Cambaleante, exausta e abatida, Allannia Grey atravessou os desertos do País da Terra, rumo ao seu vilarejo de origem. Os ventos frios do outono estavam acentuados em seu retorno, desprovida de sua armadura, sofreu com o clima durante todo o percurso.

Os mantos usados como proteção levantavam ao vento, precisando segurar firme os tecidos para que não voassem. Chorou tudo que conteve durante muito tempo, desde quando foi reprimida por Mei Ogosho, lamentando a morte de Shizui amargamente. Não se conformaria jamais pela perda do seu herói, tampouco perdoaria os responsáveis por seu assassinato. De uma forma ou de outra, caso Yohma Uchiha não conseguisse concretizar o seu pedido, ela mesma lutaria com unhas e dentes pela vingança.

Precisaria pedir perdão para Yunai Aiko quando chegasse, recordou, lembrando dos cabelos rosados da garota e dos momentos terríveis que ambas atravessaram em seu descontrole. Os punhos cerrados estavam trêmulos, e as lágrimas descontroladas, quase caindo no meio do deserto e se afogando em lamento em meio às areias profundas e douradas. Não olhou para trás nenhuma vez, seguindo pelo mesmo caminho de outrora. Não teve contato com nenhum indivíduo durante o trajeto, seguindo sozinha, acompanhada apenas de seus próprios pensamentos.

Vizinho do País do Vento, o País da Terra estava ao seu alcance em pouquíssimo tempo de viagem, utilizando o máximo de velocidade possível para encurtar sua distância em relação ao lugar de origem. Assim que chegou em sua terra, foi amparada por populares, sendo conduzida em uma carruagem até o seu vilarejo.

Ela própria poderia ter utilizado de sua “Capa da Nuvem” para trazer para si um transporte, mas em um estado emocional debilitado e com a necessidade constante em manter as mãos firmes nos mantos para que não abandonassem seu corpo, preferiu seguir pela maior parte da viagem a pé. Assim que chegou, foi recebida tanto pela imprensa quanto seu povo, curiosos para saber o que havia ocorrido enquanto esteve fora. Nada disse, seguindo rumo ao seu Palácio, onde passaria maior parte do seu tempo, repousando. Tiraria um período sabático para reorganizar a mente, e ao mesmo tempo, superar sua perda.