Glossário:

ㅤㅤA mão da mulher se fechou contra suas bochechas, apertando-as. Sentiu os olhos dela percorrerem todo seu corpo.
ㅤㅤ— É só um garoto magricela. — Avaliou-o com demérito. — O que a princesa viu nele? — Indagou para o vetusto, que seria responsável pela escolha dos trajes, que o jovem Eru usaria na noite de gala da princesa.
ㅤㅤ— Ei, eu estou te ouv- — Foi interrompido.
ㅤㅤ— Não faço ideia senhora Kazuha, mas fique tranquila, farei tudo o que estiver a meu alcance para que o rapaz fique apresentável esta noite. — Bem menos aviltante do que ela, ele aproximou-se do púbere, com uma fita métrica em sua mão direita. — Retire o sobretudo, por favor. — Ele obedeceu. — Agora estenda ambos os braços. Alguma cor que tenha preferência?
ㅤㅤ— Preto. — Foi direto. — Azul marinho também.
ㅤㅤ— Ah, tenho ambas as cores aqui. — O idoso arrastou os cabides para perto. — Olhe para esse sobretudo, longo, azul marinho, bordado a mão e detalhado com os símbolos da família Murakami.— A família Murakami era consanguínea da família do Senhor Feudal do país da água, com alguns membros tendo parentesco direto com o mesmo.
ㅤㅤ— Bonito. Pode ser esse.
ㅤㅤ— Não quer tentar ver os outros, meu jovem? — O estilista ofereceu, mas o garoto já havia decidido. — Vamos fazer os ajustes então. Coloque-o, por gentileza. — Eru pôs o sobretudo. Logo notara que o material era de ótima qualidade. — Precisa de uns ajustes na manga e na gola. — Observou o velho, apanhando uma agulha e iniciando as alterações.


ㅤㅤ— Seja breve, por favor. — Já estava ficando enfastiado. Por quê eu fui aceitar essa missão?
ㅤㅤ— Yoshiaki, verei se a princesa precisa de algo. Quem sabe ela mude de ideia... — Olhou-o de cima a baixo. — ...quanto a seu par esta noite. — Com o nariz arrebitado, Kazuha se dirigiu a porta. Usava um longo vestido verde musgo, com um espartilho sufocando sua cintura e os cabelos bem amarrados por um coque. — Deixe o shinobi o mais apresentável possível. — O desdém pôde ser sentido, emanando de suas palavras enquanto ela os deixava a sós.
ㅤㅤ— Sim, madame. — O idoso acatou.
ㅤㅤ— Quem é essa mulher? Não a vi na vila durante a visita da família Murakami.
ㅤㅤ— Ela é a senescal da mansão, e naturalmente está responsável pela organização do aniversário da princesa e de toda a logística que o envolve. — Respondeu o longevo.
ㅤㅤ— Princesa? Akemi, não disse para mim que era uma. — Mostrou-se confuso.
ㅤㅤ— De fato, ela não é uma princesa oficial, porque não está na linha sucessória direta, porém ainda é de nobre nascimento, além de uma bela jovem, o que faz a alcunha... —  Revirou os olhos, procurando a palavra certa. — Adequada. Mas não inteiramente verídica. — Concluiu a explicação. — Como você e a princesa se conheceram mesmo?
ㅤㅤ— Na visita que ela e a família fizeram até Kirigakure, a algumas semanas atrás. — Lembrou-se da cena dos dois se encontrando. — Ela tropeçou e eu a ajudei. Conversamos depois disso, e ela me contou que gostaria que eu viesse até seu aniversário. Ela insistiu, na verdade. — Tal relato o deixou levemente corado. — Mas eu estou em missão, que fique claro. — O estilista deu uma leve gargalhada.
ㅤㅤ— Não estou aqui para julga-lo, meu jovem. Akemi é uma menina muito doce e gentil, e, se me permite, vocês dois fazem um belo par. Serão o casal mais bonito do baile, tenho certeza. — Aquelas palavras não chegaram de foram aprazível nos ouvidos do jovem Kaguya.
ㅤㅤ— É... Acabou? — Foi ríspido. Eu seria um tolo se me imaginasse ao lado de alguém... e insano, se esse alguém fosse uma princesa.
ㅤㅤ— Sim. Agora as mangas e a gola estão mais proporcionais. Veja-as no espelho.

ㅤㅤO seu próprio reflexo o assustou. Estava incrivelmente bem apresentável, o sobretudo acabou por lhe favorecer em todos os seu atributos. Então é assim que os nobre se vestem... Yoshiaki também aprovou o traje.
ㅤㅤ— Se parece um príncipe, meu jovem.
ㅤㅤ— Estou longe de ser um. — Alguma coisa em toda aquela pompa o incomodava.
ㅤㅤ— Todos nós, no fundo, temos nobreza dentro de nós. Você deve sabe bem disso... — O tom de voz de Yoshiaki era tênue. Qual é a dele?
ㅤㅤ— Não estou tão convencido disso.

ㅤㅤUma das criadas curvou-se perante a porta, e deixou um recado.

ㅤㅤ— A princesa Akemi, deseja que o jovem Eru vá ao encontro dela no jardim.
ㅤㅤ— Vá, meu jovem. Ela deve estar muito ansiosa para vê-lo.

ㅤㅤEle deixou o quarto em que estava, e foi ao encontro da garota. Qualquer garoto naquela situação ficaria nervoso, mas ele não. Coisas impossíveis não me tiram do sério.

ㅤㅤA névoa era fraca naquela parte do País da Água, muito diferente das outras regiões. Envergonhado, o sol aparecia por detrás das nuvens, produzindo alguns raios quentes e luminosos. Um dos raios beijou o rosto de Akemi, quando Eru a avistou. Era uma visão pouco costumeira para ele; uma princesa, sinalizando para ele, afoita, almejando por sua companhia. Os cabelos dela esvoaçavam-se conforme ela acenava para ele. Não se iluda, isso não é para você...


ㅤㅤ— Eru! Que bom que você veio. — Ela o abraçou, e ele não pôde recusar. — Sério, estou tão feliz em vê-lo. Como foi a viagem até aqui?
ㅤㅤ— Foi tudo bem, eu acho. — Ele estava um pouco vermelho.
ㅤㅤ— Vamos lá para dentro, vão servir chá. — Apanhou-o pelas mãos. Por que tem que ser tão doce...?

ㅤㅤAkemi era a garota mais simpática que ele conhecera, comunicativa, alegre, e conseguia fazer com que, até ele, se sentisse confortável. O chá foi servido as quinze horas em ponto. Muitas pessoas, criados, seguranças, e até ninjas perambulavam pela mansão.

ㅤㅤ— Não estranhe toda essa movimentação, são só os preparativos para a festa. — Ela segurou a xícara com ambas as mãos. Tão delicada...
ㅤㅤ— Está tudo bem. As coisas andam bastante movimentadas para mim também. — Ela fez uma expressão de espanto.
ㅤㅤ— Estão? — Os olhos ficaram perdidos por um instante. — O que isso quer dizer?
ㅤㅤ— Sim, muitas missões. Voltei de uma recentemente, que me deu essa cicatriz. — Mostrou um pequeno corte no braço.
ㅤㅤ— Ah. — Suspirou de alívio. — Deixe-me vê-la. — Tocou no pequeno corte. Ele quis recuar o braço, estava assustado, jamais tivera aquela sensação.
ㅤㅤ— Não é nada. Só um corte. — Ele foi modesto, não por ser um, e sim por estar tímido naquela situação.
ㅤㅤ— Você é corajoso, tive essa impressão quando o vi. Se lembra do que estava fazendo? — Ele se lembrava.
ㅤㅤ— Dando uma bronca em meu colega, Teri, por não ter seguido as ordens de um de nossos superiores.
ㅤㅤ— Era mais do que isso. Você estava brigando porque se preocupava com ele, foi a impressão que eu tive. — Os olhos dos dois se encontraram. Por que...? por que tão doce...?
ㅤㅤ— É. Quase isso. — Queria dar a ela mais, mas não tinha para dar. Um sorriso. Pelo menos um sorriso. Um pequeno, que seja.

ㅤㅤUm singelo sorriso apareceu no canto da boca dele. Quem quer que o visse não reconheceria. O que é que esta tentando fazer, idiota? Você não serve para isso. Aceite... Muito diferente dele, ela sentiu verdade naquele sorriso, e foi além, elogiou-o. Infelizmente, o sorriso fora a última coisa boa que aconteceu naquele momento. Kazuha entrou no salão assim que a princesa fez o elogio ao sorriso dele, verbetando sobre os últimos preparativos, e tirando-a bruscamente de seu lado...

ㅤㅤ...só voltariam a ser ver no salão principal, rodeado de outros convidados, comerciantes, aristocratas, pessoas poderosas no País da Água, e até de outros países. Então isso é ser nobre...obedecer as próprias regras, e se divertir em bailes e festas luxuosas.  A análise era superficial, mas verídica de certa forma. Quando Akemi desceu a escadaria principal, todos os presentes ficaram boquiabertos.


