"Darkness"

O Sol vermelho se punha além do horizonte de Kumogakure, como sangue que derramava do corpo de meus inimigos. Sendo sincero, nunca me esqueci um único dia do que houve naquela guerra. Eu nunca, jamais aceitaria a derrota. Nem que eu tivesse que dar a minha própria vida em troca de provar a minha superioridade mediante a qualquer oponente que ousasse cruzar as fronteiras do relâmpago. Estaria disposto a pagar qualquer preço para reafirmar quem eu sou de  verdade. A vila transformou-se em um verdadeiro centro militar. Eu não precisava de palavras, e sim de força - Meus investimentos eram mirados unicamente em prol do militarismo absoluto de Kumo. A moral dos homens parecia se reerguer por mais uma vez - Mas minha ausência também lhes preocupava. O Raikage já não fazia aparições públicas. Isolado do mundo e de todos, estava escondido nos subúrbios do grande vilarejo, observando de perto cada mudança, com ódio em meu olhar. Não haviam mais aliados - Apenas ferramentas. Após a queda de nossa vila naquela maldita batalha, estes sentimentos tomaram conta de mim. Eu já não era mais o mesmo - Eu me tornei um verdadeiro demônio. Foi então que Jinjer, vestida com os trajados ANBU, aproximou-se de mim com utilização do Shunshin no Jutsu.

— "Lorde Kagaya...Eu trago uma mensagem de urgência para você. Parece que alguns revolucionários estão se opondo ao seu governo e pretendem unir forças com o povo para derrubá-lo. Eles parecem não ter interesse em confrontá-lo na força, mas seu líder é um nukenin procurado. O que você pretende fazer? Quer que eu mande um esquadrão de - " — Sua frase foi interrompida.

— "Eu vou matá-los. Um por um...E expor suas cabeças na praça para que sirva de exemplo." — Toquei os lábios da garota, que simplesmente baixou os olhares e desapareceu.

De imediato, como uma sombra demoníaca, meu corpo se desfez em incontáveis folhas de papel cobertas pelo chakra sombrio do Juinjutsu. Após horas de viagem, eu chegava até um vilarejo próximo, e logo perceberia que para desmontar aquele esquema absurdo, levaria bastante tempo - Talvez algumas semanas. Eu tinha a opção de negociar ou mesmo resolver com o diálogo, mas eu preferi levantar minhas armas contra aqueles cidadãos indefesos. Democracia não existia. Tudo o que eu dizia ou fazia era absoluto. Ninguém estava acima de mim...E eu não permitiria qualquer ato contrário aos meus ideais. Os revolucionários se encontravam ao centro, e eu havia chegado justamente no momento em que uma palestra contrário a minha gestão se iniciaria. Me infiltrando na multidão como um cidadão qualquer, coberto por trapos e ocultando o rosto, assistia de perto o que tinham a dizer.  Ele bradava palavras de paz, liberdade - Defendia as palavras em detrimento das armas. Patético. Com uma leve risada, moldei o chakra futon em minha mão direita e arremessei uma sequência de ondas elementais contra o palco, rasgando tudo e todos a minha frente com extrema facilidade. Sues corpos partidos caíam sobre a madeira ensanguentada, e a população corria. No horizonte da morte, meus olhos carmesim brilhavam para representar quem de fato estava acima de tudo.

— "Lixo nunca deixará de ser lixo." — Ditei, com feição séria.

E então, dando as costas, deixei aquele vilarejo. As notícias dos massacres misteriosos se espalhavam com facilidade e rapidez. Ao longo das semanas, desarticulei dezenas de centros revolucionários, assassinando cada um que ousasse se comprometer com aquela causa desgraçada. Fadados ao fracasso, o ponto final da questão veio na forma de punição divina. E foi em meio aquela jornada sangrenta e que enfim o líder resolveu se revelar - Um nukenin procurado antigo, portador de uma Kekkei Genkai ancestral, porém esquecida - O Senninka, dos Juugo.

— "Então é assim que você age? Quando alguém demonstra uma ideia contrária a você, prefere silenciá-las? Você realmente é uma criatura da escuridão, Raikage. É por isso que eu abandonei ste vilarejo. Com você no poder, nós todos estamos fadados a perdião!" — Exclamou, transformando-se.

— "Então que se percam, servindo como boas ferramentas para minha causa." — Respondi.

Com olhares baixos, ativei o Shikigami, enquanto o procurado iniciava uma sequência de ataques ferozes. A diferença de poder entre mim e aquele maldito fugitivo era notória: Ele mal conseguia encostar em mim, quando transformado em papel. A dificuldade da missão não estava na força de meus oponentes - E sim na quantidade e influência. Se eu falhasse na neutralização, aquele movimento poderia atingir níveis catastróficos. O ódio em meu coração se enrolou ao redor de minha alma e apertou meu espírito com força. E então, movido pela sede de sangue e vingança, atirei uma centena de lanças de papel contra o corpo daquele homem. Em um único movimento de mão, o corpo do sujeito transformava-se em algo irreconhecível. Morto e com o dever cumprido, retornei para a vila cruzando os mesmos caminhos de antes. Mas ao invés de assassinar no silêncio como das outras vezes, fiz questão de empalar cada líder revolucionário no centro de seus vilarejos - Os corpos ensanguentados deixados para morrer, atravessados pelas lanças de papel daquele que agora era conhecido como O Empalador. Eles não conheciam a minha verdadeira identidade por baixo dos mantos, e era melhor que assim permanecesse. O medo instaurou-se por todo o país, e minha mão de ferro tomaria conta daquela nação, derramando sangue dos fracos e servir suas carnes para os dignos.

[...]

O Éden havia sido destruído, substituindo a paisagem calma pelos campos de treinamento intensivo. Cada homem e mulher eram treinados com a única finalidade de se tornarem armas vivas. Nenhum deles tinha outro objetivo se não se tornarem o mais forte que pudessem. Kumogakure já não era mais uma vila democrática e de paz. Me cobri com o manto da escuridão, mergulhando no abismo infinito para obter poder suficiente e concretizar meu objetivo de enterrar tudo aquilo que se opusesse a mim. Eu estava tanto do lado do bem quanto do mal - Uma dualidade espiritual que conflitava com meu passado. E então, do topo da mais alta construção de Kumogakure, eu observava a tudo. O pôr do sol caía novamente.... Eu não tinha nenhuma outra ambição se não acumular ainda mais poder para esmagar qualquer inimigo. Não mais toleraria a humilhação de antes. Então, quando as nuvens se dissiparam, pude ver com clareza o renascimento do sol vermelho. Iluminou os lagos com uma tonalidade vívida como sangue. Toda a terra se ajoelhou perante seu resplendor carmesim.

Como nunca antes, ele reapareceu ainda mais violento. O calor insuportável.
Vívido no horizonte, ele clamava por ainda mais sangue. Oferendas vivas.
E sangue eu lhe daria: Sangue dos impuros.
Sangue de Konoha.

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