[FILLER] O Herdeiro Perdido

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O Herdeiro de Perdido

Desde pequeno fui incutido do meu legado enquanto herdeiro do país da terra. O meu treinamento dentro do clã, e posteriormente na organização da Abelha Assassina, foi destinado a que um dia ocupasse o meu lugar no topo da vila de Iwagakure. Eu acreditava sem nunca duvidar de este era o meu legado, e que mais do que isso era o meu direito reclamar para mim as terrar que outrora pertenceram ao nosso clã, a partir dai deveria restaurar vila da pedra à potência que fora outrora e acabar com a cultura de fraqueza que se tinha instaurado sob lideranças pouco aptas e firmes.

Foi durante uma missão, uma entre tantas, que a máscara caiu e senti-me como se tivesse acabado de levar um murro no estômago. As ações da Abelha Assassina nunca tinham sido nobres, praticavam por trás da fachada que mantinham assassinatos a soldo agindo como mercenários. As vítimas na maioria das vezes eram inocentes que, por saber demais ou representarem algum tipo de inconveniente para alguém com posses, acabavam por virar alvos. Sentia-me traído, enganado, mas mais que tudo revoltado. A organização agia com o apoio do clã que usava como desculpa a sua frustração perante o destino que na opinião deles lhes fora usurpado.

Comecei rapidamente a colocar em questão todos os ideias que me foram passados desde tenra idade. Toda a história de voltar a tornar Iwagakure uma referência era, agora na minha cabeça, manchada por sangue e decisões de moral consideravelmente dúbia. Qual era o valor de ser representante de um legado corrompido?

Foi em meio a todas estas questões que resolvi preparar as malas e partir, precisava mais do que tudo de me afastar do clã e das pessoas que apoiavam as atrocidades que eram cometidas a troco de algum tão fútil como dinheiro. Levado pela repulsa e pela necessidade de encontrar algum alivio ou propósito, dei por mim a vaguear até que por mero acaso encontrei um circo ambulante. Inicialmente, observei-os de longe com alguma curiosidade. Alguma coisa naquela vida errante e despreocupada começava a capturar a minha atenção.

Uma noite, sentei-me à beira da fogueira, a observar as suas rotinas. Foi aí que conheci Atsuko, um membro do clã Chikamatsu.

— És novo por aqui — disse ela, os olhos brilhando à luz do fogo.

— E o que te faz pensar que preciso da tua companhia? — respondi, sem olhar diretamente para ela.

— Nada em particular. Mas percebo quando alguém procura algo. E tu, claramente, estás perdido.

A sua franqueza desarmou-me. Havia algo nos seus olhos, uma serenidade que não encontrava em mim mesmo.

Com o tempo, fui-me aproximando do clã Chikamatsu. Atsuko e os outros ensinaram-me a arte do kugutsu, o controle de marionetas. Inicialmente, achei aquilo fútil, indigno do meu talento. Mas aos poucos, comecei a ver a profundidade e a beleza daquela arte. As marionetas, em mãos hábeis, eram quase vivas. A minha frustração e a raiva começaram a dissipar-se, transformando-se em algo mais puro e com o desejo de aprender mais.

Ela levou-me ao mestre do clã, um homem idoso de rosto severo chamado Hiroshi. Ele mediu-me com um olhar desconfiado.

— Porque queres aprender o kugutsu? — perguntou.

— Quero encontrar um novo caminho, algo que me afaste do passado, — respondi, tentando esconder a amargura na minha voz.

— Muito bem. Mas deves saber que isto não é apenas uma técnica. É uma arte que exige alma e coração. Estás preparado para isso? — assentiu lentamente.

— Estou — afirmei, sem hesitar.

Os meses seguintes foram de intenso treino. A arte de kugutsu requeria uma enorme destreza física, para além de também exigir uma enorme disciplina mental e emocional. Cada movimento requeria uma precisão quase sobrenatural. Dediquei-me completamente, encontrando uma nova forma de expressar a minha dor e angústia através do kugutsu.

Os membros do clã Chikamatsu tornaram-se a minha nova família. Aos poucos, comecei a sentir uma ligação com eles, algo que nunca tive com os Kamizuru que me viam apenas como uma forma de alcançar os seus objetivos. Hiroshi, apesar da sua dureza inicial, revelou-se um mentor sábio e paciente.

Certa vez, durante um treino, o velho mestre aproximou-se.

— Sinto que ainda carregas um grande peso, Ishi. As marionetas não se movem apenas com destreza, mas também com leveza de espírito.

— Leveza de espírito? — ri-me, um som amargo. — E como sugeres que deva ter leveza?

— Talvez seja hora de enfrentares o teu passado, em vez de fugires dele.

As palavras atingiram-me de uma forma considerável ficando gravadas na minha cabeça. Após meses com o clã percebi finalmente que era altura de retornar à minha terra natal, nada de com viria de permanecer a fugir daquilo que me atormentava. Estava decidido a retornar mas não como herdeiro do legado machado dos Kamizuru, se eu iria voltar seria de acordo com os meus próprios termos e princípios.

Voltei para o País da Terra, determinado em fazer a diferença. Recusei qualquer ligação ao meu antigo clã e à Abelha Assassina. O meu objetivo agora era claro tornar-me Tsuchikage, mas não por qualquer sentido de direito como outrora. Eu iria tornar-me o líder da vila e muda-la estruturalmente começando pelos clãs ou organizações que agiam nas sombras para destabilizar a vila, ou dar-lhe uma reputação indigna.

A primeira coisa que fiz ao chegar a Iwa foi procurar um lugar onde pudesse praticar as minhas habilidades recentes na área do Kugutsu. Até então não havia nenhum ninja renomado ou especialmente conhecido por esta arte na vila, a não ser os espetáculos itinerantes que raramente eram promovidos por Chikamatsu que por ali passavam. Estava dependente de, pelo menos para já, confiar nas minhas próprias habilidades e desenvolvê-las por conta própria.

Não demorou muito até que os rumores no meu regresso começassem a circular, e causassem desconforto em algumas pessoas. Principalmente aos representantes da organização secreta das abelhas.

Um dia, enquanto treinava, ouvi uma voz familiar.

— Ishi, és tu?

Virei-me e vi um antigo companheiro da Abelha Assassina, Kenji. Ele parecia surpreso ao ver-me.

— Kenji, — respondi friamente. — O que estás a fazer aqui?

— Ouvi rumores de que tinhas voltado, — disse ele, aproximando-se. — Eras um dos melhores, Ishi. Podíamos usar-te de volta na organização.

— Não faço mais parte dessa organização suja, — disse com firmeza. — Vim para mudar as coisas, não para perpetuar a corrupção.

Kenji riu-se.

— Mudar as coisas? És apenas um homem. E o que achas que podes fazer com essas marionetas?

— Mais do que imaginas, — repliquei, sentindo a raiva a borbulhar dentro de mim. — Vai-te embora, Kenji. Não tenho nada a ver contigo.

Ele deu de ombros e afastou-se. Mas eu sabia que este encontro era apenas o começo, dificilmente eles me iriam deixar em paz sabendo de todos os segredos por trás da fachada do clã. Precisava de agir rapidamente se queria fazer a diferença. Comecei a planear, a pensar em como poderia reunir aliados, pessoas que acreditassem na minha visão para um País da Terra livre de corrupção.

Comecei a fazer pequenas aparições públicas, demonstrando as minhas habilidades com as marionetas. Rapidamente ganhei notoriedade. As pessoas ficaram fascinadas pela arte do kugutsu e, mais importante, começaram a ouvir a minha mensagem.

Numa dessas apresentações, fui abordado por um homem idoso, com uma postura digna.

— Sou Takashi, — apresentou-se. — Ouvi falar das tuas intenções. Acreditas mesmo que podes mudar este país?

— Sim, — respondi, sem hesitar. — Acredito que juntos podemos fazer a diferença. Mas preciso de apoio. Preciso de pessoas que acreditem numa mudança verdadeira, e que acreditem que Iwa tem salvação.

— Conheço muitas pessoas que partilham do teu desejo. Vou apresentá-las a ti, de certo não é fácil recusar as palavras de um jovem com grande vontade — assentiu.

Aos poucos comecei a sentir que estava a ganhar a confiança de cada vez mais habitantes, e que as minhas palavras de facto faziam sentido para a maioria daquelas pessoas que também ansiavam por uma mudança. Os meses seguintes foram de trabalho intenso e planeamento. Eu planeava cuidadosamente todos os passos que deveria seguir para alcançar o objetivo final, ao mesmo tempo tinha de me manter consideravelmente atento aos movimentos da Abelha Assassina, e do clã Kamizuru. Era bastante provável que a qualquer momento planeassem agir, não era costume deixarem alguém com informações livre.

Algumas semanas depois soube que aparecera uma nova criança com habilidades excecionais dentro do clã e que seria preparada para tomar o lugar que outrora era meu como herdeiro e esperança do clã para reclamar o país da terra. De certo que isso até acabava por me causar algum alívio, uma vez que o seu foco no novo prodígio talvez os distraísse de me perseguir num futuro próximo. Como renegado decidi não me voltar a aproximar da área residencial onde habitam os Kamizuru, bem como de qualquer envolvimento com a organização. Tentava passar o mais longe possível de qualquer associação com eles.

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Considerações

Considerações:

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[FILLER] O Herdeiro Perdido

Ishi Kamizuru

O Herdeiro Perdido