ichibi no jinchuuriki

HP: 255 ✘ CH: 265 ✘ Sa: 2000

O almoço não fora tão farto como outrora. Minhas economias já estavam escassas devido à falta de missões recebidas, o que me forçava a racionar o pouco de comida que restava nos armários da humilde residência.

Enquanto eu limpava a cozinha, escutei batidas na porta da frente. Por me desacostumar com visitas, empunhei uma kunai e, lentamente, me dirigi à sala de entrada. Espionando o indivíduo por uma fresta entre a parede e a porta, percebi que se tratava de um Shinobi da própria Sunagakure.
 
– Oi, boa tarde. – Cumprimentei-o ao abrir a porta. A voz saiu rouca e um pouco falha, talvez por passar muitas horas se falar.

O homem de cabelo branco – apesar da jovialidade – e olhos claros apenas assentiu com a cabeça e me entregou um pequeno rolo de pergaminho. Curioso, o abri e li, obtendo informações sobre uma missão de escolta de nível B, da qual eu faria parte.

Ao retornar minha atenção para o Jōnin, este já se encontrava a alguns metros longe, andando na direção oposta da casa. Arqueei as sobrancelhas e fechei a porta, rumando para o meu quarto. Lá, preparei a bolsa de armas e uma vestimenta propícia para um Chunnin. Com tudo pronto, tranquei a casa e corri para a entrada da Vila da Areia, pulando entre os telhados dos demais moradores.

Chegando no local pretendido, encontrei o mesmo ninja que me entregara o pergaminho da missão acompanhado de cinco carroças. De acordo com as informações, uma para cada banqueiro que seria escoltado. Me apresentei aos presentes e cumprimentei a todos, apresentando apenas o meu primeiro nome, a fim de tentar evitar que eles me reconhecessem.

– Pois bem, creio que a melhor maneira de fazermos esta viagem seja em duas fileiras de duas e três carroças. Mashiro-sensei os acompanhará por terra e eu os vigiarei pelo ar. Espero que façamos uma viagem tranquila e sem maiores transtornos. Estão todos de acordo? – Discursei, exibindo o sorriso mais simpático que consegui.
 
Enquanto aguardava o consenso dos presentes, me aproximei de Mashiro.
 
– Você podia ter me esperado... – Sussurrei ao homem, apenas para puxar assunto.
 

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Talvez porque eu estava nervoso, não consegui criar a plataforma de areia necessária para flutuar, o que fez os presentes gargalharem e zombarem de mim – com exceção de Mashiro, que permaneceu calado.
 
––– Que bom que gostaram da piada ––– disse, com um sorriso amarelo, tentando contornar a situação. ––– Bom, falando sério, vou acompanha-los pelo chão, ao lado de Mashiro. Como seria possível voar sem um par de asas, não é mesmo? ––– indaguei de maneira retórica, enquanto observava os banqueiros adentrarem as carruagens e estas se organizarem na formação indicada por mim.

Assim, demos início à turnê pelo País do Vento, caminhando pelo deserto que rodeava a Vila da Areia. Felizmente, a temperatura estava agradável e o ambiente dificultava prováveis emboscadas.
 

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Já caminhávamos há horas. Viajar pelo País do Vento era uma das coisas mais monótonas do mundo. Apesar de eu gostar do deserto, passar tanto tempo neste tipo de paisagem era deprimente e tedioso. Nem mesmo os pés, patas e rodas faziam barulho ao afundarem na areia quente. O único barulho que ouvíamos era o uivo do vento e eventuais relinchos dos cavalos que puxavam as carruagens. De vez em quando, eu fitava Mashiro, o ninja que caminhava ao meu lado. Qual era o propósito de sua companhia?
 
––– Então, o que você pode fazer? ––– perguntei ao homem, curioso. Nenhuma resposta. Mashiro nem mesmo se prestou a olhar para mim. ––– Você mata seus inimigos de tédio, entendi ––– ironizei, voltando minha atenção às carruagens.

