Os céus refletiam bem a alma de cada pessoa naqueles dias.
As gotas que caiam manchavam as ruas com o horrível carmesim do sangue, enquanto os gritos e choros ainda podiam ser ouvidos em todos os cantos. Em pé sobre o que restou das muralhas, Luma refletia, em profunda tristeza, sobre como as coisas teriam chegado àquele ponto.

Sua mestre era uma jounin, e portanto havia partido junto ao Hokage para lutar nas linhas de frente. Será que ela desconfiava que Konoha poderia ser atacada? E se sim, teria feito diferente? Eram perguntas que Luma temia não ter a resposta – ou, talvez, na verdade temesse tê-las.

Mas não poderia se deixar prender pela lamuria. Não agora, quando a situação estava em seu ponto mais crítico. Era um milagre que ela própria ainda estivesse viva, mas era uma condição que pretendia manter. Ainda que fosse uma mera genin, não poderia se dar ao luxo de morrer, não enquanto ainda haviam pessoas para proteger. Se o Hokage era a primeira linha de defesa dos habitantes da vila, eles, os ninjas que restaram, deveriam ser a última.

Recuperando o fôlego, a criança se preparava para saltar novamente para o centro, em direção a onde os demônios estavam, quando algo chamou sua atenção. Um... homem? Alguém surgiu do lado de fora dos portões, e, com a eficiência de um veterano, eliminava os monstros que se aproximavam de si. A garota não sabia quem ele era, nem se poderia confiar nele, mas, sinceramente, estava sem escolhas.

Saltando para o chão correu para auxiliar um grupo de pessoas que tentavam escapar, ajudando uma mulher ferida a chegar até onde o sujeito estava. Querendo ou não, aquela parecia ser a melhor chance de todos.

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Luma queria que não estivesse chovendo tanto.
Ela gostava de chuva. Mas não daquela chuva. Não quando o mundo e todas as coisas pelas quais ela se dedicou pareciam estar acabando. Seja o que for que estivesse acontecendo nas linhas de frente, seria inútil se todos que estavam ali fossem massacrados.

O homem – agora ela via que era um homem – realmente se mostrava ser a melhor chance que teriam. Pelo canto dos olhos ela notou que outros dois shinobis se juntaram próximo a ele: um deles era alto, aparentando experiência, e o outro não poderia ser muito mais velho do que ela. Por alguma razão ela sentia que já tinha visto ele antes, embora, nesse primeiro momento, não se recordasse onde.

E foi enquanto ouvia o que o homem velho dizia que duas daquelas criaturas demoníacas se desprenderam da horda e avançaram contra o grupo. O coração de Luma parecia que iria saltar da boca a qualquer momento e ela já levava a mão até sua bolsa de armas, mas antes que fizesse qualquer coisa teve uma ideia melhor.

Primeiro enviaria chakra para seus membros inferiores e usaria o Shunshin no Jutsu para saltar para trás, ganhando uma maior distância das criaturas, de pelo menos 20 metros. No caminho deixaria algumas makibishi caírem, criando uma zona segura enyre ela e os monstros. Eles eram rápidos, Luma era inteligente o bastante para saber que não os venceria na velocidade, e portanto precisava antever seus movimentos. Para tanto, assim que seus pés tocassem o chão iria ativar o Akagan.

Uma vez sendo capaz de realizar a leitura dos movimentos dos demônios ela tentaria prever a direção em que estariam se movendo, não para acompanhá-los, e sim para arremessar duas senbons em um ponto futuro, visando a região em que deveria estar a cabeça. Para facilitar a genin se concentraria em apenas um dos monstro, o que não estivesse sendo atacado por ninguém.

Luma tinha consciência de sua baixa aptidão física e que não poderia deixar aquilo se tornar uma luta de resistência. Tendo isso em mente ela optaria então por manter o combate a distância, onde seria possível usar movimentos mais suaves e, com a ajuda de seu doujutsu, mais precisos.

Estando a distância, Luma procuraria dar suporte ao garoto, concentrando arremessos de senbons caso os demônios tentem cercá-lo. Por mais que parecesse trabalho de equipe, do ponto de vista dela era apenas sobrevivência. Com ele fazendo a frontline, não poderia permitir que caísse, ou ela seria atacada diretamente.

Caso não houvessem pessoas próximas aos demônios, ela tentaria finalizar de uma vez por todas. Sacaria simultaneamente uma kunai e uma Kibaku Fuda, para então grudar o papel bomba na arma e a arremeçar contra os demônios. Para garantir que não houvesse o risco de ferir companheiros, iria se valer constantemente de sua kekkei genkai, e só atacaria quando tivesse certeza do acerto.

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Havia sido fácil demais.
Por experiência própria Luma sabia que quando as coisas aconteciam com muita facilidade, queria dizer que a parte ruim ainda não havia chegado. Ao menos, era isso que a jovem genin refletia enquanto observava o demônio se liquefazer aos seus pés.

Ao notar o brilho das agulhas, a garota sacou uma kunai e cortou um pedaço da manga de seu uniforme, ultilizando-o então para recolher e limpar as senbons tomando o cuidado para não encostar no sangue. Ela não tinha certeza, mas dada sua convivência com Batafurai, que a ensinou a utilizar venenos em batalha, preferia não arriscar um contato com aquele líquido. Apenas se lamentou não ter ampolas consigo, pois gostaria de ter a oportunidade de estudar o sangue dos demônios e se realmente teriam aplicações nocivas.

O grito do velho homem a trouxe de volta a realidade. Luma ainda mantinha seu doujutsu ativado, de maneira que, em uma varredura nos arredores, esperava conseguir identificar a aproximação de criaturas através de sua rede de chakra. Concentrou-se primeiramente na floresta indicada, buscando garantir que o caminho por entre as árvores estava limpo. Essa precaução era necessária pois no momento ela estava sob o comando daquele sujeito, e sua ordem havia sido de ajudar a proteger os civis; sendo assim, a genin precisava se certificar que não estavam indo em direção a uma emboscada.

Caso estivesse tudo bem – do contrário, alertaria do perigo – iria procurar se manter um pouco atrás da multidão indicando com o braço a direção que deveriam seguir, e de forma a proteger a retaguarda e o franco direito. E nesse momento ouviu o som aterrador do gelo se partindo, virando-se rapidamente para enxergar o que estava acontecendo. O que ela viu fez seu coração perder algumas batidas.

Ela estava certa, afinal, sobre as pequenas criaturas serem sido a parte fácil. Focando sua visão naquele monstro, poderia estimar que ele tinha, no mínimo, duas Luma's de altura, e com tantos músculos que poderia a partir facilmente ao meio. E não só isso, sua velocidade também era maior que a dos anteriores, de maneira que a garota só podia o acompanhar com os olhos graças ao doujutsu.

"Eu deveria avançar?" refletiu, tendo ciência da distância que teria que percorrer. O garoto estava muito mais perto e provavelmente seria atacado primeiro e sozinho, o que, pragmaticamente pensando daria tempo para os civis escaparem, mas ao mesmo tempo seria possivelmente errado de se permitir que ocorresse.

Luma ainda não estava disposta a gastar energia demais, não ainda no início da fuga. Optou, então, por juntar as mãos e realizar os selos do Cachorro e Tigre, conjurando assim o Oboro Bushin no Jutsu. No meio do processo ela se recordou de algo que sua mestre havia tentado lhe ensinar, sobre usar jutsus com apenas uma mão, mas, pela urgência do momento, optou por apenas manter o pensamento.


Seu plano se consistia em fazer com que todos os "Clones de Neblina" avançassem em seu lugar para cima do monstro, criando assim a distração para que o garoto – e possivelmente o shinobi que os acompanhava – pudessem atacar em segurança. Caso mesmo assim o monstro continuasse avançando na direção dos civis, ela esperaria até que estivesse dentro de sua zona de alcance para arremeçar a kunai com a Kibaku Fuda em seu rosto, em seguida se afastando novamente 20m com o Sunshine.

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Luma precisava de um banho.
Com a chuva vermelha que insistia em cair, seu corpo já estava coberto por sangue, e isso sem falar das roupas. A capa, que anteriormente era de um branco-puro, parecia completamente tingida de carmesim. Parte de si sentia o impulso de deixar todos para trás e correr em direção para onde Batafurai estava, mas ao mesmo tempo sabia que era apenas seu eu criança falando. Ela não era uma criança, constantemente se lembrava, era uma shinobi de Konohagakure.

Luma seguiu ao lado da multidão, tendo desativado seu doujutsu após constatar que o caminho era seguro. Não fosse pelo consumo constante de seu chakra, ela o teria mantido durante toda a viagem, principalmente após ter presenciado o genjutsu do shinobi de cabelos ruivos. Se alguém era capaz de matar tantos demônios com apenas uma técnica, esse era alguém em quem ela gostaria de ficar de olho.

Sem abaixar a guarda em nenhum momento, sempre atenta às movimentações nas árvores, foi conduzida junto ao restante para o que parecia ser uma caverna. Foram horas de caminhada, e o corpo da genin estava exausto, e portanto deixou-se recostar na parede rochosa. Não percebeu o quanto estava faminta até começar a sentir o cheiro das comidas sendo preparadas, mas mesmo assim demorou para tomar sua porção, apenas após se certificar de que teria o bastante para todos. Afinal, ainda estava sob a ordem de garantir a segurança de todos os civis.

Então, após ter se alimentado, respirou fundo e ficou em pé. Notou que o outro genin estava indo mais para dentro da caverna, então tomou a direção contrária, saindo de dentro dela. Embora tenha se queixado mentalmente da chuva, ela seria útil agora. Luma parou por alguns instantes, concentrando chakra em seus pés, e então começou a subir na maior árvore que encontrou ali perto. Parou no último galho próximo ao topo, de maneira que ainda tinha visão da entrada da caverna e ficava consideravelmente oculta pelas folhagens, e se sentou em posição de meditação.

De olhos fechados, Luma respirou fundo, para então ir controlando seu fluxo pulmonar, procurando garantir que seu corpo estaria bem abastecido de oxigênio. Queria aproveitar aquele momento de tranquilidade para trabalhar o seu controle de chakra, e, consequentemente, suas habilidades em ninjutsu. A jornada poderia ser ainda mais dura de agora em diante, e não poderia simplesmente descansar sabendo que ainda havia muito o que melhorarem si.

Concentração total, expurgar da mente cada pequeno pensamento contraditório, deixar-se mergulhar dentro de si mesma. As gotas que pingavam em seu corpo eram um desafio adicional, uma maneira de forçar seu empenho em se concentrar. Como sempre acontecia quando precisava se lembrar do pelo que estava se dedicando, seus pensamentos convergiram para Batafurai.

"Ela me salvou", sua própria voz dizia em sua mente. "É graças a ela que eu não preciso mais sofrer ou passar fome. Então é por ela que eu luto, e por ela que eu não posso falhar".

Após o que pareceu serem vários minutos, Luma abriu os olhos. A segunda parte de seu treinamento era praticar seus jutsus, e já se preparava para juntar as mãos quando teve uma idéia melhor. Novamente se recordou de sua sensei tentando lhe ensinar sobre o uso de jutsus com apenas uma mão. Agora com tempo para praticar, ficou em pé, dedicando alguns instantes em se concentrar no que precisava fazer.

Com a mão direita, tentou realizar os selos do Carneiro, Cobra e Tigre, sendo imediatamente confrontada com a óbvia barreira de ser impossível realizar os selos completos com apenas uma mão. Raciocinou por mais alguns instantes, tentando visualizar a ação de uma maneira que funcionasse.
"Meio selo, talvez?"

Então refez os movimentos, agora fazendo apenas metade de cada selo – ainda sem obter resultado. Mas agora não conseguia ver o que estaria fazendo de errado, restando acreditar apenas que falta prática, ou talvez motivação. Com esse último pensamento uma idéia inusitada surgiu em sua mente, e, novamente enviando chakra para a sola de seus pés, Luma deixou seu corpo tombar para frente, de maneira que ficasse grudada no galho de cabeça para baixo.

A jovem genin não era especialista no corpo humano, mas era inteligente o bastante para saber que ficar naquela posição por muito tempo poderia acarretar em problemas graves em sua pressão arterial. Nada melhor do que um desafio cronometrado com riscos reais para estimular seu corpo e sua mente a colaborarem, era o que sua sensei sempre dizia.

Então, em posição de morcego, Luma continuou tentando moldar chakra com apenas uma mão. Cada tentativa repetia os mesmos selos, até que conseguisse realizar o Bushin no Jutsu, ou sentir que não poderia mais aguentar. O nível de desafio havia aumentado também, pois agora precisava realizar a técnica ao mesmo tempo em que controlava o chakra nos pés. Mas tratando-se de dedicação para cumprir suas metas, dificilmente encontrariam alguém mais empenhada do que Luma Chounmei.  

Finalmente o cansaço começava a vencer, e independente de ter conseguido ou não a jovem genin retornou para dentro da caverna. Ali procurou um cantinho para si próximo a uma das fogueiras, e antes que notasse estava dormindo.
Felizmente, estava cansada demais para ter pesadelos.

Quando tornou a abrir os olhos já se sentia totalmente recuperada. Dormir no chão de uma caverna ou em uma cama confortável na vila eram praticamente a mesma coisa para quem encerrou o treinamento na Academia. Ela ficou em pé, esfregando um dos olhos para afastar o restante do sono. Ainda precisava de um banho, e se sentia pegajosa pelo tanto de sangue sobre seu corpo, mas teria que esperar até encontrarem um rio ou coisa do tipo.

E foi então que ouviu a voz do garoto, demorando alguns instantes para perceber que era com ela que ele falava. Luma o encarou, mantendo no rosto o seu sorriso gentil costumeiro – embora ficasse um pouco diferente com seu rosto vermelho. Ela então deu de ombros, e apontou para o fundo da caverna, sugerindo que fossem até lá para treinar. Enquanto caminhava, se fossem mesmo por ali, ela passaria uma das mãos por debaixo sua capa, como que para ajeitar melhor ao corpo, enquanto olhava atentamente para cada canto escuro da caverna. Se aquilo seria uma luta, ela já gostaria de deixar algo preparado.

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Graças ao seu doujutsu, Luma havia conseguido enxergar bem os movimentos do garoto na luta contra os demônios. Assim, mesmo tendo a certeza de ser incapaz de acompanhar fisicamente seus movimentos, ela esperava ter uma noção considerável de como ele atacava.

Foi com esse pensamento que ela deixou a técnica preparada assim que aceitou o convite. Assim, independente do que ele faça, Luma ao menos teria uma carta na manga.

E a estratégia traçada desde o início seria permitir que ele viesse com tudo em sua direção, para no último instante ativar o Kawarimi no Jutsu. Caso funcionasse, Luma seria substituída pela sua capa – que, com sorte, poderia até cair sobre a cabeça do garoto, embora não fosse necessário –, e reapareceria em um dos cantos sem iluminação da caverna.

Imediatamente, Luma execultaria, em simultâneo com ambas as mãos (um em cada), os selos do Oboro Bunshin no Jutsu e do Henge no Jutsu. Era arriscado, visto que moldar chakra em duas técnicas diferentes exigiria um maior controle, mas graças ao seu treinamento na árvore ela esperava conseguir.

Se tudo funcionasse, aquela parte da caverna seria preenchida por centenas de Luma's, que começariam a correr em círculos ao redor do garoto, como se cada uma delas estivesse se preparando para atacar. E a própria Luma, que, provavelmente, estaria fora do campo de visão do genin, teria se transformado na figura do velho homem que os acompanhava desde Konoha. Parte da escolha se dava por ele ser relativamente mais simples de se imitar, dado o fato de usar um manto cobrindo o corpo.

Como medida de reforçar o disfarce, iria liberar o seu Sakki. Para isso Luma iria buscar em seu interior toda a sua angústia por estar longe de sua mestre, medo de talvez nunca mais conseguir vê-la e mágoa contra tudo de ruim que aconteceu em sua vida – o ataque a sua aldeia, a morte de seu pai, sua mãe sendo assassinada em sua frente, o bullying na Academia por não ser nativa de Konoha –, e transformar tudo em pura intenção assassina, canalizando em direção ao genin.

— O que acham que estão fazendo?! — Diria com a voz do homem, mantendo um tom ríspido e severo enquanto surgia para a luz. — Podemos ser atacados a qualquer momento, não fiquem por aí gastando chakra atoa!

Iria se aproximar do garoto, passando por suas cópias, ainda ralhando com ele. E, caso caísse na mentira e saísse da forma de combate, Luma desfaria a transformação, dando-lhe um sorriso com a cabeça levemente tombada sobre o ombro.

Independente do resultado, aceitaria a proposta dele. Tomando então posição em suas costas – mantendo as suas próximas as dele – a genin ficaria alguns instantes em análise, apenas estudando a movimentação do garoto. Luma não era muito boa com taijutsus, estava apenas acima da média de alguém sem treinamento, mas já começava a ter algumas idéias.

Tendo noções básicas de como ele atacava, Luma traçou mentalmente um conceito que se assemelhava a uma dança. Em sua cabeça, os ataques dele chamariam mais atenção, devido ao seu tamanho relativamente superior ao dela, e ela poderia se aproveitar dessas pequenas brechas para encaixar técnicas de shurikenjutsu. Como não queria gastar seus equipamentos, que já estavam contados e praticamente impossíveis de repor no momento, ela apenas simulou os arremeços, em movimentos rápidos para dentro de sua bolsa de armas.

No final de tudo, não saberia dizer se estavam realmente melhores em suas habilidades, mas Luma se sentia, estranhamente para si, um pouco mais. A sensação era como de ter se desestressado, removido algum peso de dentro de si. Não saberia, no entanto, dizer se era por ter canalizado seu Sakki anteriormente, jogando sua raiva acumulada para fora, ou simplesmente por ter tido um momento amigável com alguém que não fosse sua mestre. Ainda com aquele mesmo sorriso gentil, acompanharia ele de volta para onde todos estavam.

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Luma permaneceu em silêncio (para variar) durante todo restante da viagem. Embora tudo parecesse calmo, a tensão, por motivos óbvios, era altíssima. Conforme se aproximavam de Iwagakure até mesmo a paz que sentiu naquela hora enquanto treinava na caverna ia se dissipando, dando lugar novamente a angústia e ao medo.

Até onde se lembrava, Luma nunca fora do tipo que se importava, mas havia aprendido a se importar com Konoha. Ver a vila destruída havia sido um grande trauma para ela – mais um para se somar aos vários em seu curto período de vida – e, por mais que estivessem se afastando cada vez mais, a paisagem apocalíptica ao seu redor a fazia se lembrar de sua casa. De suas duas casas. Como uma chacota do destino, ambas haviam sido destruídas.

E para enterrar de vez todas as suas esperanças, a aldeia oculta que surgiu em sua frente mal poderia ser reconhecida como já tendo sido uma. Ao seu redor as lamúrias pareciam ter aumentado perante a visão de tamanha destruição, mas Luma manteve o passo – não porque ainda tinha forças, mas porque precisava ter.

"Se realmente existem deuses nesse mundo", Luma pensou, encarando as ruínas enquanto caminhava. Quase indistinguíveis ao vermelho em seu rosto, duas lágrimas começaram a descer por sua face.  "Eles me odeiam."

Então olhou para cima, para o céu de  onde caiam as gotas rubras do fim do mundo.

"Algum dia terei a chance de matá-los?"

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