Uma semana se passou desde o dia que tomou uma das maiores decisões de sua vida. Pensamentos que já se acumulavam há um bom tempo, agora desencadeavam em conclusões que mudariam significativamente o modo em que a garota vivia. Sobre um teto de concreto e um chão de madeira, viveu em aconchego, mas agora aquilo lhe enfraquecia. Chegou até provar um pouco do sentimento doce que é o amor. Ela ironicamente, minutos após pisar no crânio dos inimigos de Kumogakure, retornava ao lar para descansar o corpo, deitando-se em sua banheira e deixando com que a água quente dilatasse seus músculos que trabalharam durante todo o dia, em uma missão de perseguição ou de patrulha. Era assim após todas as missões. A garota da brutalidade iminente percebia que não havia como o vilarejo lhe oferecer mais do que já tinha. Ela desejava explorar o mundo, conhecer novos valores, novas culturas, novos inimigos, assim como percebeu no dia em que frequentou a biblioteca e teve contato com livros escritos por pessoas de regiões diferentes.

Com apenas oito anos de idade, decidiu sair de sua vila natal para ir até Kumogakure e tornar-se por fim uma ninja; e assim o fez. Agora considerava-se uma Tokubetsu Jonin excelente, tendo sucesso em praticamente todas as missões que realizou, mas aquilo não bastava. Para encontrar o poder que realmente almejava, deveria sair das muralhas e enfrentar oponentes poderosos o suficiente para que pudesse crescer. Deste modo — e somente deste — que poderia concluir seus objetivos. Sairia da vila, encontraria pessoas e formaria algo sólido que pudesse lhe fornecer poderosos oponentes, onde lutaria e um dia conheceria a derrota, sufocando todo o seu egocentrismo que regia a sua personalidade.

Seu plano era trivial, mas esperava ser suficiente. Deveria ser realizado durante as sete horas da tarde no dia seguinte, onde ofuscaria-se em multidões para deixar o vilarejo sem ser percebida. Por mais que fosse uma garota brutal, ela não tinha desejos reais de lutar contra ninjas de Kumo. Via-se em débito com eles. Na terça-feira, aproveitando-se que diversos comerciantes, ninjas e outros nômades iam e vinham pelo portão principal do vilarejo, Reika deixou o seu lar vestindo suas roupas mais confortáveis: uma calça avermelhada — sua preferida, devido sua elasticidade —, uma jaqueta verde-musgo sobreposta a sua camiseta preta e uma mochila que resguardaria tudo que precisava para efetuar a sua viagem até que parasse para reabastecer. Comidas, vestes, produtos de higiene, e afins, naquela bolsa triunfava as coisas mais básicas que deveria precisar, e sua cor era camuflável de modo que não destoaria na multidão que utilizaria para fugir. Andou pelas ruas como se estivesse indo para uma simples caminhada, assim como qualquer ninja faria em suas horas vagas. Suas rotas fariam-se de modo estratégico até o portão, visando os locais onde haviam uma grande quantidade de chakras — inclusive semelhante aos seus — dificultando para que ninjas sensoriais percebessem que havia uma shinobi deixando o vilarejo. Na rua principal, seu plano seria posto em prática. Adentrou a aglomeração de pessoas, e aos poucos suas madeixas douradas se perderiam para vista de terceiros, no meio de tanta gente que deixava os portões. Se nada lhe impedisse, prosseguiria de modo retilíneo em passos velozes, ziguezagueando as pessoas e seguindo para cada vez mais distante, assim como os mercadores e viajantes que faziam o mesmo. Por bem, o sol ainda não teria se escondido por completo. Era extremamente natural que alguém decidisse por sair naquele horário; tudo fora planejado devidamente pela Yamanaka.

A rota que tomaria já havia sido analisada, durante toda a semana de sua preparação. Direcionava-se para a região de Otogakure, por ser um intermédio entre a sua vila e o restante do mundo; a loira desejava realmente ter a sua disposição todas as alternativas para que pudesse lá escolher o seu próximo destino. Para isso, deveria seguir em frente pelo portão que estava prestes a sair, caminhando um pouco a frente de outros dois homens que carregavam consigo uma carroça com um pano branco tapando seu conteúdo. Seus passos eram no mesmo ritmo que os deles, como se nada tivesse acontecendo além de uma simples viagem para fora dos domínios de seu vilarejo. Com todas as peças no tabuleiro postas, bastaria agora continuar a trilhar para fora, até se afastar por completo das delimitações geográficas, tornando-se enfim uma ninja foragida.

825/825 hp; 1150/1150 ch; 0/5 st

Cons.: