— Tem certeza que isso é necessário? — O Senju questionou, sua voz tingida de dúvida e um leve toque de irritação. O visual que ostentava era, no mínimo, cômico: apenas panos torcidos, estrategicamente enrolados ao redor de suas partes íntimas, testa e bíceps, conferindo-lhe uma aparência que beirava o ridículo. Ele se encontrava em um oásis, um ponto vibrante e refrescante em meio ao vasto e implacável deserto que circundava a aldeia. O cenário parecia ser parte de um ritual antigo ou uma prática esotérica de treinamento, mas o hospedeiro começava a suspeitar que poderia ser apenas uma peça pregada pela Kyūbi. A besta havia lhe assegurado que para fortalecer sua durabilidade, seria necessário realizar um treinamento específico de resistência e concentração: meditar na posição de lótus, equilibrado sobre uma tábua que, por sua vez, estava precariamente posicionada sobre um graveto, tudo isso sob o jorro constante de uma pequena cachoeira.

Inicialmente, havia aceitado a tarefa com a seriedade que caracterizava sua dedicação ao treinamento. No entanto, o verdadeiro propósito daquela situação começou a se desvelar quando ele notou o esforço crescente da Raposa em suprimir um sorriso. Finalmente, a fachada se rompeu completamente quando a Kyūbi não conseguiu mais conter sua hilaridade e explodiu em uma gargalhada avassaladora. O semblante de Maeda se fechou, uma expressão de desagrado marcando suas feições enquanto a realidade da situação o atingia plenamente. Ele estava sendo o palhaço da cena, uma vítima inocente de uma brincadeira elaborada pela entidade astuta que residia dentro dele. A revelação o surpreendeu e inflamou seu temperamento, preparando-o para confrontar a besta com um misto de indignação e um resquício de humor relutante sobre o próprio ridículo da situação.

— Muito engraçado — disse ele, a voz carregada de sarcasmo enquanto se preparava para repreender a Kyūbi. No entanto, mesmo em meio à sua frustração, havia um reconhecimento tácito de que, por trás da travessura, talvez houvesse uma lição a ser aprendida sobre humildade e a importância de questionar e entender completamente as instruções antes de segui-las cegamente.

— Agora é sério, eu preciso melhorar minha durabilidade ou era tudo parte do seu plano? — indagou Maeda, claramente frustrado, enquanto desenrolava os tecidos da testa e do braço. Sua postura mostrava um misto de irritação e a necessidade genuína de entender o propósito por trás do treinamento que tinha acabado de passar.

— Acalme-se. Realmente precisa de mais resistência para suportar o que vem pela frente. O treinamento não precisava ser ridículo, mas ainda assim foi útil — respondeu a Raposa, sua voz reverberando uma calma que contrastava com o estado emocional de Maeda. A besta então explicava, com um tom mais sério, os fundamentos do exercício: mesmo parecendo absurdo, havia elementos daquela prática que contribuíram para aprimorar a resistência física e mental de Maeda. Ela pontuava como, apesar da apresentação cômica, o ato de manter o equilíbrio e a concentração sob condições inusitadas e desconfortáveis servia como um treinamento válido, preparando o corpo e a mente para situações imprevisíveis. A Raposa destacava como a durabilidade de Maeda, de fato, tinha se fortalecido durante o processo, tornando-se mais notável e resistente às adversidades.

— Podemos seguir para a próxima etapa do domínio da energia natural — concluiu, indicando que, apesar das aparências, eles estavam no caminho certo e Maeda estava um passo mais perto de alcançar um domínio maior sobre a Energia Natural.

— Tem certeza que não quer testar isso? — O Senju perguntou com uma genuína expressão de dúvida. A curiosidade sobre a habilidade que poderia acessar usando o chakra sábio estava atiçada, mas ele buscava uma confirmação mais concreta antes de se aventurar.

Kyūbi, visivelmente irritada com a hesitação de Maeda, bufou — Como quer testar isso, moleque? — A voz da criatura reverberava com um misto de desafio e impaciência.

— Não sei, me diz você! — O jōnin replicou, sua voz carregada de frustração frente à postura desafiadora da besta — Você estava me treinando, então me diga agora o que vai eliminar qualquer dúvida sobre a minha durabilidade.

— Volte para casa correndo — sugeriu a besta, acomodando-se preguiçosamente sobre as próprias patas dianteiras.

— Tá brincando, né? — O Senju não conseguiu esconder seu desapontamento com a resposta que parecia tão trivial.

Diante do silêncio obstinado de Kyūbi, percebeu que não tinha outra escolha a não ser aceitar o desafio proposto. Resignado, ele começou a corrida de volta para casa, decidido a provar a si mesmo e à besta que sua capacidade física havia realmente se expandido para além dos limites humanos. Enquanto corria, sentiu uma resiliência inédita percorrendo seu corpo. Cada passo parecia menos taxativo, cada respiração mais controlada. As distâncias que antes pareciam exaustivas agora eram cobertas com uma facilidade surpreendente. Seus músculos, embora pressionados ao máximo, recuperavam-se rapidamente, demonstrando uma durabilidade que só poderia ser atribuída ao treinamento intensivo com o chakra sábio. Ao chegar em casa, não apenas sem sinais de fadiga, mas com energia de sobra, compreendeu a lição implícita de Kyubi: às vezes, a verdadeira extensão de nossas capacidades só é revelada quando somos pressionados a agir além de nossas dúvidas e hesitações.