Após resolver os problemas com o ladrão de comida em Kumogakure, Taishiro recebia em sua casa uma gorda recompensa pelo seu feito: um grande pergaminho e uma porção de carne de porco ao molho de churrasco do Sr. Kyo. O heroico Kumonin sequer deu atenção para o pergaminho, estava totalmente voltado a devorar a porção antes que ela esfriasse, aproveitando o calor do sabor fresco da carne e do molho, que contrastava perfeitamente com o excesso de gordura do prato. FatGum lambia os lábios satisfeito, mas obviamente desejando uma quantia muito maior daquela comida. Limpou os lábios e a mão para não engordurar o pergaminho, desenrolando-o sobre a mesa para analisar o conteúdo. Haviam ali, uma serie de tarefas para o dia seguinte, distribuídas de uma forma harmoniosa em diferentes horários. Taishiro Akimichi, devido sua notável disponibilidade e vontade de atuar ajudando nosso vilarejo, algumas tarefas foram designadas de acordo com as habilidades descritas em sua ficha no quartel. Pela manhã, o vilarejo passará por algumas reformas e deverá ajudar os trabalhadores com as pinturas. A tarde, deverá ajudar no calçamento de algumas áreas. A noite, teremos uma patrulha e será seu turno. Agradecemos pelo bom trabalho.

— Yeah! O grande FatGum está ganhando seu lugar hehe, eu serei o herói numero um do mundo! — Comemorou as novas missões recebidas e se preparou para um dia inteiro de tarefas, reconhecendo alguns pacotes de salgadinho que levaria consigo durante todo o dia e um pouco de dinheiro para comprar diferentes aperitivos durante o trabalho. Agarrou sua bolsa e saiu de casa, vestindo o capuz e a mascara que o transformava no herói. Algumas ações de arruaceiros causou danos a aldeia, e desde então uma reforma vem sendo feita. Taishiro se aproximou de um dos locais e foi recebido com um balde de tinta branca e um grande pincel. — Yo, vocês são rápidos em. — Comentou com um velhinho que o acompanhava para o cercado recém construído na ponta. — Precisamos ser, a vila precisa ficar bonita nesses tempos difíceis, garoto. Precisamos de mais sorrisos por aqui. — O velhinho não prometia nada, e entregou tudo. Aquelas poucas palavras faziam os olhos do Akimichi brilharem intensamente, com o dourado de sua iris refletindo com o sol batendo em seu rosto. Entusiasmado em estar com alguém tão sábio ao seu lado, caminhou saltitante, com sua forma oval, para o cercado mais próximo, abaixando seu corpo enorme para alcançar a parte inferior da madeira, pincelando a tinta branca por toda a extensão, subindo e descendo suavemente. — Espere secar um pouquinho e depois vamos passar a segunda mão de tinta, para ficar bem bonito, certo? — O homem apareceu ao lado do Akimichi e comentou. — Claro! Pode deixar comigo. — Taishiro comemorou e se sentou, beliscando alguns salgadinhos enquanto aguardava a tinta secar. Assim, voltou para fazer a segunda mão de tinta, pincelando com calma. Aquilo se repetia por toda ponte onde o cercado havia sido reconstruído, até o entardecer chegar.

— Hey, obrigado pela ajuda, mas preciso ir pra lá ajudar nas calçadas! — Taishiro estendeu sua mão para o homem que o ensinou a cuidar dos cercados. — Eu que agradeço garoto, obrigado pela companhia e ajuda! — A mão do Akimichi foi apertada e ambos sorriram. Tai se orgulhava de retirar risos de rostos alheios e saltitou com suas gorduras até alguns metros dali, onde as calçadas estavam sendo arrumadas. Um grupo de seis homens trabalhavam no local, no mesmo serviço para agilizar todo o processo e ser finalizado ainda naquele dia. Ao avistarem Taishiro, sabiam que o garoto fora selecionado para aquela missão e agradeceram por conta de seu tamanho. — Deve ser o menino que o chefe falou, grande, oval e amarelo! Ainda bem que ele é assim, vai ajudar a carregar as pedras. — Riram, mas não tirando sarro, riram como forma de aliviar a tensão, pois estavam trabalhando a horas sem descanso algum. — Yo yo, FatGum chegou. Fala ai turminha, tão precisa de uma mão né? Pó fala o que eu tenho que fazer. — Alegre e sem timidez alguma, se aproximou dos seis e observou o que faziam. — Aqui, Fat, a gente precisa que você traga mais umas pedras pra gente ir calçando aqui, pode ser? Ai te ensinamos a fazer isso aqui também. — O mais velho da obra passava a tarefa para o Akimichi e apontava para um monte de pedras que estavam sendo utilizadas para arrumar o local. Sem delongas, Taishiro jogou um chiclete em sua boca e mascou, se aproximando do monte e recolhendo uma boa quantia, graças a força que seu corpo largo tinha. Voltou e deixou-as mais próximas dos trabalhadores, de forma que não precisavam fazer muito esforço para alcança-las. — Ai sim, valeu. Oh, é assim que a gente faz. Você passa essa massa em baixo, e da umas batidinhas pra encaixar, não precisa fazer força. Ai você passa a espátula pra tirar o excesso, beleza? — Explicou, fazendo uma vez para o Akimichi. O herói dourado sorriu de volta balançando a cabeça e pegando uma espátula para si, abaixando o corpo e começando a calçar as pedras no local. Algumas horas e um tempo de descanso para comer seus salgadinhos e tudo estava pronto. — Valeu mesmo, Fat, acelerou nosso trampo. — O homem estendeu a mão enquanto os outros cinco sorriam agradecidos. — Magina carinha, se precisar é só contar comigo de novo! — Apertou a mão do homem e suspirou, sentindo o peso do dia começar a cansa-lo. Mas ainda havia um turno de guarda para fazer.

Fatgum rumou para os portões do vilarejo, mas antes havia parado em uma barraquinha de churrasco para pegar alguns espetos e partir diretamente para o serviço que, até aquele momento, achava que seria o ultimo de seu dia. Na guarita, um outro Genin aguardava para fazer a troca de turno, com um papel em sua mão com todos os detalhes que precisaria passar para o próximo. Taishiro se aproximou com a boca cheia de carne. — E ai cara, ta com fome pai? — Entregou um espetinho de frango para o menino, mesmo sem esperar sua resposta. — Come ai fi. — Sorriu e viu que o garoto ruivo aceitava de bom grado. Mordiscando o frango, o outro respondeu de boca cheia e fez Taishiro rir, já gostando do garoto. — Valeu, po. Então, teve nada, hahahaha! Passou nem fantasma por aqui. — Comentou, observando que o papel estava todo em branco. — Fantasma?? Nem fala essas coisas mano, medo. — O corpo de Taishiro se arrepiou e um fio gelado correu por suas costas. — Ta tranquilo, só fica esperto pra não dormir, o supervisor vem dar uma olhada de vez em quando. — O menino sorriu e deu um soco no ombro direito de Tai, indo embora logo em seguida. — Valeu mano, bom descanso ai. — Se despediu do ruivo e puxou um banquinho que tinha por ali, se sentando e observando o nada. — Ta muito quieto aqui em... sus... pei... to... — Os olhos do Akimichi ficaram semi-abertos, observando os arredores como um caçador. De súbito, um estalo chamou sua atenção, o som do arbusto de movendo o fez entrar em alerta e levantar sua guarda. — Quem ta ai? Autoridade da nuvem, aqui é a lei meu camarada! — Fez uma pose cênica de arte marciais. Do arbusto, um gatinho pequeno saia, carregando um filhote de rato pelado em suas presas. — Eerrrr... errr.r.... credo amigo, larga isso... err.. — Fez um olhar de nojo, tapando a boca com a mão. Voltou a se sentar e respirar fundo, mascando outro chiclete. O turno de Taishiro ia chegando ao fim, entre uma cochilada e outra, até que um senhorzinho de bengala foi avistado tentando deixar o vilarejo. — Calma ai meu cidadão! — Tai se levantou e foi até o homem, naquela hora, outro Genin chegava para o turno da alta madrugada.

O pequeno homem observou a aproximação do gigante dourado com seus olhos azuis brilhando ao luar. Um sorriso veio em seu rosto como se estivesse aguardando mesmo a chegada de alguém. — Meu jovem... chegou em boa hora. — Levou sua mão para dentro do bolso da calça e retirou um papel, com uma flor purpura desenhada nele. Taishiro pegou o desenho e o observou sem entender direito o que significava. — O que é isso? — Ainda confuso, perguntou. — É uma flor medicinal... eu mesmo estou indo atrás dela para meus amigos médicos... mas acho que sozinho será difícil. Quer vir comigo? Er... eu sou Aru. — O homem se apresentou, abaixando o rosto levemente. — Eu sou FatGum! E vou sim, está tarde para alguém andar sozinho por ai. — Tai concordou e puxou um saco de salgadinhos do tamanho grande, abrindo e deixando entre seu corpo e o do homem, que aproveitou para se servir de alguns. Apesar de o gosto agrada-lo, comparar aos alimentos de seu tempo não era algo que seguraria. — Eu não entendo vocês jovens... comendo essas coisas estranhas com gosto bom. Falta comida de verdade... — Reclamou e se serviu novamente. Tai apenas riu, não chegando a argumentar sobre, pois sabia que aquilo era a pura verdade. Caminharam até os limites do vilarejo, subindo alguns morros onde as árvores começavam a se tornar mais presentes. — Bom, essa região é onde a flor cresce... e com o reflexo da lua, podemos vê-la de longe. — Comentou, observando as estrelas. Taishiro dobrou sua atenção para a cor purpura, que no escuro chamaria a atenção, segundo as explicações de Aru. E era verdade. Conforme avançavam, algumas flores refletiam aos olhos da dupla e Tai guiava o homem até o local, deixando-o colher, pois havia uma técnica certa para não danificar as raízes. — Tudo na natureza pode ser aproveitado... mas não é por isso que devemos machuca-la... — Calmamente, o homem tocou o pólen da flor juntando um quantia na palma de sua mão e soprou. Aquilo faria que novas flores viessem a nascer. O brilho dourado e cheiroso iluminou brevemente o ar, e desapareceu. Assim que recolheram uma boa quantia, ambos retornaram juntos ao vilarejo. FatGum puxou o pergaminho de suas missões, e o homem fez questão de adicionar uma escrita extra ao quartel, contando sobre o colher da flor. Assim, no amanhecer, Taishiro foi até seus superiores, entregar as missões realizadas e finalmente descansar em sua casa.