Os olhos amarronzados ficaram a encarar a estrada, além do horizonte como se procurasse algo. Ou alguém. O diálogo com o líder militar o havia colocado em uma rota de colisão com a escória que assola o País da Água e suas estradas, e dias atrás, se atreveram a atacar uma caravana nas imediações da Névoa. Toda aquela ousadia o deixava com uma sensação desconfortável, uma espécie de formigamento na mente. 'Uma simples ventania ou tempestade?' Não tinha certeza de como considerar a atual situação. As palavras de Chozen o mostrava como uma pessoa a par dos acontecimentos e com um plano para lidar com eles, no entanto, não via ação reativa. Como jōnin, estava pronto para agir em prol do vilarejo oculto, mas deveria ser proativo e tomar decisões pessoais? Os preparativos estavam sendo feitos, e só precisava marcar alguns lugares para partir. De soslaio observou a fórmula no portão, ponderando onde ir a seguir.

Antes de se decidir, o kiri-nin foi abordado por um desconhecido, porém o que carregava em suas mãos era inconfundível. O pergaminho entregue foi aberto rapidamente, devido ao que pretendia executar não perderia tempo, e dispensou o mensageiro com um aceno de cabeça positivo. — Preciso marcar aquele local. Ditou para si mesmo ao saber que deveria ir até o quartel, lembrando que não havia feito marcação alguma para o salto. Enrolou o pergaminho e o colocou em um bolso do colete ninja que usa, e sem perder mais tempo rumou para o local de convocação.

Kōji se movia rápido, no entanto, sem exagero para não se degastar antes mesmo de saber do que se trata a missão, apesar de hipóteses estarem sendo formuladas em sua mente. O estado deplorável que enfrentam em relação a criminosos deixa o párvulo inclinado a pensar que é algo relacionado aos malfeitores. 'Talvez seja alguma pista sobre a Nemurerumori.' Os boatos sobre a criação da organização criminosa o preocupava ao ponto de querer descobrir mais informações sobre, e quiçá, lidar com ela antes que se torne um problema grande e difícil. E ser convocado pela ANBU logo após transmitir suas suspeitas ao Mizukage, não poderia ser coincidência. O timing é perfeito para ele, que com ajuda, ou sendo o auxílio, do Esquadrão Especializado em Táticas de Assassinato acredita que as chances de sucesso são altíssimas.  

A estrutura do quartel apontou no horizonte, e sem precisar se identificar, pois possui uma reputação relativamente alta no vilarejo, foi direto para o núcleo da base militar. Os mais graduados ou de cargos importantes deveriam estar na "sala de guerra", e Kōji foi direto à ela. Com três toques firmes contra a porta, anunciaria sua chegada, antes de abri-la. — Yuki Kōji se apresentando, Sr. Foi deveras educado, o pergaminho estava assinado pelo líder da ANBU e isso implicava em duas coisas: o que aconteceu é realmente perigoso e precisa ser resolvido imediatamente. E o próprio líder estará observando seu desempenho. Talvez até mesmo seja um teste, como Senju Chozen falara em seu gabinete.

Esquadrinhou todo o ambiente ao entrar, seus olhos percorreram a sala e notou como é simplista e objetiva. Não há muitas coisas mostrando que só possui uma finalidade, planejar e delegar ações e o pequeno caminhou suavemente suportando a atmosfera estranha. Não era ofensiva, mas não poderia descrever exatamente o que sentia após dar o primeiro passo para dentro da sala e ao visualizar o homem. Sua máscara é diferente dos outros ANBU, e o sorriso causou um leve tremor. 'Esse homem me parece ser tudo, menos cômico.' A voz dele reverberou na saleta levantando um sobrancelha de surpresa. O tom e forma de expressão confirmou o pensamento passado. Kōji sentou na cadeira, mas não ficou tão próximo do homem, escolhendo um lugar na outra extremidade do móvel.

As palavras do líder o atingiram em cheio, e muitas questões e respostas foram proferidas em pouco tempo. O Yuki ficou a ponderar algumas informações. 'Eles invadiriam uma ilha e chamariam tanta atenção assim? Estão crescendo pelas sombras até atingir um nível que não serão facilmente destruídos, mas não se sabe quem são os invasores...' Kōji não estava convencido na autoria da Nemurerumori, no entanto, o que o preocupou não foi o objetivo da missão e sim o fato de ir sozinho. Confia plenamente em suas habilidades, e dificilmente seria capturado, no entanto uma missão solo é sinônimo de dificuldade potencializada. — Preciso trazer algum deles vivo? Foi o único questionamento ao folhear as páginas do dossiê enquanto tentava absorver o máximo de informação. Gravou o mapa e a distribuição das construções da ilha em sua mente, assim como a aparência dos alvos.

O homem saiu da sala logo após mostrar as informações, não esperando a resposta do jōnin. — Se precisam de um fantasma, não existe pessoa melhor para isso. O pequeno se levantou com as mãos apoiadas na mesa, e se virou em direção à porta. Na superfície do móvel seria visível por alguns segundos a técnica fórmula de teleporte do Yuki, e antes mesmo de chegar na saída seu corpo desapareceu. A sala ficou vazia e em silêncio, com as pastas organizadas sobre a mesa. [...] Kōji surgiu abaixo do portão de Kirigakure, e sem falar com ninguém caminhou para fora do vilarejo. Ajeitou o soprador de bolha em sua cintura e arrumou a armadura dourada sob o colete ninja. A viagem até Aurora será um pouco longa e precisaria chegar lá antes que a organização conseguisse erguer todas as suas defesas. — Se eu cortar pela floresta em linha reta será mais rápido. E vou usar o caminho onde destruí aqueles acampamentos de bandidos. O corpo do párvulo adentrou a mata e disparou na direção de seu destino. Com sua velocidade, não deverá demorar muito para alcançar a costa, onde procuraria por um transporte marítimo para chegar a ilha de forma sorrateira.

O trajeto foi feito sem maiores problemas para o jōnin, usando a camuflagem natural proporcionada pelas árvores, sombras e folhagem aliados à característica de saber encobrir bem seus vestígios. Confiante em suas habilidades, alcançar a costa não foi problemático  e a brisa marítima atingiu em cheio sua face. Aquele odor foi facilmente reconhecido, afinal, sua casa é no meio do oceano nas proximidades da Névoa. Como um ninja e jōnin, Kōji nunca escondeu quem é e muito mesmo escondeu o símbolo do vilarejo em meio aos trajes usados, porém, isso mostrou ser algo ruim. Pela primeira vez em sua vida. — eles temem mais os criminosos do que nos respeitam? A negativa dos barqueiros em o levar até a ilha o preocupou. Não porque não teria como chegar lá, mas pela informação que há um ninja de Kirigakure indo para o local.

Matutou em como alcançar a porção de terra sem ser percebido, e como uma forma de prevenir sua chegada, não deveria usar um meio de transporte. — Isso é problemático, mas me foi falado para tomar cuidados em não ser descoberto e para obter informações. Então vou evitá-los ao máximo. Com simples selos de mãos o corpo do párvulo tornou-se invisível. A luz era refletida de maneira a transfigurar toda a presença dele ao ponto de apenas meios especiais serem possível de vê-lo e/ou rastrear. Circulou o chakra pelo corpo ao mesmo tempo que empunhou uma kunai em cada mão. — Se não me levam até lá. Seus pés estavam com o chakra envolvendo-os de modo a permitir caminhar por sobre as águas e sem perder mais tempo, e com receio de a notícia sobre um ninja estar ir até a ilha, Kōji pisou sobre o mar e começou a correr para seu destino.

Se a ação do jōnin fosse o suficiente para alcançar os limites da ilha e notar a presença de vigias, iria se mover de maneira a não ser detectado, e evitar esbarrar com os guardas. Seu objetivo primário é ir até o vilarejo e observar a situação do local, obter informação sobre quantas pessoas estão lá, sejam os civis ou criminosos e descobrir qual é exatamente a situação. Se fora uma invasão ou se os moradores haviam sido agredidos, torturados ou mortos. A forma de tratar as pessoas poderia revelar um pouco sobre as características do grupo. Kōji evitaria ao máximo se envolver em uma luta ao chegar na ilha, por isso faria de tudo para se mover e/ou contornar enquanto tentaria ao máximo gravar a quantidade de pessoas e/ou inimigos e suas posições. Se sua estratégia tivesse dado certo, iria ficar a postos no telhado da casa no fim da rua, na esquina onde poderia ter um campo de visão mais amplo. No telhado, tentaria recuperar um pouco da energia gasta durante a viagem sobre as águas.

