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A LUZ DAS TREVAS
Arco 02
Ano 27 DG
Inverno
Meses se passaram desde a missão de investigação ao Castelo da Lua, no País do Vento, que culminou na Batalha da Lua Minguante. Soramaru, o cientista responsável pelos experimentos, morreu em combate, assim como outros ninjas do lado da aliança. Após a missão ser bem-sucedida, mas carregando tantas mortes, Karma, o líder da missão, ficou responsável por relatar às nações o máximo de informações sobre a organização por trás dos crimes agora que estava com o selo enfraquecido e com isso ele revelou o verdadeiro nome dela: Bōryokudan. Ainda não tendo como fornecer mais detalhes, pois o selo se manteve, e precisando de mais pistas antes de investir novamente em uma missão, Karma saiu em missão em nome das Quatro Nações para encontrar o paradeiro dos demais membros da organização — e sua primeira desconfiança recaiu sobre Kumo.

O mundo, no entanto, mudou nestes últimos meses. Os Filhos das Nuvens concluíram a missão de extermínio aos antigos ninjas da vila e implementaram um novo sistema político em Kumo ao se proclamarem o Shōgun sobre as ordens não de um pai, mas do Tennō; e assim ela se manteve mais fechada do que nunca. Em Konoha a situação ficou complicada após a morte de Chokorabu ao que parece estar levando a vila ao estado de uma guerra civil envolvendo dois clãs como pivôs. Suna tem visto uma movimentação popular contra a atual liderança da vila após o fracasso em trazer a glória prometida ao país. Já em Kiri a troca de Mizukage e a morte de ninjas importantes desestabilizaram a política interna e externa da vila. E em Iwa cada dia mais a Resistência vai se tornando popular entre os civis que estão cansados demais da fraqueza do poderio militar ninja. Quem está se aproveitando destes pequenos caos parece ser as famílias do submundo, cada vez mais presentes e usando o exílio de inúmeros criminosos para Kayabuki como forma de recrutar um exército cada vez maior.

E distante dos olhares mundanos o líder da Bōryokudan, Gyangu-sama, se incomoda com os passos de Karma.
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SHION
SHION#7417
Shion é o fundador do RPG Akatsuki, tendo ingressado no projeto em 2010. Em 2015, ele se afastou da administração para focar em marketing e finanças, mas retornou em 2019 para reassumir a liderança da equipe, com foco na gestão de staff, criação de eventos e marketing. Em 2023, Shion encerrou sua participação nos arcos, mas continua trabalhando no desenvolvimento de sistemas e no marketing do RPG. Sua frase inspiradora é "Meu objetivo não é agradar os outros, mas fazer o meu trabalho bem feito", refletindo sua abordagem profissional e comprometimento em manter a qualidade do projeto.
Angell
ANGELL#3815
Angell é jogadora de RPG narrativo desde 2011. Conheceu e se juntou à comunidade do Akatsuki em fevereiro de 2019, e se tornou parte da administração em outubro do mesmo ano. Hoje, é responsável por desenvolver, balancear, adequar e revisar as regras do sistema, equilibrando-as entre a série e o fórum, além de auxiliar na manutenção das demais áreas deste. Fora do Akatsuki, apaixonada por leitura e escrita, apesar de amante da música, é bacharela e licenciada em Letras.
Indra
INDRA#6662
Oblivion é jogador do NRPGA desde 2019, mas é jogador de RPG a mais de dez anos. Começou como narrador em 2019, passando um período fora e voltando em 2020, onde subiu para Moderador, cargo que permaneceu por mais de um ano, ficando responsável principalmente pela Modificação de Inventários, até se tornar Administrador. Fora do RPG, gosta de futebol, escrever histórias e atualmente busca terminar sua faculdade de Contabilidade.
Wolf
Wolf#9564
Wolf é jogador do NRPGA desde fevereiro de 2020, tendo encontrado o fórum por meio de amigos, afastando-se em dezembro do mesmo ano, mas retornando em janeiro de 2022. É jogador de RPG desde 2012, embora seu primeiro fórum tenha sido o Akatsuki. Atua como moderador desde a passagem anterior, se dedicando as funções até se tornar administrador em outubro de 2022. Fora do RPG cursa a faculdade de Direito, quase em sua conclusão, bem como tem grande interesse por futebol, sendo um flamenguista doente.
Mako
gogunnn#6051
Mako é membro do Naruto RPG Akatsuki desde meados de 2012. Seu interesse por um ambiente de diversão e melhorias ao sistema o levou a ser membro da Staff pouco tempo depois. É o responsável pela criação do sistema em vigor desde 2016, tendo trabalhado na manutenção dele até 2021, quando precisou de uma breve pausa por questões pessoais. Dois anos depois, Mako volta ao Naruto RPG Akatsuki como Game Master, retornando a posição de Desenvolvedor de Sistema. E ainda mantém uma carreira como escritor de ficção e editor de livros fora do RPG, além de ser bacharel em psicologia. Seu maior objetivo como GM é criar um ambiente saudável e um jogo cada vez mais divertido para o público.
Akeido
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Havilliard
Havilliard#3423
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Convidado
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Summoned

Sentada na janela sem vidro de um chalé abandonado, olho a neve que cai igualitariamente sobre a vila de Iwagakure e me pergunto sobre o quão imparcial é a natureza. Sua força é invejável, de fato, pois detém o poder de acabar com tudo em questão de poucos minutos, e isso apenas acentua sua bondade, já que é misericordiosa com nós, que a tanto ferimos e ignoramos. Minha barriga ronca, contorcendo-se em um pedido de ajuda involuntário... Tão ingênua. Meu olhar desviou, checava o dinheiro que havia recebido dos trabalhos passados, inertes na mesa de jantar envelhecida, apoiados por um copo velho. Meus braços estavam começando a sentir o poder da natureza, tremendo ainda que cobertos pelo tecido grosso da blusa que visto. — Talvez eu deva usar a recompensa para alugar um quarto por uns dias... — sussurrei, escondendo o rosto na gola do meu colete, buscando amparo.

O silêncio foi interrompido pelo ranger da porta, influenciado por batidas de uma mão nada gentil. Me levantei assustada, tentei espiar pela janela para saber de quem se tratava, porém a pessoa estava fora do alcance da minha visão. Aproximei-me da porta e esperei, aflita. — Quem é? — perguntei, adiantando-me e empunhando uma das kunais armazenada na minha bolsa de armas. Uma voz rouca respondeu, trêmula, dizia que era um representante do quartel general e que procurava por mim. Escondi minha mão por trás de minha coxa, e abri a porta com a canhota. — Sou eu. O que você quer? — falei, ríspida, encarando o homem e avaliando seu rosto, era tão comum quanto qualquer outro homem que já tinha visto, a única coisa que chamava atenção em seu rosto era sua bandana exposta sobre sua grande testa.

— Certo. Estou indo — respondi a ele e fechei a porta. Fui convocada ao quartel general para uma missão especial, nunca ouvi falar de algo assim, e tenho medo do que possa acontecer. É inevitável interligar isso com o fato de eu ter fugido naquela missão... Bem, eles já sabem onde eu moro, e evitar apenas me trará mais problemas. O homem tinha se retirado com uma nuvem branca anunciando sua saída, e agora me encontrava sozinha com aqueles pensamentos que me consumiam. Meu corpo paralisou, minha visão ficou turva e ilusões começaram a me afetar. Ilusões? Memórias? Minha cabeça está cada vez mais pesada, já não sei o que é verdade ou ilusão, essas imagens de sofrimento não fazem parte do meu passado... Mas... Essa.. Sou eu?

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Summoned

Aos poucos minha visão retorna, meus olhos pesados começam a se abrir e me deparo com os pés de um móvel antigo que decora parte do salão de entrada daquele chalé deplorável. Me levantei com certa dificuldade, agora sem mais ser aflita por imagens tão impactantes, perguntava-me se estava tendo alucinações por estar a tanto tempo sem comer, ou se talvez foi uma peça pregada pelo frio que sentia, de qualquer forma, me sentia melhor agora, e tinha que estar no quartel general o mais rápido possível. Me arrumei da melhor forma que consegui, vestindo as peças de roupa mais quentes e confortáveis que tenho, e então parti entre a neve e o frio, em um objetivo conhecido, por razões desconhecidas.

Ao longe já consigo avistar o local, o que mais me chama a atenção são os ninjas com bandanas de Iwagakure que enfrentam o frio com pás em suas mãos, retirando parte da neve que congestiona as vias e impossibilita o acesso ás localidades de maior importância no vilarejo. Me aproximei alheia, pensando se era possível terem me chamado para ser uma das escravas naquele serviço nada especial, bom, se fosse, eu provavelmente sairia pela janela em um pulo, apenas para fazer com que os desgraçados sofram frio, e então fugiria até o portão do vilarejo, talvez recomeçar em um lugar melhor, que tenha mais recursos para me ajudar a descobrir quem realmente sou.

