Os corredores do Quartel General de Iwagakure estavam movimentados como sempre, mas a energia parecia mais leve naquela manhã. Após semanas de recuperação forçada, Biskka estava pronta para retornar ao trabalho. Ainda sentindo os músculos doloridos e algumas pontadas nas costelas, ela foi convocada ao escritório do Jonin responsável pelas missões. Ao entrar, o homem olhou para ela por cima de uma pilha de documentos. Ele tinha uma expressão serena, mas os olhos analisavam a Genin com atenção.

— Biskka! Bom ver que está se recuperando — disse ele num to animado, cruzando os braços. — Sei que quer voltar à ação, mas ainda não está totalmente apta para algo de alto risco. Então, aqui está sua missão.

Ele deslizou um pergaminho sobre a mesa. Ao desenrolá-lo, ela leu as palavras "Escolta de um Diplomata em uma Negociação de Tratado".

— Um diplomata de uma vila aliada está vindo para negociar um tratado conosco. Sua tarefa é simples: escoltá-lo pela vila, protegê-lo durante o trajeto e, se necessário, mediar qualquer desentendimento que possa surgir — explicou o Jonin. — Sabemos que há pouco risco de combate, mas não podemos descartar a possibilidade de espiões ou sabotadores.

A Genin franziu o cenho, considerando a tarefa. Não era a missão cheia de adrenalina que ela desejava, mas era uma oportunidade de retornar à ativa e provar que estava pronta para desafios maiores.

— Hunf, vocês vão me deixar de molho... — disse ela num tom de desaprovação — Quem é o diplomata? — perguntou ela.

— Senhor Takeshi, um emissário de Kusagakure. Ele chega em uma hora pelo portão oeste. Prepare-se e esteja lá para recebê-lo.

Com um aceno determinado, Biskka deixou a sala. Enquanto caminhava em direção ao arsenal para pegar equipamentos básicos, ela refletia sobre como uma missão tão "tranquila" poderia testar não apenas suas habilidades físicas, mas também sua paciência e capacidade de se adaptar. No portão oeste, o céu estava limpo, e o vento trazia um cheiro fresco de terra molhada. Ao avistar o diplomata, um homem de meia-idade, vestindo trajes formais e com uma postura altiva, Biskka ajustou sua bandana no braço e se preparou para a tarefa que a aguardava.

Considerações:

Ainda naquele mesmo dia, algumas horas mais tarde Biskka já aguardava de prontidão no Portão que fora designada. O diplomata Takeshi se aproximava com passos firmes, acompanhado por um jovem assistente que carregava um pergaminho volumoso sob o braço. Ele exibia uma expressão tranquila, mas seus olhos calculistas avaliavam Biskka assim que a viu.

— Você deve ser minha escolta — disse Takeshi, parando à sua frente. Sua voz era grave e carregava um tom autoritário.

— Isso mesmo, senhor. Sou Biskka. Estarei ao seu lado durante sua estadia em Iwagakure para garantir sua segurança e conforto — respondeu ela, mantendo um tom educado, mas firme.

Takeshi arqueou uma sobrancelha, visivelmente avaliando a jovem kunoichi.
— Espero que sua determinação corresponda às suas habilidades. Não podemos nos dar ao luxo de erros nesta negociação.

Biskka manteve a calma, apesar do tom condescendente.
— Não vai se decepcionar, senhor. Estou aqui para garantir isso. — disse ela formalmente forçando um leve sorriso —Bode velho... — xingou em pensamentos ao franzir a testa quando ele desviava o olhar.

Com um gesto breve, ele indicou que estava pronto para seguir. A pequena comitiva começou a caminhar pelas ruas movimentadas de Iwagakure. A vila estava em sua rotina habitual, mas havia algo no ar que deixava Biskka levemente desconfortável. Era a quietude. Enquanto atravessavam a praça principal, um grupo de crianças brincava ao redor da fonte, rindo e jogando água umas nas outras. Takeshi lançou um olhar quase desdenhoso, mas Biskka não perdeu tempo observando os detalhes. Ela notou algo peculiar: um homem encostado em um dos postes da praça. Sua postura parecia relaxada, mas os olhos estavam fixos demais no diplomata.