Ao se esgueirar para o telhado e ganhar uma visão ampla que engloba uma boa parte das moradias, Kōji conseguia perceber muitas coisas. A primeira é a destruição causada pela invasão, as casas foram avariadas e pilhadas e o instaurados por suas ações faziam com que a população se entocassem com medo de sair às ruas. Os bandidos patrulhando a ilha com ar de superioridade e de maneira ostensiva o deixavam um pouco com raiva, mas ao ver as casas algo lhe passou na cabeça. 'Para as estruturas estarem tão acabadas assim, não é algo que aconteceria do dia para noite. É como se essa ilha estivesse sendo negligenciada há anos. Kirigakure falhou com eles ou esses criminosos estão aqui há mais tempo do que o informado?' Uma hipótese, se os danos fossem causados pelo ataque recente dos criminosos, eles foram longe demais. Porém, e se a ilha estivesse em uma situação calamitosa por uns anos?

A formulação de hipóteses foi interrompida pela aproximação de duas patrulha, os olhos do jōnin os captou quase de imediato. Acreditando fielmente em sua invisibilidade, recusou-se a se mover, ousado esperaria até o limite. Se algum daqueles homens fosse capaz de senti-lo, teria um problema maior e o qual teria que eliminar imediatamente. Na missão anterior havia um sensor, e sabia o tamanho da vantagem para os inimigos com uma pessoa sensorial, por isso, se o caso se repetisse, não mediria esforços para elimina-lo. O som das madeiras sob ele estalando não o afugentou, segurou firme a kunai marcada em sua destra e olhou para o prédio à sua frente, o maior da ilha. Mesmo se caísse, daquela altura não seria o suficiente para machucá-lo seriamente, isso se ele apenas deixasse seu corpo em queda sem nenhuma proteção. Tentou compreender o diálogo da patrulha, não tendo êxito.

Queria se aproximar deles, mas ao olhar para a segunda dupla notaria um comportamento estranho. Apressados e, quem sabe, nervosos, caminharam com pressa para uma estrutura não tão longe do Yuki, pois este conseguia ver o local. Calculou mentalmente a distância e caminharia até o beiral do telhado, com toda sua força lançaria a lâmina marcada (24 m/s e 126m) para crava-la na lateral do edifício com as luzes acessas. A arma tinha como alvo a parede externa, dois metros abaixo da janela ou alguma abertura por onde podia ver a luz ligada. Como forma de tentar camuflar o som que a arma poderia causar ao chocar-se contra a parede, o kiri-nin pressionou o pé contra o telhado com força. Ele estava estalando há poucos segundos atrás, mostrando que sua resistência estava no fim. Se o jōnin estivesse certo, o telhado ruiria e cairá causando um barulho alto e chamativo, e assim que o telhado ceder o corpo invisível desapareceria e surgiria na arma na parede externa, com seus pés grudados na estrutura.

Após se teleportar, continuaria invisível e se aproximaria de alguma janela para adentrar o prédio, procurando pela dupla que entrara momentos antes ou qualquer outro bandido. Talvez aquele fosse o "quartel central" e o ninja conseguisse obter mais informações ou poderia mensurar a força daquele bando.

O pequeno lançou a kunai e a viu se prender na parede enquanto desferiu o chute com o solado do pé esquerdo no telhado o fazendo ceder. Com um sorriso pueril, tentou se teleportar e não sentiu a distorção espacial. 'Hã?' Uma expressão de surpresa apareceu em sua face quando notou o que acabara de acontecer. 'Seu animal!' Ofendeu a si mesmo ao lembrar que nenhuma lâmina sua estava marcada e o corpo do infante caiu junto com o telhado avariado, perdendo a visão da vila e ganhando o céu, agora com o teto destruído, poderia ver o exterior. — Que droga, não acredito que sou tão burro assim. O párvulo levantou-se e viu o casal de moradores e não precisou de muito para saber que as patrulhas o escutaram e agora deviam estar invadindo a casa. Afinal, sua ideia de derrubar o telhado era atrair a atenção delas. — Me desculpe, eu vou pagar pelo telhado. Ditaria sem emoção aos moradores. Acreditou estar sendo visto porque a queda, os machucados causados por ela e a surpresa o fizeram cancelar sua invisibilidade. Olhando para cima, e não querendo causar mais danos ao casal, com um selo único de mão o menino executou um deslocamento corporal — Shunshin no Jutsu, tentando ganhar o ambiente exterior saindo pela janela.

Ganhando às ruas e o ambiente exterior, os olhos do pequeno observaram seu corpo para verificar os machucados ao mesmo tempo que selos de mãos criaram uma pequena tempestade gélida ao seu redor. Estava a esperar a patrulha, sua infiltração havia falhado então só haveria outro modo de conseguir informações. 'Espero que eles sejam tagarelas.' A névoa não era tão espessa ao ponto de bloquear totalmente o sentido da visão, mas a temperatura caiu drasticamente tendo o kiri-nin em seu centro. Sem ter o rosto coberto, pensou em algo que poderia mudar um pouco sua aparência, não tendo nenhum produto que o ajudaria 1OO%. 'Isso pode me ajudar a ficar como um Fantasma.' Com a névoa auxiliando em sua ocultação, os selos rápidos causaram uma modificação em seu corpo, pois congelou a si próprio. O jōnin esperaria os bandidos, e assim que os visse, eles entrando no alcance da névoa ou não, desde que estejam do lado de fora da casa, investiria contra os homens usando sua velocidade máxima (26 m/s) e tentaria desferir golpes com a mão destra em suas nucas tentando tirar-lhes a consciência. Com o conhecimento do corpo humano, o Yuki sabe onde acertar para atingir o objetivo desejado.

Se os alvos não pudessem acompanhar sua velocidade e suas ações tivessem sucesso, deixaria apenas um deles consciente e dentro da névoa gélida, restringindo-o. — Quem são vocês? Quantos são? O que querem aqui? Onde está o líder? Com simples e diretas questões, o kiri-nin tentaria encontrar respostas, e se as tivesse, golpearia o homem para deixá-lo inconsciente. E rumaria para o local informado da presença da liderança, se obtivesse a localização, deixando os homens desacordados no meio da rua.

Se os vigias se mostrassem mais fortes do que simples pessoas, o jōnin tentaria se mover de forma a envolve-los com a névoa permitindo que a queda de temperatura  — -1Oº, de maneira a ir congelando os homens, enquanto tentaria golpeá-los na base do crânio para deixá-los inconscientes e fora de combate.

As ações rápidas e objetivas de Kōji tiveram o efeito desejado, parcialmente. Com os homens caindo inconsciente, o cativo deveria lhe transmitir informações, no entanto, ele explodiu a si mesmo causando espanto e surpresa no ninja. 'Eles são tão fiéis assim?' Soube imediatamente que tem um problema maior em mãos. Se não poderia interrogá-los, como descobriria mais informações? O jōnin precisaria encontrar documentos ou sequestrar algum bandido com alto cargo e levá-lo para Kirigakure, e talvez, conseguissem informações sobre o bando. No entanto, tudo estava se tornando mais difícil. Pensativo, o som de passos se aproximando o fez olhar para a fonte, com sua névoa ainda ativa a visão sobre o que de fato aconteceu dentro do Hakka no Togame não deveria ser discernida com clareza, e usando dessa ideia, o párvulo usou sua agilidade aumentada para executar selos de mãos e uma onda de chakra avançaria contra os novos guardas. Seu alvo é a mente desses homens, mudando pequenos detalhes para que eles pensem que não foi algo tão preocupante.

Se a técnica ilusória tivesse funcionado, o cenário observado pelos guardas será o seguinte: Os corpos caídos inconscientes pareciam ter sido atacados por um bando de gaivotas, e o sangue espalhado pelo local são das aves. Se eles continuassem verificando, achariam vários pedaços dos pássaros espalhados por toda a rua, como se as patrulhas e aves tivessem lutado. Um cenário estranho, mas possível. Mais selos manuais executados para criar outra ilusão, criando uma camada dupla de proteção. Caso eles achassem o cenário estranho e imaginário, ao tentar saírem, provavelmente, cairão em outra ilusão. Está mais agressiva onde o chão se abrirá, os sugando para o subsolo.

