme. Juro.

NOTAS:

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ㅤㅤQuando sentiu o cheiro de maresia, soube que estava próximo.

ㅤㅤO porto de Kirigakure no Sato, era o maior porto marítimo do mundo, e por isso estava sempre fundeado por diversos navios e embarcações, de todos os tamanhos. Ali, entretanto, apenas uma estava atracada na enseada, podendo ser avistada de qualquer ponto que fosse vista.


ㅤㅤ"Segredo", nome dado àquela barcaça de grande porte, tinha aproximadamente noventa côvados, o que, segundo Sigur, equivalia a quase cinquenta metros de comprimento. Outro fato, dessa vez muito estranho, era que naquela parte da baía, não existia nenhuma força de segurança ou fiscalização, nem mesmo um sinalizador. O lugar estava completamente deserto. Onde estão todos? Onde está a polícia da Névoa? Era quase aviltante, que nenhum aparato do Estado de Kirigakure se fizesse presente ali. O garoto, já sabia que Kala, e seus asseclas, tinham ligação e envolvimento com algumas figuras de poder dentro do vilarejo, contudo, não sabia do nível dessas relações escusas.

ㅤㅤTertros, o conduziu até a rampa que ligava o cais ao interior do navio. Eru, olhou para cima, hesitante, mas não podia retroceder. Ela precisa de mim... Iniciou a subida, escutando apenas o som das ondas se quebrando ao chegarem à costa. Ele, desconfiou logo. Um navio dessa magnitude, sem vozes? Está aqui só para transportar nós três...? Muito improvável.

ㅤㅤQuando finalmente pôs os olhos no convés, notou seu equívoco. Muitas, muitas silhuetas mascaradas estavam sob o piso principal do navio. Mesmo com todos eles se movimentando, quase nenhum ruído podia ser ouvido.

ㅤㅤ– Silencioso, né? – Sigur, perguntou baixo, bem próximo ao ouvido de Eru. – Por quê você acha que o nome dele é Segredo? – O Kaguya, conseguiu ligar os pontos rapidamente. – Esses caras todos ai, são de uma companhia de mercenários, vindos de Shimogakure. Lá eles são conhecidos como, "Túmulos". Combina com eles, né? – Não se preocupou em responde-lo, e continuou observando o funcionamento daquelas coisas. Os trajes e as máscaras desumanizavam aqueles seres, a ponto de Eru, questionar suas humanidades. É quase como se eles não fossem mais...humanos.

ㅤㅤA horda o ignorou, continuando com suas funções iniciais ininterruptas. Um deles veio até Sigur, contudo, para atualiza-lo sobre a viagem, inclusive ordenando que fosse dada à partida. O navio começava a se movimentar, agora.

ㅤㅤ– Tertros, leva o garoto lá para baixo. Mantenha-o selado e retire as armas dele, não quero ter problemas com isso até chegarmos. E, Ponha-o próximo dá... – Não terminou, já estava explicito. O brutamontes gigante, não acenou em positivo. Encostou na lombar de Eru, e arrancou sua espada da bainha, conduzindo-o bruscamente para a frente. O Kaguya, moveu-se na direção apontada, podendo ouvir apenas a palavra "ilha", escapando da conversação entre Sigur e um dos mascarados, antes que descesse a escadaria até o inferior da embarcação.

ㅤㅤA iluminação pelos corredores era agradável, e a decoração mais ainda. É um navio de luxo, ou quase um. Arrazoou, consigo.

ㅤㅤPor todo a passagem, inúmeras portas estavam trancadas, com grandes cadeados de ferro. Estão levando mais pessoas, claro... Não era de se espantar que estivesse certo, afinal, estava lidando com o tipo mais sórdido e infame de pessoas.

ㅤㅤQuis perguntar por Akemi, mas dado ao comportamento que observou de Tertros, durante todo o caminho, era mais fácil descobrir por ele mesmo onde a garota estava. Todavia, para seu assombro, o robusto, parou frente a uma porta, igualmente trancada como as outras. Retirou de um dos bolsos, um molho de chaves. Mesmo com mais de uma dezena delas, ele acertou de primeira, a chave que abria aquela porta.

ㅤㅤQuando escancarou a fechadura por completo, as pupilas de Eru, se dilataram.


ㅤㅤAkemi... Lá estava ela... deitada sobre a cama e dormindo.

ㅤㅤDespertou, com o som da maçaneta sendo aberta. Seus olhos encontraram os dele, e a surpresa foi igual para os dois.


ㅤㅤ– E-eru...? – Ela quase não conseguiu falar.

ㅤㅤTertros, empurrou o torso do menino na direção do quarto, e num súbito, fechou a porta, trancando-os lá. Após o estampido, um silêncio. Apenas o balançar do casco do navio era audível, nem mesmo a respiração dos dois emitia som. Permaneceram por quase dez segundos assim, até que ele perturbou a quietação.

ㅤㅤ– V-você está bem...?
ㅤㅤ– Por que veio? – Os olhos dela eram um oceano, agora. – Não devia ter vindo.
ㅤㅤ– Claro que devia. – Aproximou-se, com cautela.
ㅤㅤ– Eles querem pegar você. A ideia deles era pegar você, o tempo todo. Você não devia ter vindo, Eru.
ㅤㅤ– Eu jamais à deixaria aqui, principalmente sendo eu o causador do problema.
ㅤㅤ– Bobo. Você é um garoto bobo, Eru. – Estava dividia, preocupada por ele estar lá, mas feliz pelo mesmo motivo. Ela, percebeu o selamento em volta do tronco e dos pulsos dele. – O que é isso?
ㅤㅤ– É feito para restringir os movimentos. Acho que eu consigo soltar ele, só preciso me concentrar. – Tentou canalizar o chakra, mas não foi o suficiente. Tentou mais uma vez, e mesmo com o comando Kai, não obteve êxito. Não quero ter que usar isso na frente dela... – V-você, pode fechar os olhos? – Ele perguntou, tal como uma criança.
ㅤㅤ– Hã? Por que? – Não dá pra explicar...
ㅤㅤ– Hmm. Deixa, só não se assusta. Esta tudo bem, ta? Confia em mim. – As marcas emergiram na pele dele, cobrindo seu corpo. Não só a aparência, mas sua energia também foi alterada, e ela sentiu. Impulsionado com a força do Juin, conseguiu arrebentar o selamento facilmente, se livrando da contenção.
ㅤㅤ– O que é isso...? – Estava perplexa, ao mesmo tempo que curiosa. Ela, percebeu o chakra dele se esfriando à medida que aquelas marcas avançavam em seu corpo.
ㅤㅤ– É difícil explicar. – Ordenou que a marca amaldiçoada recuasse, e ela o obedeceu. – Precisamos sair daqui. – Precisavam.

ㅤㅤSentiu o corpo esmorecer de repente. Apoiou-se na cama, e se sentou, sentindo-se debilitado. Será que são os efeitos colaterais da marca maldita? Não sabia.

ㅤㅤAkemi, foi até ele, vendo a fadiga excessiva do menino. Após muito insistir, conseguiu fazer com que ele, deitasse a cabeça no colo dela. Era um momento bonito demais, para ser interrompido. Eru, fechou os olhos, e mesmo em meio a toda àquela loucura... conseguiu adormecer.

NOTAS:

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ㅤㅤ... À loucura da realidade, porém, acabou invadindo seu universo particular.

ㅤㅤEncontrou-se numa tempestade violenta. O dilúvio o levou, arrastado por suas ondas até a porta de uma casa. Mesmo atordoado, se lembrou daquele local. Conheço esse lugar. Era a casa onde encontrou a velha profetisa. Agora, estava vazia e em deterioração, causada pela feroz tormenta.

ㅤㅤA enxurrada o deixou no porão da residência, bem onde a estátua da deusa Shiva repousava. Nesta ocasião, os braços da deusa estavam em ruínas e sua cabeça arrancada. Um ídolo sem cabeça. Uma deidade, que perdeu sua divindade. Do céu, à terra...

ㅤㅤPiscou, e quando abriu os olhos, a água já não se fazia presenta, sendo trocada por outro elemento. AKEMI. Gritou o nome da menina em pensamento, quando a viu ensaguentada no chão, aos pés de Shiva.


ㅤㅤEstava morta. Ele grunhiu, tão alto que as paredes do pesadelo não resistiram, se quebrando em milhões de pedaços.

ㅤㅤAcordou sobressaltado. Eram duas e quarenta e cinco da madrugada. Eu ainda estava no colo dela esse tempo todo... Akemi, assustou-se com a reação dele.

ㅤㅤ– E-está tudo bem...? – Perguntou. Ele tocou-a, para ver se era real ou ainda um sonho. Parecia ser real, dessa vez.
ㅤㅤ– Sim. Foi só um pesadelo.
ㅤㅤ– Eles são recorrentes..?
ㅤㅤ– Muito. Todos os dias, quase. É um inferno.
ㅤㅤ– Eu, queria tanto poder fazer algo para ajudar. – Você pode... ficando bem e segura.
ㅤㅤ– Vê-la bem já me ajuda bastante. – Por mais bela que esta frase fosse, ela saiu de seus lábios de forma fria. Singela, Akemi, sorriu em retribuição.

ㅤㅤAinda tinha a cabeça dele debruçada em sua perna, e levou a mão direita até seus cabelos. As caricias vieram acompanhadas de falas, que só se formavam em momentos como aquele...

ㅤㅤ– Eu, antes estava morrendo de medo... Não estou mais.
ㅤㅤ– Nós, ainda estamos em perigo.
ㅤㅤ– Quase me esqueci de onde nós estamos. Desculpe. – Tê-lo para ela, ali, mascarou a real situação de risco em que ambos estavam.
ㅤㅤ– Sim, e, é muito perigoso aqui. Precisamos escapar. Preciso pensar em algo- – Percebeu que os olhos dela, o contemplavam. – O-o que foi? – Perguntou, com as bochechas coradas. Ela, continuou massageando as madeixas dele.
ㅤㅤ– Eu não quero voltar.
ㅤㅤ– C-como assim? – Engoliu em seco. Akemi, respirou fundo antes de continuar.


ㅤㅤ– Quero ficar com você... Chega de castelo, chega de família, chega de cobranças... chega de "princesa", chega, chega... eu quero- – Eru, levantou do colo dela, sentando-se, e a olhando nos olhos. Uma tensão silenciosa se instaurou, antes que ela, finalizasse sua confissão. – ...Eu quero você, Eru. Desde que nos vimos, desde que você foi até a minha festa... eu não consigo parar de pensar em você. Sonhei com você, no dia em que se foi. Sonhei, também, nos dias depois dele. – O Kaguya, estava completamente boquiaberto. Tremia muito, enquanto a escutava, e, não havia tremido nem mesmo quando foi capturado por, Kala. Os olhos dela esquivavam-se dos dele, enquanto os dele, estavam fixados nela. A princesa, reuniu forças para concluir, e o fez. – Eu acho que... e-eu te amo. – O que eu faço? O que eu faço?


ㅤㅤNaquele instante, só naquele instante, ele se deixou levar...

ㅤㅤAvançou contra os lábios dela, e ela o recebeu como um presente. Abriu-se para ele, como uma flor desabrochando na primavera. Deixou que a língua dele, dançasse no céu da sua boca. Ele, beijou sua nuca, e ela se sentiu realizada, como nunca antes.

ㅤㅤEru, não sabia o que estava fazendo. Só fazia. Ninguém havia dado instruções de como proceder em uma situação como àquela, então entregou a direção para sua intuição. Desabotoou a vestimenta superior dela, e ela, retirou o sobretudo dele. A partir daquele ponto, só se podia escutar a respiração ofegante dos dois.

ㅤㅤÉ isso, que eu quero...? Ele se questionava, enquanto a marcava com seus beijos.
ㅤㅤÉ. É isso que eu quero. Concluía, aumentando a intensidade do ato.
ㅤㅤSim. É isso. É isso... Ela, o agarrava com as unhas, cravando-as em sua derme.

ㅤㅤA marca amaldiçoada, queimava, à medida que a relação avançava, mas não doía. Era quase, como se sentisse as emoções dele, e reagisse à elas.

ㅤㅤO Eru, frio e indiferente, abriu espaço para um Eru, incandescido e flamejante. Cedeu a paixão, em detrimento a razão, e nem se importou. Como eu queria isso... Quebrou todas as barreira que havia posto entre ele, e Akemi. E daí, que ela é uma princesa? E daí, que eu não sou um nobre...? Aqui, e agora, ela é minha... só minha! Ninguém, pode nos atrapalhar agora... Ninguém, pode me parar agora... Aquela fortaleza gigante estava quase inteira ao chão, e o ato próximo de ser consumado.

ㅤㅤ– Eu vou terminar, agora que comecei! – Proferiu, decidido.
ㅤㅤ– Por favor... Faça... – Ela deu a permissão divina. Um ruído cresceu gradativamente do lado de fora. Alguém estava vindo.
ㅤㅤ– Se alguém... abrir esta porta... eu mato! – A voz dele era eufórica, ofegante e violenta. – Eu juro! Matarei o desgraçado que tentar nos interromper. Se ousar abrir essa porta, eu explodo a cabeça dele. – Lançou, em alto e bom som, para que todos escutassem. Agora, era notável a pulsão destrutiva percorrendo suas veias.

ㅤㅤSeu aviso, contudo, não foi respeitado... EU AVISEI!

NOTAS:

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ㅤㅤQuando sua fúria animalesca iria por fim ao intruso, este recuou, mantendo-se, ainda sim, do outro lado da porta. Ainda tem juízo, pelo visto. Akemi, continuava acoplada nele. A derme dos dois, assim como os cabelos, se misturavam. Os fios alvos das madeixas dela, se mesclavam aos fios escuros das dele, numa simbiose etérea.

ㅤㅤA presença daquele observador indesejado, irritou-o, mas o que estava a frente dele era mais importante. Disse que terminaria o que comecei, e irei. O selo de Kala, queimava na pele dele, infundindo em seu interior um ímpeto predatório. Ela, por sua vez, era volátil à suas ordens, e Eru, não deixou este fato passar despercebido.

ㅤㅤ– Pronta...? – As pupilas dele estavam dilatadas. Por completo, estava em chamas. Akemi, sequer respondeu. Toda a informação que ela precisava passar, estava sendo transmitida por seu corpo. As respostas mais importantes que existem, não são ditas. Soube.

