Treinamento de Esquiva

Designado por seus superiores para uma missão de treinamento; Inosuke prontamente atendeu à ordem e moveu-se para a área designada. Passos lépidos e com uma empolgação extasiante, Inosuke movia-se de encontro as coordenadas recebidas pelo seu instrutor, a princípio, seria um treinamento de confronto em grupo, cujo objetivo, era instruir a tropa; imaginou. No entanto, chegando as coordenadas, era um campo plano, vegetação predominantemente de gramíneas e poucas árvores ao fundo, o clima frio, como de costume, deixava os sentidos, retardatários, menos alertas. Encostado em uma árvore, ao longo, Inosuke observou a silhueta de um único indivíduo aparecer, à medida que caminha em direção as coordenadas.

- Aquele deve ser meu “ami-inimigo”! Devo trucidá-lo, digo, confrontá-lo. – Soltou as palavras em sussurro, imaginando que a distância seria suficiente para que essa onda mecânica se dispersa-se no ambiente, ledo engano.

A certa distância, pode observar a figura do indivíduo com mais clareza, ainda movendo-se em sua direção, observou que o dito, moveu seus membros superiores, replicando um movimento de alongamento, com os inferiores fez o mesmo e rapidamente, sumiu da visão de Inosuke. Cessou a movimentação, moveu sua cabeça de um lado ao outro, confuso, cerrou os olhos e antes de gritar, esbugalhou-os.
- Eu ouvi! – Disse uma voz feminina, aparecendo a direita de Inosuke e completando. – Seu merdaaaa! – Atingindo-o com um soco direto no braço, sem possibilidade de defesa, devido à proximidade.

Inosuke foi arremessado, seu corpo descreveu, quase que poeticamente, uma trajetória parabólica até o chão, podia até ser considerado uma partícula pontual, cuja massa era irrelevante. A cada segundo do movimento, um “a”, bem aguado era proferido de sua boca, que não tardou a agradecer quando retornou ao solo; o conforto terreno era deveras melhor que as correntes de vento, que seu corpo foi obrigado a cortar. Não tardou a levantar, era vergonhoso ficar no chão por tanto tempo, apesar da dor, assumiu uma postura de corporal ofensiva que lhe era mais confortável; moveu o tronco lateralmente de forma que a parte afetada estava na posição mais distante do inimigo, ou seja, o braço “saudável” estava à frente do debilitado.

- Você viu?! Eu esquivei bem! – Proferiu Inosuke com um falso sorriso no rosto, disfarçando, sem sucesso óbvio, a expressão de dor.

- Nossa! É verdade, você se lançou igual uma kunai, chegou a parecer uma, eu vi! – Disse a moça, com uma expressão de felicidade legítima, porém uma entonação bem irônica na voz. – Enfim, deixe-me me apresentar, hoje, serei sua supervisora e lhe darei instruções de como esquivar melhor... – Parou por um instante, pôs o dedo indicador no queixo e pensou. – Mas talvez você não precise, você é muito bom!

“Mais que cavala!” – Pensou Inosuke, até porque se essas palavras saíssem da sua boca, provavelmente representaria o movimento balístico, novamente. Se contento em apenas dizer. – Sim, sou muito bom!

A instrutora moveu-se em direção a Inosuke, lentamente; sua movimentação era graciosa e sua fisionomia não aparentava a força que possuía, poucos músculos aparentes, cabelos longos e pretos. Em seus passos lentos, iniciou as instruções para Inosuke:
- A verdade essência da esquiva, é percepção, antecipação e preparação! – Sua voz era firme e passava domínio sobre o assunto. – É necessário treino, mas se pôr em prática essa ordem, você melhora gradativamente.

- Entendi! Vamos praticar!

Inosuke ganhou a ofensiva, partiu em direção à instrutora; lembrando, braço “saudável” à frente, moveu-se rapidamente demonstrando habilidade nos movimentos corporais. Moveu o tronco contrário ao movimento, firmou o braço bom e realizou um semicírculo, visando acertá-la com o punho, no final do movimento, quando teria velocidade máxima para tal encontro, entre punho e rosto adversário. A mestra, anteviu o movimento, bloqueou com antebraço; revidou o golpe, batendo a palma da mão na região central dos peitos de Inosuke; não era uma demonstração de força, o intuito era claro, cessar as ações.

- Não vamos lutar! É uma instrução, siga meus comandos. – Disse a instrutora, afastando-se um pouco, devido a estarem muito próximos. – Observe as instruções e siga de acordo!

Inicialmente Inosuke cogitou aplicar-lhe alguns golpes, ou tentar, mas seu olhar fulminante obrigou-o a recuar, momentaneamente, pensou que ela tinha habilidades psíquicas e podia ler sua mente. Ela era assustadora. As instruções eram claras, começou com alongamentos dos membros, posteriormente seguiu para uma corrida, após, flexões, polichinelos e alguns outros exercícios físicos. Ao término dos exercícios, a supervisora o instruiu em algumas atividades, mostrando-o o jeito correto de esquivar-se e as devidas preparações que haveria de ter, para que pudesse esquivar, com uma boa margem de sucesso, os movimentos do adversário.

O treino durou algumas horas e Inosuke fez questão de ficar até o último segundo, afinal, aprendizado sobre batalhas era algo que o interessava profundamente e por isso, seguia as instruções à risca, com extremo comprometimento. Ao final, quando foi liberado, agradeceu o treinamento e retornou a vila; só não estava se arrastando, pois, seu orgulho não permitia.