O amanhecer tingia o céu de tons rosados e dourados enquanto Biskka encontrava a caravana no ponto de partida, onde já aguardavam o líder e outros membros da escolta. Ao redor, carroças carregadas de suprimentos essenciais para Iwagakure estavam prontas, seus volumes cobertos por lonas resistentes. O líder, um homem robusto com cicatrizes pelo rosto e voz grave, passou as instruções com um tom cauteloso, ressaltando os perigos da jornada.

Os condutores e guardas mantinham-se em silêncio, concentrados. A Genin olhou ao redor, avaliando o terreno. O caminho era cercado por montanhas e vales estreitos, um ambiente ideal para emboscadas. Ela sabia que sua principal função era proteger o grupo e os suprimentos, mas a disposição traiçoeira do terreno exigia atenção constante. Assumindo sua posição na retaguarda, ela podia observar os arredores e o avanço das carroças.

Quando o grupo deu os primeiros passos para fora da vila, o silêncio era quase opressor. Somente o ranger das rodas das carroças e o som rítmico dos passos quebravam a quietude, ecoando nas paredes de rocha ao redor. Biskka observava atentamente cada movimento ao redor, os olhos acompanhando qualquer sombra ou sussurro de vento que pudesse denunciar uma ameaça. Ela sentia o peso da responsabilidade enquanto seus instintos permaneciam em alerta máximo.

Considerações:

A caravana prosseguia pela trilha estreita, avançando com cautela entre as sombras das rochas que flanqueavam o caminho. Biskka caminhava ao lado dos vagões, seus olhos discretamente atentos a cada canto, notando o movimento nas encostas acima. O farfalhar leve de rochas sendo deslocadas e sombras que surgiam e sumiam entre as pedras a alertaram: alguém os estava seguindo.

Apesar de sentir a tensão crescente, ela manteve sua postura relaxada, respirando com calma, como se não tivesse percebido nada. Seu olhar ocasionalmente percorria as bordas da estrada, mas sempre retornava para frente, disfarçando qualquer sinal de suspeita —Heh, parece que não estamos sozinhos... — pensou, estreitando os olhos e deixando escapar um sorriso de banco de boca. Empolgava a ideia de uma luta.

O líder da caravana a observava de perto, mas Biskka apenas lhe deu um sorriso tranquilo, indicando que estava tudo bem. Ele, aparentemente aliviado, assentiu e continuou, sem perceber que a Genin já havia mapeado todas as possíveis posições de ataque. Ela preparava-se internamente, deixando a mão repousar próxima à kunai presa ao cinto, pronta para o momento em que o primeiro agressor surgisse. As sombras acima pareciam se mover mais rápido, indicando que quem quer que estivesse ali também percebia que estavam se aproximando de um ponto favorável para uma emboscada. Biskka continuou sem olhar diretamente para o alto, mas seu corpo estava em alerta total, os sentidos aguçados para qualquer ataque.

Com passos calmos, ela se manteve atenta, aguardando o movimento que daria início à ação.

Considerações:

A tensão no ar era palpável. Biskka sentia o pulsar da energia ao redor, o silêncio pesado interrompido apenas pelo ranger das rodas de madeira contra a terra seca. Ela sabia que o ataque era iminente, mas manteve o disfarce, caminhando tranquilamente ao lado dos vagões, os olhos semicerrados como se estivesse apenas observando o caminho à frente.

De repente, uma pedra rolou morro abaixo, parando a poucos metros dos pés dela. Com o canto dos olhos, percebeu uma figura esgueirando-se entre as rochas — um sinal claro de que o ataque estava para começar. Um segundo depois, um assobio curto cortou o ar, e como uma onda, os agressores saltaram das encostas acima, descendo em direção à caravana com armas em mãos e gritos de batalha. A Genin, porém, estava um passo à frente. Num movimento fluido e veloz, ela sacou sua kunai e girou o corpo, atingindo o primeiro assaltante que se aproximava. Ele mal teve tempo de reagir antes de ser arremessado ao chão. Os demais pareciam surpresos com a rapidez do contra-ataque, hesitando por um breve instante, mas logo retomaram o ímpeto, tentando cercá-la.

— Venham! — disse animada, provocando-os com um sorriso selvagem. Ela se moveu como uma tempestade, desviando dos golpes e respondendo com precisão brutal. Cada movimento era calculado, cada soco e chute levavam ao desfecho esperado. Um dos agressores tentou atingi-la com um machado, mas ela deslizou para o lado, o metal cortando o ar vazio, e num impulso, cravou a kunai na lateral de sua armadura improvisada.

Considerações:

Com o último adversário caindo aos seus pés, Biskka respirou fundo, erguendo o olhar para as colinas, certificando-se de que nenhum outro atacante permanecia à espreita. Quando finalmente percebeu que a área estava segura, guardou sua kunai e voltou a passos firmes até o líder da caravana.

— Podemos seguir em frente — disse ela, sem perder a compostura — Mas fiquem atentos. Pode ser que eles tentem outra vez — O líder assentiu, ainda um pouco pálido, e logo os vagões começaram a se mover novamente, retomando o caminho para Iwagakure.
— Q-quem eram...? — perguntou o mais velho ainda um pouco atônito com a situação que escalou tão rapidamente. Biskka, no entanto, manteve-se em posição, olhos atentos à retaguarda, pronta para enfrentar qualquer outra ameaça que pudesse surgir no caminho, mas ainda assim respondeu simplesmente sem olhar para ele, voltando a caminhar.
— Provavelmente membros da resistência — disse ela — Não estão satisfeitos com a atual gestão do Tsuchikage e, sinceramente? Eu até entendo eles, contudo... É o meu trabalho como Shinobi da Vila Oculta da Pedra acabar com todos eles, afinal, são ordens do Kage.
As palavras da menina eram sinceras, apesar de possuir certo pesar em cada síliba. Talvez ela não desejasse fazer isso. Apenas queria lutar contra alguém forte, alguém que a forçasse a elevar o nível e não contra pessoas comuns que apenas querem uma vida digna.

Considerações:

A caravana retomou seu ritmo, cada roda rangendo contra o solo rochoso enquanto os mercadores e guardas trocavam olhares tensos, ainda sob o impacto do ataque. Biskka caminhava alguns passos atrás dos vagões, seus sentidos ainda aguçados e atentos aos arredores. Ela mantinha os olhos nas colinas e nas trilhas que serpenteavam pela encosta, avaliando cada ponto onde possíveis emboscadas poderiam ser armadas. A trilha agora se estreitava, forçando os vagões a seguirem em fila única enquanto as sombras dos penhascos criavam trechos de escuridão e luz. O silêncio pesado que envolvia o grupo era pontuado apenas pelo farfalhar dos arbustos e o som das rodas de madeira contra o chão. Para Biskka, o silêncio era tanto uma bênção quanto uma maldição. Ele dava a ela a vantagem de escutar qualquer movimento suspeito, mas também intensificava a sensação de que algo ainda estava por vir.

Ao longo da trilha, Biskka percebeu pequenas marcas no chão, pegadas apagadas e galhos quebrados, indicando que os saqueadores haviam monitorado aquele caminho antes. Isso a levou a refletir que o ataque anterior poderia ter sido um teste — uma tentativa de medir a força da escolta e preparar algo mais substancial mais adiante. Era um palpite, mas ela sabia que subestimar esses saqueadores poderia ser um erro grave. Logo, ao virar uma curva, um estrondo ecoou pela passagem, interrompendo os pensamentos de Biskka. Um grupo de pedras rolava encosta abaixo, bloqueando parte do caminho e obrigando os vagões a parar abruptamente. Antes mesmo que alguém pudesse entender a situação, sombras começaram a se mexer na escuridão das rochas, cercando a caravana mais uma vez.

Considerações:

Dessa vez, Biskka não hesitou. Ela deu um salto para a frente, posicionando-se entre os vagões e os atacantes que se aproximavam, com um olhar resoluto. Com um movimento rápido, ela ativou o Primeiro Portão, sentindo o fluxo de energia percorrer seu corpo e aumentar sua velocidade e força. A sensação familiar da abertura do portão a invadiu, e ela sorriu para os oponentes, sua postura sólida e ameaçadora.

— Vocês insistem, não é? — murmurou ela, avançando como uma rajada de vento em direção ao primeiro inimigo que conseguiu identificar. Seu punho encontrou o estômago do saqueador, enviando-o direto ao chão, sem chance de resposta. Os demais atacantes hesitaram, mas, liderados por um homem maior e mais robusto, avançaram todos ao mesmo tempo. Ela girou, desviando de golpes e contra-atacando com precisão. Ela golpeou cada oponente com uma mistura de brutalidade e velocidade, sua kunai zunindo no ar enquanto o chão começava a se encher de corpos abatidos. O líder dos saqueadores, ao ver a força devastadora da garota, recuou, mas ela já estava à sua frente antes que ele pudesse reagir. Com um chute potente, lançou-o contra uma pedra, encerrando o combate em um último impacto seco.

Quando o barulho cessou e o último saqueador recuou para fugir, Biskka se voltou para a caravana, sua respiração ainda ritmada, e assentiu para o líder dos mercadores, indicando que poderiam seguir adiante.

Considerações:

Contudo, ela mal teve tempo de processar o movimento antes de sentir o impacto repentino e brutal de um punho que acertou em cheio o lado de seu rosto. A força do golpe a lançou para trás, fazendo seu corpo deslizar pelo solo áspero enquanto poeira se levantava ao redor. A dor reverberava, quente e pulsante, mas a adrenalina a dominava, e, sem hesitar, ela se levantou, levando a mão ao rosto, onde o sangue escorria pelo canto da boca, fazendo-a sentir o gosto metálico do sangue em sua boca. Seus olhos cravaram-se no homem que, agora em pé diante dela, demonstrava uma postura segura e agressiva, muito diferente dos capangas comuns que a caravana já havia enfrentado.

— Acho que a noite ficou um pouco interessante, afinal — disse com ela com um sorriso logo após cuspir o liquido vermelho que logo era absorvido pela areia do chão. O homem mantinha-se firme, músculos tensos e olhar frio, sem demonstrar sequer um indício de medo ou hesitação. Diferente dos demais, ele aparentava ter experiência de combate, seus movimentos eram precisos, e sua velocidade equiparava-se à de um shinobi. Ele não era um saqueador comum.

— Vamos apostar as nossas vidas hoje! — ela provocou, enquanto a mão instintivamente alcançava o lado esquerdo, ativando novamente o Primeiro Portão, uma energia quente e vigorosa pulsando através de seu corpo, reforçando seus músculos e sentidos.

Considerações:

O estranho avançou, um borrão que parecia desaparecer e reaparecer a cada passo. Biskka mal teve tempo de reagir antes de ele desferir uma série de golpes rápidos e pesados. Ela desviava com esforço, absorvendo o impacto de alguns socos nos braços e nas costelas, sentindo o peso da força dele em cada pancada, mas seu foco permanecia intacto. Em um instante, percebeu uma brecha mínima na postura do adversário e, sem pensar duas vezes, investiu com um chute lateral que fez o homem recuar alguns passos.

Com o sangue pulsando em seu corpo e os olhos atentos, sorriu mais uma vez. O homem não recuou por muito tempo. Assim que recuperou o equilíbrio, avançou contra ela com uma série de golpes velozes e pesados. Ela percebeu a intenção nos olhos dele e se preparou, mantendo a base firme enquanto o atacante aproximava os punhos como se fossem projéteis. Ele desferiu um soco direto que ela conseguiu bloquear cruzando os antebraços, mas a força do impacto fez seus pés se arrastarem alguns centímetros no chão. Em seguida, o agressor seguiu com uma cotovelada que Biskka mal teve tempo de esquivar, sentindo o vento do golpe que passou próximo ao seu rosto. Aproveitando a abertura, ela reagiu com ferocidade: deu um passo à frente e desferiu uma cotovelada rápida no estômago dele, obrigando-o a se curvar com um grunhido de dor.

Sem perder o ritmo, Biskka seguiu a sequência, deslizando ao lado do homem enquanto girava o corpo, desferindo um chute na lateral do joelho dele. O saqueador cambaleou, e ela, com olhos fixos e calculistas, avançou com uma combinação implacável: um gancho de direita que acertou seu maxilar e um direto com a mão esquerda que atingiu o nariz dele em cheio, deixando um rastro de sangue. Por um segundo, ela sentiu uma pontada de satisfação ao vê-lo estremecer, mas ele não cedeu. Com um rugido de fúria, o homem a surpreendeu ao agarrar seu pulso, puxando-a para perto e desferindo uma joelhada no seu abdômen que fez Biskka perder o ar por um instante. Ele soltou o pulso dela e aproveitou a vulnerabilidade momentânea para golpear o rosto dela com um gancho poderoso, jogando-a para trás mais uma vez.

Considerações:

Biskka sentiu a dor irradiando, mas sua determinação era inabalável. Assim que recuperou o equilíbrio, avançou, ignorando o cansaço e a dor. Ela acelerou ao máximo, liberando ainda mais energia de seu corpo e, com uma velocidade renovada, investiu contra ele. Fez um movimento evasivo, fingindo um soco na altura do rosto dele, mas desviou para baixo, desferindo uma rasteira que o desequilibrou parcialmente. Enquanto ele tentava manter-se de pé, ela girou o corpo e lançou um chute direto ao peito dele, arremessando-o contra uma rocha próxima onde logo foi atingido com força, soltando um grito abafado de dor. No entanto, ele ainda se movia, e Biskka sabia que não era o suficiente. Quando ele se levantou, sua expressão era de pura fúria, e ele parecia ainda mais determinado a derrubá-la. Ela se colocou em posição, atenta a cada movimento do adversário. Os dois se encararam, cada um estudando o outro, avaliando as próximas jogadas.

— Heh, esse desgraçado é forte, parece feito de pedra — pensou, ainda o encarando com um sorriso.

Ele avançou novamente, suas investidas cada vez mais rápidas, e Biskka mal conseguia acompanhar a velocidade. Desviou do primeiro soco e do segundo, mas o terceiro a pegou de raspão no ombro, desequilibrando-a momentaneamente. Ela se recuperou rapidamente, mas ele já estava perto demais. Desferiu um gancho poderoso que a atingiu na lateral do rosto, fazendo-a cambalear para trás. Sangue escorria de um corte em seu lábio, e ela sentiu o rosto latejando. Era um adversário formidável, e, naquele instante, ela percebeu que precisava de um pouco mais de força. Fechando os olhos por um breve segundo, ela se concentrou, canalizando a energia interna que pulsava em suas veias. Hora de aumentar o ritmo!

— Hachimon: Seimon — Ela estava prestes a abrir o Terceiro Portão, o Portão da da Vida. Com um grito baixo e controlado, ela sentiu o fluxo de chakra se intensificar dentro de seu corpo. O terceiro portão abriu, e uma onda de energia pulsou de dentro para fora. Seus músculos estavam mais fortes, seu corpo mais ágil e sua determinação ainda mais feroz. Ao abrir os olhos, Biskka estava pronta para retomar a ofensiva. Sem hesitar, ela avançou com uma velocidade que superava qualquer coisa que ele esperava. Em uma fração de segundo, estava ao lado dele, desferindo um golpe direto no abdômen que o fez engasgar e se dobrar sobre si mesmo. Aproveitando a vulnerabilidade, Biskka o ergueu pelos ombros e o lançou contra o chão com toda a sua força, fazendo o impacto ressoar pelo campo. O saqueador tentou se levantar, mas ela já estava sobre ele, implacável. Ela desferiu uma sequência de golpes que ele mal conseguia bloquear, cada um mais forte que o anterior. Um soco direto no maxilar, um chute lateral na costela e uma cotovelada que o atirou contra o chão, onde ele ficou, sem conseguir se mover.

Considerações:

A luta prosseguiu, e os dois adversários trocavam golpes intensos, cada movimento levando-os ao limite de suas forças. Biskka mantinha-se firme, desviando e contra-atacando com velocidade e precisão. Ela percebia que, pouco a pouco, a vantagem se inclinava a seu favor. A força bruta e a técnica refinada de seu Taijutsu, combinadas ao poder do terceiro portão, estavam superando o inimigo, que demonstrava sinais claros de cansaço e desespero. Por fim, ele cometeu um erro. Em uma tentativa desesperada de golpeá-la, expôs o pescoço. Sem hesitar, ela avançou como um relâmpago, imobilizando-o com um giro rápido. Com força calculada, encaixou os braços ao redor do pescoço do homem, travando-o em uma chave precisa. — Shhh... só aceita, já acabou — disse ela num tom zombateiro, calmo e cínico. Ele lutou, mas a pressão crescente era implacável; ela sentia a resistência dele diminuir até que, com um movimento decisivo, ouviu o estalo que selou o combate. O corpo do saqueador tombou, inerte.

Ela respirou fundo, sentindo o peso da luta nos músculos e as dores que haviam se acumulado. Seu rosto e corpo tinham marcas e cortes, e o cansaço começava a se fazer presente. — Próximo? — Mas ao olhar ao redor, percebeu que os outros saqueadores, assustados ao testemunharem a derrota de seu líder, haviam batido em retirada, deixando a estrada livre. Nesse momento ela liberou o seu corpo do estresse ao ativar os Portões, trazendo-o para o fluxo normal de chakra.

Apertando o ombro direito enquanto girava o seu braço algumas vezes, caminhou até a caravana, e os mercadores e guardas a olhavam com uma mistura de admiração e alívio. Um dos homens, visivelmente impressionado, aproximou-se, ainda segurando uma lança com mãos trêmulas.

— Aquele... aquele cara era o mais forte da gangue! — ele balbuciou, ainda em choque. — E você... você o derrotou sozinha!

Biskka deu de ombros, deixando escapar um sorriso exausto, mas satisfeito.

— É o meu trabalho — respondeu, enquanto ajeitava a postura. — Vocês estão bem?

Uma mulher da caravana, que estava abrigando uma criança atrás de si, deu um passo à frente.

— Graças a você, estamos. Mas... você está machucada! — Ela estendeu a mão como se quisesse ajudar.

Biskka ergueu a mão com um sorriso tranquilo. — Nada que eu não aguente — Limpou um pouco do sangue de uma ferida em seu braço e disse: — Vamos continuar antes que o resto deles pense em voltar.

Os mercadores assentiram e começaram a reorganizar a caravana. Enquanto passavam ao seu lado. A viagem prosseguiu.

Considerações: