O loiro caminhava por entre as terras úmidas de sua cidade, repousando as falanges dentro dos bolsos de sua calça preta. Sua direção era conhecida, afinal percorrera o mesmo trajeto inúmeras vezes desde que iniciara sua vida como um ninja. Não havia feito sequer uma refeição naquela manhã, apenas alguns goles de água eram suficiente. Sua intenção era realizar o treinamento em jejum.

“Tsc, odeio essa sensação de impotência.” Pensava Avalon, deixando sua frustração transparecer em seu rosto.

De fato, o loiro exigia muito de si mesmo. O que era compreensível, dada a magnitude de suas ambições para o futuro. Ele ergueu uma das mãos, a direita, e fitou-a com o palmo aberto.

“Um potencial tão grande, mas ainda inexplorado.” Ele cerrou o punho, voltando a mão para o bolso.

Seus passos permaneciam no ritmo calmo de sempre, e sua postura exalava sua confiança, tão embora seus questionamentos enevoassem sua mente.

Prosseguiu em seu caminho na direção marcada previamente, os campos de treinamento, onde pretendia realizar um treinamento para expandir seu limite de resistência. Atenuar seu cansaço, assim como melhorar sua condição em batalha, seria vantajoso para ter mais tempo de analisar seus inimigos.

Decisões precipitadas arruinaram muitos reinos, e Avalon não pretendia juntar-se a eles.

Cessou seus passos ao chegar e adentrar o campo de treino. Em sua volta haviam diversos corpos d’água, como era de se esperar de uma instalação de Uzushiogakure. Avalon ainda questionava-se por que não ter nascido com uma habilidade em água, um elemento tão abundante naquele país.

“Mas o meu claramente exerce alguma vantagem sobre esse.” Pensou.

“Esqueça, é hora de me concentrar.” Esvaziou os pensamentos inúteis, focando-se apenas no momento presente.

“Todo o resto é pó.” Mentalizou, tratava-se de uma frase que ouvira no passado de um de seus mestres. Um pequeno sorriso brotou em seus lábios ao lembrar da imagem do ancião. “Que falta seus ensinamentos me fazem, velho.” Por fim, fechou os olhos para se concentrar melhor.

Tentava enxergar sua energia interior em fluxo, fazendo isso através de uma imagem monocromática de si mesmo, sendo vista de fora. Era mais fácil para Avalon imaginar assim, então o fazia assim.

Como se tratava de um treinamento de exaustão, tudo que precisava fazer era exalar sua energia de maneira constante, sem materializar nada específico – apenas gastando-a.

Manteve-se estático, postura ereta e mãos nos bolsos, enquanto sua energia dourada exalava de seus poros e podia ser vista na forma de uma fina camada que oscilava e desaparecia ao se afastar do seu corpo um pouco mais.

Com os minutos voando, e a energia continuamente transbordando, já era visível o suor escorrendo pela testa e pelas partes visíveis do corpo do Uzumaki. Suas têmporas estavam enrugadas, pelo esforço empregado em manter aquele fluxo constante.

“É mais difícil do que parece”, garantiu.

Suas reservas beiravam o esgotamento, sentia sua consciência turvar-se um pouco. “É esse meu limite?”, questionou, “então eu o ultrapassarei.” Concluiu.

Por mais alguns minutos permaneceu naquele estado, sentindo sua energia esvaziar rapidamente. Não possuía mais tanto controle do fluxo, então ela vazava de forma exagerada, o que acelerava o processo de fadiga.

E de repente, o fluxo cessou. Uma forte náusea acometeu Avalon, que interrompeu imediatamente o treino e caiu sobre um dos joelhos, apoiando uma mão no solo e a outra na perna que não cedeu.

—— Por hoje está bom —— Concluiu, se levantando com alguma dificuldade e retornando para casa.

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