Adentrei e me mantive com a coluna em postura invejável frente à balconista. Perguntou-me o meu nome, após pedir para que me aproximasse um pouco mais. — Eu completei algumas missões de nível inferior. Um homem foi até a minha casa e me convocou, disse-me que precisavam de mim — evitei a questão, assim como evitava olhar diretamente à moça, apesar de tudo, eu não queria ser reconhecida, mesmo que meus antigos superiores não estivessem acostumados com minha face. Enfim, a mulher logo entendeu do que se tratava e avisou-me que contactaria seus superiores, que haviam solicitado minha presença. Fui instruída a sentar em um dos bancos laterais da construção, e não reclamei, afinal, estava protegida do frio enquanto estivesse ali. Até mesmo provei alguns dos doces que estavam à mesa, para que os visitantes apreciassem.

— Estou indo! — exclamei, estava finalmente sendo chamada após severos minutos de espera. Um homem vestindo o colete do vilarejo me guiava entre as salas até uma escada, que subimos até uma porta que sinalizava acesso restrito. Ao adentrar andamos mais um pouco, através de alguns corredores com outras portas aparentemente trancadas, até que entramos em uma delas. Se estivesse sozinha, provavelmente demoraria horas para encontrar o caminho de volta à entrada.

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Summoned

— Sim, entendi. Me dê alguns minutos e consigo a informação — Quando adentramos a sala em questão nos encontramos com um homem de jaleco, que estava de frente a uma parede de poucos centímetros, que carregava um vidro até o teto. Do outro lado tinha um casal, sentados e acorrentados, o cientista explicava que eram criminosos que tentaram desertar o vilarejo, e que necessitava que eu fizesse-os colaborar e respondessem as questões. Prontamente aceitei, principalmente após ouvir que uma recompensa seria dada caso obtivesse sucesso na tarefa.

— Vocês vigiarão? — Perguntei, ainda evitando contato visual, enquanto retirava as presilhas que dividiam meu cabelo em dois e prendia-o em um único coque improvisado. Acreditava que daquela forma teria uma face mais intimidadora, e conseguiria minhas informações com o medo, que era o método que estava disposta a utilizar. Minha pergunta foi feita para saber o quanto eu deveria me limitar, e com a resposta positiva dos dois rapazes, tive a conclusão de que não poderia utilizar minha Kekkei Genkai em momento algum, pois correria o risco de um alarde causar. Após notificar minha prontidão, abriram a porta para a sala onde o casal estava, onde me sentei e comecei a conversação.

— Me chamo Hitomi e vim fazer algumas perguntas a vocês — ditei em tom autoritário, arrumando minha postura e colocando minhas mãos sobre a mesa que nos separava. Apresentava-me por um nome falso, já que nem mesmo eu me lembrava qual era meu verdadeiro nome. O casal tinha a mesma opinião sobre aquela situação, negavam praticamente juntos qualquer cooperação, enchiam as bochechas para falar que não responderiam a nenhuma pergunta. — Ao contrário das outras pessoas que vieram falar com vocês, eu quero ajudá-los. Porém para isso eu preciso saber exatamente o que fizeram — falei, de forma serena, mas na verdade estou completamente farta dessa irresponsabilidade.

— Vocês são casados, e têm um filho. Os três moram em uma fazenda que teve muitos problemas com pragas durante o ano, e tentaram fugir do vilarejo. Vocês dois foram pegos pelos guardas noturnos, porém o paradeiro do filho de vocês é desconhecido. Nesse momento há uma criança de apenas oito anos perdida no mundo, e vocês dois, irresponsáveis, estão se negando a receber ajuda! — Me exaltava um pouco, porém propositalmente, queria brincar com a culpa que os dois sentiam e utilizar isso a favor da investigação. Apostava na ideia de que a criança havia conseguido fugir, o que ocasionaria em certa culpa e preocupação por parte dos pais. Apesar de ser a condutora daquela investigação cruel, eu conseguia concordar com a decisão do casal.

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Summoned

Iwa poderia ser muito cruel as vezes. Se trata de uma vila em que os fins justificam os meios, que liga apenas para resultados positivos e não se importa com as baixas necessárias. Nesse momento estressante em que estou, tenho que fazer de tudo para recuperar a criança perdida, preciso conseguir informações, mesmo que seja necessária a tortura desses pais praticamente inocentes. Suspirei. Ambos estavam quietos, mesmo após toda a minha tentativa de fazê-los falar, talvez julguem mais seguro o filho estar sozinho fora do vilarejo do que estar aqui dentro acompanhado por nós. Não posso julgá-los. Antes que pudesse prosseguir minha visão se distanciou, não pude perceber se notaram, mas de minha testa começava a escorrer gotículas de suor gelado, um frio dominava minha espinha e me causava calafrios. Sentia sensações anormais no meu estômago, minha respiração ofegava, imagens começavam a aparecer em minha cabeça. Novamente as mesmas imagens, um homem, uma mulher e muito sangue. Mas quem são essas pessoas? Eu me pergunto, mesmo nesse estado. O que eu estou fazendo naquela ocasião? É muito confuso.

Aos poucos volto a conseguir sentir as mudanças em meu corpo. Minhas mãos e pernas trêmulas, meu rosto suado e minha respiração ofegante. Me recomponho com certa dificuldade, tentando voltar a me concentrar na missão que me foi dada, recordando os últimos acontecimentos e vasculhando o local em busca de entender quanto tempo se passou. Apenas segundos, ao que parece, mas o casal me olhava com preocupação, eles tinham notado o que acabou de acontecer. A mulher foi a primeira a abrir a boca e cortar o silêncio de minutos, porém não foi muito complacente à missão. Ela disse que é isso que Iwagakure faz com as pessoas, esse sentimento que estou sentindo, isso que estou passando. Seria mesmo isso culpa de Iwagakure? Talvez eu somente esteja ficando louca... Consequências da vida de uma adolescente com sangue tão frio. Ignorei, pois era o certo a fazer.

— Já que vocês não querem ajudar a trazer o filho de vocês em segurança, irei explicar o que vai acontecer quando eu passar por aquela porta — Voltei a falar, apontando meu indicador para a única porta presente naquela sala. — Os homens que nos vigiam irão considerar minha falha e acionará o esquadrão de rastreio do vilarejo. Quando eu passar por aquela porta o filho de vocês não mais será uma criança perdida que precisa ser achada, ele será um fugitivo do vilarejo, um renegado. Ele será tratado como um. Se eu falhar aqui não será uma missão de resgate, mas sim uma de assassinato. Espero que esteja claro — concluí, em minha última empreitada. Se a culpa não funcionou, restava utilizar o medo como protagonista daquela discussão.

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Summoned

Eu estou mais do que ciente de que existem mais do que um tipo de pessoa, e por isso sabia que era extremamente complicada a situação em que eu me encontrava. O casal não havia falado muito, e por isso eu ainda não conseguia determinar que tipo de pessoa eram eles. Uma dúvida ainda pairava no ar: Teriam fugido para conquistar uma vida melhor ou estariam se renegando aos crimes contra o vilarejo? Bem, não é meu dever descobrir isso, e mais importante, eu não quero. Minha última tentativa era o suficiente para quebrar a confiança dos dois, era de dar pena, ver aquela mulher chorando nos braços do marido, como se todos os seus planos tivessem sido frustrados. O marido falava, com o queixo gotejando lágrimas, que seu filho estava do lado de fora da vila, em um ponto de encontro dentro da floresta, que marcaram para encontrar um comerciante à noite.

— Agradeço a cooperação — respondi, olhando diretamente aos olhos do senhor de idade, que segurava sua mulher com tanta piedade. Me sinto empática, embora não consiga me ver naquela situação. — Tem mais alguma informação que vocês podem nos dar? Seu filho carrega consigo algum tipo de armamento ou qualquer objeto perigoso para ele ou outros? Ele está acompanhado de mais alguma pessoa e/ou animal? — continuei, mesmo que parecesse ser cruel fazer esse número de questões em meio àquela situação, mas estava muito próxima de completar meu objetivo. As respostas foram todas negativas, e quando terminaram, deixei-os à sós com a supervisão dos homens atrás do vidro e me retirei pela única porta do local.

— O serviço está completo? — perguntei, prendendo novamente meus cabelos e aos poucos ajeitando-os à forma que mais gosto. O homem de jaleco agradecia demasiadamente, enquanto o outro permanecia calado. Me foi entregue um pouco de dinheiro como recompensa da tarefa cumprida, e então ambos voltaram a falar. Queriam conceder-me uma nova missão, com recompensa tão farta quanto a que tinha acabado de receber, mas dessa vez era uma missão de captura, ou talvez resgate. Tinha que sair do vilarejo e adentrar as florestas, procurar pela criança perdida antes do comerciante chegar e levá-lo a um local desconhecido.

— Considere feito — respondi, confiante. Dei as costas para os dois e passei pela porta de saída, notando que o caminho era complexo demais para sair sozinha. Suspirei, desapontada. — Pode me guiar até a saída? — pedi, frustrada, esperando o fardado acabar de preencher suas papeladas para que me mostrasse a saída entre aqueles corredores idênticos.

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Meus passos serenos me carregam entre a brisa fria que toma conta de Iwagakure e seus arredores. Os flocos de neve ainda caem e criam contraste entre o frio e a fome, por mais que fosse tão belo não posso considerar perfeito, pois a beleza dos flocos de neve só piora a situação daqueles desprovidos de riquezas, como é o caso de toda a população desse vilarejo em crise. Mesmo que uma intervenção política tinha que ser feita, eu não consigo me importar com aquela gente, pois dentro da minha mente, eu lido diariamente com meus próprios problemas, dificuldades e mistérios. Minha mente devaneia com facilidade, vejo em momentos cruciais imagens do que parece ser algo que já aconteceu, eu consigo sentir isso, mas não consigo me lembrar. Diversas crenças explicam esse fenômeno como visões de uma vida anterior, mas eu não me lembro do meu passado, só me lembro de ser uma soldado, eu não sei o meu nome... Talvez essas imagens sanguinárias sejam na verdade as minhas memórias.

Meus passos continuam cuidadosamente articulados sobre os telhados dos cidadãos de Iwagakure. Me encontro em meio a um questionamento interno enquanto sigo a caminho do objetivo de minha missão. A noite estava prestes a dominar os céus, com toda a sua beleza camuflada pelas nuvens carregadas de água. Começava a acelerar minha velocidade, afinal, a criança que buscava iria se encontrar com um comerciante à noite, e se chegasse tarde demais, iria fracassar naquele resgate. Depois de muito tempo aterrissei em frente ao portão do vilarejo, por onde voltei a andar normalmente. Meus olhos dançavam e procuravam o máximo de informação possível, em busca de algum guarda que estivesse presente por ali, mas não havia ninguém. Talvez tenham dado uma pausa, mas é estranho não ter ninguém vigiando aqui. De qualquer forma, não é problema meu. — Pensei, atravessando o local e me vendo nos arredores do vilarejo. Rapidamente me movi, indo em direção a floresta e adentrando-a sem medo algum.

Como uma ninja, concentrava o "chakra" em meus pés e começava a escalar a primeira árvore em minha vista, e logo após prosseguiria em saltos ligeiros para alcançar galhos mais distantes, em busca de uma movimentação mais rápida. Os olhos estavam tão atentos quanto os ouvidos, prontos para captar o mínimo de barulho possível para encontrar a criança perdida. Infelizmente a tarefa seria árdua, já que a floresta era imensa, porém não se passou tanto tempo desde que ele chegou ali, então não estaria muito longe.

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Mais uma vez minha consciência se distanciava da realidade e mergulhava cada vez mais em visões não muito familiares. Meus pés interrompiam meus movimentos bruscamente, conseguia perceber que estava paralisada em uma árvore, apoiando-me pelo meu braço direito em seu tronco. O cenário aos poucos ficava cada vez mais negro, minha visão turva até que eu conseguia me enxergar em um novo lugar. Havia muito sangue no chão, e à minha frente eu via uma única porta. Pela brecha eu consigo ver um homem encapuzado, em manto escuro... Não consigo ver sua face, mas vejo que sangue goteja de uma arma em sua mão. Sinto minhas pernas bambearem quando olho diretamente aos olhos daquele homem, e então eu caio ao chão, desacordada.

Quando volto a abrir meus olhos me vejo em meio a floresta, a noite havia chegado e a neve aos poucos dominava cada vez mais os campos florestais. Continuei apoiada na árvore ao meu lado e me esforcei para recobrar minha consciência completa. O mais importante no momento era completar minha missão, mesmo que isso significasse ignorar completamente o acontecimento mais importante da minha vida, e até um misterioso problema psicológico. Aquela criança estava perdida em algum lugar dali, e apenas eu sou capaz de resgatá-la.

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Enquanto continuava minha trajetória aos poucos eu conseguia notar a mudança na naturalidade do cenário. Galhos quebrados, folhas mexidas, para um rastreador nato isso seria mais do que o suficiente para encontrar exatamente o paradeiro do garoto, em um tempo muito mais rápido do que eu, porém como eu não sou um desses, continuei seguindo as pistas esperando que me levassem a algum lugar. Ainda não estava tão adentro da floresta, então tinha certeza de que não se tratava de um animal, já que estes se escondem nas zonas de menos acesso dos ninjas, era claro em minha mente de que se tratava do garoto perdido.

Continuando a seguir o caminho conseguia visualizar ao longe uma entrada escura em uma das várias rochas que cercam o vilarejo. Tudo me fazia acreditar que o garoto estava ali, escondendo-se do frio e dos animais, apenas esperando que alguém o encontre. Enquanto me aproximava de forma furtiva não conseguia parar de pensar na cabeça dos pais que deixaram com que ele ficasse aqui fora sozinho, e principalmente no motivo de estarem tão relutantes em contar a verdade sobre seu paradeiro. Iwagakure realmente estava tão ruim ao ponto de arriscar nunca mais ver o seu filho, ou até mesmo perdê-lo?

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Tudo ficou escuro rapidamente, minha cabeça doía como jamais doeu, e um ruído afetava fortemente minha audição. Conseguia sentir meu corpo desmoronar, caindo para trás a mercê do ambiente, algo havia me atingido no momento em que me aproximei da caverna. Ao mesmo tempo em que tudo ficava escuro, tudo ficava mais claro, pois conseguia ver de forma sucinta quem eu realmente sou. Meu nome é Asuramaru, eu sabia disso esse tempo inteiro, era como se estivesse na ponta da minha língua, mas eu não conseguia me lembrar. Sou uma ninja, assim como meus pais, do clã Yurai, que carrega consigo uma maldição... Não. Não é uma maldição. Nos fizeram acreditar nisso, mas não temos nada a ver com o fracasso desse vilarejo. Vilarejo... Sim, eu me lembro, eu fui vítima de um experimento de lavagem cerebral, me transformaram em uma assassina sem mente! Isso é angustiante, os líderes atuais devem pagar por tamanha falta de empatia.

Meus olhos voltavam a se abrir depois de muito tempo sem consciência. Meu corpo já não mais tão frio me mostrava que havia sido abrigada, e a visão turva aos poucos visualizava uma silhueta entre a escuridão. — Garoto, é você? — Perguntei, com a voz sonolenta e confusa. — Seus pais estão te procurando — Voltei a falar, pausadamente. O garoto se revelou com um pedaço de tronco em mãos, ao ver isso ficou claro que ele se sentiu ameaçado pela minha presença e realizou um golpe sem que eu percebesse. De seus olhos caíam lágrimas, era apenas uma criança afinal, e correu até mim me abraçando. — Você está com fome? Eu vou te levar de volta pros seus pais — Falei, tentando reconfortá-lo.

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Summoned

Poucos minutos se passaram desde que entreguei a criança às autoridades do vilarejo. O percurso de volta foi calmo, embora lento, já que tive que carregar o garoto em minhas costas, e ele não parava de chorar e reclamar que estava com fome. O futuro daquela criança não me apetecia, porém o fato de não ter nenhuma habilidade ninja me agradava, já que não seria uma vítima do que me aconteceu. Enquanto caminhava pelo vilarejo com minha recompensa já em mãos, descobri que o vilarejo havia sido invadido, e nossa força militar não foi o suficiente para impedir a invasão. Os renegados que agora tomavam conta do vilarejo assassinaram todos os ninjas de alto escalão anteriores, assumindo o poder como purificadores da corrupção do vilarejo. Embora fosse minha terra natal, aquilo me trazia agrado, principalmente pelo fato de eu estar furiosa com a atitude do governo anterior. Talvez agora pudesse nutrir um sentimento que não fosse de ódio para com meu vilarejo, afinal.

Voltei à espelunca que ouso chamar de casa, e lá descansei, em vista de que grandes mudanças viriam a ocorrer na minha vida, proporcionadas pelo fato de eu ter voltado a me lembrar quem sou. Eu sou Asuramaru. E agora estou muito orgulhosa disso.

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Considerações:
Anonymous
Takane
Jōnin
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@ Aprovado

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[Capítulo — Solo] A Penumbra Untitled-2
Que se inicie o caos pois a rocha continuara firme!
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