Considerações:

Biskka diminuiu o ritmo levemente, posicionando-se entre o diplomata e o estranho sem chamar atenção. Quando o homem percebeu que havia sido notado, desviou o olhar, puxou o capuz e se misturou à multidão.

— Algum problema? — perguntou Takeshi, parando abruptamente.

— Nada que precise se preocupar, senhor. Apenas um detalhe — respondeu Biskka, sem desviar os olhos da direção onde o homem desapareceu.

Apesar da tensão momentânea, o resto do trajeto até a sede de reuniões foi tranquilo. Porém, a sensação de que algo estava errado persistia em Biskka. Ao chegarem, ela se posicionou do lado de fora, cruzando os braços. Naquele momento, escoltar um diplomata pode não ser tão fácil do que imaginava. Enquanto a comitiva seguia em direção à sede de reuniões, Biskka retardou o passo propositalmente, mantendo os olhos atentos à multidão à sua volta. Ela sabia que a sensação de estar sendo observada não era paranoia. O homem misterioso que desaparecera momentos antes ainda estava em sua mente.

De repente, ela o viu novamente, mais à frente, caminhando com cuidado entre as pessoas. Ele parecia estar ajustando algo sob o manto, e isso foi suficiente para acender um alerta em sua mente. em chamar a atenção do diplomata ou de sua comitiva, Biskka deslizou para fora da formação, entrando na multidão com passos silenciosos. Ela era rápida e discreta, movendo-se como uma sombra, até que finalmente se posicionou atrás do homem.

Antes que ele pudesse reagir, sentiu a lâmina fria de uma kunai encostada em seu pescoço. Uma voz baixa e afiada sussurrou próximo ao seu ouvido, carregada de determinação:

— Eu quero um dia tranquilo e não ter que matar ninguém hoje — começou Biskka, pressionando a kunai um pouco mais contra a pele do homem. — Então, nem pense em fazer o que está planejando.

O homem congelou. Seus olhos arregalaram-se, e ele ergueu as mãos lentamente em sinal de rendição. Ele tentou falar, mas a pressão no pescoço o fez engolir seco antes de conseguir emitir qualquer som.

— Huuh? O que pensa que está fazendo? — balbuciou, tentando disfarçar o nervosismo.

— Sou a pessoa que vai garantir que você não arruine nada hoje — respondeu ela, com o tom firme. — Agora, me diga: por que está seguindo o diplomata?

— E-eu não... não estou seguindo ninguém! É um engano! — tentou justificar-se, mas sua voz tremia.

Biskka estreitou os olhos, puxando o capuz do homem para revelar seu rosto. Ele era jovem, com uma cicatriz na sobrancelha esquerda e uma expressão que transbordava culpa. A garota franziu o cenho, analisando-o.

— Última chance. Ou você me diz a verdade, ou eu o deixo inconsciente e entrego para os guardas — disse, sem demonstrar hesitação.

Considerações:

O homem hesitou, mas viu a determinação nos olhos dela.
— Tudo bem, tudo bem! — cedeu ele. — Só estou cumprindo ordens. Me disseram para observar. Só observar, eu juro!

— Ordens de quem? — insistiu Biskka, mantendo a kunai firme.

— N-não sei o nome! Um homem... ele me pagou para isso. Só me pediu para ficar de olho e informar qualquer movimento suspeito.

Biskka ponderou por um momento. Ele não parecia ser uma grande ameaça, mas também não era alguém que ela podia deixar solto. Com um movimento rápido, ela o desarmou, retirando um pequeno pergaminho de sua túnica.

— Some. — disse ela com a kunai ainda pressionada contra o pescoço do homem, viu os olhos dele se arregalarem em puro terror. Tremendo, ele balbuciou: T-tá!

Ela estreitou os olhos, avaliando a sinceridade no desespero dele. Lentamente, afastou a lâmina, mas manteve-se pronta para reagir. Sem hesitar, o homem tropeçou para longe, misturando-se rapidamente à multidão enquanto desaparecia pelos becos de Iwagakure. Biskka o observou até ter certeza de que ele não representava mais perigo. Respirou fundo, voltando a compor-se. "Um problema a menos", pensou, antes de retornar à sua posição. A comitiva havia parado diante de uma casa de chá tradicional, uma das mais antigas de Iwagakure. O lugar tinha uma aura de serenidade, com lanternas penduradas na entrada e o som relaxante de um pequeno córrego que corria ao lado. O diplomata, acompanhado de um assistente local, entrou no estabelecimento, sinalizando para que Biskka permanecesse do lado de fora.

