Durante o caminho, questionou se havia sido rígida em demasiado. Allannia em sua curta existência sempre aprendeu as lições mais valiosas de sua vida por meio de sensações extremas. Assim como prenunciava o seu Clã, a balança entre o amor e o ódio era a força motriz de sua existência, e tais fundamentos eram tipificados no ensinamentos maternos. O negativismo novamente invadiu seu ser, cogitando ter abalado psicologicamente sua futura pupila. A forma como a rendição da garota chegou partiu seu coração, embora não compreendesse o que teria causado tais sentimentos. “Será que ela achou que eu teria mesmo coragem de deixar ela a noite inteira numa jaula? Eu não teria coragem. Será que a Rauros falou algo rude demais que eu não percebi? Ela sempre faz isso, e afasta as pessoas. Leoa tola. Mas talvez eu quem seja a imbecil, por ter achado que isso funcionaria”, pensou consigo mesma.

Apressou o passo, chegando ao portão do vilarejo preparada para o pior. Trajada com sua armadura, e mantendo o arco preso em suas costas, a Tsuchikage parecia estar saindo para a caça. “Mais fácil eu ser a presa”, o pensamento surgiu, e os sentimentos derrotistas vieram em seguida “Quando Yunai perceber que eu sou fraca e incapaz, será que ela voltará a me respeitar novamente? E se eu, por incapacidade, não for capaz de salvar a vida da garota quando mais for necessário? Merda, o que eu estou fazendo? Ela não deveria estar indo. Não agora. E a vila? Será que vai ficar bem sem mim? Talvez sim, já que sou uma incompetente”, o tom dos devaneios começou a se acentuar, forçando com que a Grey contivesse as emoções.

Allannia respirou fundo, solicitando para que os portões fossem abertos. A face estava visivelmente abalada, mas não tardou em esconder suas frustrações em um semblante austero. Se estivesse sozinha  partiria de imediato, acompanhada apenas da Vontade da Pedra. Caso a Genin estivesse no recinto, conforme solicitado, dirigiria um olhar demorado para a mesma. As palavras viriam em seguida, soando de maneira suave e tranquila, como se a situação não fosse de urgência.

— Fez tudo o que precisava fazer? Trouxe tudo que precisará? — indagaria, gesticulando para que seguissem em reta, rumo ao País vizinho — Você conhece o mapa, certo? Pode indicar o caminho mais rápido? Não detenho conhecimentos geográficos muito refinados. Para falar a verdade, eu só entendo de metalúrgica e epistemologia. Consegue compartilhar um pouco do que aprendeu na biblioteca comigo?— Allannia foi sincera, valorizando as capacidades que a Genin possuía. Corou, pois a timidez era inevitável, e as palavras saíram engasgadas. Alimentar o espírito da Genin era o mínimo que poderia fazer por ela, e quando estivesse mais confortável, planejaria um pedido de desculpas.

As duas possuíam uma repulsa em comum por ratos, pelo que percebeu. Eventualmente, se tivesse oportunidade, conversaria sobre com a Genin. Allannia supôs, baseada em seus próprios alicerces, que Yunai odiava roedores pela a sua atitude peculiar em utilizar o seu dom de nascença para neutralizar por completo a criatura. Nenhuma palavra havia sido dita, e a mesma corajosamente se dispôs a encerrar as atividades maquiavélicas da criatura repulsiva. Aguardando as respostas da acompanhante, caso estivesse presente, e mantendo o silêncio durante toda a explicação desta, caso acontecesse, partiria ao seu lado sem ritmo acelerado. Preservou as suas energias, avançando sem utilizar seus limites máximos. Não poderia correr o risco de enfrentar adversários perigosos no meio do trajeto exausta. Se fossem interceptadas antes de chegar, estariam em problemas.

O mundo era perigoso em demasiado, e naquele momento precisava lutar por duas.