Zsuzsanna Zaharina Zenith caminhou pelas ruas de Kayabuki no Sato sob o brilho intenso do sol de verão. O calor abrasador envolvia tudo, mas ela suportava o clima intenso sem vacilar. Embora já houvesse se passado algum tempo, jamais esqueceria de como o sol em sua terra natal era mais intenso em comparação à aquela vila portuária excêntrica, por vezes amena, e em outras cruel. Seria necessário mais do que isso para interromper as suas buscas, permanecendo determinada em encontrar Tibbers, seu fiel companheiro, perdido há semanas.

Desde que chegara à pitoresca vila, Zsuzsanna permaneceria distante de Tibbers, uma criatura egoísta e maligna, muito distinta de si, que teria preferido agir por conta própria quando ela esteve na mais absoluta miséria nas vielas de Kayabuki. Ele ocasionalmente era visto revirando latas de lixo ou furtando mercadores, desaparecendo misteriosamente quando avistado pela sua titular. A preocupação a consumia, pois Tibbers não era apenas um animal de estimação; ele era seu confidente e protetor. Pelo menos, mentalizava tais preceitos para engrandecer seus atos e justificar o quão arrogante era em arrastar o jovem urso para a mesma sina cruel cujo qual estava condenada a seguir.

Zaharina vasculhava cada canto da vila, perguntando aos moradores se tinham visto seu amado urso de estimação, alguns acenavam negativamente, enquanto outros ofereciam palavras de encorajamento. Mas ela não desistia. Todos os dias, durante todo o verão, ela persistia em sua busca incansável. A desertora passava horas explorando os becos e vielas, examinando cada esquina em busca de um sinal de Tibbers. O calor era implacável, mas Zsuzsanna o ignorava, impulsionada por sua determinação e amor por seu amigo perdido. À medida que as semanas se arrastavam, a esperança de encontrar Tibbers começava a desvanecer-se. No entanto, ela se recusava a admitir a derrota. “Urso filho duma puta, vou espancar você quando encontrá-lo novamente”, dizia a si mesma, mas ciente de que não poderia consumar seus desejos caso quisesse mantê-lo sob sua tutela sem justificativas para outras fugas.

Cada noite, Zsuzsanna retornava à seu modesto refúgio, logo abaixo de uma ponte, e refletia sobre o dia seguinte em seu colchão repleto de pulgas. O seu coração sempre pesado e os pés cansados. Ela repassava mentalmente cada lugar onde procurara, tentando encontrar algum padrão ou pista que pudesse ter perdido. Numa tarde gentil e suave, imediatamente no dia seguinte, enquanto percorria uma rua quase deserta, Zsuzsanna avistou um movimento familiar em um beco escuro. Seu coração disparou de esperança quando ela se aproximou cautelosamente. E lá, entre pilhas de caixotes e lixo, estava Tibbers, um pouco empoeirado, mas ileso. As lágrimas inundaram os olhos de Zsuzsanna enquanto ela corria para abraçar seu amigo perdido. Seu mascote emitiu um suave grunhido de ódio e desprezo ao reconhecer sua antiga companheira, mas seus braços eram fortes demais para que ele pudesse escapar dela naquele ponto. Era o fim de sua fuga.

— Finalmente encontrei você, achei que nunca mais o veria. — Zsuzsanna beijou-lhe a face, sorrindo num tom malicioso e repleto de orgulho. Sua conquista era um deleite.

— Era a minha intenção. Você sempre está ausente e não faz nada de útil, estava entediado há muito tempo. Sinto falta de quando você ainda era ao menos divertida — Tibbers rebateu num tom ríspido, tentando evadir de sua captora novamente — Me solte de uma vez, os seus peitos estão me sufocando e eu não suporto esse teu cheiro de merda.

— Não é como se você estivesse mais cheiroso do que eu — ela gargalhou, e após uma breve pausa, Tibbers acompanhou em frenesi incapaz de guardá-la para si — No fundo você tem razão, mas eu prometo que não irei deixá-lo entediado novamente.

— Estou farto de suas promessas estúpidas.

— E quem disse que eu estou prometendo algo? Apenas afirmei algo pertinente. Tenho certeza que gostará das boas novas.

— Tenho minhas dúvidas. — Ele decidiu cessar sua resistência, e pouco tempo depois, fora posto no chão para acompanhá-la de maneira apropriada.

Com Tibbers seguro ao seu lado mais uma vez, Zsuzsanna sentiu um alívio indescritível. O verão de busca incansável havia chegado ao fim, e ela finalmente encontrara o que mais importava para ela. Enquanto voltava para “casa”, ambos conversaram sobre a jornada que os levou até ali e seus próximos movimentos para corrigir as dificuldades marcadas desde que a Nuvem deixou de ser seu lar. As coisas não poderiam continuar como estavam, e isso era evidente.




Tibbers
HP: 350/350
CH: 350/350