ㅤㅤA mão dele, agarrava a cintura franzina da princesa, podia sentia os ossos da costela dela, com seus dedos. Tão frágil... Akemi, em igual, sentia a estrutura rígida dos ossos do Kaguya, conhecimento este, que ela nem se importou. Gostava, até. Sentia-se segura com as mão dele, explorando-a.

ㅤㅤ...Finalmente a espada foi retirada da bainha. Ela, suspirou uma última vez, um longo e delicado suspiro. Pousou sua cabeça sobre a cama, e nada disse. Ofegante, ele, aparentava estar reunindo suas forças para finalizar sua última tarefa, mas, não era isso, exatamente. O que não carecia para Eru, naquele momento, era força. Sentia um vigor insólito. Uma pulsão de vida sem igual, porém, vinha somado também de um apetite voraz de...violência.

ㅤㅤ– Sabe nadar, princesa?
ㅤㅤ– N-não... – Fez uma tentativa de resposta. Estava muito cansada. Ele, olhou para o horizonte reduzido da cabine em que se encontravam, procurando uma resposta.
ㅤㅤ– Quando sentir o navio balançar, ache um jeito de pular na água. Eu vou até você. Se preciso for, até o fundo do oceano. Só pule. Confie em mim. Entendeu? –
ㅤㅤ– Ta bom... A-aonde você, voc... vai? –
ㅤㅤ– Levar você, para casa. – Àquela frase, a pegou. Estava se distanciando dela, separando-a, dele. Seus olhos púrpura seguiram-no, apreensivos e tristes. Viu os sinais fulgurantes tomando-o por inteiro, e se enegrecendo logo após. A marca havia emergido involuntariamente. Neste exato momento, quem sou? Eru? A personalidade que me tenta todas as vezes? Kala...? Ou todos eles juntos..? Ninguém, poderia responder tal questão.

ㅤㅤCerrou a destra, e esta, deformou a porta de aço na primeira tentativa. Na segunda, a pôs a baixo. Tornou a relembra-la, antes de partir.

ㅤㅤ– Não se esqueça, princesa, é só pular na água, quando não souber o que fazer. – Virou o corredor.

ㅤㅤTodas as cabines que o cercavam, tinham suas portas fechadas. As luzes estavam todas apagadas, e o clima era sereno. Externo ao navio, entretanto, uma tempestade marítima balançava a embarcação. Tinha acabado de iniciar, e seus trovões, acendiam os céus quando ressoavam. Que coincidência...

ㅤㅤA escada, que antes o havia levado até Akemi, agora, fazia-o se afastar dela. Para seu assombro, algo esperava por ele no final dos degraus.


ㅤㅤ– Terminou de copular com a princesinha? – Quem quer que fosse, era corajoso. Seus sonoros eram abafados pela máscara de aço, que cobria suas feições.
ㅤㅤ– Posso saber, o motivo do interesse? – Frio, mesmo quente.
ㅤㅤ– Você, demorou. Quase fui eu mesmo lá, terminar o trabalho. O concluiu, pelo menos? – Realmente, era um homem corajoso.
ㅤㅤ– De novo, posso saber, o motivo do interesse? Até onde me lembre, eu não o conheço. – Uma das táticas mais eficazes de Eru, era que ele nunca deixava seus opositores se igualarem a ele. Não caia em suas provocações, se mantinha sempre superior.
ㅤㅤ– Queria ser o primeiro a contar a Merki-sama, que a fecundação tinha sido concluída. – O ódio dele, ao ouvir o nome, o fez desaperceber a segunda informação dita.


ㅤㅤMerki... O homem, era o único rosto realmente importante dentro da seita de Kala, pelo menos que Eru, tinha conhecimento. Ele, é do tal prioridade, não me esqueci... É a única face, que consegui ver daquela vez. É o único rosto que eu tenho...

ㅤㅤ– Onde este verme está? –
ㅤㅤ– Mais cuidado... Não se esqueça que a garota, ainda está a bordo. Será que ela ainda aguent- – Eru, cortou o ar, colando seu punho fechado bem no centro do rosto do falastrão, despedaçando sua máscara instantaneamente. O corpo foi arremessado para o convés de Segredo, e o Kaguya, agora no topo da escada, pôs, também, os pés no convés.

ㅤㅤUm trovejada relumeou o palco da batalha, e quando se apagou uma dezena de silhuetas se posicionavam à sua volta.

ㅤㅤ– Falar da sua namoradinha te deixa com raiva, é? – Recompôs-se, após o soco, com o nariz sangrando. Ele, fechou o círculo em volta de Eru. – Já sei aonde eu vou bater, então. – Eru, ativou a Hajime no Mai, assim que viu sua situação.

ㅤㅤOnze sombras foram em sua direção...

NOTAS:

Jutsus/técnicas usadas:

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ㅤㅤOnze sombras, foram interceptadas no ato.

