O anoitecer já havia caído à algumas horas no Redemoinho, e quase todos no vilarejo já haviam se recolhido para suas casas. Mas este era um luxo que Squall não se dava; optou por ir para os campos de treinamento da vila para continuar sua rotina de aperfeiçoamento. Na realidade, era assim que preferia; a solitude da noite o deixava mais confortável para ficar a sós com seus pensamentos. Detestava o hábito de falar muito, e ainda mais de pessoas intrometidas; por isso treinar sozinho, e à noite, lhe dava a oportunidade de evitar tais dilemas.

Quase meia noite, parou para descansar um pouco, assentando-se sob o galho de uma árvore não muito alta, onde reclinou as costas no tronco da árvore e deixou seus olhos congelados no céu, observando as estrelas em silêncio. Abaixo de si, sua capa fechada balançava ao vento, mantendo seu corpo coberto, escondendo suas armas.

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A calada da noite fora interrompido quando Squall ouviu barulhos não muito distantes de si. Uma conversação ocorria, e um som característico de batalha. Sem descer da árvore, o Jonin olhou em volta, procurando de onde vinha o alvoroço. Ficou surpreso ao avistar, mais ao fundo de onde estava, duas pessoas aparentemente treinando juntas. Era idênticas, o que indicava que uma era um clone. Aquela visão lhe trouxe uma nostalgia; lembrou-se de sua época como genin, quando era mais novo, na Folha. Lembrou-se do dia em que tornou-se pupilo de Angell, e quando conheceu seu colega de time. O dia em que treinaram juntos com Shion. O Exame Chunin e todas as calamidades que lá ocorreram. As memórias eram tão nítidas, que aparentemente eram vividas naquele instante. Mas, voltando à realidade, ficou em silêncio ali, observando o garoto por um tempo enquanto treinava com afinco, o que o lembrava de si mesmo. Ouvindo a conversa entre os dois, percebeu o desejo do garoto por poder, tal qual ele mesmo teve, e ainda tem. Abandonando seus devaneios, optou por se aproximar de um jeito diferente. Do mesmo que Shion se aproximou dele, alguns anos atrás.

Sacou sua espada da bainha em suas costas e, em silêncio, fz um movimento rápido em um salto, deixando a árvore e disparando em direção ao garoto, com a espada apontada para seu pescoço, em uma investida rápida e silenciosa.


- Não me querem lá também, desculpe decepcioná-lo. E da próxima vez que eu ver seu mestre, ele vai junto com você. - Falou, dando as costas para ele.

À sua volta, uma à uma, as crianças caíram, sem fôlego de vida restando. O rosto de Squall, manchado de sangue, abaixou, e seus olhos doeram por um momento.

- Me perdoem. - Clamou, dando as costas para aquele local de uma vez por todas, e fazendo seu caminho na escura noite através da pequena floresta vizinha de seu vilarejo.

No trajeto, tratou de bater o sangue excedente de suas roupas, e tentar se limpar o máximo possível. Sabia que havia dominado uma nova técnica, chegado à um novo nível como Shinobi, mas algo dentro de si gritava; parecia que algo estava incomodando-o em tudo aquilo. Mesmo após ter a certeza de que era aquele caminho que queria, mesmo após ter decidido ir até o fim, parecia que algo em tudo aquilo o alfinetava por dentro.

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O preciso e quieto movimento do Jounin foi preciso e veloz, embora não tenha usado de sua máxima capacidade de nenhuma forma. A espada cortou pelo ar na descida da árvore em linha reta, mirando o rapaz mais novo. Em todo o tempo o Uzumaki manteve-se em silêncio, sem falar ou pensar uma única palavra. Sentiu a ponta da lâmina atravessar algo sólido, e um cheiro de terra próximo de si; à sua frente, assistiu o garoto ser lançado para trás pelo que parecia ser sua própria técnica, ao passo que sacou uma arma própria e o banhou em seu elemento. Balançando ao vento, a capa do Uzumaki era a única coisa ali que produzia qualquer som. Squall permaneceu quieto, observando o garoto e o clone, e optou por ir adiante com aquilo, pois, ao que tudo indicava, o garoto não o reconheceu. Trocou olhares entre o clone e o original, e então banhou sua espada com seu chakra elemental, fazendo algumas faíscas de raio ressoarem no entorno da lâmina.

Arqueou os joelhos, dobrando as pernas, buscando impulso para seu próximo movimento; saltou na direção do clone, girando seu corpo 360 graus no ar, balançando sua espada em um corte horizontal no mesmo, na tentativa de dissipá-lo; após acertar (ou não) o ataque, ainda no ar, sacaria uma shuriken de sua bolsa e a largaria no ar; assim que completasse a volta e golpeasse o clone, enfiaria a ponta de sua espada no buraco da shuriken e faria a mesma girar com a espada. Deu mais uma volta então, com o braço esticado, apontando a espada para frente, e com esse impulso extra lançaria a shuriken que estava em sua lâmina na direção do garoto. Em cada movimento que fazia, atrás de si reluziam algumas faíscas que ficavam no ar, resultado de sua principal natureza de chakra.

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O corpo do Jounin finalizou a dança aérea e aterrissou ao chão voltado para o garoto. Ouviu o som de movimento de terra - novamente - atrás de si, mostrando a maior afinidade do garoto com o elemento. De frente para o mesmo, viu-o conjurando um arco e apontando-o para si, provavelmente preparando-se para um ataque em momento oportuno. Cada vez mais o garoto o fazia lembrar de si. Fechou seus olhos, e sem movimentos ou palavras liberou uma carga elétrica à partir de seu corpo, esta que avançou omnidirecionalmente, cobrindo alguns metros à sua volta em todas as direções com feixes elétricos roxos, buscando esmagar a formação rochosa atrás de si, abrindo o caminho. Com a Kusanagi ainda empunhada, e ainda ressoando eletricidade, o Jounin aguardou até que as flechas fossem lançadas de vez, ao que reagiria tentando se esquivar e bater com a parte sem fio de sua espada por baixo das flechas, fazendo-as “saltar para cima” no ar e pararem de avançar. No mesmo movimento, o rapaz prenderia um papel bomba em cada flecha, antes de caírem, e assim voltaria a girar seu corpo pegando as flechas antes de começar a volta e as lançaria contra o ninja ao terminar o giro, aproveitando o impulso. Com o contato, descarregou um pouco de seu chakra eletrificado nas mesmas, que deixaram um rastro de pequenas faíscas no ar, bem como seu corpo fazia, dada a eletricidade presente em sua espada. Observou, entretanto, que a direção das flechas que foram lançadas contra si eram cuidadosamente calculadas; nenhuma mirava pontos vitais de seu corpo. Ele saberia, visto seu vasto conhecimento sobre o corpo humano. E repetiu o gesto, cuidando para mirar no peito do rapaz, mas não em pontos vitais.

"Esse garoto..." - Pensou, enquanto o analisava.

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A devolução do ataque do garoto foi bem sucedida, ao passo que as flechas voaram em alta velocidade com os papéis já queimando acima delas, prontos para explodirem. Mas o rapaz já estava pronto para executar sua defesa; executou uma técnica de elemento água que acabou por inutilizar os explosivos nas armas, e um arremesso de kunais em seguida barrou o avanço das flechas. Para um genin, o garoto era muito habilidoso com o que tinha à seu dispor. Avançou na sequência controlando a água que conjurou, e utilizou de uma outra técnica que modificou a textura e o estado da água que ele manipulava. Imitando o garoto, o Jounin realizou uma rápida sequência de selos igualmente, conjurando uma parede de pedra no caminho do Genin, visando interromper seu avanço. O Uzumaki carregou em seu pulso, na sequência, mais uma de suas técnicas do elemento Relâmpago; um feixe desceu por sua mão, formando uma longa lâmina azulada. Dela, faíscas ressoavam em torno, típico de técnicas do elemento. Rapidamente o Jounin balançou seu braço horizontalmente, visando cortar a muralha de pedra à sua frente ao meio, e qualquer coisa que estivesse próxima à ela do outro lado, mas sem um formato de “corte”, apenas para dano e paralisia do que tocasse. A concentração após o uso da técnica, entretanto, fora interrompida, quando a atenção do Jounin foi chamada. Viu no céu algo que parecia em chamas, iluminando a noite. O céu, que antes estava estrelado, parecia se dobrar ao meio para abrir passagem para aquela estranha aparição, seja lá o que fosse. O Jounin manteve seus olhos fixos naquilo, observando o que aconteceria em seguida.

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O que quer que fosse aquela coisa descendo do céu, foi o bastante para cobrir um vasto espaço acima do Redemoinho, e o bastante para chamar bastante atenção. O embate já havia parado, mesmo sem Squall sequer ter percebido isso. Seus olhos não desgrudaram daquela calamidade que descia dos céus, mesmo quando o garoto lhe direcionou um elogio. O Jounin permaneceu em silêncio, e conforme o fragmento caía em sentido à vila, pode perceber que de fato iria cair sob a mesma. Olhou de canto para o Genin ao seu lado antes de partir.

- Hunf - - Foi o único som que produziu, antes de uma forte fumaça branca surgir no local, fazendo o shinobi desaparecer por completo do local.

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