Entretanto, essas ilusões é só ação de distração para que os homens não acionem alarme ao ver os corpos. Pois assim que a ilusão os alvejasse, Kōji avançaria contra eles, numa tentativa de nocautear eles como os outros. Com sucesso, arrastaria os corpos para dentro da casa do casal idoso. — Desculpe mais uma vez. Me chamo Yuki Kōji, um ninja de Kirigakure. Se apresentou com a voz calma, tentando transmiti-la para eles. — Fui enviado para eliminar esses bandidos e ajudar a ilha. Espero que não tenha os assustados. Posso esconder os corpos deles aqui? Se a resposta fosse positiva, procuraria esconder os homens em alguma despensa ou porão, deixando-os bem presos e amordaçados.

Voltando para a presença do casal, o párvulo tentaria uma nova abordagem ao desativar suas técnicas e tentando se recuperar um pouco, enquanto aumentou sua atenção em relação as ruas. — Vocês podem me dizer o que está acontecendo na ilha e quem são essas pessoas? Olhou o sangue na rua, pensando em uma forma de esconde-lo também.

As técnicas se desativaram assim que o casal de idosos deram todo suporte para o jōnin, se prontificando a limpar o sangue nas ruas. Ponderou por alguns segundos se a tarefa não poderia causar problemas para eles, afastando o pensamento. Sem perder tempo ali, pode esgueirar-se pelo vilarejo à procura de informações. Com algumas das patrulhas fora de combate, talvez a movimentação pelas ruas e becos ficasse um pouco mais tranquila para ele. — Tudo bem, deixarei com vocês. Os bandidos estavam bem presos no porão, e assim ficariam se nada de surpreendente acontecer. Olhou as mudanças ocorrendo no lugar com o anoitecer chegando. As sombras bruxuleantes dominavam o prédio e seus contornos, criando uma majestade não percebida da estrutura à luz do dia. O párvulo encarou o prédio, momentos antes de cair do telhado, era para aquele lugar que uma das patrulhas ia, sendo interrompidos por suas ações falhas. Os idosos ignoraram a perdido do kiri-nin, então supôs que eles não sabem muito sobre o bando, precisando tomar tudo por si mesmo.

Kōji esperaria mais alguns minutos para a escuridão ser maior em relação a luz diurna, e usando todo seu treinamento ninja aliado a uma peculiaridade de se mover como um fantasma, tentaria usar o próprio ambiente e noite para passar desapercebido pelas ruas. Sempre usando as sombras para se esconder, seus passos céleres, porém, controlados e concentrados o levaria até o prédio. Circulou o chakra pelo corpo e o concentrou em seus pés, o que permitiria escalar a estrutura. — Eles estavam vindo para cá. Talvez seja o local do comando. Ao subir, tentaria usar o lado mais escuro e longe de olhos curiosos, tentando se mesclar a escuridão. Do alto sua visão seria ainda melhor do que sobre o telhado, e foi quando pararia para observar um pouco o casarão. — O líder festaria lá? Resmungou. Mas não acreditava nisso, pois se eles são bandidos, a liderança deveria estar em contato constante com os "soldados" e tentou ver se havia movimentação de patrulhas próximas a residência. No entanto, continuou sua jornada para subir e procurar alguma abertura para entrar no prédio.

Do alto do prédio o ninja analisava toda a vila, tudo o que seu campo de visão alcançava. 'Livros?' Nas mãos da patrulha havia livros em demasia, e isso chamou atenção. Os outros guardas não carregavam nada além de armas, mas esses eram diferentes. E isso atiçou a curiosidade do kiri-nin, pois ver bandidos carregando o saber não é costumeiro. Na realidade, é deveras estranho e sem nexo. 'Isso é estranho demais, o que existem nesses livros?' O primeiro pensamento que veio a ele foi a de desconfiar. O que havia nos livros? Seria a contabilidade do grupo? Seus nomes e estratégias? Uma leitura recreativa? Não importa. Kōji decidiu investigar essa movimentação, e foi quando um soldado solitário se desprendeu da patrulha e caminhou para o prédio. O jōnin o seguiu com os olhos até adentrar a construção, buscando dar seguimento à espreita.

Um misto de confusão e surpresa tomaram a mente do párvulo ao notar que o prédio não és tão negligenciado como aparente pelo lado externo. Matutou até encontrar a posição do guarda, e o que conseguiu foi vê-lo sair de dentro de uma saleta. — O que esse patinho tá transportando? Sem demora, o Yuki caminhou para dentro da sala que retrata o mesmo cuidado com o lado interno do edifício. Seus olhos vasculharam o cenário de modo rápido e ordeiro, notando um papel sobre o móvel. Abriu o bilhete e tentou decorar os dizeres. — O que isso quer dizer? Cheio de número em uma organização desconexa, para ele. No entanto, tentou decorá-los e cogitando levá-lo consigo quando escutou vozes no corredor. 'Voltou?' Olhou pela sala e moveu-se para o canto atrás da porta de entrada e utilizando uma técnica básica, tentaria se tornar invisível, interessado no diálogo entre os guardas. Ficou a recuperar sua energia cogitando um combate futuro.

Com o bilhete guardado em um dos bilhetes de seu colete, Kōji ficou a esperar apenas por alguns segundos e nada aconteceu. Com cautela, retornou para o corredor e verificou a presença de alguém, e não encontrando pôs-se a andar para foram usando o mesmo meio de entrada. Indo para a parede externa ao mesmo tempo que circulou chakra em seus pés, permitindo-o a ficar fixo na parede. Do lado de fora passou a observar a movimentação dos homens e o casarão visto outrora. 'O prédio não tem nada além da menção sobre os livros. E aquela casa é deveras suspeita.' Se o líder não estava no prédio limpo, a residência é a pista mais nítida.

O párvulo tirou duas kunais de sua bolsa ninja e as marcou com a fórmula de tempo-espaço de sua técnica, visualizando a casa, decidiu avançar. Se posicionaria no prédio de forma sorrateira para não ser visto e podendo alcançar o casarão. Lançou a primeira kunai até percorrer 126 metros, se teleportando para ela e assim que surgisse, lançaria a outra lâmina contra o telhado da estrutura, usando-a como ponto de salto para surgir no local. 'É pra cá que trouxeram aqueles livros?' Suspeitando que os carregadores vieram para cá, procuraria uma brecha para entrar escondido na casa. Seja removendo as telhas para entrar no fora/sotão ou alguma janela aberta. Usando ao mesmo suas habilidades de ocultação para tal.

Com olhar atento o párvulo não demorou para encontrar a janela próxima ao telhado, no último pavimento. Sem pestanejar, entrou pela abertura, deixando a kunai marcada anteriormente no telhado para ter um meio de fuga rápido, no entanto, a primeira lâmina lançada também se encontra "caída" no meio do caminho entre o prédio e o casarão, tornando-se um segundo ponto de salto para o ninja. Não surpreso pelo cenário encontrado dentro do casarão, pois após conhecer toda a limpeza e organização dentro do prédio, aparentemente, negligenciado, esperava por um local semelhante no interior da residência. A iluminação fraca não foi o suficiente para obstruir sua visão e discernimento. 'Então eles estavam trazendo os livros para cá?!' Não precisou pensar muito para descobrir que esta biblioteca é o destino daqueles guardas apressados. Continuou sua busca, e mesmo notando a poeira em algumas publicações, sabia que algo ali não encaixa.

Kōji se movia silenciosamente pela sala, tentando não atrair atenção nenhuma. As estantes com livros poderia revelar sua suspeita. Se tem livros com poeira, eles devem ser pouco usados, e os que não tem nada ou pouco pó, devem ser aqueles trazidos recentemente ou o que mais são pesquisados. A ordem alfabética facilitava sua inspeção para saber os títulos e conteúdos das publicações, mas aqueles números. Tinha algo familiar neles. — Isso é um indicador? O que estava naquele bilhete mesmo?! Tentando correlacionar as pistas com sua hipótese, o kiri-nin retirou o bilhete do bolso do colete e passou a observa-lo enquanto tentava entender o conteúdo dele com os números das estantes.

Bilhete:

Só o bilhete com as publicações não o ajudavam a entender o código, seus olhos percorreram a sala em busca de mais, e foi quando notou a mesa com três livros. Se aproximando, os títulos chamaram imediatamente sua atenção. Abriu o primeiro sobre o tempo-espaço e curiosamente tentou usar os números do bilhete. — Volume I, II e III? Olhou para o bilhete e viu os mesmo números, procurou então segui-los. Indo para o 1O, sendo uma das páginas. — O primeiro número se refere ao livro, e o  segundo à página. Continuou a matutar. Não estava tão nítido assim. Passou a folhear as páginas que acreditavam estarem ligadas ao código, descobrindo algo mais. 'Marcações!' É isso, alguém usou o livro, as páginas e palavras daquelas folhas para transmitir uma mensagem. Mas qual seria ela?

Ficou a olhar e analisar, até que uma hipótese mais absurda surgiu em sua mente. — Seria isso? Um pouco mais pensativo, decidiu tentar formular sua tese. — 1º número, o livro. 2º número a página. 3º número a palavra, e as sequência de números são as letras para formas a nova palavra e completar a frase. Um pouco cansativo, mas não muito demorado, o Yuki contou de uma em uma as palavras para formar a mensagem implícita. Encontro marcado na antiga fábrica à meia-noite. Com os olhos semicerrados, foi direto para a senha. — São eles! Aquela organização estava se mostrando cada vez mais difícil de ser entendida. Agora rastreava em sua mente o conhecimento sobre o mapa do país da água e onde tal fábrica poderia estar. Precisava sair dali e chegar ao encontro, em busca de mais informações. Por terem tomado conta da ilha, só poderia ser em algum lugar próximo. Talvez estivessem querendo montar sua base de operações na Ilha Aurora. E não poderia deixar isso acontecer.

Procuraria por mais coisas, e se não encontrasse, iria se mover sorrateiramente para fora da residência em dirigir-se para a fábrica regenerando um pouco de seu chakra, e caso essa informação estivesse dentro dos mapas oferecidos na biblioteca de Kirigakure.

Do alto do telhado o kiri-nin avistou a imponente construção ao longe, e supôs que aquele é o local. Andando na espreita, usando a baixa luminosidade do vilarejo e sempre usando as sombras para encobrir seus passos e evitando a deixar rastros, não demorou muito para percorrer a distância e ficar próximo da estrutura. Ficou a observar o prédio de trás de um poste, próximo a parede e entrada de um beco. Não se atreveu a aproximar mais. De onde estava devia ser possível ver com clareza a entrada do local, e nada mais além disso. A falta de iluminação era proposital, e se utilizasse de técnicas de camuflagem para adentrar um ambiente totalmente desconhecido onde pode haver inúmeras armadilhas não lhe pareceu inteligente. 'É uma reunião, isso implica que os participantes irão chegar ou sair e será nesse momento que terei a chance de saber quem são as figuras na liderança da Nemurerumori.' Não havia pressa. Ao decodificar a mensagem a tempo, pode se posicionar de maneira a obter informações preciosas, e portanto, decidiu esperar.

'São eles.' Os olhos focaram nas pessoas saindo em meio às sombras, e os orbes quase saltaram das órbitas com tamanha surpresa. — É aquele filho da puta! Ditou em baixo tom ao reconhecer o cientista. E ao vê-lo relacionado com a organização, fez sentir arrepios. Aquele serzinho repugnante tem uma mente maléfica, porém, dotada para experimento e destruição e se os bandidos estão com eles, não serão nada simples. Sua atenção flutuou para a outra pessoa. — O circo chegou? As vestimentas e madeixas do desconhecidos atiçaram a veia cômica do jōnin. No entanto, aquele olho escarlate o alarmou. Havia visto olhos especiais demais para sentir medo, e aquele tipo é um do qual tem muitas informações e saberia como lutar contra. Mas havia um Uchiha aqui? Ou pior, um assassino de ninjas? Seja qual for a resposta, mostra que a Nemurerumori não é nada simples como ele pensava antes. E na verdade estava se mostrando muito mais perigosa.

Com a abertura da porta, o párvulo tentaria se esgueirar para dentro atrás da dupla, mas de maneira a não ser vista. Não utilizou nenhuma técnica de ocultação pois sabe que ela será de nenhuma utilidade frente ao Sharingan. Então tentaria encobrir sua presença apenas com movimentos corporais e lacuna temporal, esperando até o último momento antes da porta se fechar para entrar, esperando que os homens estivessem bem à frente no corredor ou nem mais lá, para não ser percebido.