ㅤㅤA Dança do Lariço, foi competente em segurar o avanço de todos os seus algozes, travando-os entre a estrutura modificada de sua costela. A marca, dava visíveis bonificações, não só em seus atributos físicos, mas como também em seus jutsus e técnicas. Em troca, porém, a aura e a energia de Eru, eram modificadas, tornando-se frias e aterradoras. Tinha onze homens, presos em seus ossos, mas só permitiu que um deles chegasse próximo. Próximo o suficiente para ouvi-lo.


ㅤㅤ– Você, fala demais. Quase dá vontade de te matar. – Aquele tipo de cominação não era de seu feitio. Essa coisa quer me dominar de todo jeito. Estava em dubiedade, pois precisava daquele poder para ter chances de escapar daquela situação, ao mesmo tempo que, se prolongasse demais seu uso, seria tomado por ele. O homem, antes mascarado, estava preso entre os ossos de Eru, mas não alterava seu jeito escarnoso e inconveniente.
ㅤㅤ– Então, me mate, otário. Mostra pra ela quem você é de verdade. Vou gritar bem alto, pra ela saber que você, não passa de um assassino de merda, tipo eu. – A todo custo, aquele adepto de Kala, tentava titubear, Eru, em vão, no fim, pois o que o garoto Kaguya, mais tinha, era autocontrole.
ㅤㅤ– Não vou matar você, mas vou te dar um motivo para gritar. – Com a extremidade pontiaguda de um dos ossos, cortou o pulso do homem, arrancando sua mão direita. Ele gritou e destemperou-se para cima de Eru, entretanto, sem palpabilidade. – Não esqueci da outra... – E decepou a esquerda, também. O homem, bradou mais alto ainda, na segunda vez.

ㅤㅤCom um mescla de sua força física, e o controle de seus ossos, o chunin, lançou os onze corpos presos para o mar, em meio àquela tempestade furiosa.

ㅤㅤUm, dois. Quatro. Seis, oito. Dez, dez corpos caíram na água. O que não afundou-se, foi trazido novamente para o convés, dessa vez erguido nas costas de seu raptor...

ㅤㅤSigur, carregava o homem sem mãos, sobre os ombros, e olhava para Eru, como se quisesse mata-lo, devagar e sadicamente.

ㅤㅤ– Estavam brincando aqui, e não me chamaram? Ainda bem que eu ouvi a barulheira, depois de ter sido acordado pelo balançar do barco. – Notou a amputação recente, de seu aliado. – Tu arrancou as mãos dele, Eru? Posso te perguntar... por que não o matou? – Derrubou o moribundo de suas costas, deixando-o no chão, quase desacordado.
ㅤㅤ– Não, não pode. – Emergindo das escadas, Tertros, vinha silencioso e solitário, se posicionando por detrás do Kaguya e carregando sua lâmina, anteriormente confiscada por ele. Dois contra um... e, esses caras parecem ser muito mais fortes do que os outros...
ㅤㅤ– O grande Eru, não mata seus inimigos...? Que filosofia de vida hein. Um lixo de filosofia, se me permite. Você é um ninja, garoto. Seus iguais, seus antepassados, seus superiores e inferiores, todos eles, são ASSASINOS. Usam da força para resolverem tudo o que não os agrada, e você quer vir com essa, para cima de mim? Faça-me o favor, moleque.


ㅤㅤ– ... – Deu o silêncio como resposta, para a fúria de, Sigur.
ㅤㅤ– Você se acha demais... Kala-sama, pediu para que não o matássemos. Na verdade, pediu para que nem encostássemos em você. Mas... alguns acidentes acontecem, não é mesmo? Bom, um vai acontecer agora. – Dessemelhantemente as de Eru, as marcas de Sigur tinham padrões disformes, elas porém, não se contentaram em apenas tomar a pele do seguidor de Kala, e começaram a modificar sua aparência. De novo isso... Rememorou o incidente no covil da seita. Sigur, agora, tinha a pele acinzentada, os cabelos eram um tufo espeço e esverdeado, mas o que mais chamou a atenção de Eru, foi o terceiro olho que surgiu em sua testa. O que é isso...?

ㅤㅤNão houve tempo. Uma fração de segundos, e o soco do opositor encontrou o abdômen de Eru, com tanta força e violência que destroçou boa parte do convés, compelindo o corpo do menino até o segundo andar, e, consequentemente o matando.

ㅤㅤTodos a bordo escutaram aquele estrondo, e vieram para ver. Dezenas de mascarados, saindo de suas cabines, se aglutinavam em volta do corpo do mancebo, agora moribundo. Tertros, outrora apático, mostrou preocupação com aquela cena. Sigur, igualmente, também mostrou-se atônito.

