Aos meus irmãos e irmãs, eu retornei, afinal. Após tantas semanas isolado para cumprir a penitência de cometido um erro em nome de vosso senhor, liberto-me do pecado para que mais uma vez possa agir sob teu véu, tão reluzente quanto a luz do dia. O exílio religioso que consumiu-me dia-a-dia também serviu para me ensinar o verdadeiro valor do espiritualismo. Acompanhado somente de meus pensamentos e meu inseparável martelo da luz, pratiquei os rituais comuns dos Hikari para que Deus pudesse ouvir minhas preces. Não houve sequer um único dia em que não estive tenso, não houve sequer um único segundo em que não estive preocupado. Temia pelo pior - Que eu havia sido abandonado pelo senhor.

Fui tolo.

Tua eterna graça abençoava-me por mais uma vez, e agora, me dava a força necessária para que pudesse triunfar em meus próximos passos. Minha jornada de exílio começou com a decisão de me afastar da nossa vila e me dedicar integralmente à minha vida religiosa. Foi uma escolha difícil, mas senti que era o meu dever buscar um nível mais profundo de compreensão espiritual para poder cumprir meu propósito de vida. Durante estas semanas de exílio, me deparei com muitos desafios. Em alguns momentos, senti-me solitário e desanimado, mas a minha fé me manteve forte. Através da meditação e do estudo, aprendi a encontrar a paz interior mesmo em meio às dificuldades. A minha busca pela paz interior me levou a lugares de minha alma que jamais havia visto anteriormente. Graças a isto, fui capaz de compreender de forma mais aprofundada não apenas a mim mesmo, como também os fundamentos da ordem dourada que fora deferida pelo Deus que vos rege acima das nuvens.

Longe de meu lar, estudei textos sagrados e forcei a minha mente e corpo ao limite. Sessões de jejum - Me condenando a escuridão por dias inteiros. Eu sabia que o sacrifício de meu ser físico não significava muito, mas, se ao menos ele estivesse vendo, estaria grato. Me vi perdido em meus próprios questionamentos, mas quando estive no ponto mais sombrio de minha existência, ele pôs sua mão amiga sobre meus ombros. Ele me trouxe de volta, com um sorriso. Deveria respondê-lo da mesma forma, então. Agora, retornando para Iwagakure, consigo ver um mundo que meus olhos eram incapazes de ver antes desta minha jornada espiritual. Eu via a miséria e a bonança, a maldade e a bondade, a desgraça e o milagre, tudo com clareza. Eu sabia com exatidão o que eu queria, e o que deveria fazer. Também vou me dedicar a ajudar a nossa comunidade da melhor maneira possível, oferecendo conselhos e apoio espiritual sempre que necessário. Espero poder contribuir para a paz e o bem-estar de nossa vila, e honrar o nome do meu clã através da minha fé. E mesmo com tudo isso, as minhas mãos estavam inclinadas para o expurgo de todo o mal. O meu martelo clamava pelo sangue dos hereges. O meu espírito clamava por libertação. E só havia um meio de trazer glória a este mundo.

A Santa Inquisição estava prestes a começar.

Considerações: