Juntos, executaram aquele que violava os corpos de mulheres indefesas. Agora, reuniam-se na casa dele.
— Você terá de ser mais forte, Aiko. Se quiser continuar promovendo a justiça neste solo fértil, há de ser poderosa o suficiente para subjugar seus adversários, sobretudo os que ferem os princípios da dignidade humana. Nem sempre serão como o de ontem, que não passava de mero civil. Sobrevivi incontáveis batalhas e tenho propriedade em dizer: inimigos poderosos virão. Prepare-se. — alertou com pesar.
— E o que devo fazer, mestre? — indagou.
— Não se preocupe, eu não tinha intenções de deixá-la à sorte do destino. Vamos ao campo de treinamento, vou dedicar o restante de meus dias à treiná-la. Será a minha herdeira, não poderá ser fraca. — afirmou levando-a com passadas curtas.
Chegaram ao centro de práticas de exercícios do vilarejo em alguns poucos minutos.
— O que faremos?
— Uma corridinha. Me acompanhe.
Iniciou calmamente, acelerando paulatinamente entre cada passo dado. Ajustou sua velocidade à da aprendiz, até que alcançado um ponto em comum. Chegava ao máximo dela e notou não ser o bastante.
— Entendo. Ainda é lenta. Nada com o que se preocupar... — comentou. — Todavia, é preciso que pratique sua agilidade à exaustão. O nosso sucesso em relação às capturas está diretamente relacionado ao quão velozes podemos ser enquanto agindo. Se não for satisfatório, sequer uma gotícula conseguirá obter de sangue do oponente.  
— É verdade, sensei. Vou dar tudo de mim... — garantiu aplicando a totalidade de esforços cabíveis sobre a motricidade corporal. Inicialmente, a musculatura foi incapaz de responder à altura. O cansaço se propalou e dificultou a vida da jovem. Contudo, abençoada com a determinação provinda de sua devoção por Jashin, seguiu.

No campo aberto, de mata rasteira e muita areia batida, correu a esmo. A aceleração se incrementou com o passar das horas. A pressão de estar sendo observada à distância pelo outro a impulsionava. Assim se finalizava o primeiro dia de instrução.
— Foi proveitoso. No próximo, nos dedicaremos às técnicas de movimentação. — considerou.
O descanso merecido chegou ao fim. Na alvorada matutina, compadeceu da idade avançada do homem e foi à pista de atletismo solitariamente. Os pássaros cantavam e o clima era agradável. A primavera se evidenciava com o dançar delicado de flores. Aqueceu-se e deu prosseguimento, ansiando um desempenho superior aos demais. Conforme avançava, se impressionava em como progredia sua forma física. A corrida ilimitada sofreu de pequena pausa quando de longe surgiu ele, seu pastor.
— Sensei!
— Esforçada. Muito bem, este é o espírito. — elogiou por ter ela a iniciativa de treinar sozinha. — Deixe-me guiá-la. — solicitou.
— Claro!
Tomou o comando do deslocar dela. Demonstrou ele próprio educativos que ajudariam a tornar o deslocar mais eficiente, gerando impulso extraordinário com o mínimo de impacto. Tratou de imitá-lo e, na mímica, a ter maior consciência corporal. O passar da semana desdobrou-se tranquilamente, com o claro acréscimo de velocidade.

Velocista, passaria a uma segunda etapa das práticas.
— Muito bem, Aiko! Sua agilidade melhorou um bocado. Não que isso signifique estar perfeita, porém é razoável. Focaremos numa outra vertente fisiológica: a força. Não se engane, ela não se constrói somente com músculos. — contemplou numa demonstração em que quebrava uma gigantesca rocha com nada senão as mãos nuas. — Não espero que consiga fazer o mesmo, entretanto, peço que consiga, ao menos, suportar seu próprio peso! — demandou concisamente.
Ele era absolutamente preciso. Aparentava poder dizer a força de alguém somente com o lançar de uma única olhadela.
— Certo, mestre. O que faço primeiro? — questionou.
— Começaremos com o básico. Algumas flexões. Sua missão é a de executar uma centena delas por dia. Não obstante, quero que também complemente esta rotina com uma sequência de abdominais e agachamentos. Duzentos daqueles e cinquenta destes.
— Começarei imediatamente! — confirmou.
As palavras foram efetivas em lhe propiciar o devido engatilhar na direção do exercício. Jogou-se ao solo, braços estendidos, posição de prancha. Trabalhou com a musculatura dos membros superiores, peitoral e core. Duas dezenas eram seu máximo.
— Droga. Eu esperava conseguir executar um pouco mais... — resmungou.
— Não se preocupe. Faça-as até que complete a centena. Os intervalos, entretanto, devem ser tão curtos quanto possíveis. — exigiu.
Obedecendo-o, efetuou uma nova série. Desta vez, doze. E nas demais que se seguiram, um número inferior delas. Trinta minutos se decorreram até que finalizado o procedimento correto. As abdominais e agachamentos em seguida, esgotando-a por inteira. Ofegou e, finalmente cedeu ao cansaço. Deitou sobre o solo arenoso, dormindo. Acordou após algumas horas, ainda exausta.

No outro dia, regressou à prática. O ácido lático fez todas as fibras se remoerem em dor. Sequer pôde se movimentar adequadamente.
— Haha! Está engraçada, Aiko. — provocou.
— Droga. Não consigo sentir os meus braços! — resmungou.
— Sem dor, sem ganho, garota. Se não se forçar a superar seus limites, eles não serão rompidos sem querer. Continue, um dia conseguirá destruir uma rocha com seus punhos, tenho plena certeza disso. — encorajou ciente do talento dela.
Mente brilhante, entregou-se ao inconformismo e perseguiu o objetivo final de fazer a quantidade proposta num único tiro. Sete dias, este foi o tempo em que imaginava ser possível realizá-los. Dando tudo de si, aliado ao talento notável, tornou-se apta ao cumprimento das ordens emandas. Sua força física havia se desenvolvido consideravelmente, ao ponto de superar a de outrora, no período em que se preocupava apenas com os deveres racionais. Demonstrou o resultado do trabalho duro numa manhã. Cem flexões, duzentas abdominais e cinquenta agachamentos, sem qualquer descanso ou intervalo entre eles. Um aplauso irrompeu o silêncio.
— Não esperava menos de você, menina! — congratulou, contente com o desempenho da instruenda.
— Obrigado, mestre!
Depois da estafa, o merecido repouso.

Aiko; ???/??? 375/375 00/05

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