ㅤㅤ– Acho que eu coloquei força demais, que droga... – Mesmo parecendo satírico, matar Eru, nunca tinha sido sua intenção. Kala, e o culto, precisavam do garoto vivo.
ㅤㅤ– Seu idiota... O que você fez? – Tertros, assustou-o, a se pronunciar. – Você, matou o jarro sagrado. Como ousa?
ㅤㅤ– E-eu, e-eu não queria. Não sabia que ia mata-lo tão rápido. A c-c-culpa é dele, por ser fraco. – Os outros tripulantes iam se aproximando de Sigur, de forma desconfiada e silenciosa. Estava acabado.

ㅤㅤA barcaça bamboleou, graças ao dano crítico feito em sua estrutura, sinalizando que não estava mais em plenas condições de navegar.

ㅤㅤ– Resolvam isso. Não deixem essa coisa afundar. – Bradou, Sigur, alvoroçando os adeptos, porém, não todos. Algumas silhuetas, o encaravam por debaixo de suas máscaras e outras foram ao encontro do cadáver de Eru. – O que é, vão ficar olhando? Vão fazer o que? – A tensão escalava como um alpinista, ali. Sigur, não podia sequer desativar sua transformação, dada a situação temerosa e incerta.

ㅤㅤNo andar debaixo, para o garoto Kaguya, não restou nada, senão sua última pulsão de consciência.


ㅤㅤ... Era terra que entrava em suas roupas.

ㅤㅤTodas as vezes que havia estado naquela praia, ela havia se apresentado diferente, porém, nessa, estava quase irreconhecível. O oceano havia secado, quase por inteiro. A areia, agora, era predominante naquela paisagem, e o sol era fixo e pujante. Eru, não se assombrava mais com a visão, ela só despertava mais sua curiosidade agora.

ㅤㅤO horizonte, deixou à vista um ponto dourado e brilhante. Ele, forçou a visão para enxerga-lo, mas foi infrutífero, tal qual àquela paisagem.

ㅤㅤ– O ídolo está visível, agora. – A voz demoníaca expôs para ele. Fez-se presente a centímetros de Eru, e então, a visão do garoto tornou-se nítida.; uma estátua de ouro, descomunal e resplandecente implorava por olhares e atenção. – Posto ele sempre esteve, mas agora está visível. – Quando vislumbrou o monumento novamente, era ele. Ele era a estátua.
ㅤㅤ– Como...?
ㅤㅤ– O mar, sempre impediu que você a visse. Agora, você, a vê.
ㅤㅤ– Por que eu estou lá?
ㅤㅤ– Sempre esteve. – O solo ressequido, tremulou abaixo dos pés de ambos. Eru, pôs a mão em seu peito, e a marca pulsava, mas seu coração não.
ㅤㅤ– Que sensação estranha é essa...?
ㅤㅤ– É a morte. Você está morto. – Sentiu a visão embaralhar-se, a cabeça doer e os sentidos ficarem confusos. Morto...?
ㅤㅤ– C-como, como isso aconteceu? Como posso estar morto? – O rosto de Akemi, suspirando de prazer no seu colo tomou-o. – Ela ainda está lá. O que eu faço? – Ter Akemi, em perigo por sua causa, era desesperador. – Preciso salva-la!
ㅤㅤ– Precisa? Você, não conseguiu nem se salvar, Eru. Akemi, morrerá, assim como você morreu. Acabou.
ㅤㅤ– NÃO! Você, sabe. Você, sabe o que fazer. Eu quero salva-la. Me diga, O QUE FAZER!
ㅤㅤ– Qual preço está disposto a pagar?
ㅤㅤ– Qualquer preço. 
ㅤㅤ– Está certo, disso?
ㅤㅤ– Anda, anda logo. Preciso salva-la... por favor... – A desesperança, tomava-o gradativamente.

ㅤㅤO pequeno tremor de terra, agora se tornava um terremoto. A destruição vinha debaixo, com fendas titânicas se formando sob, Eru. O deífico, havia desaparecido, só restava ele, ali. Não demorou, para que a terra o engolisse, levando-o para o fundo. Ficou mais de uma hora em queda livre, para que percebesse que jamais chegaria ao chão, e quando notou; nada.

ㅤㅤEstava em um ambiente branco, incolor e inodoro. Semelhante ao o que o cercava, seus cabelos eram cinzentos, quase brancos, agora. O que aconteceu..? Estava além de seu entendimento. Mal conseguia ter ideia, da forma daquele universo, se era plano, esférico ou reto, se era finito ou infinito. Ouviu Akemi, gritar, como uma trombeta anunciando o fim. Anunciando o apocalipse. Teve certeza de uma coisa, enfim. Tenho que sair daqui...

ㅤㅤTodo seu desejo, seu ódio, sua raiva, e principalmente, seu ímpeto em salva-la, se condensaram num ponto; infinitamente pequeno, e infinitamente poderoso. Ela, gritou mais duas vezes.


ㅤㅤAquela singularidade passou a suprimir todas as formas, de vida e matéria daquele espaço. Akemi, gritou pela quinta vez. Ele, olhou, bem no fundo daquela esfera negra, repleta de escuridão.


ㅤㅤAkemi, gritou, pela sétima e última vez, e ele, não hesitou.

NOTAS:

Jutsus/técnicas usadas:

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ㅤㅤUm volume monstruoso de energia emanou de seu corpo, repelindo os curiosos que o circundavam. A energia era tamanha, que o navio - uma estrutura de noventa e três metros de comprimento - inclinou-se, ao sentir a pressão exercida pela transformação de, Eru. O golpe de morte que havia recebido, já não o incomodava. Estava curado.

ㅤㅤSeus cabelos não eram mais negros, e agora assumiam um tom acinzentado, devido a alta infusão de chakra senjutsu em suas veias. Suas escleras eram negras como o mar, e suas pupilas, amarelas feito o sol da meia-noite. Na região da testa, algumas estruturas ósseas se formavam, semelhantes a pequenos chifres, provavelmente resultado da energia natural fundida a kekkei genkai do Kaguya.

ㅤㅤAquele poder era tanto, que mesmo após a ativação inicial, a massa de chakra ainda continuava escapando para fora da pele do garoto. Completo, finalmente, ergueu seus olhos brilhantes, para o assombro de todos ali.


ㅤㅤTardou um pouco, até que se acostumasse, e enquanto isso, os partidários de Kala, o testemunhavam abismados. Alguns tentavam se proteger, outros se maravilhavam, a ponto de um lunático, se ajoelhar em reverência para aquilo que estava à sua frente. Sigur, por outro lado, o enxergava como um inimigo. Um demônio a ser abatido. O annunaki, ainda estava sob efeito de seu segundo estágio, assim como Eru, que, quando colocou seus olhos no adversário, soube exatamente o que fazer.


ㅤㅤ– Vou mata-lo. – Ditou, calmo, mas com voz de dragão. Sigur, mesmo sentindo o sakki do chunin, não recuou.
ㅤㅤ– Decidiu mudar a filosofia? Tenta... tenta me matar, quero ver o seu poder nessa forma. Vamos ver se é maior que o meu. – Incitou. Tertros, que estava observando tudo quieto até aquele momento, recebeu o olhar de Eru, direto em Hone, sua espada, que o homem havia confiscado.
ㅤㅤ– Essa espada, é minha. Vou recupera-la, espero que não se importe. – Avisou, um milésimo de segundo antes que desaparecesse, e surgisse sobre as costas do homenzarrão, arrancando a lâmina de seu dorso, num súbito. – É horroroso, pegar o que não é seu, sabia?. – Havia frieza, imponência e autoridade em suas palavras, mas acima de tudo, uma profunda calmaria. Desapareceu novamente, ficando no meio entre Tertros e Sigur. – Dois contra um, o que me dizem? Acha que aguenta, Sigur? – Era ele quem provocava agora.

ㅤㅤOs dois annunakis, se entreolharam. Tertros, fez surgir uma massa, com espinhos em suas pontas, de um fuinjutsu que havia tatuado em seu pulso. Sigur, apanhou duas adagas. Em um piscar de olhos, vieram para matar o Kaguya, e, em metade de um, Eru, escapou deles.


ㅤㅤHavia evadido para cima, dessa vez, e aproveitou o ponto cego de Tertros, para enterrar seus dois pés no o corpo do gigante, afundando-o para o segundo andar, e danificando mais ainda a embarcação. Agora, oficialmente, estavam naufragando. O alvoroço foi geral, no momento em que o navio começou a reclinar-se. Ele, não se lembrou de Akemi, nem do que havia dito à ela. Estava cego de ódio naquele momento. Em vez disso, continuou a encarar Sigur, que após ver aquela demonstração de poder, bateu em retirada.

ㅤㅤO fujão, aproveitou-se da confusão geral na barcaça, e encontrou uma brecha para se aproximar do parapeito. Não vai fugir, seu verme.

ㅤㅤDa destra de Eru, seu ulna expeliu-se para fora, acertando em cheio o calcanhar de Sigur, e o levando ao chão. O gemido de dor, não compadeceu o Kaguya, que aproximou-se dele, lento e calmo, ignorando o cenário pandemônico que o rodeava.

ㅤㅤ– Tentando fugir, que patético...
ㅤㅤ– M-maldito...
ㅤㅤ– Matar você, seria bondade de minha parte... – Pisou no osso, encravado no calcanhar direito do annunaki, que gemeu mais uma vez. – Meu amigo também gritou assim, quando você arrancou o braço dele, se lembra? – Os olhos de Sigur, eram assombro e dilatação naquele instante. – Pois é... Isso, é para equilibrar vocês dois. – Fez surgir mais uma estrutura calcificada, pontiaguda e afiada, de sua destra. Decepou o braço direito do homem, num rasgar. O alarido, foi abafado pela estrutura central do navio se partindo. – E, ele também vai precisar de um braço novo, para repor o que você tirou dele, então... – E degolou o outro braço do homem, que desmaiou instantaneamente.

ㅤㅤO mastro tombou sobre o convés, e um clarão de fogo emergiu à sua frente.


ㅤㅤA partir daquele ponto, não demoraria para que estivesse debaixo d'água...

ㅤㅤAbriu os olhos e viu várias figuras encapuzadas nadando para a superfície, além dos destroços de Segredo, caindo em direção ao fundo do oceano. Akemi! Onde ela está? Lembrou-se da princesa, agora, mais calmo e menos vingativo. Essa forma... me transformou num monstro...

ㅤㅤBuscou por ela, desesperado, nadando para a superfície em busca de oxigênio, e mergulhando para encontra-la, dezenas de vezes. Na sétima, avistou o corpo da garota. Havia escoriações na pele dela, além de estar desacordada. Rapidamente a ergueu, colocando suas narinas em contato com o ar.

ㅤㅤO Juin, já estava no limite, e o chakra do garoto já começava a ser corroído pela marca. Vou usar minhas últimas forças para tentar me aproximar da costa... Estavam a um quilômetro de distância do cais de Kirigakure. Enquanto lutava contra a tempestade, lembrou-se de seus inúmeros sonhos. Já enfrentei isso várias vezes... Lutei contra a natureza, e já venci-a, mais de uma vez. Em vários de seus devaneios, as tormentas violentas o faziam naufragar, perder o rumo... Dessa vez não...

ㅤㅤDigladiou-se com o mar e o derrotou, indubitavelmente, aportando na areia com o corpo de Akemi, nas mãos. Exausto, quase que por inteiro, ainda não estava totalmente a salvo. Mas esses caras não desistem... Pensou, ao notar que atrás dele, dois seguidores de Kala, o haviam seguido.

ㅤㅤCogitou em lutar, mas não restavam mais reservas de chakra que dessem conta. Preciso me esconder... Seguindo continente a dentro, um pequeno bosque separava a parte portuária de Kiri, do resto da capital. É o jeito.

ㅤㅤA favor dele, o corpo de Akemi, mal exercia peso sobre seus ombros, então conseguiu correr numa velocidade considerável, abrindo vantagem contra seus perseguidores.


ㅤㅤQuando adentrou a pequena floresta, usou seus últimos resquícios de raciocínio para se lembrar de suas táticas de fuga, que havia aprendido no curso de investigador. Um investigador, não deve só saber procurar, tem que se esconder, tão bem quanto... Lembrou-se das palavras de um se deus tutores. Pensa pensa... Já sei!

ㅤㅤFez falsas pegadas na lama, enquanto corria. Realizou uma curva pela direita, e deixou Akemi, encostada atrás do tronco de uma árvore, de forma que não pudesse ser vista por nenhum deles. Pelo caminho inicial, ele retornou, mantendo as pegadas, para que seus opressores o seguissem. A chuva, agora fraca, deformava as marcas das pegadas, mas ele torcia para que funcionasse...

ㅤㅤDito e feito. As duas silhuetas encapuzadas, orientaram-se pelos rastros deixados pelo Kaguya, ficando na posição propícia para que ele os pegasse.

ㅤㅤDetrás de um arbusto, saltou, cortando o braço de um deles com a lâmina da katana. O efeito calcificante da espada o paralisou, fazendo-o cambalear no lamaçal. Eru, estava tão lânguido, que também desequilibrou-se, e foi ao chão, juntamente com ele.

ㅤㅤO outro, pegou-o pelo pescoço, fechando suas mãos em torno de sua jugular.


ㅤㅤLivrou-se da imobilização com esforço, graças a um pontapé encaixado entre as pernas do opositor. O que se seguiu depois disso, foi um combate deplorável, onde Eru, mal conseguia se mover ou atacar.

ㅤㅤPor cinco segundos, os dois trocaram golpes físicos imprecisos e desajeitados, até que finalmente o Kaguya, prevaleceu, com uma chave de braços bem colocada, levando seu último antagonista ao desmaio.

ㅤㅤEnsaguentado, entregou o corpo ao chão alagadiço, tendo dificuldade até em puxar o ar para os pulmões. Eu venci...? Àquela era a vitória mais derrotada que ele havia tido.

ㅤㅤDiante de tudo o que havia presenciado, ele chorou. Chorou muito. De soluçar. Não tem problema chorar, se ninguém estiver olhando... Os chuviscos se misturavam às suas lágrimas, tornando-as indistinguíveis e imperceptíveis. Quem o enxergasse, ali, veria um pobre garoto, machucado e quase morto, implorando por alguém.

ㅤㅤO rosto de seu igual veio à memória, tal como um chamado do outro lado. Tinha um sorriso aberto entre os lábios e os olhos cintilavam, contentes. Irmão, espere por mim... acho que estou indo vê-lo...

CONSIDERAÇÕES:

NOTAS:

Jutsus/técnicas usadas:

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