Ter crescido tanto nos últimos meses, de um jeito ou de outro, fez Ethan enxergar tudo com uma nova perspectiva. Tudo continuava igual, mas ainda assim ele se deparava com desafios que não poderiam ser resolvidos com os punhos, tampouco com seu lado racional. Quando o assunto eram as pessoas, nada do que Ethan fizesse parecia ser o suficiente, seja por uma palavra não dita, seja por um sorriso em um momento inoportuno. Independente dos motivos, diante de tantas situações semelhantes, não restavam dúvidas: Ethan era o problema. Em missões, principalmente, lidou com inúmeras pessoas, que tinham personalidades e perspectivas distintas, mas no fim não importava quem fosse, poucas horas eram o suficiente para o Hattori ser vítima de olhares de desaprovação e repúdio. As pessoas mudavam, os conflitos variavam, os motivos divergiam, entretanto, quase como em uma piada de mau gosto, o desfecho era sempre o mesmo. Portanto, se havia alguém errado em toda essa história, certamente deveria ser Ethan.

Sendo um mero genin, alguém sem qualquer relevância no vilarejo, nunca imaginou que a indiferença fosse ser um problema. Afinal, que diferença isso faria enquanto ele limpava a biblioteca ou resgatava algum gato preso em cima de uma árvore? Exato, simplesmente não havia importância alguma, pensou consigo. Da mesma forma, acostumado com o ódio direcionado a si, não dava a mínima para o que falavam a seu respeito e com o fato de gostarem ou não da sua pessoa. No fim, em um dos seus longos momentos de reflexão, chegou à conclusão de que nada importava de fato. Contanto que a missão fosse concluída com sucesso e que a vila recebesse os ganhos por ela, ficaria tudo bem. Sempre que se pegava imaginando sobre a possibilidade de poder fazer o que quisesse, um riso malicioso escapava, vendo a grande ironia por trás daquele sistema arcaico do qual fazia parte. Era impossível para ele não encontrar formas de criar várias piadas de mau gosto que jamais poderia contar a alguém, principalmente quando fazia isso durante o trabalho.

Porém, a partir do momento em que começou a ganhar notoriedade dentro do vilarejo, sendo designado para acompanhar pessoas importantes e frescas, viu os seus privilégios sendo revogados, um a um. Se não sorrisse o suficiente, logo recebia uma advertência por ser rude. Se não tomasse cuidado com a entonação, lá estava outro puxão de orelha. Se falasse uma única palavra inconveniente para a pessoa errada, sem surpresa alguma, era responsabilizado, tendo que fazer tarefas que não condiziam com alguém na sua posição. Desse modo, não tendo qualquer opção, aprendia na marra a se comportar frente à maioria das pessoas. Ainda não podia dizer que simpatizava com os demais, já que isso não passava que uma obrigação maçante, mas mesmo assim tirou algum proveito das situações desagradáveis que vivera. Afinal, não suportava mais a ideia de ser chamado no quartel general por causa do seu comportamento.

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