As cenas de tortura concentida por Serroy vinha em minha mente algumas vezes durante os dias que se sucederam após o acontecido e eu ter dado início aos meus estudos sobre a Ciencia, principalmente a genética. A anomalia física do velho era estranha, de fato poderia ser uma habilidade divina, assim como Minerva ou Umbral, mas crer nisso me tirava o ânimo de querer seguir trabalhando ou seja lá o que eu fizesse durante. E, o fim dele, me mostrou que talvez não fosse nada demais. Afinal, que homem imortal morreria do nada, por causas naturais?

— Será que essa merda realmente existe? — Especulei sobre a imortalidade, olhando pro céu e não vendo mais aquela anomalia natural da lua de sangue. Alguns moradores do vilarejo comemoravam, colocando as faces para fora da janela e gritando, levantando o nome de Altria e demais ninjas da Areia que haviam ido na incursão contra o Pastor.

Os dias, ou melhor, anos se passaram. Eu me aprimorei mais e mais na área da ciência, apesar de não ser meu foco principal. Meu sangue se mostrava cada dia mais potente, conseguindo diminuir a temperatura até mesmo do deserto, quase conseguindo, em alguns dias de treinos mais intensos, reduzir a zero graus de tarde. Mas, ainda assim, não era nada tão impactante assim. Fazer nevar em Suna? Tá, talvez fosse impactante, porém, não para mim. Queria poder e não ficar fazendo neve.

Ademais, o vilarejo não teve problemas que dependessem de mim para serem resolvidos. Eu, literalmente, fiquei coçando o saco e pegando minhas namoradas; Pan e Asuna. Altria, por sua vez, já havia voltado. Não nos esbarramos, talvez fosse melhor assim. Estava preocupado com outras coisas e ela tinha as funções de ser uma líder.

Lebron continuava me chamando algumas vezes para seu laboratório, apesar de ignorar a maioria deles. Dessa vez, ele havia sido um pouco mais incisivo. Mandou um garoto me entregar um papel com algumas informações e um novo convite. Estava em casa, com Pan, fumando um cigarro e conversando sobre assuntos aleatórios. Ela, ao contrário de mim, progrediu bastante, fez diversas missões em prol do vilarejo e a cada dia ganhava mais fama. Algo que eu não busco, vale ressaltar.

Peguei o papel, agradeci ao garoto e dei a ele um pedaço de pão velho, que era o único alimento da casa já que Seiji havia saído a mais de um ano. Abri o papel com muita curiosidade, vendo que se tratava de mais um convite para ir até o laboratório, com o assunto de que LeBron havia conseguido informações sobre minha linhagem e sua Kekkei Genkai, como também um outro assunto que ele preferiu não detalhar no convite.

— Parece que aquele cientista maluco quer me contar algumas coisas… parece interessante. — Sim, o fato de descobrir fazer parte de uma outra linhagem, com poderes ocultos que até hoje não consegui desvendar me fazia ficar, de certa forma, deprimido. Não ter sequer um ganho significativo sobre o domínio da criação de Gelo a partir do ambiente e do meu corpo me trazia angústia, o que fazia eu fumar o dobro de vezes mais.

— Você vem comigo? — Convidei a mulher que prontamente consentiu que sim, levantando do sofá e indo ao meu encontro. Rapidamente deixamos o apartamento, em busca do Centro Científico.

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O caminhar, ao contrário da nossa saída repentina de meu apartamento, se deu de forma calma e tranquila. Aproveitamos para observar a movimentação do vilarejo, em como o povo estava feliz com os anos que se passaram. Desde o ocorrido com os jashinistas, não tivemos grandes problemas, sequer parecidos com aquele que nos obrigou a colocar toda a Areia em alerta vermelho.

— Esse tal de LeBron. Como ele é? — Pan me perguntava com sua voz doce e sorriso encantador. Fiquei alguns longos segundos, quase um minuto inteiro para pensar em como descrevê-lo de um jeito não muito abstrato.

— Um nerd. — Sim, falhei miseravelmente. Ela gargalhou, entretanto, tentou me tirar para louco.

— Se você pretende estudar sobre Ciência, então virará um nerd também? — O simples empurrão dela me incomodou, mas o fato de virar um nerd fez com que meu semblante mudasse de imediato. Fazia parte da minha personalidade ser um pouco mais estourado e não gostar tanto de brincadeiras, porém, vinda de Pan, aceitava até.

— Serei o primeiro cientista não nerd do mundo ninja? — Brinquei de volta, devolvendo o sorriso e o empurrão, aplicando mais força, fazendo ela se distanciar quase um metro de distância perante a força.

Continuamos a caminhada mantendo o clima entre nós dois bom. Quando percebi a fachada do centro de ciência, sinalizei que tínhamos chegado. Não tardamos em entrar no local, vendo a mesma secretária de sempre, como também alguns outros funcionários e cientistas que eu não conhecia tão bem assim.

Me aproximei do balcão e sequer precisei me apresentar. A mulher sorriu, cumprimentou Pan e me deu as instruções para encontrar LeBron.

— Oi Kōga. Então, o senhor LeBron está lhe esperando na sala principal. Você já sabe onde é, não deve ter dificuldade em achar, certo? — Ela indagou, desviando o olhar para os incontáveis papéis que estava aparentemente tendo de colocar em ordem.

— Claro, claro. — Dei de ombros e peguei o extenso corredor, sendo seguido por Pan. Passei por algumas portas até chegar no que realmente importava. Duas batidas secas foram suficientes para escutar que a porta estava aberta.

Vi o homem sentado sobre a banqueta de madeira, analisando alguns frascos com líquidos de diferentes cores. Ele me fitou rapidamente, assim como fitou Pan, com um sorriso no rosto por me ver ali depois de tanto tempo.

— Ainda bem que aceitou meu convite, jovem Kōga e… linda moça. — Fechei o semblante quando ele se referiu a Pan, sendo suficiente para ele gesticular, pedindo para me acalmar. — Digo, qual é seu nome, garota? — Ele riu meio desconcertado.

— Ela se chama Pan, LeBron. Podemos ir direto ao assunto? — Cortei a tentativa dela de se apresentar, sendo suficiente para que ele pedisse, novamente gesticulando, para que eu me aproximasse do balcão metálico com os fracos dispostos sobre ele e um pequeno telescópio.

— Parece que finalmente consegui prender sua atenção, jovem. Descobri algumas coisas sobre sua habilidade estranha de criar e manipular gelo, como também algo que possa remeter ao poder regenerativo daquele maldito homem que morreu antes que eu conseguisse decifra-lo… — Ele desatou em falar, mostrando frustação quando citou sobre Serroy e sua regeneração física estranha. Sorri, desdenhando da personalidade merda do cientista.

— Sim, sim, finalmente. Mas, podemos ir direto ao ponto? — Pedi uma vez mais, mostrando certa pressa em entender o que ele tinha de informação para mim, ou até mesmo ensinamento.

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LeBron sorriu com minha intenção de saber logo do que se tratava as coisas que ele havia dito no convite. Ele levantou da banqueta, indo basicamente ao centro da sala e apertando um botão disposto sobre a única maca dali. Ao apertar o botão vermelho, abriu-se uma escotilha abaixo da maca que a fez descer e, em contrapartida, apareceu um monitor antigo, velho, entretanto, parecia bastante útil. Nunca tive muito contato com tecnologia, mas o sorriso no rosto do cientista mostrava ser algo realmente útil.

— Deixa eu ver… — Ele disse, analisando o monitor por alguns segundos até apertar no único botão disposto na parte lateral do objeto, fazendo-o ligar e mostrar algumas imagens. Parecia um filme, onde um outro homem, de jaleco branco se aproximava de um homem preso em uma maca por correntes grossas. Ele dizia algo inaudível, e o preso gritava como se estivesse para morrer.

LeBron viu tanto a minha cara quanto a de Pan de repulsa com relação ao vídeo e, assim, resolveu explicar.

— Esse é um dos meus mentores, Kōga. Ele me ensinou bastante coisa, inclusive, o que eu considero hoje ser a habilidade mais importante e preciosa que já tive o prazer de ver. Você conhece o Kimera no Jutsu? — Ele apontou na direção da tela, conforme vi o mentor dele se aproximar mais do homem, colocando ambas as mãos sobre a barriga dele. Os gritos de dor ecoavam em minha mente, porém, fiquei atento ao que rolava em seguida. O homem parou de gritar alguns minutos depois, conforme uma massa negra se expandia sobre o corpo dele até encobri-lo por completo.

Logo, o vídeo some, dando lugar a uma imagem estática e cinza, como também um chiado chato de se escutar. LeBron desligou a máquina com o mesmo sorriso no rosto. Parecia se deleitar com o que via.

— Bom, nesse vídeo, meu mentor usa o Kimera para assimilar as habilidades de um outro para si, absorvendo e podendo, posteriormente, usufruir de todos os benefícios. Forte, não? — O ar de superioridade fazia-se presente nas falas dele. Eu concordei afirmativamente com a cabeça, esperando uma explicação mais detalhada daquilo.

— Posso te ensinar isso, pequeno Kōga. Mas, existem alguns problemas que devem ser mencionados. Essa habilidade não é bem vista. Pode te trazer problemas se outros mais ortodoxos souberem que você é um praticante. O lado bom, além de pegar para si habilidades fortes de outros, é ganhar, de tabela, a imortalidade. Sim, é isso mesmo. E não confunda essa habilidade com o que aconteceu anos atrás, por favor… estamos falando de algo científico e não de uma falácia sobre divindade. — Escutei as palavras dele atentamente e, conforme ele parou, me restava responder se eu queria ou não aprender aquilo. Fiquei minutos analisando.

— Me parece muito forte e sim, eu gostaria de aprender mais sobre isso aí. Inclusive, vim aqui também para saber sobre o Hyouton e o que você aprendeu da minha linhagem. Se puder me ensinar sobre as duas habilidades, agradeço. — O ímpeto poderia ser visto em meus olhos. Eu ardia por dentro, minha busca por poder finalmente poderia me levar a um outro patamar. Ao patamar da imortalidade.

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