Caminhando a passos tão largos podia, Atreus se movia através da névoa que pairava constantemente sobre o vilarejo, dirigindo-se ao portão, onde fora recrutado de última hora para uma missão. No céu, pairava a sinistra lua vermelha, que tingia o luar o de carmim, e, a cada passo que o pequeno dava, ele repetia em sua mente Eu vou vingá-lo, pai. Eu vou salvá-la, mãe, como um oração. A cada passo, ele reafirmava para si mesmo que iria derramar as lágrimas dos homens que tiraram a vida de seu pai, e que levaram para longe dele a mãe, desaparecida, assim como ele derramara sua última no dia em que perdeu seus genitores - mas esse dia, entretanto, não seria aquele. Para tanto, ele precisaria reafirmar, antes, seu compromisso com aquele vilarejo e se tornar tão forte quanto pudesse, através daqueles que eram superiores a ele na hierarquia, tornando-se capaz de cumprir sua vingança. Essa era a lógica fria dos homens, e ele teria que obedecê-la se quisesse alcançar seu objetivo. Eu vou vingá-lo, pai. Eu vou salvá-la, mãe, retomava em sua mente, enquanto se dirigia ao portão daquela que era considerada a maior vila dentro do território do País da Água. Naquele dia ele cumpriria seu papel desempenhando uma missão de baixo nível, a primeira de muitas outras que viriam. Era, de fato, seu ponto de partida, sua primeira missão, mas em um cenário jamais  visto até mesmo pelos mais velhos dentre os velhos - uma luminosidade tingida de sangue, que, naturalmente, fazia com que as ruas do vilarejo estivessem vazias, ausentes os amedrontados moradores comuns de Kirigakure. Um acontecimento que, para ele, era sem precedentes, poderia levá-lo a presenciar acontecimentos também sem precedentes, mesmo em uma simplória missão como as quais ele, como um gennin, poderia ser encarregado de desempenhar.
Logo, com o apressado ritmo em que mantinha seu caminhar, Atreus começava a avistar ao longe, em meio a névoa, algum sinal de outras pessoas paradas, próximas ao portão. Sem muitas informações sobre em que consistia a missão, ele deduziu que seriam aquelas as pessoas que ele acompanharia em sua tarefa, e, consciente da sua falta de traquejo social, respirou fundo várias vezes ao se dar conta de que precisaria apresentar-se para a missão ao que se aproximasse do pequeno grupo que já o aguardava no lado interno do portão da vila. O que eu digo?, pensou. Suas mãos suavam. Bom, eu só preciso me apresentar.
— Olá, sou Atreus, do clã Kaguya. Suponho que você seja Lysana, estou certo? — Fez uma pausa, enquanto dirigia seu olhar a mais bem vestida dentre as mulheres do grupo e estendia a mão úmida de suor para cumprimentá-la, com um sorriso congelado e os dentes exageradamente a mostra.

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