— Ficaremos aqui por um tempo. Relaxe, mas mantenha os olhos abertos — disse ele, num tom educado, antes de desaparecer pela porta.

Considerações:

Biskka assentiu, posicionando-se na entrada. A brisa suave da tarde trouxe um momento de calmaria, e ela aproveitou para observar o movimento ao redor. Apesar do cenário tranquilo, sua postura continuava alerta. Ela cruzou os braços, apoiando-se contra a parede de madeira da casa de chá, enquanto seus olhos percorreram a rua de ponta a ponta. O vai e vem de civis era constante, mas nenhum rosto ou atitude parecia suspeito. Ainda assim, ela sabia que não podia se deixar levar pela tranquilidade aparente.

— Takvez fisse isso é o que eu precisava — pensou, embora parte de si estivesse inquieta. Mesmo em recuperação, sua mente instintivamente buscava possíveis ameaças. Contudo, por ora, tudo estava calmo. A porta de papel de arroz da casa de chá abriu-se por um momento, revelando um garçom que saiu para atender uma mesa no jardim lateral. O aroma de chá fresco e ervas preenchia o ar, proporcionando um breve momento de conforto. Biskka respirou fundo, focando-se em sua tarefa.

Ela era uma sentinela atenta enquanto o diplomata discutia dentro da casa de chá. A rua em frente estava pacífica, mas a quietude parecia um véu fino, sempre pronto para se romper. O ar carregava o aroma suave de chá recém-preparado misturado ao leve cheiro de poeira que pairava no ambiente, típico das ruas de pedra de Iwagakure. Seus olhos escaneavam constantemente os arredores, captando cada movimento, cada som. Um grupo de crianças brincava próximo, o riso inocente preenchendo o espaço. Comerciantes gritavam para atrair clientes, oferecendo desde frutas frescas até tecidos coloridos. Tudo parecia tão tranquilo, quase comum demais para um dia de missão. Depois de um tempo que pareceu uma eternidade, o diplomata finalmente saiu, ajustando a capa elaborada que usava e seguindo pela rua. Ele era acompanhado por um assistente, e Biskka assumiu sua posição ao lado deles, seus passos precisos, mas sem esforço aparente.

Considerações:

A comitiva fez paradas em outros estabelecimentos ao longo do trajeto. Primeiro, uma loja de antiguidades, onde o diplomata parecia fascinado com peças raras e registros históricos. Biskka ficou do lado de fora, os braços cruzados, observando as pessoas que passavam. Seus sentidos estavam aguçados, captando qualquer comportamento fora do padrão. Em determinado momento, notou um homem encapuzado se movendo rápido entre as vielas, mas ele logo desapareceu na multidão. Nada mais aconteceu, e ela se forçou a relaxar, mas apenas o suficiente para não parecer paranoica. Mais tarde, eles visitaram uma pequena estalagem, conhecida por seus pratos tradicionais. O diplomata parecia aproveitar o ambiente acolhedor enquanto discutia com o dono do local. Biskka novamente ficou na entrada, mas desta vez sua atenção foi atraída por um vendedor ambulante que passava, carregando vários utensílios barulhentos em sua carroça. Seus olhos, porém, logo voltaram para o movimento das ruas, o barulho das rodas apenas um som entre muitos.

Finalmente, ao cair da tarde, a comitiva seguiu para o último destino: um mercado de ervas medicinais. O cheiro forte das plantas enchia o ar, e Biskka sentiu uma leve pontada de nostalgia ao se lembrar dos remédios caseiros que usava para se recuperar após treinos árduos. Enquanto esperava, ela circulou em volta da entrada, certificando-se de que o local era seguro. A missão estava tranquila até aquele ponto, mas ela sabia que a calma era muitas vezes enganosa. Estar em recuperação não significava baixar a guarda.

Considerações:

O sol começava a mergulhar no horizonte, tingindo o céu de tons alaranjados e dourados enquanto a comitiva deixava o mercado de ervas. O diplomata, satisfeito com as aquisições e com as conversas que havia tido ao longo do dia, mantinha uma expressão serena, mas exausta. Biskka, por outro lado, ainda estava completamente alerta. Seus sentidos captavam cada detalhe, cada som abafado de passos e cada sussurro distante na brisa da tarde. Eles atravessaram um dos antigos portões de pedra de Iwagakure, que levava a uma área mais calma da vila, onde os edifícios tinham um ar mais tradicional e o movimento das ruas era menor. Aqui, as lanternas já estavam acesas, iluminando suavemente o caminho com uma luz quente.

Biskka mantinha um ritmo constante, ligeiramente à frente, seus olhos atentos a qualquer movimentação suspeita. Por vezes, olhava discretamente para trás, conferindo o diplomata e seu assistente. Eles pareciam relaxados, conversando sobre os próximos passos das negociações. Em uma das esquinas, algo chamou a atenção de Biskka. Uma sombra se moveu rapidamente entre os telhados. Ela parou por um momento, estreitando os olhos para o alto, mas a figura já havia desaparecido. Não era algo incomum, considerando que muitos shinobi treinavam saltando entre prédios, mas a sensação de que algo não estava certo permaneceu.

Considerações:

Eles continuaram até uma pequena praça, onde o diplomata decidiu fazer uma última pausa antes de retornar à hospedaria. Ele sentou-se em um banco de pedra, apreciando a tranquilidade do ambiente. A praça estava quase deserta, exceto por uma senhora que alimentava pássaros em um canto e por um grupo de jovens aprendizes que praticavam controle de chakra em silêncio. Biskka deu alguns passos ao redor, inspecionando os arredores enquanto mantinha o diplomata em seu campo de visão. A luz das lanternas balançava suavemente com a brisa, projetando sombras dançantes nas paredes de pedra. Cada som parecia amplificado naquela tranquilidade.

Apesar de toda a paz aparente, ela sabia que uma missão só terminava de fato quando o objetivo fosse concluído. Não havia espaço para baixar a guarda, mesmo em momentos como aquele. Cada minuto que passava sem incidentes era uma vitória silenciosa, mas a tensão permanecia em seus músculos cansados. Ainda assim, havia uma certa satisfação em realizar uma tarefa que exigisse menos combates e mais vigilância. Mesmo em recuperação, Biskka sentia que estava provando seu valor ao proteger o diplomata. Ela respirou fundo, mantendo sua postura, enquanto a noite caía lentamente sobre Iwagakure. Com a noite envolvendo Iwagakure em seu manto estrelado, o diplomata finalmente se levantou, satisfeito com o breve descanso. Ele lançou um olhar agradecido a Biskka, que, mesmo em silêncio, irradiava uma presença protetora que havia garantido um dia sem maiores problemas.

Considerações:

Eles retomaram o caminho para a hospedaria onde o diplomata ficaria. As ruas agora estavam mais vazias, com poucos transeuntes e ninjas patrulhando os arredores. O som suave do vento e o ocasional rangido de portas sendo fechadas eram as únicas companhias sonoras naquela caminhada. A hospedaria, uma construção de madeira com adornos tradicionais, emanava uma luz quente de suas janelas. O assistente do diplomata foi o primeiro a entrar, trocando algumas palavras com o dono do estabelecimento. Biskka permaneceu na entrada, observando o diplomata entrar em segurança.

— Genin Biskka, não sei se teria tido um dia tão tranquilo sem você — disse o diplomata, virando-se antes de cruzar a soleira. Seu tom era calmo, mas carregado de respeito. — Obrigado por sua vigilância.

Biskka respondeu com um leve aceno, mantendo-se profissional. Assim que ele desapareceu no interior da hospedaria, ela deu um passo para trás e respirou fundo.

— Argh, preferiria ter que enfrentar um pelotão inteiro da Resistência... — pensou, sentindo uma leve pontada de dor em seu ombro lesionado. Ela sabia que sua recuperação ainda estava longe do fim, mas essa missão havia sido uma pausa necessária — uma oportunidade de se reconectar com a calma antes de encarar novos desafios. Enquanto retornava lentamente para sua própria residência, o brilho das estrelas sobre Iwagakure parecia mais brilhante. — Hmm, acho que vou comer fora... — disse para si mesmo enquanto caminhava, refletindo sobre a ideia de um restaurante que tinha próximo de sua casa, mas que, por algum motivo, nunca experimentou o jantar de lá.

Considerações: