Zsuzsanna não sentia mais confortável desde que se viu livre de suas obrigações. O verão era a estação simbólica de seu aniversário, embora não seja capaz de se recordar no momento da importância intrínseca disto. Kayabuki no Sato não se interessava com o seu status quo, e mesmo sendo uma desertora atentando contra a própria moralidade a cada passo que dava, os civis preferiam virar o rosto e franzino cenho a tentar de alguma forma inibir sua presença. Desde a sua chegada, nada fez além de importunar os demais moradores de rua e alguns vizinhos ranzinzas, pregando peças ao lado de Tibbers somente por mero capricho.

Ocasionalmente, a sua mente criava lacunas em sua concepção de realidade, um efeito irremediável de sua condição especial. Mesmo com a evidência da circunstância e tendo tempo o bastante para refletir sobre o assunto, ela ainda não era capaz de contemplar as razões por trás desta característica. Ocasionalmente se contentou a prevenir problemas, seja por passar a noite na casa de estranhos ou praticar atos duvidosos em razão disso. As semanas apáticas pareciam todas iguais, mesmo qual o sol raiava e ela não sentia vontade alguma de sair dos banqueiros públicos. Permanecia nas termas por horas, mesmo sem possuir um tostão sequer para pagar pela sua estadia. Ardilosa, ela sempre utilizava dos mais diversos recursos para alcançar um termo razoável, dedicando-se de corpo e alma para encontrar uma solução para seus problemas. Tibbers costumava gargalhar alto quando ela ironizava suas escolhas desta forma, mas não conhecia tantas soluções para se dar o luxo de evitar as mais humilhantes.

Contudo, mesmo ciente das consequências, era grata por ao mesmo algumas vezes se ver livre de lidar ela mesma com os problemas. Possuir facetas para dividir a responsabilidade minimizava o embargo, independentemente do grau de desconhecimento acerca do assunto. Ela não se sentia sozinha, nunca se sentiu, e isso era o que mais a deixava feliz por ser si própria. Numa dessas empreitadas e lapso de confiança, ela acreditou ser capaz de integrar o quadro de funcionários de uma das mais ilustres boates do vilarejo. Ledo engano, sua inaptidão artística a fez ser demitida em menos de três dias. Sequer servia como uma garçonete, devido à sua infâmia peculiar advinda do humor volátil. Era impossível confiar para uma deslocada socialmente como se comportar de maneira apropriada num ambiente social, seja em cultura ou de forma pragmática.

Após tantos fracassos em obter êxito e tranquilidade a partir de uma vida pacata, ela percebeu que a vida como uma kunoichi não era de todo problemática. Kumogakure nunca a deu o reconhecimento necessário, e muito menos se viu nela o empenho válido para algum mérito. Mas ela estava livre, afinal. Aprisionada sob as próprias correntes, mas livre dos condutores que a tiravam de si no passado. Poderia escolher seu próprio destino, vivendo e morrendo conforme pudesse dançar. Não haveria de deixar nem ao menos uma música específica ditar os seus passos, e se contentaria a manter sua crença e satisfação como máximas quando seguisse por quaisquer caminhos que fossem. Zsuzsanna Zaharina Zenith, apesar de não ser ninguém, era capaz de ser quem quisesse, um privilégio para poucos, mas uma maldição ansiada por tantos.

Era o seu destino.



Tibbers
HP: 350/350
CH: 350/350