Então, lá estava eu deitado na cama, com o meu Hitai-Ate em mãos. Por mais que eu tentasse esquecer, toda vez que tentava pensar em algo diferente, era a memória de meu pai sendo cruelmente assassinado que minha vinha a mente. Por mais que os anos tenham passado, e por eu não ser capaz de protege-lo na época – por ser muito novo – ainda assim, aquela dor me corroía a cada grande passo que dava na carreira como Sinobi.

Hoje, segundo o que o Sensei me disse, teria que visitar o gabinete do Mizukage-sama para que ele aprovasse a minha capacidade, ou não, para me tornar um ninja de Uzu. - Acho que provavelmente ele nem deve me conhecer... Mas, pelo menos ele vai poder se aquecer enquanto me humilha... – Por mais que soubesse que era um passo importante para a minha carreira passar por aquele teste, sabia que qualquer coisa que ele me propusesse seria ridiculamente fácil para ele e quase impossível para mim, mas ainda assim era necessário.

Ainda assim, saí da minha cama, tomei um banho e fiz minha higiene pessoal. Vesti minhas roupas comuns de treino e guardei meu equipamento – novinho, recém comprado da loja – na minha bolsa de itens. - Mãe, estou saindo! – Dizia ao descer as escadas, me encaminhando para a porta da frente.

- Taeji, espere! – Ela me dizia da cozinha, vindo correndo com um bolinho de arroz em mãos. - Não vá sair de estômago vazio! Toma, coma um destes! – Me entregava o bolinho.

- Thank you! – Agradecia pelo café e era surpreendido por um beijo na minha testa. - Mãe! – Respondia meio tímido, escondendo o local do beijo com meu cabelo.

- Eu sei, eu sei. Mas, precisava te dar um beijo de boas sorte! Fighting! – Como de costume, ela a minha maior fã e era para proteger esse sorriso que ela sempre me oferecia que eu treinava forte a cada dia.

- Francamente... – Dava uma mordida no bolinho, ainda meio emburrado de vergonha. - Vou saindo! Iterashai! – Abanava para ela da porta, enquanto seguia em direção do gabinete, terminando de tomar o meu café no caminho. Ainda analisava o meu Hitai-Ate – que decidi prender no cinto – ainda como se não acreditasse que agora era um shinobi de Uzu.

Me apresentava no prédio e aguardava a minha vez de entrar na sala do Mizukage-sama. A cada passo que dava em direção de sua mesa, sentia a minha respiração mais pesada, o nervosismo queria tomar conta de mim, mas tentava não esboçar isso nas minhas expressões. - Bom dia... – Minha voz falhava e saí num tom mais agudo, esse era o momento que eu odiava de estar passando pela puberdade. Dava uma pigarrada para limpar a garganta e tentava de novo. - Bom dia, Mizukage-sama, sou Bang Taeji e vim realizar o Teste que o Senhor pediu. – Prestava uma leve mesura para ele e depois me voltava em sua direção, aguardando as suas ordens.

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A maneira que o Mizukage-sama me trata realmente me surpreende um pouco, esperava uma pessoa mais série e fria, dado o seu cargo, mas ele parecia ser uma pessoa bem mais descontraída. - Hã... Obrigado, Mizukage-sama... – Respondia completamente sem jeito.

Deixava-se ser guiado pelo seu superior e sentava-se em frente a ele, mas ficando completamente sem jeito ao ficar frente a frente a pessoa mais poderosa do seu vilarejo, como se fosse ali mais um senhor, puxando conversa com ele. - Bom, eu sinceramente nunca tive que me descrever Mizukage-sama... Vamos ver... – Tentava pensar uma maneira que poderia listar os meus pontos positivos para ele. Normalmente éramos treinados em como nos portar em missões e em combates na academia, mas não estava preparado para um pergunta tão franca, como “qual são seus pontos fortes?”

Normalmente eu passava mais tempo remoendo o que fizera de errado, do que pensar o que faço de certo, acho que isso pode ser considerado bem comum, claro que existem alguns super positivos, mas não posso me considerar um deles. Decidi ir no improviso e ir listando o que vinha a minha mente.

- Bom, vamos ver... Eu tenho um objetivo... Não, acho que está mais para uma convicção... Eu me tornei Shinobi, para proteger as pessoas que não podem fazer isso por elas... – Olhando para ele, notando o quanto o meu discurso parecia infantil em alguns aspectos. - Sei que é meio utópico da minha parte, mas acho que o Senhor teve acesso o que aconteceu com o meu pai, até hoje eu meio que não aceitei a minha incapacidade de proteger ele, mesmo sabendo que na época não tivesse força para isso... Mas, ainda assim quero ter essa força para proteger os outros... – Olhava para ele, mostrando toda a minha determinação, mas ainda assim meio envergonhado com as minhas palavras.

- Para isso, eu venho treinando a minha manipulação de Chakra e principalmente a minha natureza de chakra, que o Relâmpago, para que possa usar ela da melhor maneira possível... Não tenho clã ou Kekkei Genkai, ou mesmo alguém que me ensine Jutsus, mas ainda assim quero provar que sou capaz de ter essa força para proteger as pessoas... Acho que esse é o meu maior ponto forte, Mizukage-sama, essa determinação. – Terminava de apresentar os meus pontos fortes, e logo em seguida uma pequena ansiedade começa a tomar conta de mim sobre a avaliação que ele faria sobre a minha resposta. Se me daria um choque de realidade ou se me apoiara. Antes que eu percebesse, já estava estalando a boca, enquanto aguardava a sua resposta. - Ah, me desculpe, Mizukage-sama. – Fazia outra leve mesura, me desculpando pelo tique, enquanto ele pensava o que me diria.

Fiquei surpreso quando recebi os soquinhos do Mizukage-sama, me deixando completamente sem palavras pelo elogios por ele dados. - A-Arigatou, Mizukage-sama, significa muito para mim, sério. – Respondia com um sorriso sincero, alisando o meu braço no local onde recebera os socos, mas mais como se pela primeira vez, desde a morte de meu pai, tivesse recebido um afeto caloroso paterno.

Enquanto ele falava para segui-lo, eu rapidamente me pus de pé. - H-Hai, Mizukage-sama! – Foi apenas nesse momento que eu notei que na verdade eu era mais alto do que ela.

”Hein? O nosso Kage é uma criança!?” Ficava tão confuso que quase esquecia o momento paterno que tinha acabado de ter com ele, mas mantinha esses pensamentos bem selados em sua mente, enquanto seguia o meu superior pelo prédio.

Logo, chegamos ao terraço, onde ele me explicava a importância do local. - Obrigado pela oportunidade, Mizukage-sama! – Outra vez prestava uma mesura, quando ele comenta para que eu sentisse a importância daquele momento. Será que ele havia sentido ou lido os meus pensamentos em compara-lo com uma criança? Será que ele realmente tinha esta habilidade de ler mentes, tinha que cuidar o que pensava enquanto estivesse próximo dele.

Ouvia com atenção as instruções que ele me passava, mas me chamava atenção ele fazer uma pausa e tocar as mãos no chão. ”Hm? Algo está errado?” Olhava novamente para os alvos em sua frente, mas eles pareciam exatamente iguais do que a 5 segundos atrás, tentava, mas não conseguia ver através do que ele tinha planejado.

- Hai! Mizukage-sama! – Respondia prontamente ao seu desejo de boa sorte. Rapidamente abria a minha bolsa de itens e sacava três kunais, uma para cada alvo, todas com a mão direita. Segurando cada uma entre um dos dedos ponteiros da mão. A ideia era simples faria um movimento limpo e rápido, para dar impulso as armas, e soltando cada uma no momento certo, para que fizessem o ângulo para acertarem o alvo, como fizera várias vezes na academia. Respirava fundo e fazia o movimento, tentando acertar os alvos. - Vão! – Dizia ao disparar as três armas.