Estava caminhando comumente pelo interior do vilarejo quando repentinamente fui abordado por um pássaro, uma águia característica usada pelas vilas como mensageiras, em sua pata havia um pequeno pergaminho amarrado por um cordão. Ergui meu antebraço para o pouso da ave de rapina, que o fez majestosamente.

— Pronto, minha amiga, o que trazes para mim?

Indaguei, ciente de que não haveria uma resposta. Com a mão livre, desenrolei o cordão que sustentava o pergaminho e o peguei, e assim que o fiz a ave abriu suas asas e alçou voo para longe. Desenrolei cuidadosamente o pergaminho e li seu conteúdo, ficando a par da situação em que me encontrava, tratava-se de uma missão de ranque "C" designada a mim.

"Escoltar uma princesa, hm..."

Ao ler a mensagem, apressei-me em traçar minha rota até o caminho indicado pelo pergaminho, saltando entre os telhados das casas do vilarejo para poupar tempo. Não sabia exatamente quanto tempo se passou desde então, mas pousei próximo ao homem que possivelmente era o "cuidador" da princesa.

— Perdoem o a demora, meu nome é Rengoku e fui enviado para ser a escolta da princesa. Podemos partir quando quiserem.

Anunciei minha chegada. Minhas roupas consistiam em um traje básico preto por debaixo de um happi branco preso ao meu ombro, com detalhes de chamas vermelhas, minha bolsa ninja estava presa à minha nádega esquerda e minha expressão esboçava o singelo sorriso de sempre com olhos bem abertos e atentos.



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Pude sentir o leve desdém no olhar da senhorita quando anunciei minha presença, mas estava acostumado ao tratamento, além de não me importar. Mantive o mesmo olhar e expressão de sempre, um sorriso sereno enquanto a fitava me “analisar”.

Ao que parecia, havia sido aprovado, quando ela passou ao meu lado com um sinal de partida. Nos deslocamos até sua carruagem, onde passaríamos grande parte da viagem. Não abri a boca durante o trajeto, mantive os olhos atentos ao lado de fora com meus sentidos fixados em captar e distinguir os sons para determinar se estávamos ou não sob ameaça. Até que ela decidiu iniciar um diálogo.

— Hm? Rengoku, esse é o meu nome.

Respondi, ouvindo a segunda pergunta antes de responde-la prontamente.

— Certamente há. Qualquer rota, na verdade. Fora dos vilarejos e, arrisco-me a dizer que até dentro deles, sempre corremos perigo. Você deve saber disso, uma pessoa da nobreza deve viver sob constante ameaça.

Durante a fala, não esboçava qualquer mudança no semblante, esbanjando uma certa confiança em minhas palavras.

— E o que a trouxe à Kumo?

Demonstrei certo interesse, mas não me abalaria caso ela preferisse não responder. E assim seguiríamos viagem, com ou sem sua resposta. A noite logo chegou, então aproveitei a oportunidade para sugerir.

— Devemos fazer uma pausa, continuar o trajeto a noite é mais perigoso.

Saltei da carruagem e procurei por um lugar propício para acamparmos, protegido por árvores de copas largas. Tentaria armar barracas caso houvesse alguma dentre a bagagem da princesa, mas caso não, a diria para usar a própria carruagem como “cama”. Me encostando na carruagem ou sentando próximo à barraca, comecei minha vigila.  

Os ruídos captados por meus ouvidos no silêncio da noite me alertaram da presença de outros indivíduos na área. Instintivamente, saquei uma kunai e a empunhei na mão direita, direcionando o olhar para a direção dos ruídos.

Talvez por perceberem que foram notados, dois salteadores revelaram-se da escuridão, mas com tão pouca luz somente via suas silhuetas. Soltei um olhar de relance para a princesa adormecida, achando por bem não acordá-la, a menos que a situação piorasse.

— Avisarei de início. Não terei piedade caso não recuem.

O tom moderado era empregado para não causar tanto alarde, trazendo nas palavras uma confiança imponente. Mas ao julgar pelas risadinhas, eles não retrocederiam, tudo que me restava era combate-los.

Com a kunai em mão, arremessei-a na direção do primeiro salteador mirando seu peitoral. Imediatamente ao arremessa-la, um selo foi feito para ativar o Shunshin e assim aplicar chakra aos pés para mover-me para detrás de ambos. Ao reaparecer, segurei com ambas as mãos o crânio do segundo salteador e o torci com um único movimento, quebrando seu pescoço.

O primeiro estava ocupado em defender-se do meu primeiro ataque,  que a essa altura já havia sido bloqueado por sua espada e caiu no chão, mas ele só notou minha presença quando seu parceiro deixou escapar um grunhido abafado antes de cair duro no chão. Sem lhe dar reação, segurei o pulso que empunhava a espada com a mão direita e entrelacei meu braço esquerdo em seu pescoço, aplicando uma “gravata” que o sufocou lentamente sem poder gritar e acordar a princesa.

Tudo saiu conforme o plano, ao terminar de matar ambos, simplesmente os arrastei para um canto escondido onde o cheiro não interferisse no restante da nossa viagem. Apanhei minha kunai no chão e retornei a ficar de guarda.

— Yare yare.




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Ouvi atentamente a resposta da princesa à minha pergunta, sobre o motivo de sua vinda à minha vila. Quanto à responde-la, limitei-me a largar um sorriso gentil. Realmente, Kumo era quente por demais; mas eu não achava isso ruim, pelo contrário.

Quando chegamos a acampar, a princesa de fato caiu no sono na carruagem. E não percebeu as movimentações sob o véu da noite, nem meu embate com os dois rapinantes que ousaram ameaça-la. E ficaria melhor sem saber, os trabalhos de um ninja não diziam respeito à seu cliente.

Ao amanhecer, a voz preguiçosa com um toque letárgico da menina chamou pelo meu nome, e a atendi virando o rosto para encará-la. Seu pedido foi simples, e com ele subi novamente na carruagem dando sinal aos cavalos para conduzirmos nossa viagem.

- Espero que tenha dormido bem, princesa.

Comentei, fechando os olhos por um momento. Estava cansado da noite de vigia, então rapidamente caí no sono. O trajeto seguinte foi tranquilo, e somente voltei a abrir os olhos quando já estávamos próximos do destino final, e o sol estava se pondo.

- Perdoe, caí no sono...

Disse um pouco envergonhado, não era a postura que eu esperava mostrar. A missão enfim havia acabado, passamos pelos portões de Shimogakure onde desembarquei e despedi-me da princesa e do meu trabalho de escolta.

- Nos despedimos aqui, princesa. Desejo sorte com seus trabalhos teatrais, certamente ficarão encantados com suas apresentações.

Um pequeno elogio não faria mal, e assim retirei-me, dando as costas à Shimogakure para um retorno ao meu vilarejo. Não havia pressa, então optei por conservar minhas energias e aproveitar uma caminhada tranquila que levaria um longo tempo até Kumo.

- Fará bem esticar as pernas um pouco...



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