Meus passos eram lentos, percorrendo as ruas de Kumo sem uma direção certa. Eu não estava perdido, apenas observava o vai e vem de pessoas. —‌ Oi meu jovem, quer um espeto de peixe? ‌—‌‌ Fui parado por uma senhora, uma vendedora de espetos de peixes e lilás que trabalhava no centro comercial. —‌ Quero sim, pode me dar uma. ‌—‌ Estava com fome, e por isso entreguei o dinheiro.

Voltei a caminhar, comendo o que havia acabado de comprar. Parei ao ver uma quantidade grande de meninos e meninas na direção da academia, batendo aquela leve curiosidade para saber o que estava acontecendo. —‌ Não estou fazendo nada mesmo, porque não ver o que é. ‌—‌ Eu era um gennin, tinha meus deveres, mas continuava sendo criança. Esse meu lado falou mais alto.

Me deparei com um homem dando um show de maestria, com shurikens. —‌ Nossa, ele é bom. ‌—‌ Parei por alguns segundos, encantado e surpreso com a habilidade do homem.

Claramente não fui o único a ficar impressionado com aquele pequeno show, mas comecei a ficar curioso sobre como ele conseguia ser tão habilidoso com as armas. —‌ Eu preciso saber. ‌—‌

Não consegui me controlar, me aproximei do mais velho e então falei. —‌ Hey, moço. Eu gostei do que o senhor está fazendo, poderia me explicar como consegue? ‌—‌ Levei as mãos até atrás do corpo, com um olhar curioso esperando pela resposta.

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Eu realmente não esperava que ele me falasse sobre suas habilidades, não logo assim de cara. Não fiquei surpreso com isso, mas sim com o modo como ele me tratou. ”Como é?” Confesso que isso me irritou um pouco, pois me remetia aos acontecimentos na academia ninja. Ainda assim não o respondi a altura, nem mesmo perdi minha razão. Respirei fundo, apertando as mãos que ainda estavam atrás do corpo. —‌ Entendi. ‌—‌ Cerrei os olhos enquanto o observava, afastando-me pouco tempo depois para vê-lo de mais longe.

A quantidade de pessoas ao redor daquele homem diminui drasticamente. O fim de seu show chegou assim que o mais velho pegou seu chapéu e começou a passar de pessoa em pessoa. Alguns apenas ignoravam, virando as costas saindo dali, alguns apenas davam alguns trocados e depois partia.

Ele parou na minha frente com seu chapéu estendido, olhando diretamente para mim enquanto esperava por alguns trocados como outros haviam feito. —‌ Eu realmente gostei do show que deu, e por isso lhe dou isso aqui. ‌—‌ Puxei cerca de cem ryous de dentro da bolsa de armas e o coloquei dentro do chapéu, voltando a colocar as mãos para trás.

Mesmo sem saber se ele me ajudaria, continuei o diálogo. —‌ Sei que não se ensina nada para qualquer pessoa, então gostaria de lhe perguntar. O que seria preciso para me ensinar a habilidade que tem hoje? ‌—‌ Meu tom soou mais sério daquela vez, demonstrando o verdadeiro ninja que era desde alguns anos atrás.

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Sem a certeza de ser ensinado pelo homem, coloquei o dinheiro dentro do seu chapéu e depois posicionei as mãos atrás das costas, sobre o jaleco branco que quase sempre usava. O mais velho realmente era habilidoso, e isso chamou bastante a minha atenção, e esse foi o motivo pelo qual quis aprender com ele. No entanto, a forma como me tratou no início deixava claro que ele não queria.

Para mim não seria um problema aprender com ele, mesmo após todas as palavras e a forma como me tratou, mas mesmo assim não me importaria caso ele não o fizesse. Treinaria sozinho caso fosse preciso, mesmo até se meus pais não me ajudassem. Tinha em mente as imagens do homem lançando as armas para o alto, as pegando com tamanha maestria, e um dia chegaria lá, demorando ou não.

—‌ Como é? ‌—‌ Não entendi direito o que ele quis dizer com aquilo, confirmando apenas a parte em que ele falou sobre o valor que eu havia colocado em seu chapéu. —‌ Não faz sentido o que falou. ‌—‌ Ainda assim eu procurei em meu bolso o dinheiro que ele tinha falado, e realmente o senti. Fiquei impressionado, vendo o mesmo dinheiro usado para recompensá-lo, agora em meu bolso. —‌ Como? ‌—‌ Fiquei sem entender, levando alguns segundos para voltar ao meu normal.

—‌ Ahn, bem… ‌—‌ Não pude negar, as palavras ditas pelo mais velho faziam todo o sentido. Aliás percebi que o homem não iria me ensinar só porque pedi, mas por demonstrar ser digno de tal ensinamento. —‌ Entendi. Deixa eu ver o que posso fazer. ‌—‌ Parei para pensar um pouco, sabendo que minhas habilidades físicas não eram tão elevadas como gostaria.

Levei alguns instantes pensando, enquanto o mais velho se sentava para aguardar. Foi então que pensei em algo, não tendo certeza se ele gostaria de ver. —‌ Bom, vamos lá. ‌—‌ Peguei cerca de seis kunai de dentro da bolsa de armas, mantendo três em cada mão.

A respiração aprofundou, e os olhos se ficaram no alto enquanto as armas eram jogadas para o alto. A força posta nos lançamentos fariam as armas alcançarem uma altura de cerca de dois metros de altura, separadas em meio ao ar. Logo as mãos se uniram em um selo de mão, enquanto o chakra cobriria os cabelos aumentando o desenvolvimento deles. Com isso as mechas cresceriam de forma rápida, avançando até as armas onde cada uma seria pega por um pouco de cabelo.

As armas seriam pegas pelos cabelos e mantidas no ar, lançadas pouco depois contra o solo mais abaixo, sem acertar ninguém é claro. Eu realmente não esperei um lançamento preciso, apenas um que fizesse as lâminas fincarem no solo. —‌ Isso foi o bastante? ‌—‌ Esperei pela resposta do mais velho, desativando então a técnica dos cabelos.

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