[SAÍDA] Chitsuki — Lua Sangrenta

Parecia apenas mais um dia comum em Konoha, um dia como qualquer outro, mas o cair da tarde logo revelaria algo diferente! O regular brilho azul da Lua fora substituído por um tom bastante familiar para mim, um intenso e marcante vermelho carmesim. Da janela de meu quarto, pude contemplar a virada de cor do céu vespertino para o luar diurno. — Estranho não terem avisado que haveria um eclipse hoje... Na rua, moradores andavam olhando para o céu, contemplando aquela maravilha noturna, sequer imaginando que aquilo era o presságio de maus dias.

Debruçado em minha janela, fiquei diversas horas inerte, hipnotizado, admirando aquele luar. Aqueles tons... aquelas cores... eu sentia como se aquilo estivesse falando comigo e ressoando em meu dōjutsu. No fim das contas, talvez não passasse de um devaneio meu, inspirado pela minha mente fértil, mas olhar aquele astro noturno através de meus olhos carmesins me fazia ter uma outra perspectiva do que aquilo parecia: — Chitsuki, uma lua de sangue!

Como aquele era um fenômeno único, o apreciei por longas horas antes de ir dormir; mas foi ao despertar que pude ter noção da situação. Fui acordado pelo intenso burburinho que havia na rua, então decidi verificar do que se tratava. Chegando lá, percebi que o céu negro e a Lua vermelha ainda estavam lá. — Ué, ainda é madrugada? Embora eu tivesse murmurado baixo e de forma retórica, uma velhinha que estava ao meu lado e também olhava fixamente para o céu respondeu com sua voz cansada: — Não, meu garoto... já é meio-dia!

Espantado, olhei boquiaberto para aquela senhora, achando que podia ser algum tipo de mau entendido, ou que eu mesmo havia ouvido errado, mas bastava olhar ao redor e ver o pânico na feição de alguns para saber que ela falava a verdade. Permaneci desta forma por alguns segundos, como se estivesse em transe, tentando processar as informações e achar lógica em tudo aquilo. — Kanbara-kun?! Kanbara-kun?! — falava um jōnin da Folha, enquanto sacudia meu ombro. Sua voz parecia distante, mas aos poucos foi ficando mais nítida. — Hã? Ah, olá! O que houve?
— Não temos tempo! Prepare-se para uma missão imediatamente e me siga, no caminho te explico os detalhes!

Vendo que se tratava de algo importante, tratei de me recompor e rapidamente peguei tudo que precisava. Saltando de telhado em telhado, tentei acompanhar o shinobi, o qual demonstrava bastante pressa e preocupação.
— Bem, você certamente está vendo o que está acontecendo com o céu, não é? Inicialmente estranhamos um fenômeno desses acontecer tão de repente sem que nossos cientistas o houvessem previsto, mas estávamos confiante de que este eclipse não duraria mais que apenas algumas horas. Bem... — Procurei interrompê-lo ao mínimo, apenas ouvindo com atenção e respondendo com acenos. — Após todas estas horas, o céu continua da mesma forma e ainda não sabemos o motivo disto. Notei que rumávamos para o portão principal da Vila, e ao chegar perto deste, o jōnin reduziu a velocidade, parando um pouco depois do portão, já do lado de fora.
— Não possuíamos pista alguma do porquê disto... até agora! — ele então apontou para o muro da Vila. Nele, um símbolo bastante conhecido estava estampado, pintado com uma tinta que eu reconhecera ao primeiro olhar. — Sangue?!
Abaixo do símbolo do Redemoinho, havia um corpo, já cercado por ninjas médicos e shinobis de alto escalão.

— Essa é a única pista que remos até agora, e é aí que entra sua missão! Seu dever é de ir até Uzushiogakure e investigar a fundo o que está acontecendo.
— Mas... eu?! Por que eu? Por que não um ninja de mais alta patente?
— Não me pergunte, pois também gostaria de saber. No entanto, foi o Décimo Primeiro em pessoa designou você para esta missão. Por mais que eu ache estúpida a ideia de escolher um chūnin para esta tarefa, eu confio cegamente nas escolhas do Grande Hokage, portanto... também confio em você, Kanbara Chinoike!

— Kaden-sama me escolheu? — pensei, refletindo por alguns segundos. — Não importa! Se ele depositou sua confiança em mim, preciso fazer desta uma escolha digna!
Voltando-me para o jōnin, perguntei: — Tudo bem! Quando é que eu parto?
— Agora mesmo! — respondeu. — Há uma embarcação te aguardando à leste daqui. Ela te levará a um porto na Vila do Redemoinho!

Sem dar mais uma palavra, mas fazendo um cumprimento formal, parti rumo ao meu destino.