ㅤㅤUm vestido de cetim, branco e azul piscina, cobria seu corpo. Adereços de prata enfeitavam seus cabelos, se misturando com as madeixas acinzentadas da garota. Desceu os degraus, graciosa e radiante. Todos os convidados a parabenizavam, elogiando seu vestido, sua boa aparência, e claro, sua nobreza. Não pertenço a esse lugar... tudo aqui, não é para mim. Nesse momento, ele não sabia mais distinguir entre noção de realidade e autossabotagem.

ㅤㅤAkemi se aproximou, o que atraiu muitos olhares, alguns curiosos outros de forma redutiva. Ele estava muito bem, apesar de seu desconforto, com a postura de um lorde, e trajado como um príncipe. Ela apressou-se em perceber isso, não economizando elogios para ele.


ㅤㅤ— Você é um príncipe e não me contou? — Educada e polida como sempre.
ㅤㅤ— Só por fora. — Ele respondeu, dessa vez fitando-a nos olhos.
ㅤㅤ— Eu discordo. Acho que você só externou o que tinha aqui dentro. — Tocou no peito dele. Ele tomou coragem para acompanhar os passos dela, e arriscar uma dança.
ㅤㅤ— Se eu fizer mal, é porque não sei dançar.
ㅤㅤ— É fácil, só acompanhar meus pés.

ㅤㅤDançaram por dez minutos, e ele não deixou a desejar. Muita comida e bebida foi servida, juntamente de música, e até poesias. Alguns bem nascidos decidiram se aproximar dele, indagando de sua precedência. Para o azar deles, Eru sabia dar respostas certas para pessoas erradas, de modo que eles logo desistiram em aporrinha-lo. Akemi e ele voltaram a se juntar, passando o resto da noite juntos.

ㅤㅤQuando a madrugada já estava às portas, ele avisou que partiria. Ela, contrariada, insistiu que ele ficasse, mas em vão. Eu preciso muito ir... para o meu próprio bem. Queria dizer a ela tanta coisa... mas não consigo.  Entristecida, ela o acompanhou até o jardim frontal da mansão, com um guarda-costas garantindo sua segurança. Árvores frondosas cercavam os dois jovens quando a última conversa teve inicio.

ㅤㅤ— Você não gostou, não é? — A voz era quase chorosa.
ㅤㅤ— Não, eu gostei sim. É a primeira vez que venho em uma casa tão bonita, e que eu converso com alguém tão legal... e foi a primeira vez que eu dancei também. — Tentou amenizar, mas não conseguiu.
ㅤㅤ— Não precisa mentir para mim, Eru... Essa é a última vez que nos veremos? — Ele hesitou em responder.
ㅤㅤ— N-não... — Diga a ela. Diga. Diga que é complicado, você é complicado. Diga que você queria vê-la de novo, mas não quer envolve-la no seu mundo conturbado. Diga! — Eu não sei. Você é uma princesa, Akemi, tudo o que você faz é visto, você é importante, nobre. Nossas vidas são muito diferentes... — Era tão difícil para ela ouvir, quanto para ele falar.  — Você me entende? — Ela entendia.
ㅤㅤ— Saiba que eu vou torcer por você, mesmo de longe... e, se um dia se lembrar de mim... venha me ver. Não é tão difícil me achar, como você mesmo disse. — Um sorriso tristonho apareceu nos lábios dela. Veja o que você fez, você a fez chorar.
ㅤㅤ— Pode deixar. Um dia eu serei maduro o suficiente para revelar meus sentimentos, sem medo de julgamento. Quando eu me resolver, se você ainda estiver por ai... eu volto. — Nem ele acreditou que tinha dito aquilo. O semblante dela se revigorou um pouco.

ㅤㅤEle se virou, cheio de coisas presas em sua garganta. Um dia, eu juro, Akemi, te darei o que você merece. Hoje, tudo o que eu podia te dar eu dei, e eu queria tanto que você soubesse disso... Há coisas a serem mexidas, coisas que eu preciso consertar e melhorar, e eu não teria coragem de envolver você nisso. Por hora, você vai permanecer na minha mente... e algum dia, permanecerá em meus braços.

Notas:

Objetivos:

Atributos e Qualidades/Defeitos:

Kekkei Genkai:

Jutsus Utilizados:

Bolsa de Armas:

Aparência:

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