Por fim, após horas de caminhada, chegamos na primeira cidade a ser reabastecida. Passando pelo portão de entrada, notei um pequeno e pacato vilarejo. As casas eram compactas e quase todas feitas de barro e as ruas nada mais eram que trilhas feitas de areia, o que dava um aspecto pobre ao local. Um letreiro discreto indicava que havíamos chegado ao banco da cidade, o que fez todos pararem e os banqueiros descerem das respectivas carroças. Um deles zombou de mim outra vez.

––– Estou sendo pago pra isso, senhor ––– respondi em tom calmo e devolvi-lhe mais um sorriso amarelo.
  
Enquanto os homens descarregavam o dinheiro, indiquei à Mashiro que cuidasse do lado direito das carroças, enquanto eu cuidaria do esquerdo. Também pedi para que prestasse atenção em possíveis ataques pelo ar e pelo chão, assim como eu faria.
 

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HP: 255 ✘ CH: 275 ✘ Sa: 2000

A sensação térmica no sol era desagradável, mas não mais do que escutar cinco homens reclamando a cada saco de dinheiro carregado das carruagens ao banco. Escolta era uma das minhas atividades menos favoritas, mas, por se tratar de uma missão de Rank B, o pagamento seria bom o suficiente para eu me manter por mais algum tempo. Além disso, eu não sabia quando o Kazekage me chamaria para outra missão.

Os homens rapidamente reabasteceram o pequeno banco da cidadezinha, provavelmente já estavam acostumados com tal tarefa. Eu e Mashiro observávamos ao redor, procurando por qualquer coisa que pudesse ser uma ameaça. Esperava não encontrar nada. Finalmente, os banqueiros se acomodavam em suas respectivas carruagens, ainda murmurando lamentações.

––– Ok, vamos indo. A mesma formação ––– disse em bom tom, depois que todos já estavam em seus lugares.

As cinco carruagens, aos poucos, se ajeitaram e iniciaram o percurso de volta até o deserto. Com uma última olhada ao redor, reparei que algumas pessoas nos fitavam não com curiosidade, como talvez seria comum em uma cidade pequena, mas como se desaprovassem o que estávamos fazendo ou planejassem algo. Fingi ignorá-los e me juntei ao grupo. Talvez alguém tivesse me reconhecido, apenas.

Preferi não falar nada e, com a atenção redobrada, voltei ao deserto juntamente de Mashiro e as cinco carruagens. Discretamente, realizei alguns selos de mão.
 

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Enquanto caminhávamos pelo deserto, o sol se retirava, assim como o calor. Com a chegada do crepúsculo, o clima do local despencou drasticamente, o que era comum ali. A estrela incandescente deu lugar à lua minguante, o que diminuíra bastante o meu campo de visão. Mashiro passou a andar mais próximo de mim, o que me intrigou.

––– Esquece, eu não vou te abraçar ––– disse ao Shinobi em tom irônico, mesmo sabendo que não iria ser respondido.

Depois de andarmos quase uma hora já sem luz solar, os banqueiros começaram a se pronunciar, dizendo que deveríamos parar para descansar. Finalmente, palavras úteis. Viajar à noite pelo deserto era um ato estúpido e saber que os banqueiros partilhavam desse pensamento me deixava aliviado.

––– Certo, vamos parar na próxima cidade ––– avisei a todos.

Com cerca de mais quarenta minutos de caminhada, chegamos a outra pequena cidade do País do Vento. Logo na sua entrada, já avistamos uma modesta pousada. Felizmente, haviam quartos disponíveis para todos e locais para as carruagens e os cavalos.

Vistoriando rapidamente, deduzi que era um lugar aceitável para se passar a noite, então, nos ajeitamos no pequeno estabelecimento. Os banqueiros ficaram em cinco quartos separados, mas em um único corredor. Mashiro também pegou um quarto só para ele, na porta mais afastada daquele andar, enquanto eu fiquei com o primeiro quarto do corredor.

Após um rápido e nada luxuoso jantar, todos se prepararam para dormir. Obviamente, um dos banqueiros praticou um pouco da sua arrogância antes de fechar a porta do seu quarto, o que eu respondi apenas com um aceno sutil com a cabeça.

Combinei com Mashiro que eu me encarregaria da vigia pelo resto da noite. Assim, com todos já em seus quartos, fiquei sozinho no corredor.

––– Vamos mata-los de uma vez ––– disse uma voz conhecida na minha cabeça. Shukaku, o monstro de uma cauda.

À noite, era comum que ele se manifestasse, o que me deixava com receio e um pouco paranoico. Por mais que eu tentasse, não conseguia responde-lo, o que agravava ainda mais a minha situação. Era de suma importância que eu não dormisse à noite, especialmente nesta noite em que cinco vidas dependiam de mim. Na realidade, eu já estava acostumado a passar a noite acordado, mas o peso de não poder dormir me deixava tenso e ansioso pela luz do dia. O que me deixava um pouco mais aliviado era que os responsáveis pela pousada atenderam meu pedido e deixaram em meu quarto uma garrafa térmica de café, que eu esperava que fosse minha única companhia na madrugada.

Com a porta do meu quarto aberta, eu vagava entre ele e o corredor do andar, esperando as horas passarem.

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Eu lutava insistentemente contra o sono, como em quase todas as noites nos últimos dois anos. Para me manter acordado, afiava algumas kunais e shurikens aleatórias. De repente, alguns barulhos estranhos me deixaram totalmente desperto. Rapidamente, guardei na bolsa ninja o resto das armas espalhadas pelo colchão e fiquei imóvel dentro do meu quarto, à espera de algum sinal que pudesse me indicar que o som que vinha do corredor nada mais significava do que um dos banqueiros se levantando para ir ao banheiro. Quando eu já estava crente de que minha dedução estava correta, um grito ecoou por toda a pousada, seguido do som de vidro se estilhaçando.

Com o coração batendo forte, corri para o corredor e vi todos os demais fazendo o mesmo. Infortunadamente, o banqueiro mais irritante havia sido atacado e, enquanto ele praguejava e nos xingava, notei um profundo corte em uma de suas orelhas, que logo começou a ser fechado por Mashiro, que parecia ter o domínio da arte da cura.

A confusão repentina, aliada aos xingamentos e, possivelmente, ao cheiro de sangue, despertou mais um ser presente: Shukaku, o Demônio de Uma Cauda.

––– Já chega! Esse humano idiota está me dando nos nervos... Vou assumir o controle e mata-lo agora mesmo! ––– manifestou-se o monstro impaciente, no meu inconsciente.

––– Espere...! O sangue desse homem não vale a pena... Além disso, se qualquer um deles morrer, eu não recebo o dinheiro da missão e já não tenho mais comida em casa, o que significa que em breve vou morrer de fome ––– expliquei, torcendo que Shukaku entendesse.

––– E o que eu tenho a ver com isso? Já faz tempo que você não me presenteia com sangue ––– manifestou-se o monstro impaciente, no meu inconsciente.

––– Ora, o que aconteceria com você se eu morresse? ––– indaguei, tentando responde-lo. ––– Acho que a sua defesa absoluta não cobre morte por inanição, não é? ––– disse, irônico. Por mais que eu estivesse com medo de estar falando com o Ichibi, eu precisava ter pulso firme e tentar convencê-lo a não matar o banqueiro.

––– Que tal nós irmos atrás do ninja que invadiu a pousada e o matarmos? Vai ser muito mais emocionante e nós dois saímos ganhando... ––– indaguei ao monstro de areia. Ainda que eu não me importasse com a vida do banqueiro, eu precisava da recompensa da missão.

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