Amaterasu estava atônito, era a primeira vez que pediam pra matar alguém. No fundo tinha a crença que nunca iria matar alguém de novo e que o pessoal da vila não iria designá-lo para esse tipo de obrigação. Doía ao pequeno ferir o outro, por isso não conseguiu reagir a nenhuma das falas do homem que estava a sua frente, não podia acreditar na naturalidade com que aquele homem estava tratando a morte e isso doía em sua alma.

— Matar... Matar alguém. — pensou, segurando delicadamente o papel com a instrução e localização. — Então voltamos pro início não é mesmo, Amaterasu? — soltou uma risada, baixinha, rindo de si mesmo, de como ele era um idiota de acreditar que não haveria mais mortes, que tudo seria arco íris e coisas bonitas, ora! Pare de sonhar! Acorde Amaterasu! Um ninja vive pra morrer e no percurso ele cumpre missões. Missão não é assassinato, não é sua responsabilidade pequeno, não é mesmo!

O garoto estava confuso mas partiu digerindo dentro de si o rosto do homem que o encarregou daquela missão. Deixou aquelas palavras tão frias dissolver em sua barriga como uma comida pesada que venha cair mal — Como ele pode falar com tanta naturalidade? Que honra existe em matar? Se eles não atentam contra a segurança de vila pois são muito fracos por que se colocar contra nós? O poder não é absoluto? — pensava nisso e em outras mil coisas enquanto subia a copa de uma árvore que dava visão parcial para dentro da simplória vila. Tirou o arco que estava consigo e colocou uma flecha, mirou tentando enxergar alguma coisa, atiraria se pudesse reconhecer o inimigo dali, se não, assumiria uma entrada mais direta contra aquelas pessoas.

Pobre do Amaterasu, mais uma vez estava perdido, dessa vez não seria erro, falha na interpretação, legítima defesa ou necessidade, a realidade era que sua missão era assassinar um homem.

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Aquelas pessoas se reuniram a espera de Amaterasu e ele não entendia o porquê. Caminhou calmamente até eles, a mão pousada sobre seu arco agora já sua posição original, seu olhar estava tranquilo, transpassando sua tentativa de não pensar em nada, contudo, toda vez que olhava os rostos empolgados dos habitantes daquela vila seu coração palpitava. As palavras proferidas contra ele foram absorvidas com dúvida e medo, sua mão suava e ao ver o seu adversário não pode se não ficar chocado.

— Ele é uma criança também, o que eles estão falando? — pensou, ignorando quase que por completo as falas do seu adversário.

O primeiro ataque contra ele foi feito, o homem correu em sua direção, o cabelo de Amaterasu cresceu recobrindo seu corpo na tentativa de defendê-lo. — O que é isso tudo? — pensou, e enquanto a técnica era desfeita, no recuo do seu inimigo, se transformaria em sua forma parcial, e usaria o braço alterado para tentar bloquear o chute do inimigo.

Amaterasu sentiu sua forma demônio e queria a todo custo deixá-la vim como a água de uma represa destruída. Queria matar todos para ter a sensação que parecia lhe ser incumbida de que a vida não vale absolutamente nada. Mas se segurou, dessa vez avançaria com sua velocidade máxima em direção ao alvo, enquanto seu antebraço se enchia de buracos e explodoa de puro chakra na tentativa de desferir um poderoso golpe contra o rosto do inimigo.

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Todos querem provar alguma coisa pra alguém. Um menino quer provar para os pais que é homem, uma menina quer que as pessoas reconheçam sua força. Crianças não querem ser crianças e por isso sonham alto, fora da caixa. Todos temos alguém assim, até mesmo Amaterasu, que queria provar aos habitantes de Iwa que ele era um camarada valoroso que eles podiam contar e se orgulhar. Esse reconhecimento tinha que partir dos aldeões, não eram eles que importavam afinal de contas? Amaterasu reconhecia isso no jovem Yakushi, ele não tinha escolha, era sua obrigação provar para seus camaradas que ele era forte e que podia proteger a todos de sua vila.

— Mas por quê? Pra que lutar contra uma vila tão poderosa se não por puro suicídio? — seus pensamentos estavam confusos e ficaram ainda mais quando viu que o rapaz, sem medo algum, superou a força de seu ataque, pela primeira vez isso aconteceu e Amaterasu estava totalmente em choque. Ele não temia obviamente, mas sentiu que pela primeira vez seu poder não o ajudaria em muita coisa.

— Eu preciso de mais, eu quero mais! — a raiva corria em suas veias numa velocidade assombrosa. Flashes do rosto ensanguentado de sua mãe sobreposto ao seu sorriso, os abraços de seu pai, sobreposta a face demoníaca do homem. Tudo isso acontecendo dentro de sua mente numa velocidade incrível, Amaterasu deixou aquele poder fluir. — Devo eliminar qualquer ameaça a vila, a vida de vocês não vale um centavo, vermes.

Foi a última coisa que pensou, abriu os olhos e o inimigo vinha em sua direção para desferir golpes contra ele, Amaterasu usou sua velocidade máxima para esquivar daquele movimentos, circundando o personagem numa velocidade superior a qualquer outra velocidade que ele jamais tinha demonstrado, se tornando ainda mais rápido com uma armadura de Raiton recobrindo seu corpo, tentando desviar de cada golpe banal desferido, no fim, mesmo que acertasse, ele ainda tinha aquela enorme "armadura" cobrindo seu corpo. Os movimentos mais lentos de seu adversário não seriam tão difíceis assim de esquivar.

— Devo matá-los, matar a todos! — seu rosto estava tão deformado e demoníaco que duvidava que qualquer pessoa ali tivesse estômago para comer qualquer coisa depois da luta, pelo menos se alguém conseguisse sair dali vivo.

Dessa vez tomaria a iniciativa, atacaria o inimigo mais uma vez aplicando seu soco carregado como uma bomba de chakra, aplicaria todo aquele ódio, toda sua fúria contra aquele rapaz, pois era culpa dele que Amaterasu se tormou um monstro. Sua insanidade era tanta, que após esse movimento, ele usaria todo aquele poder incipiente e tentaria matar quantos aldeões necessários para acalmar aquela fúria, para conseguir retornar ao normal, para recobrar seu bem maior, seu freio, sua sanidade.

Enquanto fazia aqueles movimentos só via seu pai em seu corpo, obviamente era um demônio, o espírito de seu pai pousara sobre seu corpo, ora, ele era puro e inocente, Amaterasu não teria coragem de matar ninguém, não é mesmo pequeno? Não é cara leitora? Como aquele ser adorável das missões Rank D podia fazer esse tipo de coisa, impossível certo?

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