Sunday Bloody Sunday

Era uma manhã fresca de verão, isso por causa das inúmeras árvores que cercavam Konoha. Inazuma caminhava na floresta imensa nos arredores da vila, colhia ervas para uma missão em que havia sido convocado, mesmo em pleno domingo. Já estava andando por algumas horas, seguindo cada vez mais para dentro da floresta, e afastando-se da vila, até que algo lhe chamou atenção.

Uma mancha vermelha estampada no tronco de uma árvore. O garoto se aproximou e o cheiro de sangue invadiu suas narinas, e pela cor vívida dava pra saber que era recente.

“Uma mancha de sangue fresco a essa hora, e nesse ponto. Não faz sentido ser alguma missão de Konoha, algo está errado.”

E pensou certo, afinal. Subiu nos galhos das árvores, movendo-se silenciosamente, procurando alguma pista do que havia acontecido. Alguns metros na frente encontrou um macaco estirado em um grande galho, e ao se aproximar pôde constatar que ele estava morto.

“O que será isso? Uma caça aos macacos? Não faz sentido, há sinais de cortes profundos, mas feitos por uma lâmina pequena, como uma kunai. Quem matou esse pobre animal tinha apenas a intenção de assassinar mesmo, por maldade.”

Se tinha algo que poderia deixar Inazuma irritado era a crueldade, principalmente contra animais indefesos. Continuou o caminho e, quanto mais avançava, mais macacos mortos apareciam, seja em cima das árvores ou jogados no chão. Começou a ouvir uma barulheira alguns metros à frente, então avançou silenciosamente até que viu uma cena estranha. Quatro homens cercavam um primata que vestia roupas simples, e o que parecia ser uma pequena armadura.

Bandido: É este então? Ele não parece grande coisa. Vamos só matá-lo e jogar junto com as outras porcarias?

Macaco: Porcaria é você, seu lixo humano! Vou acabar com todos vocês!!

“Eita porra, o macaco fala!”

Bandido: Eita porra! O macaco fala!

O espanto foi geral, afinal poucos eram os animais que conseguiam desenvolver a fala humana. Os bandidos se animaram, era exatamente o que procuravam, e o animal não teria a menor chance. Ao olhar com mais atenção, Inazuma pôde ver uma primata com dois filhotes escondidos atrás da árvore em que o macaco estava encurralado. Rapidamente fez um clone das sombras e o mandou contornar os inimigos, o que conseguiu fazer rapidamente. Sacou sua Kokuto e aguardou. Os homens avançaram contra o macaco, que não conseguia se defender dos golpes, e constantemente era jogado contra a árvore, aumentando seus ferimentos. Sem esperar mais, Inazuma desceu rapidamente, pegando aqueles homens de surpresa e acertando um deles com a espada, conseguindo paralisá-lo. Os outros três se afastaram dez metros, e o garoto disse ao primata.

- Eu vi o que está protegendo. Pegue-os e vá para Konoha, eles vão ajudá-los, irei assim que terminar aqui. - Disse sem olhar para o macaco, pois prestava atenção na movimentação dos inimigos. O macaco seguiu a ordem.

Bandido: Ora, ora. Um ninja de Konoha se metendo em assuntos que não deve, isso vai ficar ruim para você garoto. - O bandido estava claramente tentando usar política contra Inazuma, como se a vila fosse responsabilizada por agir fora de seus muros.

- Tolos, nós ainda estamos em território de Konoha. Vocês mataram brutalmente animais que pertencem à floresta de Konoha, e agora pagarão! - Naquele momento o clone surgiu atrás dos três e, realizando uma sequência de selos, liberou seu jutsu Chidori Nagashi, sem a menor intenção de pegar leve. Porém a imagem dos bandidos se transformou em três troncos.

“Kawarimi no jutsu? Droga, eles são shinobis, provavelmente nukenins. As coisas vão se complicar.”

Um dos Nukenins entrou em combate contra o clone enquanto os outros dois se focaram no verdadeiro Inazuma, atacando sem parar com ninjutsus e obrigando o garoto a se defender constantemente. Ficava difícil atacar sem uma brecha, ou sem conseguir parar de se defender, foi quando usou seu Goromu no Jutsu para invocar um golem de terra, deixando-o encarregado de defender enquanto o Hoki finalmente conseguia atacar, atingindo um dos inimigos e em seguida o outro. A luta, que já estava complicada, piorou quando o clone foi destruído e o garoto passou a lidar com os três novamente. Apesar de conseguir acertá-los, uma hora o golem se desfez e eles atingiram o garoto, fazendo-o se chocar contra uma árvore. Quando algumas Kunais foram jogadas em direção ao Hoki, este sentiu seu corpo ser puxado para cima, e logo viu que foi o macaco que fez aquilo.

- O que está fazendo? Era para terem se salvado!

Macaco: Eles ficarão bem, e não poderia deixá-lo lutar sozinho após ter nos salvado. Vamos juntos acabar com a raça desses idiotas! - O macaco falante estava determinado a combater, e a coragem dele já havia sido notada pelo garoto.

- Me desculpa, mas o que um macaco pode fazer nessa situação? São três ninjas que usam ninjutsu. - Inazuma não teve a intenção de ofender, mas o primata realmente estava colocando sua vida em risco.

Macaco: QUEM VOCÊ TÁ CHAMANDO DE MACACO Ô SEU PIRRALHO??!! - Gritou, dando um soco de leve na cabeça do garoto, demonstrando sua indignação.

- MAS VOCÊ NÃO É UM MACACO, DESGRAÇA? - Também gritou o garoto, mais indignado ainda com a ousadia do animal.

- Que seja. Toma, pegue isto, vou tentar abrir uma brecha pra você. - Entregou sua Kokuto para o novo aliado, explicando rapidamente sobre o veneno dela e aceitando fácil demais a ajuda do primata, mas Tensai respeitava as escolhas dos outros, mesmo se fossem animais falantes.

A batalha reiniciou então com o garoto tentando distrair os inimigos, criando novamente o golem de pedra e fazendo-o atacar. Quando o golem deu um soco na direção de um dos inimigos, e errou, o macaco saiu por detrás do braço de terra e surpreendeu o inimigo, acertando um grande corte na barriga do terceiro numenin e o paralisando. Usou a mesma tática nos outros, que não viram acontecer da primeira vez por estarem se defendendo dos ataques de Inazuma. Com todos paralisados, Inazuma os finalizou usando seu ninjutsu ofensivo mais poderoso, acabando com o combate.

- Bom, agora vocês estão livres. Podem morar na floresta ao redor de Konoha, ou no zoo…

Macaco: NÃO OUSE ACABAR ESSA FRASE PIRRALHO! TÁ ACHANDO QUE SOU UM ANIMAL, SEU ANIMAL?

- POR QUE VOCÊ SEMPRE GRITA, MACACO?

Macaco: JÁ FALEI PRA NÃO ME CHAMAR ASSIM, MEU NOME É CEASAR! TODO HUMANO É IDIOTA, MAS NÃO FICAM SE CHAMANDO ASSIM NÃO É? E EU VOU COM VOCÊ!

- Sim, mas eu já disse que poderia ir. - Disse o garoto, se acalmando quando percebeu que estava, absurdamente, gritando e discutindo com um macaco.

Ceasar: Não. Eu quero ir com você. Salvou minha vida, e a da minha mãe e irmão, então eu te devo, e não gosto de ficar devendo. Vou te proteger até que um de nós morra. - O macaco falava, pela primeira vez, em um tom totalmente sério, e havia verdade em sua fala. Ele estava decidido, e Tensai percebeu que o macaco não aceitaria um não.

- Tudo bem, pode vir, mas não será meu escravo ou protetor até a morte. Se vier comigo, será meu amigo, um igual.

Ceasar: Que seja, eu não ligo. - E o macaco saiu apressado na frente, saltando entre os galhos, para que suas lágrimas não fossem vistas pelo garoto. Para que seu novo amigo não soubesse, ainda, como Ceasar se sentia ao ser tratado com dignidade, por outra espécie, pela primeira vez em sua vida.