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A figura do ANBU quase me irrita. De novo? Tão cedo? O Castelo da Lua mal tinha metamorfoseado em uma lembrança ingrata; o luto ainda era palpável na névoa. A entrega silenciosa do pergaminho estava envolvida em ameaça. O dever chama e não espera a recomposição de um garotinho tolo.

Meus olhos passam pela mensagem num frenesi. A menção de Kumo arrepiava minha nuca—Hakari. Aquele apostador audacioso, o melhor cientista do mundo, meu pai postiço—estava envolvido em rebuliços com a nação; lembro-me do risco que passamos em Uzushio. Céus, será que ele vai participar disso? A outra parte, entretanto, é o que realmente me instiga. Kaguya. Assim como Ken. O clã dos manipuladores de ossos era um mistério amargo. Passeio pela palavra com a ponta do indicador enquanto contemplo. Uma missão de captura. Uma chance de provar meu valor com a recente graduação.

[...]

Sinto-me culpado assim que percebo meu atraso; quatro figuras já estão no portão. Irmã... que bom. Um alívio me irrompe por sua presença, mas não dura muito. Minha entrada triunfal é seguida por um tropeço desajeitado que me fazer bater asas buscando algum equilíbrio no ar... até que, com um rodopio, me estabeleceria diante dos shinobis. Que lindo. Recomponho-me, ajeitando a jaqueta de linho e fazendo uma reverência looonga.

— S-senhores, é uma honra. Sou Naritoshi Hōzuki, Chūnin do Time 2. — Passaria o olhar por cada um com um aceno. — Senhor Rekken, só estou vivo graças às suas habilidades em Suna. Espero lhe ser mais útil desta vez — diria, seguindo para os outros dois. O rapaz alto trajando azul-marinho me era desconhecido, já o Yondaime era uma divindade entre mortais; dividir o mesmo espaço com a lenda dos meus tempos de Academia parecia ser capaz de me fazer virar uma poça d'água por puro nervosismo. Ergueria uma mão trêmula para dizer-lhe, num miado: — E-e a-aí?

Sob uma súbita vontade de sumir, me afastaria mecanicamente buscando, enfim, aproximar-me de Nobara para um cochicho:

— Me mata. Aproveita que Deus já está entre nós — choramingaria, visando o horizonte. Uma indagação final: — Ele vem?

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A dupla final é inesperada—um garotinho que parece ainda mais pequerrucho que Nobara quando a conheci e, enfim, meu pai postiço. Você veio! É um misto de preocupação e alívio ter o Apostador entre nós, especialmente com sua recente revelação sobre... Amatsubitos e Shibais? Algo assim. Mas não contenho minha alegria com seu carinho em meus cabelos. "Meus filhos". O comentário intrigante do Yondaime, porém, mostra que talvez não sejamos os únicos que sabem de seus segredos.

O relato do senhor Emiya é uma sopa de nomes que busco me atentar com afinco. Mal teria tempo para reagir ao curioso capitão que falava num dialeto engraçado—até suponho uma raíz de pirataria ali, e talvez um conhecimento, quem sabe, sobre... Eiken...—mas sou arrancado do devaneio pelo tom imperativo de ninguém menos que o Deus do Relâmpago. Mecanicamente, iria me dirigir ao homem como se não tivesse outra escolha, um pouco atônito. Achei que seria uma missão do Time 2... Logo, sinto aquilo de novo—o que vinha acontecendo desde que atingi os 14 anos. Sinto aquele borbulhar em momentos de nervosismo que faz meu corpo liquefazer sutil e involuntariamente, e quando dou por mim... estou deixando pequenas poças pelo trajeto.

Daria um último aceno para Hakari-sensei, amedrontado. Tatearia por Nobara, buscando agarrar sua mão com firmeza enquanto me preparo para o que quer que esteja por vir. O olho místico do Yondaime, sua mão em meu ombro e aquele aviso; tudo faz jus à sua alcunha—sinto uma corrente elétrica por toda minha coluna. Não vomite, não vomite, não vomite, imploro. E então, no segundo seguinte, o chão desaparece sob meus pés... e todo o resto também. A sensação é similar a quando meu corpo se liquefaz, só que sem o meu controle. Quando retornamos, já no outro instante, sinto que minha estrutura foi reconstruída de um jeito muito errado. Soltaria a mão de Nobara, cambaleando, tentando desesperadamente ter certeza de que cada músculo está em seu devido lugar, até que caio de joelhos e... é. É. Estou vomitando. Estou vomitando meeesmo.

Ergueria a cabeça visando absorver o ambiente e recobrar o fôlego. Buscaria entender onde estávamos, nossos arredores, o clima. Deus nos convocou. Certo. Chegamos primeiro para avaliar a situação pelos outros. Certo. Foco. Levantaria-me.

— Eu estou ótimo — anunciaria pateticamente, erguendo dois sinais de positivo com as mãos trêmulas. O rosto era uma ruína de lágrimas e nariz fungando, além de uma tentativa sofrida de um sorriso largo. Buscaria pelo bem-estar de Nobara, enfim. Caso ela não aparentasse problemas, sugeriria-lhe: — Noba, consegue sentir alguma coisa...?

Deus nos convocou, repito, ajude-o também. Concentrando tudo que meu conhecimento estratégico permite (5 em Inteligência), visaria investigar o solo de onde estivéssemos em prol de detectar armadilhas. Estamos próximos de uma estrada? Se sim, tentaria identificar algum padrão, caso fosse possível e a chuva não o houvesse arruinado. Pegadas aglomeradas? Movimentação de carroças? Elas levam para algum caminho suspeito nas civilizações adjacentes ao vilarejo principal? Tentaria vistoriar alguma coisa com determinação, mesmo sob a pressão avassaladora de não fazer feio na frente da lenda.

Acho que isso já é irremediável, penso, com angústia.

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