Maeda

Após alcançar o posto de chunin da Névoa, deparei-me com um fardo acrescido de responsabilidades, uma incumbência que aceitei com serenidade e determinação. Consciente do peso simbólico que minha promoção carregava para minha família, naquela manhã direcionei meus passos com solenidade até o imponente complexo do Clã Senju. Cada pedra, cada árvore, cada murmúrio do vento pareciaram saudar minha presença, acolhendo-me com a familiaridade de um lar ancestral. Os sorrisos calorosos e as saudações respeitosas que ecoavam em minha direção eram como um bálsamo para a alma, alimentando meu espírito com uma sensação de pertencimento indescritível. A decisão de deixar para trás aquele ambiente familiar, para estabelecer-me sozinho no coração pulsante da vila, fora tomada com ponderação e discernimento. No entanto, não posso negar que a transição não foi isenta de desafios e anseios. Tão breve, encontrei-me diante das majestosas muralhas do casarão ancestral de minha linhagem, um monumento à nossa história e tradição. Ao bater à porta, fui recebido não apenas por minha mãe, mas pela própria essência do meu lar, personificada na figura materna que me acolheu com um misto de júbilo e preocupação. Seus olhos, espelhos de uma vida dedicada ao amor e à proteção, se encheram de lágrimas ao me ver ali, diante dela. Em um abraço que transcendia as palavras, senti o calor reconfortante de seu afeto envolvendo-me, enquanto suas palavras sussurravam a eterna preocupação de uma mãe pelo bem-estar de seu filho. Naquele momento, entre lágrimas e sorrisos, entre lembranças do passado e promessas para o futuro, compreendi que, mesmo nos momentos de solidão e adversidade, o verdadeiro lar sempre estará onde reside o amor incondicional de uma mãe.

Não hesitei em compartilhar com ela a notícia de minha promoção. Seus olhos, espelhos de orgulho misturado com uma ponta de incredulidade, buscavam em meus lábios a confirmação de minhas palavras —— Tem certeza disso, Chiao-Mae? —— Com um gesto decidido, repeti-lhe a novidade, e sem demora —— Absoluta! —— fui arrastado por seu braço ansioso em direção a um destino desconhecido. Cada passo era um convite à curiosidade, à expectativa do que estava por vir. Atravessamos os corredores familiares, adentrando um espaço até então oculto para mim —— Pra onde estamos indo? —— Descemos uma escadaria íngreme, envoltos pela penumbra que pairava sobre aquele lugar secreto. Diante de uma porta de madeira gasta pelo tempo, minha mãe deteve-se e, com solenidade, proferiu palavras que ecoariam em minha mente por muito tempo. Era hora de desvendar os mistérios guardados pela linhagem dos Senju, uma tradição ancestral reservada apenas aos mais dignos entre nós. Lentamente, ela entregou-me uma chave enferrujada, um símbolo de passagem para o desconhecido. Com um gesto que denotava tanto encorajamento quanto despedida, ela me instruiu a adentrar o recinto sozinho, a explorar os segredos ali contidos e a provar meu valor diante do legado de nossa família. Seu olhar, carregado de expectativa e confiança, acompanhou-me enquanto eu inseria a chave na fechadura, girando-a com a certeza de que algo grandioso aguardava do outro lado. Com um rangido melancólico, a porta cedeu, revelando um mundo novo de possibilidades e desafios.

Maeda

À minha frente, uma sala despretensiosa, marcada pela simplicidade e pela passagem do tempo. Uma mesa antiga, robusta, ocupava o centro do ambiente, testemunha silenciosa de inúmeras histórias e segredos guardados. A luz suave do sol filtrava-se delicadamente através de uma pequena abertura na parede, banhando o espaço com um brilho sereno. Na parede oposta à entrada, uma prateleira suspensa por correntes antigas sustentava um único pergaminho, envelhecido pelo tempo e pelo mistério que o envolvia. Não restavam dúvidas: ali repousava o objeto de minha busca. Com passos cuidadosos, adentrei o recinto, sentindo a porta fechar-se suavemente às minhas costas. Aproximei-me da prateleira com reverência, estendendo minha mão esquerda para acolher o pergaminho com a devida solenidade. Recostei-me na mesa, desenrolando o antigo documento com cautela, como se estivesse prestes a desvendar os segredos do universo. A leitura do conteúdo revelou-se uma experiência transcendente, um mergulho nas profundezas do passado e das possibilidades futuras. Era a herança sanguínea pela qual tanto ansiava, um legado lendário de poder e sabedoria ancestral, o ápice do domínio elemental. No entanto, diante da grandiosidade da descoberta, uma dúvida persistia: como poderia eu, em minha insignificância, saber se era digno de herdar tal legado? Não havia indícios claros, apenas a incerteza e a promessa de um destino incerto. Ou será que, talvez, os sinais estivessem sempre ao meu redor, aguardando apenas que eu os enxergasse com clareza?

Com os olhos cerrados, mergulhei em meu próprio ser, buscando nas profundezas da minha alma por respostas que há muito tempo aguardavam ser reveladas. Desde a minha mais tenra infância, sentia-me irremediavelmente ligado ao elemento água, uma afinidade que se tornou ainda mais evidente após minha formação na academia ninja, quando descobri a latente capacidade de manipular também o elemento terra. A combinação harmoniosa desses dois elementos dava origem ao poderoso domínio da madeira, uma habilidade reservada a poucos eleitos do clã Senju. Era o primeiro indício, a primeira pista em direção ao meu destino. No entanto, um aspecto intrigante se destacava em meio a essa jornada de autodescoberta: minha aversão inexplicável às folhas. Enquanto muitos viam nelas apenas símbolos de vida e renovação, eu as encarava com um misto de desconfiança e repulsa, como se sua presença fosse um lembrete constante de algo que preferia esquecer. Talvez fosse essa falta de conexão com a natureza em sua forma mais elementar que me impedia de alcançar meu verdadeiro potencial. Ainda imerso em meus pensamentos, estendi minha mão sobre a superfície áspera da mesa, buscando qualquer vestígio de ligação, qualquer sinal que pudesse indicar o caminho a seguir. Fechei os olhos mais uma vez, concentrando-me em cada textura, cada imperfeição da madeira sob meus dedos, na esperança de que ela pudesse revelar os segredos que até então permaneciam ocultos para mim.

Maeda

Foi então que um lampejo verde atravessou minha mente, tão vívido e claro como a luz mais intensa. Era como um raio de esperança que rompia as sombras da incerteza, trazendo consigo uma sensação de conexão profunda e intensa. Era como se a própria essência da madeira, há tanto tempo adormecida naquela mesa antiga, despertasse para me saudar, reconhecendo em mim a chama da herança ancestral que nos unia. Um calor reconfortante inundou meu ser, e eu soube, com uma certeza inabalável, que possuía dentro de mim os elementos necessários para dominar o Mokuton, a arte do domínio da madeira. Não mais um mero espectador da história de meu clã, mas um protagonista destinado a moldar o próprio destino com as próprias mãos. Era chegada a hora de elevar essa habilidade à posição de destaque em meu repertório, tornando-a não apenas um elemento a mais em meu arsenal, mas sim o símbolo de minha identidade e poder.

Com delicadeza, enrolei o pergaminho e o coloquei de volta em seu lugar, exatamente como o encontrara, como se não quisesse perturbar o santuário dos segredos ancestrais. Enquanto realizava esse simples gesto, minha mente divagava para o futuro incerto, para um momento que, embora distante, parecia inevitável: o dia em que meus próprios filhos enfrentariam o mesmo desafio, a mesma jornada de autodescoberta. Esses pensamentos me levaram de volta ao presente, à presença reconfortante de minha mãe na cozinha, esperando por mim com expectativa e afeto. Brincando com a ideia de uma solenidade que ainda estava por vir, subi as escadas lentamente, deixando que a gravidade do momento se dissipasse em um semblante pensativo. Ao me ver, minha mãe inspirou profundamente, preparando-se para oferecer palavras de conforto e apoio. No entanto, minha expressão séria logo se transformou em um sorriso travesso, revelando a verdade por trás da brincadeira. Ao compartilhar com ela a descoberta do poder do Mokuton pulsando em minhas veias, suas emoções oscilaram entre a alegria e a surpresa. Ela repreendeu-me de forma carinhosa por brincar com seus sentimentos, mas logo o sorriso retornou aos seus lábios, e juntos, compartilhamos um momento de cumplicidade e ternura. Enquanto o chá aquecia nossas mãos e nossos corações, iniciamos uma conversa que fluía suavemente, como se o passado e o futuro se fundissem em um só instante.